Pior está por vir, mas colapso no inverno pode ser evitado, diz médicoonabet reviewuniversidade que prevê 100 mil mortes por covid no Brasilonabet reviewabril:onabet review
No pior dos cenários estimados pelo IHME, esse total pode chegar a 597,8 mil mortes.
"Esperamos que os casos (de coronavírus no Brasil) comecem a cair nesta semana. (Mas) o pior ainda está por vir, porque as mortes demoram mais - elas continuarão a subir e só cairão depoisonabet reviewalgumas semanas", diz Mokdadonabet reviewentrevista à BBC News Brasil.
"Além disso, o que é muito preocupante no caso do Brasil é que o surto ocorreu durante o verão, e, se tratandoonabet reviewum vírus sazonal, se fizermos uma projeçãoonabet reviewlongo prazo, pode ocorrer uma nova alta no invernoonabet reviewvocês. É isso que nos preocupa."
A seguir, veja as principais ponderaçõesonabet reviewMokdad (que iniciouonabet reviewcarreira trabalhando nos CDCs, centrosonabet reviewcontroleonabet reviewdoenças dos EUA) sobre por que este mês ainda vai ser tão devastador no Brasil - e como a vacinação e o usoonabet reviewmáscaras melhores podem trazer alento nos meses seguintes.
'Um abril terrível'
As estimativas do IHME sobre a covid-19, feitas para todas as regiões do mundo, se baseiamonabet reviewpesquisasonabet reviewopinião sobre adesão ao usoonabet reviewmáscaras e confiança nas vacinas, bem comoonabet reviewdados sobre mobilidade da população e sobre aquisiçãoonabet reviewimunizantes por parte dos governos.
As projeções para o Brasil chamam a atençãoonabet reviewcomparação com o resto do mundo e também com outros países que enfrentaram altas taxasonabet reviewcontágio e mortes - como EUA, Reino Unido, México e Índia - porque, para aqui, a expectativa éonabet reviewuma curvaonabet reviewmortes ainda inclinada nos próximos meses.
"Esperamos que a mortalidade caia na terceira semanaonabet reviewabril, até o começo do inverno, quando os casos e mortes vão subir - mas não tanto quanto agora, porque haverá mais pessoas vacinadas do que agora", prevê Ali Mokdad.
Mas a situação do inverno pode ser agravada caso abra-se brecha para o surgimentoonabet reviewmais novas variantes perigosas - que emergemonabet reviewáreas onde o vírus consegue circular livremente.
"Vocês (brasileiros) ainda terão um abril terrível e potencialmente também um terrível inverno, caso haja uma nova variante que torne a vacina menos eficiente", prossegue Mokdad.
"Temosonabet reviewser muito cuidadosos. Será preciso conter as infecções e as variantes, para ter um inverno mais ameno e um próximo verãoonabet reviewcomemoração."
O inverno preocupa os infectologistas porque a estação mais seca e fria, com menos ventilação dos ambientes, traz condições ainda mais propícias para a circulação do coronavírus.
"O vírus é sazonal. No inverno passado, se pensarmos na Argentina, que tinha medidas rígidasonabet reviewvigor e usoonabet reviewmáscara na casa dos 90%, mesmo assim a infecção cresceu", explica o médico.
'Honestamente, o governo não tem levado a pandemia a sério'
O fatoonabet reviewo Brasil estar tendo seu pico da pandemia justamente nos meses quentes do ano deixou Mokdad mais alarmado. Segundoonabet reviewavaliação, ainda estamos pagando o preço do relaxamento das medidasonabet reviewdistanciamento social no final do ano passado, que facilitou o avanço da perigosa variante P.1, originada no Brasil.
A conclusão vem da análiseonabet reviewdadosonabet reviewmobilidade gerados pelo deslocamentoonabet reviewcelulares.
"O que aconteceu no país foi um relaxamento nas medidasonabet reviewdistanciamento social: o governo não impôs medidasonabet reviewvigor a tempo, e as pessoas relaxaram, voltaram à vida normal, como se não houvesse covid-19. A nova variante fez com que as infecções ocorressem mesmoonabet reviewcomunidades onde 60% ou 70% das pessoas já haviam sido infectadas", diz Mokdad.
"Isso significa que infecções prévias não oferecem boa imunidade contra essa nova variante. Pessoas infectadas antes podem se infectaronabet reviewnovo. E isso significa também que as vacinas não serão tão eficientes, o que também preocupa."
"Agora, as pessoas mudaram seu comportamento, reduziramonabet reviewmobilidade e estão usando mais máscaras, então os casos estão baixando. (...) Em dezembro, basicamente, estava todo mundo se deslocandoonabet reviewníveis iguais aosonabet reviewantes da pandemia", diz o médico.
"O usoonabet reviewmáscaras (segundo pesquisasonabet reviewopinião) estavaonabet review58%onabet reviewdezembro, e agora subiu para 69%. (...) A questãoonabet reviewlongo prazo para o Brasil é: será que os brasileiros conseguirão manter essa melhoraonabet reviewcomportamento para conter o vírus, ou permitirão um novo surto, como esperamos que aconteça no inverno?"
"E o grau desse surto dependeráonabet reviewcomportamentos a partironabet reviewagora eonabet reviewações do governo. Infelizmente para o Brasil, sinceramente, o governo não tem levado a pandemia a sério."
Como evitar um inverno tão desastroso quanto o momento atual
O caminho trilhado a partironabet reviewagora, diz Mokdad, vai determinar se teremos um inverno com um número gerenciávelonabet reviewcasos, ou um colapso semelhante ao que vivemos no momento.
"É porque a quantidade disponívelonabet reviewvacinas para o Brasil no momento não é suficiente para garantir imunidadeonabet reviewrebanho até o inverno. Por isso, todos nós neste campoonabet reviewtrabalho estamos dizendo aos países ricos: 'se vocês têm mais vacinas do que precisam, por favor mandem-nas ao Hemisfério Sul, porque é onde os casos vão aumentar no inverno, enquanto nós, no Hemisfério Norte, entraremos no verão'. Então é no Hemisfério Sul."
O aumento da ofertaonabet reviewvacinas ajudaria a conter a circulação do vírus e a prevenir o surgimentoonabet reviewnovas variantes, que, mais potentes, podem prejudicar os esforçosonabet reviewvacinaçãoonabet reviewtodo o planeta.
" É do interesse nacionalonabet reviewpaíses ricos impedir o avanço do vírus no mundo inteiro. Nenhumonabet reviewnós estará seguro até que todos nós estejamos seguros. E o único jeitoonabet reviewcontrolar as variantes é controlando as infecções, e para isso precisamos vacinaronabet reviewáreas onde a infecção tende a aumentar - e no momento é no Hemisfério Sul,onabet reviewlugares como Brasil, Argentina, Chile e África do Sul."
'O peso econômico do vírus'
Mokdad concorda que manter a mobilidade baixa vem com um custo econômico, sofrido principalmente por quem é impedidoonabet reviewtrabalhar pessoalmente.
"É um equilíbrio difícil e delicado entre abrir economicamente e salvar vidas - principalmente (no caso de) populações pobres, que precisam trabalhar para poder comer. Nos preocupa muito que essa balança pendaonabet reviewdireção à economia. (Porque) precisaremos planejar para conviver com este vírus por muito tempo", diz o pesquisador.
"Se você disser para alguémonabet reviewSão Paulo 'fiqueonabet reviewcasa por duas semanas para conter o vírus', você está oferecendo uma cestaonabet reviewalimentos para ela comer nesse período? É o principal desafio que os países estão enfrentando."
Dito isso, Mokdad opina que os governos "não podem se eximir" da obrigaçãoonabet reviewpromover o fechamento das atividades não essenciais neste momento.
"Alguns países fecharam das 5h da tarde às 5h da manhã e mantiveram os negócios funcionando. As medidas precisam ser mais sérias (do que isso)", diz.
"E a liderança é muito importante. Aqui nos EUA, o presidente (Joe Biden) usa máscara todas as vezes que aparece. O presidente anterior (Donald Trump) nunca usava máscaras. E isso faz muita diferença para as pessoas que votaram nele, para suas bases. É muito importante que a liderança use máscara - uma máscara boa ou duas máscaras, para mostrar que isso faz diferença."
Vacinação e boas máscaras: as armas disponíveis
Um dos fatores que jogam a favor do Brasil, no momento, é o nível altoonabet reviewaceitação das vacinas, diz Mokdad. Em 20onabet reviewmarço, pesquisa do Datafolha apontou que 84% dos brasileiros tinham intençãoonabet reviewse vacinar.
É mais do que nos EUA, "onde a aceitação ficaonabet reviewtornoonabet review75%", afirma o médico. "O fator que ajuda o Brasil no momento é a vacinação. O que prejudica é a sazonalidade, a mobilidade (alta) e usoonabet reviewmáscaras (insuficiente). E essas questões vão influenciar o tamanho do surto nos próximos meses."
"Vacinem o máximo que puderem, é uma corrida contra o tempo, antes do inverno. E melhorem o usoonabet reviewmáscaras. Nem todos têm acesso às vacinas no Brasil, mas todos podem ter acesso a máscaras. Se você encorajar o público a usar máscara, vai reduzir muito a transmissão. E se você já está usando máscaras, meu conselho é: passe a usar uma máscara melhor ou use duas máscaras. (...) Eu por exemplo sempre uso duas máscaras (ele mostra uma do tipo cirúrgica por baixoonabet reviewumaonabet reviewpano). Porque, dependendo do formato do rosto, sobram espaços nas laterais das máscaras. Uma segunda máscara fecha essa brecha. Em um país como o Brasil, no momentoonabet reviewque está chegando o inverno, certamente vocês se sairão muito melhor se usarem máscaras melhores."
A projeção do IHME aponta que,onabet reviewum cenárioonabet reviewque todos usassem máscaras no Brasil, seria possível evitar 55 mil mortes até julho.
Como ficam as escolas?
O funcionamento seguroonabet reviewescolas, na opiniãoonabet reviewMokdad, teráonabet reviewser avaliadoonabet reviewâmbito local - e depende tanto das medidasonabet reviewsegurança adotadas pela própria escola quanto dos cuidados tomados por todos da comunidade.
"Sim, as crianças têm menos riscoonabet reviewmorreronabet reviewcovid-19, mas elas podem pegar covid-19. E sim, as escolas que seguem protocolos podem ser abertas com segurança, mas a questão é por quanto tempo", opina ele.
"No Brasil, a questão não deveria ser 'devemos abrir ou não a escola?', sabendo que muitos jovens estão fora da escola há tanto tempo. A questão deve ser: por quanto tempo conseguiremos mantê-las abertas, se as abrirmos agora?"
"E isso vai depender da circulação do vírus na comunidade. Se você proteger as crianças e as escolas e fizer tudo direitinho, reduzindo as chancesonabet reviewo vírus ser pego na escola, mas a criança voltar à comunidade, pegar o vírus lá e mandar elaonabet reviewvolta para a escola, a escola pode passar a ser um focoonabet reviewespalhamento do vírus."
Brasil e outros paísesonabet reviewsituação preocupante
Além do Brasil, a situação da pandemia causa preocupaçãoonabet reviewoutras partes do Hemisfério Sul, como países sul-americanos e África do Sul, pela iminência do inverno, e países asiáticos, que também têm observado o surgimentoonabet reviewnovas variantes do coronavírus.
"A Índia tem uma nova variante circulando ali e no Paquistão e Bangladesh, o que fez aumentar muito a nossa projeçãoonabet reviewmortes, apesaronabet reviewo clima lá estar ficando mais quente (por estarem no Hemisfério Norte)", diz Mokdad.
"Então estamos preocupados com muitos países, porque o vírus estáonabet reviewalta circulação. Por conta disso haverá novas variantes (mais resistentes), o que significa que infecções prévias não darão imunidade e as vacinas ficarão menos eficientes."
'Com bom comportamento, boas coisas virão'
Apesar das projeções preocupantes, Mokdad se esforça para passar uma mensagem positiva.
"Neste momento, levandoonabet reviewconta a disponibilidadeonabet reviewvacinas, esperamos que pouco maisonabet reviewum terço da população brasileira esteja vacinada até julho. É uma boa notícia", afirma.
Embora destaque que é preciso levaronabet reviewconta que as vacinas podem ser menos eficientes dianteonabet reviewnovas variantes, ele ressalta que a vacinaçãoonabet reviewmassa será o caminho para a normalização.
"É muito importante que o público saiba que, se fizermos tudo direito - usarmos bem as máscaras, tomarmos as vacinas - é muito provável que possamos voltar a alguma normalidade, embora não 100% ainda, porque não temos imunidadeonabet reviewrebanho. Mas no mínimo podemos ter uma estaçãoonabet reviewinfecções muito menor (no inverno)."
"E pessoas vacinadas podem ver umas as outras, ver seus netos. Com bom comportamento boas coisas virão, mas todos temosonabet reviewfazê-lo e todos temosonabet reviewter paciência. Não podemos nos dar ao luxoonabet reviewcomemorar prematuramente, e temosonabet reviewaprender a conviver com este vírus, que vai ficar com a gente por muito tempo, infelizmente. Talvez tenhamosonabet reviewmudar nossos comportamentosonabet reviewacordo com a estação - no inverno, ser ainda mais vigilantes com o usoonabet reviewmáscaras e evitar aglomerações, e no verão talvez possamos relaxar mais, até todos estarmos vacinados ou até existir um bom medicamento contra covid-19, algo que até o momento não existe."
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