Neta leva vídeosblaze roleta relampagoavó vítima da covid-19 a milhões no TikTok: 'Quero espalhar alegria como ela fazia':blaze roleta relampago
Na legendablaze roleta relampagoum dos vídeos, a universitária explica que criou o perfil no TikTok para "compartilhar e espalhar alegria, como ela (Dalva) faziablaze roleta relampagovida".
As publicações agradaram muitos usuários da rede social. Um dos vídeos (o da máscarablaze roleta relampagopano no quarto) teve maisblaze roleta relampago3 milhõesblaze roleta relampagovisualizações e 267 mil curtidas. "Muitas pessoas sempre pedem para postar mais coisas dela", diz a jovem à BBC News Brasil.
A avó materna
Mãeblaze roleta relampagoquatro filhas e avóblaze roleta relampagotrês netos, Dalva foi professora durante três décadas. Moradora da cidade do Rioblaze roleta relampagoJaneiro (RJ), onde viviablaze roleta relampagoum apartamento com uma das filhas, a idosa era considerada muito ativa: gostavablaze roleta relampagopassear, dirigir e frequentar academia.
A personalidade da idosa era umablaze roleta relampagosuas características mais marcantes. "Era daquele jeito que aparece nos vídeos. Ela respondia 'na lata', não importava para quem fosse", diz Luisa.
Dalva ficou isolada no início da pandemia, conta a neta. A família precisava convencê-la com frequência sobre a importânciablaze roleta relampagoevitar sair do apartamento.
Em alguns dos vídeos que a neta registrou, é possível notar que a idosa era fiel seguidora do presidente Jair Bolsonaro. Ela o defendia com frequência quando via alguma crítica. "Ela acreditavablaze roleta relampagotudo o que ele falava", diz Luisa.
Desde o início da pandemia, o presidente adota um discurso para tentar minimizar os riscos da covid-19, como críticas ao usoblaze roleta relampagomáscaras ou a defesablaze roleta relampagotratamentos médicos que não têm respaldo científico, como a cloroquina. "No início da pandemia, a minha avó até podia duvidar da covid-19 por causa do presidente, mas depois foi entendendo os riscos", diz a jovem.
A idosa costumava acreditarblaze roleta relampagodiversas fake news sobre a covid-19 e compartilhava os conteúdos no WhatsApp. " A gente tinha que explicar para ela que era mentira", comenta Luisa.
A jovem relata que a aposentada sempre seguiu os cuidados para se prevenir da covid-19. "Penso que se a gente não explicasse para a minha avó sobre as fake news, essas mentiras poderiam ter tido um impacto negativo para ela", diz.
Em junho, Luisa e uma tia contraíram a covid-19 e desenvolveram sintomas leves. Na época, elas não tiveram contato físico com Dalva. Para a jovem, os dois casos na família fizeram com que a aposentada passasse a acreditar ainda mais na importânciablaze roleta relampagoadotar cuidados contra o coronavírus.
Segundo Luisa, a idosa passou a ter mais dificuldades para ficarblaze roleta relampagocasa quando as medidasblaze roleta relampagoisolamento social no Rioblaze roleta relampagoJaneiro começaram a ser cada vez mais flexibilizadas. Em agosto, Dalva voltou a ir à igreja com frequência. "A minha avó era católica e muito religiosa. Quando as missas voltaram a ser presencialmente, não conseguimos segurá-lablaze roleta relampagocasa", diz a neta.
"Ela dizia que todo mundo estava saindo, não era prisioneira e que estava tomando todos os cuidados. A minha avó não queria ficar trancadablaze roleta relampagocasa. Mas quando saía, ela sempre usava máscara", comenta Luisa.
No começoblaze roleta relampagosetembro, a idosa apresentou os primeiros sintomas da covid-19. A família afirma não saber como Dalva contraiu o vírus, mas tem duas hipóteses: na igreja oublaze roleta relampagoparentes que também foram infectadas.
A igreja, segundo a família, orientava que os fiéis adotassem o distanciamento entre si e usassem máscaras. Ainda assim, os parentes avaliam que o local pode ter sido uma possível fonteblaze roleta relampagoinfecção para a idosa, por ser um lugar fechadoblaze roleta relampagoque havia diversas pessoas.
"Outra possibilidade é que ela tenha pegado da minha tia ou da minha irmã. As duas tinham voltado a trabalhar presencialmente, mantinham contato com a minha avó e também contraíram o vírus. Mas não sabemos quem pode ter passado para quem. Até hoje temos nossas dúvidas sobre como a minha avó pode ter contraído (o coronavírus)", explica a jovem.
Enquanto os familiares tiveram sintomas leves, a situaçãoblaze roleta relampagoDalva logo se agravou. Ela começou com febre e sintomasblaze roleta relampagogripe. A idosa foi internadablaze roleta relampagoquatroblaze roleta relampagosetembroblaze roleta relampagoum hospital particular da capital fluminense, após um monitoramento apontar que o nívelblaze roleta relampagosaturação do oxigênio no sangue dela estava caindo cada vez mais — situação típicablaze roleta relampagocasos mais graves da covid-19.
A primeira tomografia apontou que 25% dos pulmões da idosa estavam comprometidos pelo coronavírus. Quatro dias após ser internada, a situação piorou ainda mais e ela foi intubada. A família recebia informações sobre Dalva duas vezes ao dia: às 10 da manhã e às 10 da noite.
A solidão no hospital, situação recorrenteblaze roleta relampagocasosblaze roleta relampagocovid-19, preocupava a família. "Desde que foi internada, a minha avó ficou sozinha, sem celular, sem contato com a família ou qualquer coisa que pudesse distrair. Isso pode ter sido bastante difícil para ela naquele momento, principalmente porque a minha avó ficava no celular o tempo todo", diz Luisa.
A situação da idosa, que tinha pressão alta e pré-diabetes, piorou cada vez mais. Na manhãblaze roleta relampago18blaze roleta relampagosetembro, ela não resistiu às complicações da covid-19.
"É tudo muito difícil. Toda vez que a gente lembra dela, cai no choro. Ela era muito presenteblaze roleta relampagonossas vidas. Mas a gente tem certezablaze roleta relampagoque ela está bem agora. A minha avó era muito ativa, com certeza não queria ficar debilitadablaze roleta relampagouma cama e sofrendo. Ela não suportaria isso", afirma Luisa.
A jovem era a neta mais novablaze roleta relampagoDalva. As duas moravam no mesmo prédio e tinham contato frequente. "A minha avó foi a pessoa que eu mais ameiblaze roleta relampagotoda a minha vida. Até os meus pais tinham ciúmes e falavam que quando ela morresse eu não teria outra igual na minha vida. A gente tinha uma ligação muito forte", comenta a universitária. Duas semanas depoisblaze roleta relampagoperder a avó, ela tatuou o nomeblaze roleta relampagoDalva na costela.
Os vídeos no TikTok
Cercablaze roleta relampagoum mês após a morte da avó, Luisa decidiu compartilhar no TikTok alguns vídeos que havia feito da idosa.
Nos últimos anos, a neta havia publicado no Instagram diversos vídeos da avó. Os amigosblaze roleta relampagoLuisa costumavam dizer que queriam muito conhecer a idosa. "Eles gostavam dos vídeos dela e pediam para postar cada vez mais. Diziam que ela alegrava o dia deles. Eles achavam o mau humor dela engraçado", diz.
"Eu adorava perturbar a minha avó, porque ela era muito esquentadinha e logo xingava", comenta Luisa.
No Instagram, os vídeosblaze roleta relampagoDalva eram vistos por amigos ou familiaresblaze roleta relampagoLuisa. Porém, quando a jovem decidiu postar no TikTok após a morte da avó, as publicações ganharam um grande alcance.
"Comecei postando somente para amigos no TikTok. Mas logo tomou uma proporção muito grande, porque muitos desconhecidos começaram a ver. Até mesmo pessoas que foram alunas da minha avó no passado viram os vídeos e comentaram sobre ela", diz a universitária. "Foi uma repercussão muito boa. Adoro responder as pessoas e as mensagens", acrescenta.
Atualmente, o perfil da jovem no TikTok tem 40,7 mil seguidores e os vídeos acumulam, juntos, 726 mil curtidas. Nos comentários, muitos relatam que se divertem com o jeito espontâneo da idosa.
"Não esperava que os vídeos da minha avó pudessem chegar a tantas pessoas. Mas eu sempre falava para ela: 'vó, você tem que ficar famosa, porque é muito engraçada'. Ela respondia: 'parablaze roleta relampagobobeira'", diz Luisa.
A jovem relata que a família gosta do sucesso dos vídeosblaze roleta relampagoDalva. "Eles riem juntos e sabem da repercussão. Ninguém nunca foi contra publicar esses vídeos", relata.
Ela afirma que a avó também gostavablaze roleta relampagoser filmada. "Ela dizia que não queria fazer os vídeos. Mas no fundo, ela gostava e acabava topando gravar".
A jovem não pretende, ao menos por enquanto, pararblaze roleta relampagocompartilhar os momentos com a avó. "A quantidadeblaze roleta relampagovídeos dela é limitada. Mas enquanto tiver conteúdo, pretendo continuar postando qualquer coisa que me lembre dela", diz.
Para Luisa, os vídeos no TikTok representam uma formablaze roleta relampagohomenagear Dalva. "Eu posto porque me dá prazer ver as pessoas se divertindo com ela. Sinto que assim não estou deixando a imagem da minha avó ser esquecidablaze roleta relampagojeito nenhum", comenta.
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