PIB: Pandemia agrava o que já seria pior década1xbet 9crescimento no Brasil1xbet 9mais1xbet 9um século:1xbet 9
A queda só não foi pior porque a injeção1xbet 9recursos pelo auxílio emergencial e outras medidas econômicas1xbet 9resposta à crise evitaram que as projeções mais pessimistas se concretizassem - ao fim1xbet 9junho do ano passado, os analistas chegaram a prever uma queda1xbet 96,6% no PIB1xbet 92020, com os mais pessimistas ousando falar1xbet 9um baque1xbet 910%.
A paralisação da atividade econômica durante parte do ano, como forma1xbet 9conter a propagação do vírus, provocou a terceira maior queda já registrada pela economia brasileira1xbet 9120 anos - período para o qual existem estatísticas confiáveis.
Desde 1900, só foram registradas perdas maiores do PIB naquele 19901xbet 9confisco da poupança e1xbet 91981, quando a atividade econômica encolheu 4,3%, no auge da crise da dívida externa provocada1xbet 9parte pelos elevados gastos da ditadura militar na década anterior com investimentos1xbet 9infraestrutura.
O PIB é a soma1xbet 9todos os bens e serviços produzidos por um país1xbet 9um determinado período1xbet 9tempo,1xbet 9geral, um trimestre ou ano.
O indicador é acompanhado1xbet 9perto pelos analistas porque é um importante termômetro da saúde da economia e está relacionado com a qualidade1xbet 9vida da população, já que uma atividade econômica fraca resulta1xbet 9menos empregos e menor geração1xbet 9renda.
Uma década mais perdida que a 'década perdida'1xbet 91980
Com a queda1xbet 94,1% do PIB no ano passado, a década que se encerra1xbet 92020 é oficialmente a1xbet 9menor crescimento médio anual1xbet 9120 anos, calcula o economista Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro1xbet 9Economia da Fundação Getulio Vargas)
"2020 tem uma coisa muito particular, que é uma pandemia na qual a economia foi 'desligada'", diz Considera. "Mas é preciso lembrar que a economia não vinha bem."
Segundo o economista, mesmo sem contar 2020, entre 2011 e 2019, a economia registrou um crescimento médio1xbet 90,7% ao ano. Se o país tivesse crescido no ano passado os 2% que o mercado previa antes da pandemia, a década teria um avanço médio1xbet 90,9% ao ano. Com o resultado divulgado nesta quarta pelo IBGE, o crescimento médio anual é1xbet 90,3%.
"Ou seja, temos um desastre total1xbet 9qualquer situação, com ou sem pandemia", afirma Considera.
O coordenador do Monitor do PIB lembra que, nos anos 1980, chamados1xbet 9"década perdida" pelas sucessivas crises econômicas e baixo crescimento, o avanço médio anual do PIB brasileiro foi1xbet 91,6%. Na década1xbet 91990, o crescimento médio ficou1xbet 92,6%. Entre 2001 e 2010, a média anual foi1xbet 93,7%.
"Nessa década1xbet 9agora, o crescimento médio foi1xbet 90,3% ao ano. É a pior década1xbet 9todos os tempos. Não teve década igual a essa nos últimos 120 anos", conclui.
Os 5 maiores tombos do PIB antes1xbet 92020
Se não há década recente que se compare com esta que se encerrou1xbet 92020, os anos1xbet 9tombo no PIB são muitos na história do Brasil. Em alguns deles, foram fatores externos que causaram prejuízo à nossa economia. Em outros, o estabaco da atividade econômica se deveu primordialmente ao engenho e obra dos gestores nacionais.
Relembre as cinco maiores quedas da economia brasileira antes do ano1xbet 9pandemia.
1xbet 9 1) Plano Collor e a queda recorde1xbet 94,4% no PIB1xbet 91990
Neste início1xbet 92021, veículos1xbet 9imprensa reportaram uma aproximação entre o ex-presidente Fernando Collor1xbet 9Mello (1990-1992) e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A notícia1xbet 9que Collor estaria dando conselhos econômicos ao atual mandatário causou calafrios1xbet 9quem guarda na memória o estrago provocado pelo "caçador1xbet 9marajás" na economia.
É da gestão Collor a maior queda do PIB brasileiro nos últimos 120 anos: um recuo1xbet 94,4% registrado1xbet 91990.
"Aquele ano foi muito especial na nossa trajetória - o que não significa bom", diz Vinícius Müller, doutor1xbet 9história econômica e professor do Insper. "Havia toda uma expectativa criada, porque tínhamos o primeiro presidente eleito por voto direto desde 1960. Isso gerava um ambiente no país1xbet 9alguma euforia. Mas havia um vetor contrário, que era a hiperinflação."
O país entrou na década1xbet 91980 com a inflação acima dos 90% ao ano. Em 1982, o IPCA (Índice1xbet 9Preços ao Consumidor Amplo) rompeu a marca simbólica do 100% ao ano e chegou aos quatro dígitos1xbet 91989, quando o índice encerrou o ano1xbet 9alta1xbet 91.973%.
Ao longo daquela década, foram executadas ao menos três tentativas1xbet 9estabilizar a inflação: os planos Cruzado (1986), Bresser (1987) e Verão (1989), que adotaram como estratégia comum o congelamento1xbet 9preços. E tiveram como resultado compartilhado o fracasso.
Então Collor e1xbet 9ministra da Economia, Zélia Cardoso1xbet 9Mello, tiveram a ideia inovadora1xbet 9tentar conter a inflação através do "confisco" das poupanças, contas correntes e outros ativos financeiros dos brasileiros, com objetivo1xbet 9limitar os recursos1xbet 9circulação na economia.
"Logo no início do ano, foi como se a economia tivesse sido desligada. Foi um baque muito forte, um choque recessivo", lembra Claudio Considera, da FGV.
"Esse choque, por mais que tenha imediatamente gerado uma queda na inflação, foi1xbet 9prazo muito curto. O que gerou um repique posterior, com a volta da inflação ainda mais forte, e uma desconfiança imensa dos agentes, com empresas, investidores e consumidores revendo todos os seus planos1xbet 9gastos. Isso acabou sacrificando o início dos anos 1990", diz Müller, do Insper.
1xbet 9 2) Crise da dívida externa e o recuo1xbet 94,3% do PIB1xbet 91981
A segunda maior queda do PIB brasileiro foi1xbet 91981, como resultado da crise da dívida externa latino-americana, que culminaria na declaração1xbet 9moratória (ou calote, na linguagem popular) pelo México1xbet 91982.
"No final dos anos 1970, o governo [do general Ernesto] Geisel dobrou a aposta dos governos militares1xbet 9endividamento externo, alto investimento público1xbet 9grandes obras e proteção1xbet 9alguns setores e empresas", lembra Müller.
"A partir1xbet 91979, essa aposta no endividamento externo se mostrou muito ruim, porque, naquele ano, acontece o segundo choque do petróleo e uma mudança na política1xbet 9juros dos Estados Unidos que atraiu recursos para lá", diz o professor.
"Com isso, recursos internacionais que antes financiavam uma parte dos investimentos no Brasil acabaram secando."
A saída1xbet 9recursos dos países emergentes dificultou a rolagem da dívida pública brasileira, que se tornou maior, mais cara e1xbet 9prazo mais curto. Com isso, a capacidade1xbet 9pagamento do governo brasileiro passou a ser questionada. Para financiar a dívida, o governo aumentou o dinheiro1xbet 9circulação, dando início ao processo hiperinflacionário que marcaria a década.
"Em 1979, a economia estava começando a ficar inflacionária. O ministro [do Planejamento, Mário Henrique] Simonsen queria fazer um processo1xbet 9ajuste para evitar a inflação", lembra Considera, da FGV. "Todo mundo foi contra, tiraram o Simonsen e colocaram [Antônio] Delfim Netto, que antes estava na Agricultura."
Com Delfim Netto no Planejamento, a economia avançaria mais1xbet 99%1xbet 91980, mas boa parte desse crescimento seria perdido entre 1981 e 1983, com a crise da dívida externa.
1xbet 9 3) Crise do governo Dilma e as quedas do PIB1xbet 92015 e 2016
Os últimos anos do governo Dilma Rousseff, mergulhados na crise política que levaria ao impeachment da ex-presidente, têm dois lugares no topo da lista1xbet 9maiores quedas do PIB brasileiro.
Em 2015, a economia encolheu 3,5% e, no ano seguinte, 3,3%.
Em conjunto, o tombo1xbet 9quase 7%1xbet 9dois anos supera o baque da pandemia do coronavírus.
Vinícius Müller, do Insper, lembra que essa crise teve origem1xbet 9outra, a crise financeira internacional1xbet 92008, ainda no segundo mandato1xbet 9Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Lula e Dilma deram uma reposta à crise1xbet 92008 que foi entendida à época como adequada, com medidas1xbet 9estímulo à demanda,1xbet 9gastos públicos e medidas protecionistas, que geraram imediatamente um alívio à recessão que vinha dos Estados Unidos", lembra o economista.
"O problema é que essas medidas1xbet 9estímulo ao consumo e proteção a alguns setores foram muito alongadas pelo governo Dilma. Isso gerou uma pressão muito grande nas contas públicas", destaca Müller. Ao mesmo tempo, com a inflação voltando a crescer, Dilma tenta controlá-la através da intervenção1xbet 9preços administrados, como energia elétrica e combustíveis.
"A combinação desses fatores gerou desequilíbrio no sistema1xbet 9preços e uma desconfiança muito grande dos agentes econômicos. Some-se a isso os protestos1xbet 92013, a deflagração da Operação Lava Jato no ano seguinte e o processo1xbet 9impeachment da presidente, e isso ampliou ainda mais a desconfiança dos investidores, principalmente dos estrangeiros. Tudo isso afetou a economia", observa o professor.
1xbet 9 4) Queda1xbet 93,3%1xbet 91931, na rabeira da Grande Depressão1xbet 91929
Ainda no "top 5" das maiores quedas do PIB brasileiro está o recuo1xbet 93,3% registrado1xbet 91931, um resultado direto do colapso financeiro1xbet 91929.
"A queda1xbet 91929 faz com que a economia mundial deixe1xbet 9comprar determinados produtos do Brasil. A receita1xbet 9exportação1xbet 9café, por exemplo, cai fortemente e isso traz problemas para a balança1xbet 9pagamentos brasileira", lembra Considera, da FGV.
"Nossas exportações eram café, basicamente. Com menos renda das vendas externas, isso prejudicou o consumo1xbet 9maneira geral."
1xbet 9 5) Tombo1xbet 93,2% do PIB1xbet 91908, no rescaldo do 'Pânico1xbet 91907'
Por fim, completam a lista1xbet 9cinco maiores "anos perdidos" da economia brasileira o longínquo ano1xbet 91908, quando a economia tombou 3,2%, com a chegada ao Brasil dos efeitos do pânico dos banqueiros1xbet 91907, que também começou uma forte queda da Bolsa1xbet 9Nova York.
"A crise1xbet 91908 é parecida com a1xbet 91931", considera Müller, do Insper.
"O Brasil vinha, há alguns anos antes1xbet 91908, tentando se aproximar do modelo das finanças e do comércio internacional chamado1xbet 9'padrão-ouro', numa tentativa1xbet 9ganhar credibilidade", lembra o professor.
"Esse esforço tinha um custo, que era um controle muito grande das contas públicas e dos gastos do governo, e o abandono1xbet 9algumas medidas1xbet 9incentivo à exportação1xbet 9café, que eram consideradas1xbet 9desacordo com os arranjos internacionais."
"Em 1907, estávamos passando por esse processo, quando houve uma grande crise no mercado acionário nos Estados Unidos. Alguns bancos quebraram por lá, e essa crise, assim como a1xbet 91929, resvala1xbet 9países que eram compradores do nosso café, nossos credores ou quem investiam no Brasil. Com isso, teve um enxugamento muito grande da nossa venda1xbet 9café e da nossa possibilidade1xbet 9receber investimentos e renovar nossas dívidas."
Para realizar esse levantamento histórico, a reportagem da BBC News Brasil utilizou a série do PIB desde 1900 disponibilizada pelo professor Nelson Barbosa, também do Ibre-FGV, disponível neste link.
Os dados1xbet 91900 até 1946 se baseiam1xbet 9uma estimativa do economista Claudio Haddad. A partir1xbet 91947, os números são do Sistema1xbet 9Contas Nacionais, incialmente calculado pela FGV e posteriormente assumido pelo IBGE, nos anos 1970.
Já os números mais recentes foram atualizados pela série histórica do PIB disponibilizada pelo Banco Central e pelo IBGE.
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