'Por que decidi compartilhar nas redes meu momento mais vulnerável na luta contra covid-19':galera bet bônus
Raquel ficou 20 dias na UTI, sendo 16 deles intubada. Quando teve alta hospitalar, iniciou uma rotina intensa para se recuperar das complicações deixadas pelo Sars-Cov-2 (nome oficial do novo coronavírus).
Em casa, Raquel recebeu imagens feitas durante agalera bet bônusinternação. Uma foto que chamou a atenção dela foi a do momento que foi colocadagalera bet bônusposição prona. De bruços, estava ligada a eletrodos que monitoravam o seu ritmo cardíaco, enquanto ela respirava com a ajudagalera bet bônusaparelhos.
"Ali na foto, você enxerga um corpo totalmente vulnerável. Aquela posição é uma expectativagalera bet bônusque o corpo reaja. Para mim, é uma imagem muito forte", comenta Raquel à BBC News Brasil.
Apesar do sofrimento, a dentista avalia que a imagem também tem um sinalgalera bet bônusesperança: a tatuagemgalera bet bônusuma fênix que ela tem nas costas. "Na mitologia grega, a fênix renasce das cinzas. Ela significa renascimento. Essa tatuagem nunca fez tanto sentido", diz.
Por considerar que o registro ilustra uma situação muito íntima, ela ficou com receiogalera bet bônuscompartilhá-lo. "Quando recebi (a foto), não deixei nem mesmo o meu filho ver", diz.
Na semana passada, porém, Raquel decidiu publicar a fotogalera bet bônusseu perfil no Instagram. Na mesma postagem, ela incluiu ainda uma imagem do momentogalera bet bônusque os profissionaisgalera bet bônussaúde se preparavam para colocá-lagalera bet bônusbruços.
"Senti quase que uma obrigaçãogalera bet bônusexpor essas fotos no Instagram, para que talvez as pessoas tenham um pouco maisgalera bet bônusconsciência. É revoltante ver muita gente morrendo, enquanto outras não se importam com a dor do outro e continuam aglomerando", declara Raquel.
A luta pela vida
Desde o início da pandemia,galera bet bônusmarço passado, Raquel continuou trabalhando. Ela afirma que seguia todos os protocolos e saíagalera bet bônuscasa somentegalera bet bônussituações necessárias. Por isso, diz não saber como foi infectada pelo coronavírus.
"Sempre me cuideigalera bet bônusforma exagerada. Não faço ideiagalera bet bônuscomo me infectei. O vírus está circulando. Então, posso ter sido infectadagalera bet bônusalgum contato como num postogalera bet bônusgasolina ou algo assim", diz.
Os primeiros sintomas foram dores no corpo e febre. Em 9galera bet bônussetembro, dia seguinte aos primeiros sinais, ela começou a sentir faltagalera bet bônusar e procurou ajuda médica. Um exame confirmou que a dentista estava com a covid-19. Uma tomografia apontou que 5% dos pulmões dela estavam comprometidos.
"Como eu estava com faltagalera bet bônusar, decidiram me internar. No hospital, mesmo com os cuidados possíveis, a situação acabou se agravando. Houve uma replicação viral muito grande", comenta a dentista.
Ela relata que cercagalera bet bônusuma semana depois da internação estava com 85% dos pulmões comprometidos pelo vírus. Com dificuldades cada vez maiores para respirar, foi levada para a UTI e foi intubada. No dia seguinte, os médicos decidiram colocá-la na posição prona, uma antiga técnica que atualmente tem sido adotadagalera bet bônusmuitos pacientes intubadosgalera bet bônusdecorrência da covid-19.
"A minha saturação (de oxigênio) estava muito baixa. Quando me colocaram na posição prona, que não tem compressão dos pulmões, eu tive uma melhora na oxigenação", comenta a dentista.
A posiçãogalera bet bônusbruços representou apenas o início do períodogalera bet bônusRaquel na UTI. Ela passou mais duas semanas intubada.
Ao todo, ela ficou 30 dias no hospital. Quando recebeu alta, estava extremamente fragilizada. Na saída da unidadegalera bet bônussaúde,galera bet bônusuma cadeiragalera bet bônusrodas, não conseguiu sequer abraçar os dois filhos,galera bet bônus15 egalera bet bônusoito anos. "A única parte do corpo que eu conseguia mexer era a minha cabeça", relata.
Raquel perdeu 25 quilos no períodogalera bet bônusque ficou internada. "Mesmo tendo uma vidagalera bet bônusatleta, a doença quase acabou comigo", ressalta.
"Eu me enxergavagalera bet bônusum corpo que não era meu quando saí do hospital. Foi muito assustador, por mais que eu tivesse muita fé e tivesse aceitado muito bem todas as dificuldades que encarei por causa da covid", diz Raquel.
Quando voltou para casa, passou a se dedicar intensamente à reabilitação. "Tive que reaprender todos os movimentos básicos", diz. Ela chegou a fazer fisioterapia duas vezes por dia. Além disso, também teve acompanhamentogalera bet bônusum nutricionista e começou a fazer terapia para, segundo ela, "ajudar a enfrentar tudo isso".
A vida após a covid
Para Raquel, a fé e o apoio da família foram fundamentais emgalera bet bônusrecuperação. Aos poucos, com ajudagalera bet bônusprofissionais, foi reaprendendo a andar. Hoje, meses depois, ela tem poucas dificuldades para se locomover e já recuperou 15 quilos. "O resto era puro músculo e só consigo ganhar se for treinando muito", diz a dentista.
Ela não acredita que voltará a praticar exercícios intensos como os que fazia antes da covid. "Agora penso no esporte como qualidadegalera bet bônusvida, para me ajudar na reabilitação. Hoje não posso me considerar uma pessoa que faz esporte normalmente, porque tenho várias dificuldades por causa da doença."
Entre os passosgalera bet bônusRaquel rumo à recuperação, um dos mais importantes foi dado na semana passada: ela voltou a atender alguns pacientesgalera bet bônusseu consultório. "Estou recomeçando", diz.
Além do trabalho, uma outra ação que tem tomado os diasgalera bet bônusRaquel é um projeto que ela criou para ajudar pessoas que também tiveram complicações graves da covid.
"Eu estavagalera bet bônusum hospital particular, com planogalera bet bônussaúde egalera bet bônusuma situação privilegiada. Mas eu pensava muito no próximo. Me questionava: como essas pessoas vão pra casa sem ter sequer dinheiro para comer? Recebem alta e não sabem as condiçõesgalera bet bônusque vão chegargalera bet bônuscasa", diz.
Um mês depoisgalera bet bônusreceber alta hospitalar, Raquel deu início ao projeto, intitulado "Com Vida", criadogalera bet bônusparceria com a chefegalera bet bônusenfermagem Renata Cazuza, que a acompanhou durante a internação. Segundo a dentista, a iniciativa tem voluntários como fisioterapeutas, médicos, psicólogos e enfermeiros. "Esses profissionais fazem acolhimento para uma palavra amiga, doações, terapia...", diz Raquel. "Já ajudamos nove famílias e vamos apoiar mais", comenta.
O projeto tem sido fundamental para ajudar Raquel a lidar com mais uma situação difícil que viveu recentemente: o pai dela, o ortodontista Hugo Trevisi,galera bet bônus72 anos, morreugalera bet bônusdecorrência da covid-19galera bet bônus11galera bet bônusjaneiro. Ele passou maisgalera bet bônusum mês internado, após ser infectado pelo novo coronavírusgalera bet bônusmeadosgalera bet bônusnovembro.
As fotos
A perda do pai e as situações que viveu desde setembro fizeram com que Raquel ficasse cada vez mais revoltada com o fatogalera bet bônusque muitas pessoas têm ignorado medidas fundamentais para conter a propagação do coronavírus, como o isolamento social.
A indignação deu origem à vontadegalera bet bônusdivulgar a fotogalera bet bônusque ela estágalera bet bônusbruços e a outra que mostra a equipe médica se preparando para deixá-lagalera bet bônusposição prona.
As fotos haviam sido compartilhadas com Raquel pouco após ela receber alta hospitalar,galera bet bônusoutubro passado. Os registros foram mostrados pela amiga que fez durante o períodogalera bet bônusque permaneceu no hospital: Renata Cazuza, a chefegalera bet bônusenfermagem da UTI. "As imagens fazem partegalera bet bônusum protocolo para registrar os procedimentos. Eles guardam esses registros. Como fiquei amiga da Renata, ela me passou as imagens", comenta.
Em 10galera bet bônusfevereiro, Raquel publicou as duas fotosgalera bet bônusseu perfil no Instagram.
"Até então, achava que não precisava me expor desse jeito. Mas vi que os hospitais estão lotados novamente. Então, resolvi postar essa foto justamente como revolta. É revoltante ver pessoas que não estão enxergando o que está acontecendo. Estão vendo gente morrer, mas não se importam. Às vezes até falam que se importam com a dor do outro, mas estão pulando carnaval, aglomerando… Postei essas fotos para assustar essas pessoas", diz a dentista à BBC News Brasil.
Na publicação, ela escreveu que compartilhou as fotos para "dar um chacoalhão"galera bet bônusquem não se preocupa com os cuidados para evitar a propagação do coronavírus.
"Até onde vai a faltagalera bet bônusconsciênciagalera bet bônusmuitos? O que mais precisa acontecer para que as pessoas comecem a ter compaixão com a dor do outro? Até alguém da família morrer? Ou passar pelo que passei?", escreveu Raquel na postagem.
O post dela causou repercussão nas redes. "Muitas pessoas compartilharam", diz. No perfil dela no Instagram foram maisgalera bet bônus13,5 mil curtidas. Nos comentários, muitas pessoas lamentaram a situação.
"Se mudei o pensamentogalera bet bônusuma pessoa sequer (sobre a necessidadegalera bet bônusmanter os cuidados contra o coronavírus), esse post já fez o papel dele", comenta.
No post no Instagram, Raquel afirma que as duas imagens registram uma "experiênciagalera bet bônusquase morte" — e ressalta que as lembranças relacionadas ao coronavírus a acompanharão para sempre, pelas duras recordações dos diasgalera bet bônusluta pela vida e pela saudade que ela sente do pai.
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