Passeiobaixar app brabetfamília, Dia dos Pais e selfie: as histórias por trás das últimas fotosbaixar app brabetvítimas da covid-19:baixar app brabet

Giovana posa abraçada com os paisbaixar app brabetfoto ao ar livre

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Giovana e os pais: registrosbaixar app brabetpasseio são as últimas fotos da adolescente que a família tem

Assim como Terezinha, milharesbaixar app brabetpessoas convivem com a saudadebaixar app brabetentes queridos que morrerambaixar app brabetdecorrência da covid-19. Segundo dados do Ministério da Saúde, o país registrou, até a manhã desta segunda-feira (25/01), 217 mil mortes pela covid-19 — o primeiro óbito ocorreubaixar app brabet12baixar app brabetmarço do ano passado, conforme a pasta.

Desde o fimbaixar app brabet2020, o Brasil tem enfrentado aumento nos registros diáriosbaixar app brabetvítimas do novo coronavírus. Em números absolutos, o país ocupa o segundo lugarbaixar app brabetmortes pela doença, atrás apenas dos Estados Unidos, que já teve maisbaixar app brabet408 mil óbitos.

Por trás dos dadosbaixar app brabetmortos há históriasbaixar app brabetfamílias abaladas pela covid-19, que já matou maisbaixar app brabet2,1 milhõesbaixar app brabetpessoasbaixar app brabettodo o mundo.

Enquanto convivem com a saudade, parentes e amigos das vítimas do novo coronavírus buscam formasbaixar app brabetse lembrar dos entes queridos.

Uma das recordações mais comuns são as fotografias. Para dar dimensão humana à tragédia da covid-19, familiares mostram à BBC News Brasil algumas das últimas imagensbaixar app brabetpessoas que morrerambaixar app brabetdecorrência do novo coronavírus.

Há diversos momentos felizes entre os últimos registros, como o Dia dos Pais ao lado das filhas, uma selfie sorridente e uma comemoraçãobaixar app brabetaniversário. Abaixo, conheça as histórias por trásbaixar app brabetfotografias compartilhadas com a reportagem.

Passeiobaixar app brabetfamília

Giovana e a mãe, Terezinha, posam abraçadas

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Após perda da filha, fotos da jovem se tornaram lembranças às quais Terezinha costuma recorrer com frequência

As fotos mais recentes que Terezinha guarda da filha caçula foram tiradasbaixar app brabetdoisbaixar app brabetnovembro,baixar app brabetum passeio a um ponto turístico: o Cânion Guartelá, localizado entre os municípiosbaixar app brabetCastro e Tibagi, ambos no Paraná.

O local fica a cercabaixar app brabet200 quilômetrosbaixar app brabetMarilândia do Sul, no norte do Paraná, onde Giovana morava com a família.

"Foi um passeio rápido. Ficamos só um dia por lá. Fomos juntos com o namorado da minha filha, dois tios dela e uma prima", relata a mãe da adolescente.

Terezinha ressalta que todos estavam com máscaras, mas explica que os familiares aparecem sem elas nas fotos porque os registros foram feitos nos momentosbaixar app brabetque não havia desconhecidos por perto.

O passeio foi o último momentobaixar app brabetfelicidadebaixar app brabetfamília. "A minha filha gostou bastante. Tiramos várias fotos, porque ela gostavabaixar app brabetser fotografadabaixar app brabetlugares diferentes", diz Terezinha. No período, segundo ela, os casosbaixar app brabetcovid-19 estavambaixar app brabetbaixa na regiãobaixar app brabetque mora.

Semanas depois, conforme Terezinha, os casos do novo coronavírus tiveram crescimento expressivo na região. Segundo ela, isso foi causado pelas movimentações das campanhas eleitorais, que especialistas apontam que podem ter colaborado para o aumentobaixar app brabetcasosbaixar app brabetcovid-19baixar app brabetdiversos lugares do Brasil.

Dias depois das eleições municipaisbaixar app brabet15baixar app brabetnovembro, Terezinha foi diagnosticada com o novo coronavírus. "Todos da áreabaixar app brabetsaúde tiverambaixar app brabetfazer exames para a covid-19 depois das eleições. O meu resultado foi positivo. Depois disso, todos da minha família fizeram exames", diz a auxiliarbaixar app brabetenfermagem, que estava trabalhandobaixar app brabetuma unidadebaixar app brabetsaúde desde o início da pandemia.

Terezinha, o marido, os dois filhos do casal — Giovana e um rapazbaixar app brabet25 anos — e os pais da auxiliarbaixar app brabetenfermagem foram infectados pelo novo coronavírus.

A família afirma desconhecer o momento exatobaixar app brabetque contraiu o Sars-Cov-2 (nome oficial do novo coronavírus).

"Mas uma coisa é certeza: (a infecção pelo coronavírus) foi por causa dessa movimentação das eleições. Isso movimentou tudo", afirma Terezinha.

Paisbaixar app brabetGiovana e a jovembaixar app brabetfoto antiga, tiradabaixar app brabetfrente a uma mesabaixar app brabetfesta

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Famíliabaixar app brabetGiovana contraiu a covid-19 e conseguiu se recuperar - ela também era considerada livre da doença, mas acabou tendo complicações depois

Os membros da família tiveram diferentes tiposbaixar app brabetsintomas da doença, alguns mais leves, outros mais intensos. No entanto, ninguém chegou a ser internado. "A minha mãe teve muitos sintomas e até hoje está se recuperando", diz Terezinha.

A auxiliarbaixar app brabetenfermagem relata que Giovana teve sintomas considerados leves, como vômitos, dores abdominais e dificuldades para respirarbaixar app brabetalguns momentos, mas passou pelo períodobaixar app brabetisolamento e foi considerada recuperada.

A jovem continuou com acompanhamento médico, contudo, por conta das dificuldades respiratórias que desenvolveu após a covid. "Mas a Giovana não aparentava nenhuma complicação grave", diz a mãe.

Na tardebaixar app brabet7baixar app brabetdezembro, a filha relatou a Terezinha que estava sentindo um cansaço extremo. A mãe conta que a situação pioroubaixar app brabetpoucas horas.

"Quando a minha filha saiu do banho, me chamou e disse que estava passando muito mal. Foibaixar app brabetrepente", diz a auxiliarbaixar app brabetenfermagem.

"Imediatamente, a gente a levou para o pronto-socorro. Chegamos lá e ela já estava muito mal. Não deu tempobaixar app brabetnada", relata Terezinha, emocionada.

Giovana morreu no mesmo dia. "Não imaginava que o quadro dela pudesse ser tão grave", lamenta a mãe.

Na certidãobaixar app brabetóbito consta que a jovem morreubaixar app brabetdecorrência do novo coronavírus, insuficiência respiratória aguda e embolia pulmonar. A mãe comenta que as dificuldades respiratórias foram causadas pela covid-19.

Terezinha conta que não esperava que a filha, a mais nova entre os infectados embaixar app brabetcasa, pudesse ser a principal vítima da covid-19 entre os familiares.

A jovem tinha uma condição chamada síndromebaixar app brabetGilbert. Trata-sebaixar app brabetum distúrbio genético que causa o aumentobaixar app brabetníveisbaixar app brabetbilirrubina, pigmento que dá cor amarelada à bile (fluido produzido pelo fígado). Em períodosbaixar app brabetcrise, pode culminarbaixar app brabetsintomas como icterícia (quando pele e olhos ficam amarelados).

"Mas isso não era considerado um fatorbaixar app brabetrisco para a covid-19. Quem tem essa síndrome vive normalmente", explica a auxiliarbaixar app brabetenfermagem.

O médico Alexandre Naime comenta que a covid-19 pode impulsionar crisesbaixar app brabeticteríciabaixar app brabetpacientes com a síndromebaixar app brabetGilbert.

"Pode deixar a pessoa com a aparência amarelada, por ser uma condição na qual o paciente vai gastar mais energia e o sistema imunológico vai estar mais ativado", pontua.

Mas ele ressalta que a síndrome não é considerada um fatorbaixar app brabetrisco para a doença causada pelo novo coronavírus. "Ela não torna a covid mais grave", detalha Naime, chefebaixar app brabetInfectologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp),baixar app brabetBotucatu (SP).

Por não ter fatores agravantes para a covid-19, Giovana faz partebaixar app brabetcasos incomuns: os jovens que não são considerados do grupobaixar app brabetrisco, mas que acabam morrendobaixar app brabetdecorrência do novo coronavírus.

Especialistas têm alertado que os mais novos também podem sofrer complicações graves —baixar app brabettodo o mundo, há diversos estudos que tentam compreender como o vírus pode afetar duramente algumas pessoas consideradas saudáveis.

"Não consigo entender o que aconteceu. Nem os médicos entenderam exatamente o que aconteceu com a minha filha. A gente fica com muitas dúvidas", lamenta a mãe da adolescente.

Desde a morte da filha, Terezinha afirma que vive com o sentimentobaixar app brabet"existir pela metade". "É aquela sensaçãobaixar app brabettoda mãe que perde um filho. É esquisito demais. Dói muito", desabafa.

Para tentar aliviar a saudade, ela costuma buscar refúgio no quartobaixar app brabetGiovana. "Não quero mexerbaixar app brabetnada ali no momento", diz. No cômodo, a adolescente guardava várias fotos.

"Tem muitos registrosbaixar app brabetpessoasbaixar app brabetquem ela gostava. Eu gostobaixar app brabetver, porque me faz bem, mas nem sempre é fácil."

A selfie

Maria posa sorridente para selfie

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Filho conta que selfie feitabaixar app brabetagosto foi a última foto tirada por Maria Áurea

O último registro feito por Maria Áurea Coraini foi uma selfie, semanas antesbaixar app brabetser internadabaixar app brabetdecorrência da covid-19.

"Ela estava radiante e sorridente, comobaixar app brabetcostume. A minha mãe era muito vaidosa e adorava posar para fotos", comenta o produtor cultural Mário Irikura.

Maria tinha 78 anos. Aposentada, ela era viúva e morava sozinhabaixar app brabetuma residênciabaixar app brabetPereira Barreto,baixar app brabetSão Paulo.

"A minha mãe era uma mulher muito ativa e não tinha nenhuma doença. Ninguém acreditava que ela tinha essa idade", relata Mario,baixar app brabet41 anos, o mais novo entre os quatro filhos dela.

A família afirma não saber como ela contraiu a covid-19.

"Ela estava respeitando o isolamento social. Estavabaixar app brabetcasa, não saía nem para ir ao mercado. Tudo era feito pela minha irmã. Ainda assim, ela foi infectada, mas não sabemos exatamente como", diz Mário.

Semanas antes da mãe, o produtor cultural havia contraído o novo coronavírus. Ele acredita ter sido infectado após socorrer a mãe, por voltabaixar app brabet12baixar app brabetagosto, após a idosa quebrar o braçobaixar app brabetum acidente doméstico.

"Ela estava com muita dor e fomos ao hospitalbaixar app brabetuma ambulância. Chegando lá, ela não queria ficar com máscara, por causa das dores intensas. Ela pediu para tirar a máscara. Eu tirei também e ficamos naquela sala. Acredito que me contaminei ali", relata.

Dias depoisbaixar app brabetacompanhar a mãe no hospital, ele teve sintomas como febre, dor no corpo e cansaço intenso. O produtor cultural conta que logo deixoubaixar app brabetter contato com a mãe, para evitar a possibilidadebaixar app brabetinfectá-la.

"Não acredito que ela tenha sido infectada no hospital também, porque os sintomas dela surgiram maisbaixar app brabetduas semanas depois que ela quebrou o braço", diz o produtor cultural — os estudos apontam que os sintomas da covid-19 aparecem,baixar app brabetgeral, cinco dias após a infecção (mas esse período pode variarbaixar app brabetdois a 14 dias depois do contágio).

O filho conta que Maria teve os primeiros sintomas por voltabaixar app brabet29baixar app brabetagosto e logo foi levada a um hospitalbaixar app brabetPereira Barreto. Mário relata que tinha terminado o períodobaixar app brabetisolamento da covid-19 e quis acompanhar a mãe. Os dois ficaram juntosbaixar app brabetum quarto, após a idosa ser internada.

Mário posa com máscara segurando um retrato da mãe

Crédito, Izi Xavier

Legenda da foto, Mário fez homenagem à mãe após Maria Áurea ser vítima da covid-19

"Como eu tinha acabadobaixar app brabetencerrar meu períodobaixar app brabetisolamento, decidi ficar internado com ela. Era um quarto com duas camas. Passei seis dias com a minha mãe,baixar app brabet29baixar app brabetagosto ao iníciobaixar app brabetsetembro."

Ele comenta que ainda sentia cansaço intenso e doresbaixar app brabetdecorrência da covid-19, mas tentava esconder esses problemas da mãe.

"Ela ficou preocupada comigo, mas eu disse que estava tudo bem."

Apesar das dificuldades que ainda enfrentava, Mário se esforçou para ajudar a mãe. Ele considera que os últimos momentos ao ladobaixar app brabetMaria foram inesquecíveis.

"Uma coisa que me marcou muito nesses dias,baixar app brabetque ela estava muito debilitada por causa da doença, é que eu tivebaixar app brabetcolocá-la para ir ao banheiro, dei almoço e janta na boca dela... Me senti feliz por estar ali, porque pude retribuir um poucobaixar app brabettudo o que ela fez para mim quando criança", emociona-se.

"Me sinto um ser humano completo por saber que dei o último banho nela. Isso me marcou muito. Foi uma experiência reconfortante, apesarbaixar app brabetmuito triste", relata o produtor cultural.

Uma semana após ser internada, Maria piorou. Ela foi encaminhada para a Unidadebaixar app brabetTerapia Intensiva (UTI)baixar app brabetum hospitalbaixar app brabetAraçatuba (SP), cidade vizinha, onde foi intubada. Por 12 dias, a idosa lutou pela vida, mas não resistiu às complicações da covid-19. Ela morreubaixar app brabet15baixar app brabetsetembro.

"A gente se despediu antesbaixar app brabetela entrar na UTI. Mas eu estava confiantebaixar app brabetque ela sairia dessa. É uma doença horrível. Passamos 12 dias com a minha mãe internada sem poder visitá-la", lamenta.

Desde a morte da mãe, Mário busca formasbaixar app brabetse recordar dela. Ele ficou com o celularbaixar app brabetMaria e costuma olhar o aparelho diversas vezes para rever as últimas fotos da idosa. "Olhar as fotos da minha mãe me deixa mais próximo dela", diz à BBC News Brasil.

Para se recordarbaixar app brabetMaria, o produtor cultural pretende fazer vários murais com imagens registradas ao longo da vida dela. "Nunca quero perder o contato com a minha mãe."

Dia dos Pais

Gabriel posa para selfie com a filha caçula no colo, a esposa Ana Claudia ao lado e a filha mais velha na ponta

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Gabriel, a esposa Ana Claudia e as filhas do casalbaixar app brabetimagem feita no Dia dos Pais deste ano

As imagens do Dia dos Paisbaixar app brabet2020 são os últimos registrosbaixar app brabetfamília que a tosadora Ana Cláudiabaixar app brabetAlmeida,baixar app brabet33 anos, guarda do marido. Nas fotos, o bancário Gabriel Becker,baixar app brabet35 anos, aparece ao lado da esposa e das duas filhas do casal.

"Foi um dia especial. Fizemos um churrascobaixar app brabetcasa e tiramos muitas fotos para registrar o momento. Estávamos felizes porque era o primeiro Dia dos Pais desde o nascimento da nossa caçula", relembra Ana Cláudia.

As fotos se tornaram os últimos registrosbaixar app brabetfamília. Meses depois, ela perdeu o maridobaixar app brabetdecorrência da covid-19. "A nossa vida se tornou um pesadelo desde que ele ficou doente", lamenta a viúva.

Ana Cláudia comenta que não sabe como Gabriel contraiu o coronavírus. "Tomamos todos os cuidados possíveis desde o início da pandemia, mas ainda assim ele pegou. Estávamos sem ver amigos, ele estavabaixar app brabethome office, sempre usávamos álcoolbaixar app brabetgel quando necessário… O máximo que ele fazia era ir ao mercado", conta.

Somente o marido dela apresentou sintomas. "Acreditamos que mais ninguém aquibaixar app brabetcasa tenha pegado", diz.

Ela relata que Gabriel não tinha doenças pré-existentes e era adeptobaixar app brabethábitos considerados saudáveis.

"Sempre fomos preocupados com a alimentação. Ele não sabia sequer o que era uma dorbaixar app brabetcabeça. Achávamos que, se ele pegasse, teria um quadro leve. Nunca imaginei que o quadro dele pudesse ser tão grave", conta Ana.

Os sintomas tiveram iníciobaixar app brabetmeadosbaixar app brabetnovembro, quando Gabriel teve febre constante e dores no corpo. Em razão da suspeitabaixar app brabetcovid-19, ele se isolou no quarto da filha mais velha. A situação piorou. Por voltabaixar app brabet25baixar app brabetnovembro, o bancário tevebaixar app brabetser internadobaixar app brabetum hospitalbaixar app brabetCuritiba, cidadebaixar app brabetque morava com a família. Um exame confirmou que ele havia sido infectado pelo novo coronavírus.

Gabriel não apresentou melhoras após a internação e foi levado para a UTI.

"Ele não queria que o intubassem e ficou uns cinco dias acreditando que pudesse melhorar. Mas não teve jeito e precisou ser intubado no começobaixar app brabetdezembro", relata a viúva.

Famíliabaixar app brabetGabriel e Ana Cláudia posabaixar app brabetcenário natalino junto com Papai Noel, que segura a recém-nascidabaixar app brabetseus braços

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Foto da famíliabaixar app brabetdezembrobaixar app brabet2019 está na salabaixar app brabetcasa -viúva afirma que a imagem é uma formabaixar app brabetas filhas não se esquecerem do pai

Em novebaixar app brabetdezembro, ele teve quatro paradas cardíacas e não resistiu.

"Ainda não acredito que o meu marido morreu. Às vezes me pego pensando que ele vai voltar, mas percebo que não vai. É muito estranho", desabafa Ana Cláudia, que estava junto com Gabriel havia quase 15 anos.

Desde a morte do marido, ela afirma que o seu maior desejo é conseguir proporcionar as melhores condições para as filhas,baixar app brabet12 anos e outrabaixar app brabetum ano.

"Quero fazerbaixar app brabettudo para dar o melhor para elas. Quero tentar o máximo possível para que elas tenham o melhor, como eu e o meu marido sempre planejamos", comenta.

Para que as filhas não se esqueçam do pai, Ana Cláudia deixou uma foto da família na salabaixar app brabetcasa. Na imagem, Gabriel, a esposa e as filhas aparecem ao ladobaixar app brabetum Papai Noel,baixar app brabetdezembrobaixar app brabet2019.

"Quero lembrar sempre dele e que a minha filha mais nova saiba quem foi o pai dela", diz Ana Cláudia.

A viúva acredita que o marido gostaria que ela contasse a história dele como formabaixar app brabetalerta sobre os riscos do novo coronavírus.

"Ele sempre achou importante avisar e orientar as pessoasbaixar app brabetque a covid-19 é uma doença que realmente mata. Não é brincadeira. Todos precisam se cuidar, porque não são somente os idosos ou pessoas com comorbidades que morrem. É preciso se cuidar e cuidar do próximo", ressalta.

O aniversáriobaixar app brabet59 anos

Ceci posa abraçada às três filhasbaixar app brabetfrente ao bolobaixar app brabetseu aniversário

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Filha conta que imagensbaixar app brabetreuniãobaixar app brabetfamília são os últimos registrosbaixar app brabetCeci antesbaixar app brabetser internadabaixar app brabetrazão da covid-19

As fotos no aniversáriobaixar app brabet59 anos da empregada doméstica Cecibaixar app brabetLima da Costa,baixar app brabet9baixar app brabetjunho, são os últimos registrosbaixar app brabetmomentos felizes que a família guarda dela. Pouco após a chegada da nova idade, Ceci se tornou uma das vítimas da covid-19.

A comemoração foi organizada pelas três filhas dela, na casabaixar app brabetque Ceci vivia com o marido,baixar app brabetSão Paulo (SP). Além das filhas, os genros e os cinco netos participaram do aniversário.

"Decidimos fazer um bolinho, somente para a família, mais ninguém. Passamos o dia do aniversário com ela, almoçamos, compramos bolo e cantamos parabéns. A minha mãe estava muito bem", relembra Edneide Franco,baixar app brabet35 anos, a segunda filhabaixar app brabetCeci.

Dias depois, a empregada doméstica começou a ficar doente. Os sintomas começaram com uma gripe muito intensa. "Ela ficou descansando. Mas essa gripe piorou. A nossa mãe sempre foi muito forte e não tinha problemasbaixar app brabetsaúde. Porém, nesses dias, ela ficou muito cansada e na cama", relata Edneide.

A situação piorou e a família levou Ceci a um postobaixar app brabetsaúde na capital paulista. Os exames apontaram que ela estava com baixa saturaçãobaixar app brabetoxigênio, uma das características da covid-19. Ela foi encaminhada para um hospitalbaixar app brabetcampanha — especializadobaixar app brabetpacientes com o novo coronavírus.

Antesbaixar app brabeta mãe ser levada na ambulância, as filhas se despediram dela à distância.

"A gente disse que iria ficar tudo bem e que ela voltaria para casa", diz Edneide, emocionada.

Em 19baixar app brabetjunho, Ceci foi intubada. Posteriormente, um exame confirmou que ela havia contraído o novo coronavírus.

Ceci se prepara para assoprar a velabaixar app brabetseu bolobaixar app brabetaniversáriobaixar app brabet59 anos

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Ceci comemorou o aniversário junto com a famíliabaixar app brabetjunho

A família acredita que Ceci pode ter sido infectada dias antes da comemoraçãobaixar app brabetaniversário, quando levou abaixar app brabetgata a um pet shop para ser tosada.

"A minha mãe sempre se cuidoubaixar app brabetrelação ao coronavírus e quase não saíabaixar app brabetcasa. Uma das possibilidades ébaixar app brabetque ela tenha se infectado quando foi ao pet shop. Três dias depois, compramos o bolinho para o aniversário dela, mas ninguém estava gripado", relata Edneide.

Outros três parentesbaixar app brabetCeci tiveram covid-19 após o aniversário: Edneide, o marido e a filha mais velha da empregada doméstica — eles se recuperaram bem. Os demais não apresentaram sintomas.

Edneide não descarta que a festa tenha sido uma formabaixar app brabettransmissão do vírus entre os familiares — como tem sido registradobaixar app brabetdiversos casos pelo mundo, nos quais pequenos eventos causam novas infecções pelo Sars-Cov-2 porque há uma pessoa infectada.

"Mas não sabemos. Ninguém estava com sintomas gripais no aniversário da minha mãe", comenta a filha.

Em 18baixar app brabetjulho, Ceci faleceubaixar app brabetdecorrência da covid-19. "É difícil entender como tudo aconteceu. A gente esperava que ela fosse se recuperar, mas os pulmões dela pioraram cada vez mais", desabafa Edneide.

"Está muito complicado aceitar como tudo aconteceu. Não estamos aceitando até hoje. É difícil falar da minha mãe sem me emocionar. Há muitas coisas que nos fazem lembrar dela e é difícil controlar a emoção. Ela era a mãebaixar app brabetaçúcar. Erabaixar app brabetuma doçura excepcional", diz Edneide.

As fotos antigas ou as mais recentes têm sido, muitas vezes, um acalento para os familiaresbaixar app brabetCeci. Nas imagens, se recordam da alegria com que ela costumava levar a vida.

"Sempre vejo fotografias dela quando consigo. Mas há diasbaixar app brabetque não consigo, porque dói muito", revela a filha do meio da empregada doméstica.

Em tratamento contra o câncer

Elisangela está deitada com os olhos abertos e a cabeça encostada nabaixar app brabetseu filho, Mateus, que está dormindo

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Elisangela e o filho mais velho, Mateus: selfie feita pela mãe é um dos últimos registros que ela guarda do filho

O "segredinho" da donabaixar app brabetcasa Elisangela Drumond,baixar app brabet42 anos, ilustra a última foto dela com o filho Mateus,baixar app brabet17 anos. O registro,baixar app brabet12baixar app brabetnovembro, foi feitobaixar app brabetuma cama do hospital no qual o jovem estava internado.

"O Mateus tinha passado mais uma noite acordado e teve que tomar remédio para dormir. E a gente tinha um "segredinho": à noite, depois que os médicos e enfermeiras passavam, eu me deitava com ele na cama para que a gente dormisse abraçado. Então, como ele já estava dormindo, tirei essa foto para mostrar para ele que eu tinha me deitado na cama naquela noite também, porque ele não queria ficar sozinho", relata Elisangela à BBC News Brasil.

Mateus estava internadobaixar app brabetdecorrênciabaixar app brabetum câncer. Ele havia descoberto a doença recentemente, após apresentar sintomas como dores frequentes nas costas, prisãobaixar app brabetventre e inchaço no abdômen.

Em seisbaixar app brabetnovembro, um médicobaixar app brabetuma Unidadebaixar app brabetPronto Atendimento (UPA)baixar app brabetRio das Ostras (RJ), onde a família morava, notou que havia uma massa no abdômenbaixar app brabetMateus.

"O meu filho ficoubaixar app brabetobservação na UPA e fez um ultrassom, que apontou que a massa era muito grande. Os médicos começaram a suspeitar que poderia ser um câncer", detalha. Uma tomografia confirmou a suspeita.

O adolescente foi diagnosticado com neoplasia maligna (câncer) na região do abdômen. Trata-sebaixar app brabetuma proliferação descontrolada e anormalbaixar app brabetcélulas que se espalham pelo corpo e comprometem o organismo.

A doençabaixar app brabetMateus, conta Elisangela, estavabaixar app brabetfase avançada. O jovem ficou internadobaixar app brabetuma unidadebaixar app brabetsaúdebaixar app brabetRio das Ostras. Dias depois, foi transferido para um hospital público na capital fluminense.

"Demoraram para transferi-lo e o caso dele era urgente. Acredito que essa demora piorou ainda mais a situação do meu filho."

Mateus posa para foto com a mãe e o pai

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Pais e irmãs mais novas hoje convivem com a saudadebaixar app brabetMateus, após jovem contrair o coronavírus enquanto fazia tratamento contra um câncer

Em meadosbaixar app brabetnovembro, Mateus começou o tratamentobaixar app brabetquimioterapia contra o câncer. Na mesma época, ele também tevebaixar app brabetfazer sessõesbaixar app brabethemodiálise, pois exames apontaram que os rins dele foram comprometidos pela neoplasia maligna. Segundo a mãe, enquanto ele tratava outros problemasbaixar app brabetsaúde no hospital, o jovem contraiu o novo coronavírus.

Elisangela relata que o tratamento do filho contra o câncer foi suspenso ainda nas primeiras sessões, após ele ser diagnosticado com a covid-19.

O quadrobaixar app brabetsaúde pioroubaixar app brabetpoucos dias. Na manhãbaixar app brabet1baixar app brabetdezembro, o adolescente, que chegou a ser intubado, não resistiu. Na certidãobaixar app brabetóbito consta que Mateus morreu por insuficiência renal aguda, neoplasia maligna, pneumonia e infecção pelo novo coronavírus.

"Os médicos diziam que havia muitas chancesbaixar app brabetele se recuperar do câncer. O grande problema foi que ele contraiu a covid-19 naquele período. Se não fosse a covid, o meu filho estaria vivo e se tratando", emociona-se Elisangela.

Entre as recordações que guarda do filho, uma das mais marcantes para ela é a fotobaixar app brabetque está deitada na camabaixar app brabethospital ao ladobaixar app brabetMateus. A donabaixar app brabetcasa se lembra da reação do adolescente quando acordou e viu o registro do "segredinho" deles.

"Ele abriu um sorriso no rosto e aquilo me confortou."

Em meio às lembranças do adolescente, a donabaixar app brabetcasa lamenta os planos do filho que foram desfeitos.

"De tanto ver a série Grey's Anatomy (sucesso da televisão americana desde 2005), ele ficou apaixonado por necropsia e queria seguir nessa área. O meu filho tinha muitos projetos para a vida. Ele foi um guerreiro."

Para lidar com a ausênciabaixar app brabetMateus, Elisangela, o marido e as duas filhas mais novas do casal se mudaram da residênciabaixar app brabetque a família moravabaixar app brabetRio das Ostras.

"A gente não quer mais voltar pra lá, porque é uma recordação muito grande dele", desabafa a donabaixar app brabetcasa.

Em dezembro, a família se mudou para Duquebaixar app brabetCaxias, na Baixada Fluminense.

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