Coronavírus: Por que vacinação sem lockdown pode tornar Brasil 'fábrica'onabet sinaisvariantes superpotentes:onabet sinais
Varianteonabet sinaisManaus pode favorecer mutação antivacina
O maior perigo está no contato da varianteonabet sinaisManaus, apelidadaonabet sinaisP.1, com pessoas recém-vacinadas, explica o virologista Julian Tang, da Universidadeonabet sinaisLeicester, no Reino Unido.
Segundo ele, ao entrar na célula humana e se deparar com uma quantidade ainda pequenaonabet sinaisanticorpos da vacina, a variante, ao se replicar, pode promover mutações mas resistentes a esses anticorpos.
"Se você é vacinado numa segunda-feira, você não está imediatamente protegido. Leva algumas semanas para os anticorpos da vacina aparecerem e você ainda pode se infectar pelo vírus original ou pela variante P.1", explica Tang.
"Se esses anticorpos da vacina surgem enquanto a infecção está ocorrendo e replicando no seu corpo, o vírus pode se replicaronabet sinaismaneira a evadir o anticorpo que está sendo produzido. As mutações mais benéficas ao vírus sobrevivem e se replicam, num movimentoonabet sinaisseleção natural."
Esse movimento é parte do processoonabet sinaisevolução do vírus, que tenta se adaptar a "adversidades". A pessoa vacinada, porém infectada, pode passar o vírus mutante adiante se não houver medidasonabet sinaiscontroleonabet sinaisvigor, como quarentenas, fechamentoonabet sinaiscomércio e locaisonabet sinaislazer.
O riscoonabet sinaisisso acontecer seria menor se a varianteonabet sinaisManaus não estivesse se espalhando pelo país e se as infecções estivessem sob controle. Isso porque a chanceonabet sinaiso vírus original conseguir se fixaronabet sinaisgrandes quantidades nas célulasonabet sinaisuma pessoa vacinada é pequena, já que os imunizantes foram produzidos exatamente para impedir a eficácia dessa ligação.
Mas a mutação E484k, presente na varianteonabet sinaisManaus, afeta exatamente o principal pontoonabet sinaisligação entre o vírus e as células, tornando o "encaixe" mais eficaz e reduzindo a eficácia dos chamados anticorpos neutralizantes.
Pesquisas preliminares apontam redução da eficácia da vacina Oxford-AstraZeneca contra a variante da África do Sul com a mutação E484K e o Instituto Butantan está pesquisando o impacto delas no percentualonabet sinaisproteção da CoronaVac.
"Se há uma replicação descontrolada do vírus, ou seja, transmissão num ambiente sem regrasonabet sinaisdistanciamento social, lockdown e usoonabet sinaismáscaras, as pessoas suscetíveis vão se misturar com as vacinadas. Sem barreiras, o vírus pode se transmitironabet sinaisuma população para outra, potencialmente gerando variantes que escapam à vacina", disse Tang à BBC News Brasil.
O professoronabet sinaisSaúde Global Peter Baker, da Imperial College London, também afirma que o contatoonabet sinaislarga escalaonabet sinaisvariantes do coronavírus com pessoas vacinadas gera uma "pressão" biológica para que essas variantes evoluam, criando mutações que driblem melhor os anticorpos.
"Isso vai acontecer principalmente se você tiver uma situaçãoonabet sinaisepidemiaonabet sinaisgrande porte num país com sucesso moderadoonabet sinaisvacinação. Você alcança assim o equilíbrio perfeito entre pessoas imunes e infectadas. E, quando essas populações se misturam, há riscoonabet sinaissurgir uma nova variante resistente às vacinas", disse à BBC News Brasil.
Descontrole da epidemia no Brasil
O Brasil vivencia exatamente essa confluência entre vacinaçãoonabet sinaisestágio precoce e picoonabet sinaiscasosonabet sinaiscovid-19. O país superou os Estados Unidos no infeliz recordeonabet sinaisinfecçõesonabet sinais24 horas.
Dados publicados nesta quinta-feira (24) pela Organização Mundial da Saúde apontam que foram registrados 59,9 mil casosonabet sinaiscovid-19 no Brasil no períodoonabet sinais24 horas. Nos EUA, foram 57,8 mil.
O númeroonabet sinaismortes diárias também não paraonabet sinaissubir e bater recordes. Na quarta (3), foram registradas 1,8 mil mortes num dia - o maior número desde o início da pandemia. Em mais da metade dos estados brasileiros, a ocupaçãoonabet sinaisleitosonabet sinaisUTI supera 80%.
Diante do colapso dos sistemasonabet sinaissaúdeonabet sinaisvários municípios, governadores decretaram lockdown ou medidasonabet sinaisdistanciamento social. Apesar do descontroleonabet sinaisinfecções, o presidente Jair Bolsonaro declarou mais uma vez ser contra as restrições.
"No que dependeronabet sinaismim nunca teremos lockdown. Nunca, uma política que não deu certoonabet sinaislugar nenhum do mundo", afirmou o presidente.
Mas os dados desmentem a falaonabet sinaisBolsonaro.
No Reino Unido, o lockdown em vigoronabet sinaistodo o país desde o inícioonabet sinaisjaneiro reduziuonabet sinaisdois terços as infecção por covid-19. Em Londres a diminuição foionabet sinais80%, segundo pesquisa da Imperial College London.
"Do pontoonabet sinaisvista científico, fechar fronteiras e implementar quarentenasonabet sinaiscasa são eficazesonabet sinaisdiminuir a infecções. E há benefíciosonabet sinaisreduzir infecções. Você diminui o riscoonabet sinaissurgirem variantes, ganha tempo para a campanhaonabet sinaisvacinação avançar e para pesquisas concluírem vacinas adaptadas às variantes existentes hoje", diz o professor Peter Baker.
Varianteonabet sinaisManaus pode dominar infecções no país
Além disso, especialistas alertam que, sem medidasonabet sinaiscontrole, a varianteonabet sinaisManaus pode acabar substituindo o vírus original e se tornar prevalenteonabet sinaistodo o território nacional. A P.1 já circulaonabet sinaispelo menos 10 Estados brasileiros, alémonabet sinaisser responsável por quase a totalidade das infecções atuais na capital do Amazonas.
"Sem medidasonabet sinaiscontrole, P1 vai rapidamente ser o vírus dominante e gerar ondas epidêmicas significativas", disse à BBC News Brasil Charlie Whittaker, pesquisador da Imperial College London.
Um estudo liderado por Whittaker mostrou que a varianteonabet sinaisManaus é entre 1,4 e 2,2 vezes mais transmissível que o vírus original. A pesquisa revela ainda que a P.1 é capazonabet sinaisevadir o sistema imuneonabet sinaisinfecções préviasonabet sinais25% a 61% dos casos. Ou seja, ela pode provocar reinfecçõesonabet sinaisindivíduos que já haviam sido contaminados pela covid-19.
E reinfecções são outro ingrediente importante para mutações perigosas, diz Peter Baker, da Imperial College London.
"Quando essas variantes entramonabet sinaiscontato com pessoas que já foram infectadas, há uma pressão para que elas mutem mais, encontrem uma maneiraonabet sinaisreinfectar pessoas previamente imunizadas", diz.
"A combinaçãoonabet sinaisuma epidemia prévia com uma nova grande epidemia,onabet sinaisque pessoas que já teriam imunidade são reinfectadas, gera um ambiente propenso a mutações. Achamos que isso é o que aconteceu no contexto brasileiro."
Apariçãoonabet sinaisvariantes no Brasil gera risco ao mundo todo
Alémonabet sinaisjá estar se espalhando pelo território brasileiro, a varianteonabet sinaisManaus já foi detectadaonabet sinais25 países, apesaronabet sinaisvárias nações terem cancelado voos para o Brasil e imposto quarentenas e testesonabet sinaiscovid-19 a quem desembarcar vindo do país.
Isso revela que o descontrole da doença num país colocaonabet sinaisrisco outras nações.
"Se você deixar o Brasil replicar o vírusonabet sinaismaneira descontrolada, essas variantes podem surgir e viajar para qualquer lugar", diz o virologista Julian Tang, da Universidadeonabet sinaisLeicester.
"Se você tem um celeiroonabet sinaisproduçãoonabet sinaisvírus num país, se você não controla a transmissão, vai ter mutação ocorrendo e prevalecendo por seleção natural, se essas variantes viajam pelo mundo e algumas delas escapam totalmente ou parcialmente às vacinas, é claro que é um risco."
Os pesquisadores ouvidos pela BBC News Brasil avaliam que vacinaçãoonabet sinaismassa, combinda com medidasonabet sinaisrestriçãoonabet sinaiscontato social, como lockdowns, usoonabet sinaismáscaras e fechamentoonabet sinaiscomércio são importantes para conter altas taxasonabet sinaisinfecções e impedir novas mutações, enquanto a imunização avança.
"Ninguém está seguro enquanto todos não estivermos seguros. E garantir que estamos seguros significa limitar a chanceonabet sinaisvariantes surgirem. Medidasonabet sinaiscontrole são úteis para alcançar isso, mas talvez mais importante ainda seja garantir uma estratégia global equitativaonabet sinaisvacinação. Isso significa que nenhum país deve ser deixado para trás", defende Charlie Whittaker, da universidade Imperial College London.
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