Famíliaspix brabet33 crianças vacinadas contra covid-19 por enganopix brabetSP vivem tensão: 'erro grave':pix brabet

Jéssica posa com o filho caçula para foto

Crédito, Elora Zagotti

Legenda da foto, Jéssica e o filho caçula,pix brabetum ano e dez meses: mãe relata preocupação desde que soube que garoto foi vacinado contra a covid-19

Um dia após o erropix brabetItirapina, situação semelhante foi registradapix brabetoutra cidadepix brabetSão Paulo. Em Diadema, cinco crianças foram vacinadas indevidamente com a CoronaVac.

Após as imunizações erradas, o Instituto Butantan, que produz a CoronaVac no Brasil, informou que não há, até o momento, conclusões científicaspix brabetsegurança ou eficácia da vacinapix brabetcrianças oupix brabetgestantes.

Para especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, os imunizantes não devem trazer riscos para as crianças. O principal argumento deles é que outras vacinas, semelhantes às que são aplicadas contra o novo coronavírus, são comprovadamente seguras e eficazes nos mais novos.

Os estudos sobre a segurança e eficácia dos imunizantes contra a covid-19pix brabetcrianças e adolescentes ainda estãopix brabetandamento.

Para as mães das crianças que receberam uma dose da CoronaVacpix brabetItirapina, a imunização indevida dos pequenos tem causado muita preocupação. Elas acreditam que os filhos não apresentarão problemaspix brabetsaúde, mas apontam que a atual recomendaçãopix brabetque os mais novos não sejam vacinados causa insegurança. "Cada dia que o meu filho passa sem reação é uma vitória", diz Jéssica.

Entre os familiares das crianças vacinadaspix brabetItirapina, qualquer situação diferente, quepix brabetoutro cenário seria considerada comum, pode virar motivopix brabetmuita preocupação. Em um grupopix brabetWhatsApp no qual participam oito mães das crianças imunizadas na cidade, há relatospix brabetfilhos com resfriado, alergia na pele ou até faltapix brabetapetite. Qualquer detalhe que consideram diferente é compartilhado entre elas.

O filhopix brabetquatro anos da faxineira Milena Ribeiro,pix brabet29 anos, também foi imunizado contra a covid-19pix brabetItirapina. Quando ela notou uma afta na boca da criança, na última segunda-feira (19/4), logo cogitou que pudesse ser uma reação à vacina.

"Mandei mensagem para a turma da Vigilância Sanitária da cidade, mas acredito que essa afta surgiu porque ele pode estar com imunidade baixa, não pela vacina", diz Milena à BBC News Brasil.

Segundo a Secretariapix brabetSaúdepix brabetItirapina, até o momento não foi registrado nenhuma situação anormal entre os vacinados que possa ser relacionada à imunização contra a covid-19.

Também não há, até o momento, registrospix brabetcomplicações preocupantes que possam ser ligadas à CoronaVac entre as crianças imunizadaspix brabetDiadema.

46 vacinas erradas

Era tardepix brabet13pix brabetabril quando adultos e crianças, entre um e cinco anos, foram a uma escola municipalpix brabetItirapina para serem vacinados contra a gripe, mas receberam uma dosepix brabetCoronaVac.

No dia anterior, havia começado a imunização contra a gripe no país. Entre as prioridades no início dessa vacinação estão crianças entre seis meses e menorespix brabetseis anos, gestantes, puérperas (mães que acabarampix brabetdar à luz), indígenas e trabalhadores da saúde.

A campanhapix brabetimunização contra o vírus influenza, causador da gripe, teve iníciopix brabetmeio à vacinação contra a covid-19pix brabettodo o país. Para evitar confusões, a Prefeiturapix brabetItirapina definiu que a Coronavac seria aplicadapix brabetum postopix brabetsaúde, enquanto a vacina contra a gripe seriapix brabetuma escola pública.

Os dois imunizantes têm, ao menos, duas diferenças claras nos rótulospix brabetseus frascos: os destaques por escrito sobre a finalidadepix brabetcada vacina e as cores, verde contra a gripe e laranja contra a covid-19.

De acordo com a Secretaria Municipalpix brabetSaúdepix brabetItirapina, uma técnicapix brabetenfermagem errou ao separar a caixa contendo os frascos dos imunizantes e levou dosespix brabetCoronaVac para o localpix brabetvacinação contra a gripe.

Milena e o filhopix brabetquatro anos posam para foto

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Milena e o único filho,pix brabetquatro anos. Garoto foi uma das 28 crianças vacinadas indevidamente no interiorpix brabetSão Paulo

Segundo a Prefeiturapix brabetItirapina, a profissionalpix brabetsaúde lamentou a situação e alegou que não percebeu que pegou a caixa errada. Ela foi afastadapix brabetsuas funções. A Prefeitura afirma que está apurando as responsabilidades sobre a falha.

O caso é alvopix brabetinvestigação policial, após denúnciaspix brabetfamiliarespix brabetcrianças imunizadas indevidamente.

A Secretariapix brabetSaúde do Município relatou,pix brabetnota, que o caso foi descoberto por servidores no dia seguinte à imunização errada, quando notaram que faltavam 46 doses da CoronaVac no estoque.

Em 15pix brabetabril, a Vigilância Epidemiológica da região informou aos adultos imunizados e aos responsáveis pelas crianças sobre o erro.

A Prefeitura do Município afirma que consultou médicos especialistas que apontaram que a imunização não traz riscos para a saúde das crianças ou das gestantes.

Segundo a Prefeitura, todas as providências foram tomadas para a segurança dos vacinados e uma equipe médica foi disponibilizada para avaliação e orientação por 14 dias.

A imunizaçãopix brabetDiadema

Em Diadema, na Grande São Paulo, o erro nas imunizações ocorreu na Unidade Básicapix brabetSaúde (UBS) Jardim das Nações. Em 14pix brabetabril, cinco crianças, entre sete meses e quatro anos, foram vacinadas no local com a CoronaVac.

A Secretariapix brabetSaúdepix brabetDiadema avaliou o caso como uma situação isolada e argumentou que as aplicaçõespix brabetvacinaspix brabetcovid-19 e da gripe são feitaspix brabetsalas separadas para evitar confusões no fluxo dos pacientes.

A pasta municipal alegou que a falha na unidadepix brabetsaúde ocorreupix brabetrazãopix brabetum descuidopix brabetduas técnicaspix brabetenfermagem que teriam pegado a caixa errada das vacinas durante a trocapix brabetturnos.

De acordo com a pasta, as duas servidoras foram afastadas e foi aberto um processo administrativo para apurar possíveis irregularidades sobre a conduta delas e sobre o armazenamento das doses dos imunizantes.

Assim comopix brabetItirapina, o casopix brabetDiadema também está sendo investigado pela polícia local, após denúnciapix brabetfamiliares das crianças.

De acordo com a Secretariapix brabetSaúdepix brabetDiadema, uma pediatra faz o acompanhamento diário do estadopix brabetsaúde das crianças vacinadas com a CoronaVac.

Jessica posa com filho caçula e o mais velho

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Jéssica e os dois filhos. Ela e outras mães participampix brabetgrupopix brabetWhatsApp no qual relatam a rotina com filhos vacinados indevidamente contra a covid-19

Em entrevista ao jornal Agora, na sexta-feira passada (16/04), o auxiliarpix brabetmecânico Agnaldo Ribeiro da Silva,pix brabet49 anos, disse que levou o filho para ser vacinado na UBS Jardim das Nações durante o período da manhã. Horas mais tarde, segundo ele, o garotopix brabetquatro anos vomitou e ficou sonolento. No dia seguinte, conforme o pai, o menino estava melhor e sem nenhum sintoma.

"É um absurdo isso acontecer e, ainda mais, com cinco criançaspix brabethorários diferentes. Toda nossa família está abalada, porque um erro assim é uma coisa muito grave. Desde este dia não consigo mais ir trabalhar, com medopix brabetque alguma coisa possa acontecer com o meu menino", declarou Silva ao jornal Agora.

'Fiquei horrorizada'

Quando soube do erro das vacinaspix brabetItirapina, Jéssica Conduta afirma que chorou. "Eu fiquei horrorizada e com muito medo. É como se nós, pais, não tivéssemos feito nosso papelpix brabetcuidar e proteger", diz.

Ela, que é assistentepix brabetdepartamento pessoal, estava no trabalho quando foi avisada pela sogra sobre o erro. "Foi a minha sogra que levou o meu filho para vacinar. Por isso, primeiro avisaram para ela, que ficou muito nervosa e me ligou para contar", relata.

"Depois, eu liguei para a pediatra do meu filho e expliquei a situação. Ela me disse que os riscos são pequenos e falou para a gente ficar acompanhando ele", diz.

Segundo Jéssica, o filho não apresentou nenhum tipopix brabetproblemapix brabetsaúde desde a vacinação. Ela afirma que até se surpreendeu com a reação dele após ser imunizado. "Sempre que ele toma alguma vacina, fica com febre ou resfriado, mas dessa vez não teve nada", comenta.

"Pode ser que não aconteça nada com nossos filhos, mas a gente não sabe. Estamos vivendo com medo. Quando vou trabalhar, tento dar uma apagada nesse assunto. Mas quando as pessoas perguntam se o meu filho está bem, dá vontadepix brabetchorar", relata Jéssica.

Desde a vacinação, a única reação diferente que o filhopix brabetMilena Ribeiro teve foi a afta, que a mãe está tratando com medicamentos. Apesarpix brabetafirmar que agora está um pouco mais tranquila, ela relembra o susto ao saber da vacinação errada.

"Eu fiquei arrasada", diz Milena. "Isso foi um erro que não vem só da enfermeira. Estão culpando somente a coitada. Ela pode ter errado por não ter notado a diferença entre os rótulos, mas pessoas com cargos acima dela também erraram. Agora só cai nas costas dela, que tinha que aplicar muitas vacinas sozinha e isso talvez exigisse muito dela", declara a faxineira.

Milena afirma que esperava mais apoio por parte da Prefeitura. "Falta assistência e preocupação maior, porque foi uma coisa grave. Deveriam deixar um pediatra à nossa disposição para acompanhar as crianças, mas não está sendo assim. O que está sendo feito é um acompanhamento diário pelo WhatsApp, para questionar como as crianças estão".

A faxineira critica também o atendimento inicial que as famílias receberam logo que foram informadas sobre o erro. "A pediatra disse que a gente tinha ganhado na loteria porque nossos filhos estavam imunes. Ela falou que estava tudo certo, que não ia acontecer nada", comenta. Milena afirma que os responsáveis pelas crianças perceberam, posteriormente, que não havia como a médica passar tanta segurança,pix brabetrazão da faltapix brabetestudos conclusivos sobre o tema.

No sábado (17/4), grande parte das crianças imunizadas indevidamentepix brabetItirapina passaram por testes sorológicos para avaliar se a vacina induziu a produçãopix brabetanticorpos contra a covid-19. Os exames foram encaminhados ao Instituto Adolfo Lutz. Ainda não há prazo para que os resultados sejam informados aos familiares.

"O que eu espero agora é que não dê nada com o meu filho. Me aconselharam a ficar atenta a ele por 15 dias. A gente fica com o coração na mão, porque não sabe o que vai acontecer. Tem sido dias difíceis. Quero que isso passe logo", diz Milena.

Especialistas não acreditampix brabetproblemas graves

Médicos ouvidos pela reportagem avaliam que são muito pequenas as chancespix brabetas crianças imunizadas erroneamente terem problemas.

"O erro é grave. Não podemos usar medicamentos ou vacinas onde os trabalhos científicos não terminaram. Não podemos saber se os efeitos adversos nessas populações são semelhantes ou diferentes dos encontradospix brabetadultos e idosos. Também não sabemos ainda qual é a dose, intervalo e imunogenicidade das vacinas nessa faixa etária", diz o pediatra e infectologista pediátrico Márcio Nehab, do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz).

Nehab destaca que os estudospix brabetcrianças já começarampix brabetvacinas contra a covid-19, como a CoronaVac e apix brabetOxford com a farmacêutica AstraZeneca — as duas que são aplicadas no Brasil atualmente. "Até o momento, não houve problemaspix brabetcrianças nesses estudos", destaca.

Para o infectologista Alexandre Naime, chefepix brabetInfectologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp),pix brabetBotucatu (SP), é pouco provável que as vacinas contra a covid-19 não sejam indicadas para os mais novos.

"Provavelmente essas vacinas têm pouco efeito adverso nas crianças. Os estudos estãopix brabetandamento, então não temos resultados ainda. Porém, provavelmente não (possui efeitos adversos) porque são plataformas seguras, que também são usadas para várias vacinas do calendário brasileiro", declara o infectologista.

"Na verdade, crianças têm até uma resposta imunológica um pouco melhor que os adultos para vacinaspix brabetplataformapix brabetvírus inativado, como a CoronaVac", acrescenta.

Naime explica que a vacinação entre as crianças somente deve ser autorizada no mundo após a conclusãopix brabettestes clínicos com os mais novos. A medida é fundamental para avaliar o desempenhopix brabetcada imunizante entre esse grupo. "Isso só não foi estudado antes porque crianças, geralmente, têm covid-19 leve e não evolui para a forma mais grave. Óbvio que você vai estudar uma vacina primeiro para a população inicial, que tem evolução mais grave da doença do que as crianças", diz ele.

Apesarpix brabetnão acreditar que haverá problemas para as crianças imunizadas na semana passada contra a covid-19pix brabetcidadespix brabetSão Paulo, Nehab ressalta a necessidadepix brabetque órgãos responsáveis, como o Ministério da Saúde e autoridades locais, acompanhempix brabetperto a situação. Ele afirma que é fundamental "apurar possíveis prejuízos às crianças que foram vacinadaspix brabetforma errada".

Pelo mundo, pesquisaspix brabetvacinas contra a covid-19 em crianças têm avançado cada vez mais nos últimos meses. Especialistas avaliam que incluir os mais novos nos programaspix brabetimunização é uma preocupação que merece destaque no atual cenário, porque esse público também pode transmitir o novo coronavírus e dificultar o combate à pandemia. Em países com as campanhaspix brabetimunização avançadas, como os Estados Unidos, o tema já se tornou alvopix brabetdebates.

Em relação às duas gestantes vacinadaspix brabetItirapina, os médicos frisam que o próprio Ministério da Saúde passou, recentemente, a recomendar a vacinaçãopix brabetmulheres grávidas contra a covid-19.

As bulas das vacinas não recomendam que elas sejam aplicadas sem orientação médicapix brabetgestantes e lactantes, pois não há testes definitivos desses imunizantes nesses grupos. Apesar da faltapix brabetestudos conclusivos no momento, uma nota técnica do Ministério da Saúde aponta que pesquisaspix brabetanimais não mostraram riscospix brabeto imunizante causar danos ao embrião ou feto.

Segundo nota técnica da pasta, a imunizaçãopix brabetgestantes no atual momento trata-sepix brabetum posicionamentopix brabeturgência sobre essa população "devido ao maior riscopix brabetcomplicações que elas e seus bebês enfrentam quando infectados pelo vírus", diz o Ministério da Saúde, que pontua que essa situação traz maior probabilidadepix brabetparto prematuro.

O Instituto Butantan afirmou,pix brabetnota, que as vigilâncias municipais devem acompanhar e coletar informações individuais das crianças e das gestantes imunizadas, "solicitando que busquem orientação imediata nos serviçospix brabetsaúde caso apresentem algum evento adverso".

"O Butantan fica à disposição por meio do Serviçopix brabetAtendimento ao Consumidor e seu setorpix brabetFarmacovigilância, mas a investigação e acompanhamento dos casos compete às vigilâncias municipais", disse o instituto,pix brabetnota.

O Butantan recomendou que as pessoas vacinadas erroneamente com a CoronaVac esperem 14 dias para que sejam imunizadas contra a gripe. Nos casos das gestantes, aconselhou que haja uma avaliação médica individual para decidir se a segunda dose deverá ser aplicada. Jápix brabetrelação às crianças, o instituto afirmou que a aplicação da segunda dose do imunizante não é indicada atualmente.

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