Sequelas da covid-19 prejudicarão saúde do brasileiro por uma década, diz especialistabetmotion futebolUTIs:betmotion futebol

Pacientebetmotion futebolcovidbetmotion futebolManaus

Crédito, Bruno Kelly/Reuters

No médio e no longo prazo, as saídas passam por pontos como reduçãobetmotion futeboldesigualdades e a ampliação do númerobetmotion futebolprofissionais capacitados para atender às novas demandas da pandemia, conforme diagnóstico apresentado por ela e outros colegas ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

O principal obstáculo é obviamente financeiro. A faltabetmotion futebolrecursos para a saúde ante uma demanda crescente será potencializada pelo aumento do rombo nas contas públicas e pela emenda constitucional do tetobetmotion futebolgastos, que limitou o aumentobetmotion futeboldespesas públicas até 2030.

A BBC News Brasil lista abaixo quatro desafios importantesbetmotion futebolsaúde pública para o país nos próximos meses e anos, além da faltabetmotion futebolverbas.

- Milharesbetmotion futebolpacientes com sequelas da covid-19;

- Demanda reprimidabetmotion futebolcirurgias eletivas que foram canceladas na pandemia;

- Impacto negativo no tratamentobetmotion futeboldoenças como câncer;

- Vacinação lenta e novas ondasbetmotion futebolinfecção.

1. Sequelas da covid e o mito dos 'recuperados'

Em um dado momento da pandemia, quando o númerobetmotion futebolmortes por covid no país já passavabetmotion futebol100 mil (hoje são 365 mil), o governobetmotion futebolJair Bolsonaro decidiu a exaltar diariamente o númerobetmotion futebol"recuperados" da doença.

O objetivo da estratégia, considerada negacionista por especialistas, era fazer frente a uma "cobertura maciçabetmotion futebolfatos negativos", como chegou a dizer o ministro da Secretariabetmotion futebolGoverno, o general da reserva Luiz Eduardo Ramos.

Manifestações da covid-19betmotion futeboloutros órgãos e sistemas

O conceitobetmotion futebolrecuperado inclui pessoas que foram diagnosticadas pela doença, mas não morreram. Só que muitas delas nem poderiam ser consideradas recuperadas, muito menos curadas, por causa da chamada covid longa.

Essa condiçãobetmotion futebolsaúde persistente tem atingido centenasbetmotion futebolmilharesbetmotion futebolpessoas ao redor com mundo com sintomas que duram semanas ou meses, e alguns deles podem ser inclusive permanentes.

Ao longobetmotion futebolum anobetmotion futebolpandemia, cientistas e profissionaisbetmotion futebolsaúde ao redor do mundo descobriram que a covid estava associada a maisbetmotion futebol50 manifestaçõesbetmotion futebolsaúde relacionadas a diversas partes do corpo. Foram identificados danos neurológicos, psicológicos, pulmonares, imunológicos, renais, cardíacos, motores, entre muitos outros.

Há dezenas deles, como cansaço extremo, faltabetmotion futebolar, perdabetmotion futebololfato, dores nas articulações, problemasbetmotion futebolmemória, depressão, dores nas articulações e erupções na pele.

Segundo pesquisadoresbetmotion futeboluniversidades dos Estados Unidos, do México e da Suécia, que analisaram dezenasbetmotion futebolestudos sobre o tema com 48 mil pacientes ao todo, os cinco sintomas mais comuns da covid prolongada são fadiga (58%), dorbetmotion futebolcabeça (44%), dificuldadebetmotion futebolatenção (27%), perdabetmotion futebolcabelo (25%) e faltabetmotion futebolar (24%).

Não há dados disponíveis sobre o númerobetmotion futebolpessoas atingidas por essa condição no Brasil, mas é possível ter a dimensão a partirbetmotion futeboloutros países. No Reino Unido, por exemplo, país com um terço da população brasileira, estima-se que 300 mil pessoas enfrentem a chamada covid longa.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, 1betmotion futebolcada 10 pessoas que contraíram o vírus continua doente três meses depois dos primeiros sintomas.

Mulher com fadiga na cama

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Muitos pacientes com covid persistente enfrentam fadiga debilitante

O impacto dessa condição prolongada, ainda cercadabetmotion futeboldúvidas e incompreensão, deve ser sentido por anos na vida desses pacientes e no sistemabetmotion futebolsaúde,betmotion futebolrazão do aumento da demanda por tratamentos, profissionais, medicamentos e reabilitação, por exemplo.

"O fardo é real e significativo", afirmou Hans Kluge, diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) na Europa.

2. Explosão da filabetmotion futebolcirurgias eletivas

"O incentivo (de R$ 250 milhões) aos municípios é para zerar a filabetmotion futebolesperabetmotion futebolcirurgias eletivasbetmotion futebolmédia complexidade e diminuir o tempobetmotion futebolespera daqueles que aguardam por procedimentos agendados." Esse anúnciobetmotion futebolverba extra do Ministério da Saúde brasileiro,betmotion futeboljaneirobetmotion futebol2020, mal poderia esperar que a fila fosse começar a explodir poucos meses depois, com a pandemiabetmotion futebolcovid-19.

As cirurgias eletivas são consideradas necessárias, mas não urgentes e podem ser agendadas. Entre as mais demandadas estão as oftalmológicas (tratamentobetmotion futebolcatarata, por exemplo), a correçãobetmotion futebolhérnias e a retirada da vesícula biliar.

Desde o iníciobetmotion futebol2020, países, Estados e municípios têm suspendido muitos procedimentos do tipo por causa da sobrecarga do sistemabetmotion futebolsaúde (leitos, profissionais e insumos) e dos riscosbetmotion futebolcontágio por covid-19. Na Inglaterra, por exemplo, a fila desses pacientes passoubetmotion futebol1.600 pessoas para quase 388 milbetmotion futebolum anobetmotion futebolpandemia, é a pior marca desde 2008.

UTIbetmotion futebolhospitalbetmotion futebolSão Paulo

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Hospitais lotados levaram países, Estados e municípios a adiarem cirurgias eletivas e tratamentos, gerando filas enormes e até mortes

Não há dados atualizados sobre o tamanho da fila brasileira. Em 2018, o Conselho Federalbetmotion futebolMedicina falavabetmotion futebol900 mil pessoas na fila da rede pública. Segundo dados atuais do Sistema Únicobetmotion futebolSaúde (SUS),betmotion futebol2020 houve uma quedabetmotion futebol1 milhãobetmotion futebolcirurgias eletivasbetmotion futebolrelação ao ano anterior, montante que se soma à fila histórica.

De 2018 para 2019, o Brasil havia conseguido ampliarbetmotion futebolquase 10% a realização desses procedimentos. Se o país atingisse o mesmo patamar a partirbetmotion futebol2021, levaria quase cinco anos apenas para zerar essa demanda represada pela pandemia.

Isso sem considerar outros fatores que possam levar ao aumento da demanda, como as sequelas deixadas pela própria covid.

Estados como o Mato Grosso do Sul já têm anunciado medidas para tentar desafogar a fila, como recursos extras e mutirões. Mas se espera uma explosão ainda maior da demanda quando a pandemia perder forçabetmotion futebolvez.

No setor privado, houve ainda um impacto financeiro significativo. A quedabetmotion futebolprocedimentos eletivos levou diversos hospitais a ficarem no vermelho, porque a receita caiu, mas os custos se mantiveram fixos, aponta levantamento da Associação Nacionalbetmotion futebolHospitais Privados.

3. Maisbetmotion futebol50% dos pacientes com câncer atrasaram tratamento

Os efeitos da pandemia foram sentidos no Brasil e outros países também no tratamento e no diagnósticosbetmotion futeboloutras doenças, como câncer.

Kluge, diretor da OMS na Europa, Hans Kluge, afirmou que o impacto da pandemia no tratamento do câncer foi "catastrófico". Na região, a área oncológica sofreu interrupções parciais ou totaisbetmotion futebolum terço dos países europeus.

Para Sara Bainbridge, da instituição filantrópica britânica Macmillan Cancer Support, o anobetmotion futebol2020 foi devastador para muitas pessoas que vivem com câncer e enfrentaram "atrasos angustiantes ou interrupções no tratamento ou no diagnóstico". Estimativas apontam dezenasbetmotion futebolmilharesbetmotion futebolpessoas no país deixarambetmotion futebolreceber o primeiro diagnóstico da doença e assim iniciar o tratamento.

Cercabetmotion futebolmetade dos pacientes com câncer no mundo sofreram atrasos no tratamento, entre eles adiamentos na radioterapia ou quimioterapia e cancelamentosbetmotion futebolconsultas e biópsias, apontou um levantamento liderado por Rachel Riera, professora da Universidade Federalbetmotion futebolSão Paulo (Unifesp) e coordenadora no hospital Sírio Libanês,betmotion futebolparceria com a OMS a partir da revisãobetmotion futeboldezenasbetmotion futebolestudos sobre o tema.

O impacto da covid no tratamento, no diagnóstico e na própria saúde dos pacientes oncológicos pode levar a um aumento do númerobetmotion futebolmortes por câncer. Um estudo liderado por pesquisadores da University College London, do Reino Unido, estimou que pode haver quase 18 mil mortes a mais associadas ao câncer ao longobetmotion futebol12 meses.

4. Novas ondasbetmotion futebolcovid e vacinação

Como se não bastassem os problemas citados acima, a pandemia ainda não acabou. Isso significa que o sistemabetmotion futebolsaúde brasileiro continuará pressionado por meses (ou anos) com os infectados pela covidbetmotion futebolsi.

Dados compilados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontam que 1,8 milhãobetmotion futebolpessoas no Brasil foram internadasbetmotion futebol2020 e 2021 por casos suspeitos ou confirmadosbetmotion futebolcovid grave. O sistemabetmotion futebolsaúde colapsou ou esteve à beira do colapsobetmotion futebolpraticamente todos os Estados do país.

Parentes participambetmotion futebolvelóriobetmotion futebolvítima da covid

Crédito, Fabio Teixeira/Anadolu Agency via Getty Images

Legenda da foto, Grande parte dos Estados brasileiros entrarambetmotion futebolcolapso pro causa da altabetmotion futeboldemanda dos pacientes infectados

Apesarbetmotion futebolalguns sinais positivosbetmotion futeboluma melhora da situação caótica e trágica, o vírus continua circulando com força no país e a vacinação caminha a passos lentos. Ou seja, enquanto a grande maioria da população não estiver imunizada, o Brasil continuará a enfrentar ondas da doença que lotam hospitais, matam cada vez mais jovens e agravam a situação econômica do país.

Em marçobetmotion futebol2020, o ministro da Economia, Paulo Guedes, falou que com "R$ 5 bilhões a gente aniquila o coronavírus". Só o auxílio emergencial custou quase R$ 300 bilhões.

Na área da saúde, um levantamento do Senado Federal aponta que o enfrentamento brasileiro à pandemia demandou dos cofres da União mais R$ 63 bilhõesbetmotion futebolações diretas, como comprabetmotion futebolequipamentos, testes e medicamentos.

Enquanto a doença não for controlada, milharesbetmotion futebolpessoas continuarão a ficar doentes e os gastos gigantescos dominarão o orçamento nacional para saúde, que já enfrentava restrições antes da pandemia.

Cada leitobetmotion futebolUTI custabetmotion futebolR$ 2.500 a R$ 3.000 por dia, segundo dados da Universidade Estadualbetmotion futebolCampinas (Unicamp). Ou seja, uma unidade com 30 leitosbetmotion futebolUTI custa pelo menos R$ 2,3 milhões por mês. O país aumentou a ofertabetmotion futebolUTIsbetmotion futebolum terço na pandemia, e a implantaçãobetmotion futebolcada um dos leitos, seguindo os critérios básicos, é estimadabetmotion futebolR$ 180 mil.

Além da saturação dos hospitais, o outro grande desafio atual é o programabetmotion futebolvacinação, considerado a principal portabetmotion futebolsaída da pandemia.

No papel, o cronograma atual do Ministério da Saúde prevê 563 milhõesbetmotion futeboldoses, e a entregabetmotion futebol154 milhões delas no primeiro semestrebetmotion futebol2021, considerando apenas vacinas aprovadas pela Anvisa: Coronavac, AstraZeneca-Oxford e Pfizer.

Cronograma previstobetmotion futebolentregas mensaisbetmotion futebolvacina contra covid-19. Em março, governo Bolsonaro mudou cinco vezes previsãobetmotion futeboldoses abaixo,betmotion futebolmilhões.  .

Isso seria suficiente para imunizar o grupo prioritário inteiro, mas não significa que todas essas 78 milhõesbetmotion futebolpessoas estariam vacinadas antesbetmotion futeboljulho — o Brasil tem conseguido aplicar cercabetmotion futebolmetade das doses disponíveis e há um intervalobetmotion futebolsemanas entre a primeira e a segunda dose.

Mas os constantes atrasosbetmotion futebolimportaçõesbetmotion futebolinsumos e vacinas, alémbetmotion futebolproblemas na produçãobetmotion futebolterritório nacional e a não aprovaçãobetmotion futeboloutros imunizantes por parte da Agência Nacionalbetmotion futebolVigilância Sanitária (Anvisa) fazem com que esse cronograma seja cada vez mais difícilbetmotion futebolser atingido.

A tendência, até o momento, é que o início da vacinação dos adultos não prioritários deva acontecer pelo menosbetmotion futebolmeados do segundo semestrebetmotion futebol2021, enquanto abetmotion futeboljovens com menosbetmotion futebol25 anos deve acontecer sóbetmotion futebol2022. A situação dos menoresbetmotion futebolidade é ainda mais incerta.

Um estudo recente da UFJF (Universidade Federalbetmotion futebolJuizbetmotion futebolFora) apontou que que Brasil precisa vacinar 2 milhões por dia para controlar pandemiabetmotion futebolaté um ano. Mas desde o início da vacinação, só ultrapassou três vezes a marcabetmotion futebol1 milhãobetmotion futebolvacinados.

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