Dois anosgratis vaidebet commaior acesso a armas reduziu violência como dizem bolsonaristas?:gratis vaidebet com
Segundo dados obtidos pela BBC News Brasil, os novos registrosgratis vaidebet comCAC concedidos pelo Exército bateram recordegratis vaidebet com2019 e 2020, somando 178.721, quantidade que supera todos os registros liberados nos dez anos anteriores (150.974gratis vaidebet com2009 a 2018).
Já o registrogratis vaidebet comnovas armas pela Polícia Federal também bateu dois recordes consecutivos, somando 273.835 na primeira metade do governo Bolsonaro, sendo quase 70% referentes a registros obtidos por cidadãos (o restante inclui categorias como servidores públicos com direito à porte, revendedores e empresasgratis vaidebet comsegurança privada). O número significa um aumentogratis vaidebet com184% frente à somagratis vaidebet com2017 e 2018 (96.512) e supera o total dos seis anos anteriores a Bolsonaro (265.706gratis vaidebet com2013 a 2018).
Enquanto o impacto do governo Bolsonaro no maior armamento da população é inegável tanto para apoiadores como para críticos dagratis vaidebet compolítica armamentista, os dois grupos travam uma batalha sobre quais os impactos dessa nova realidade para a violência e a criminalidade no país.
De um lado, pesquisadores da segurança pública dizem que estudos científicos deixam claro o aumento das mortes provocadas por mais armasgratis vaidebet comcirculação. De outros, os entusiastas do usogratis vaidebet comarmas para autoproteção citam a queda acentuada dos homicídios no Brasilgratis vaidebet com2019 para sustentar que a população mais armada contribuiu para a redução da violência — esquecendogratis vaidebet commencionar, porém, a volta do aumento dos assassinatosgratis vaidebet com2020 (altagratis vaidebet com5%, segundo dados preliminares), justamente quando o consumogratis vaidebet comarmas acelerou ainda mais.
Estudioso da segurança pública, porgratis vaidebet comvez, dizem que a queda nos homicídios — que tiraram a vidagratis vaidebet com45.433 pessoasgratis vaidebet com2019 no Brasil, após o recordegratis vaidebet commaisgratis vaidebet com65 mil mortesgratis vaidebet com2017, segundo estatísticas oficiais do Datasus — reflete outros fatores, como envelhecimento da população (homicídios são mais comuns entre os mais jovens), melhores políticas estaduaisgratis vaidebet comcombate à violência e tréguas no conflito entre entre facções criminosas.
Apesar disso, a associação entre mais armas e menos homicídios tem sido exaltada nas redes sociais por parlamentares, como os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Caroline De Toni (PSL-SC) e Rogério Peninha Mendonça (MDB-SC).
Em um dos posts do filho do presidente, ele compartilhou um gráfico mostrando o aumento das armas no paísgratis vaidebet com2018 e 2019 e a queda dos homicídios no mesmo período, acompanhada da seguinte mensagem: "O estatuto do desarmamento deixou os bandidos mais à vontade. Resultado: aumento no númerogratis vaidebet comhomicídios. A flexibilização no aceso (sic) às armas resultou, junto com outras políticas, na diminuição históricagratis vaidebet comhomicídios, dentre outros crimes".
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Finalgratis vaidebet comTwitter post
Os números são comemorados também por Hugo Santos, presidente da Associação dos Proprietáriosgratis vaidebet comArmasgratis vaidebet comFogo do Brasil (Aspaf). Ele espera que a queda da criminalidade ajude na argumentação para manter as medidasgratis vaidebet comBolsonaro quando seu governo acabar.
"Nós conseguimos conquistar muitos direitos agora, ter muitos avanços (no acesso a armas), mas sabemos que no futuro nós vamos ter que lutar para manter esses direitos, que o governo não vai durar pra sempre. Vai haver um momentogratis vaidebet comque vamos ter que militar por essas causas", disse à BBC News Brasil.
"Assim, ter esses números, desenvolver pesquisas, que é o que nós aqui da associação fazemos, é importantíssimo, porque vamos apresentar números: 'olha a criminalidade, os números são esses aqui após o acesso às armas, e antes era isso daqui', então a gente tem trabalhado muito nesse sentido", reforçou.
'Políticagratis vaidebet comarmas é como a da covid-19: anticientífica'
O Estatuto do Desarmamento citado por Eduardo Bolsonaro é uma leigratis vaidebet com2003 que criou regras mais restritivas para acesso a armas e penas mais duras para porte e posse ilegal — segundo pesquisas que analisaram seu impacto, houve redução da taxagratis vaidebet comcrescimento nas mortes por armasgratis vaidebet comfogo após o estatuto,gratis vaidebet comespecialgratis vaidebet comEstados como São Paulo, que adotaram medidas mais rigorosasgratis vaidebet comretiradagratis vaidebet comarmas das ruas.
Ou seja, esses homicídios seguiram crescendo, masgratis vaidebet comritmo menor. Segundo a edição mais recente do Atlas da Violência, publicação do Institutogratis vaidebet comPesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a taxa média anualgratis vaidebet comcrescimento das mortes por armasgratis vaidebet comfogo passougratis vaidebet com6% entre 1980 e 2003 para 0,9% nos quinze anos após o Estatuto do Desarmamento (2003 a 2018).
Com isso, após a proporção dessas mortes no totalgratis vaidebet comhomicídios do país dar um saltogratis vaidebet com40% no início dos anos 80 para para 70,9%gratis vaidebet com2013, manteve-se nesse patamar nos anos seguintes (foigratis vaidebet com71%gratis vaidebet com2018).
Se o ritmogratis vaidebet comcrescimento tivesse se mantido no mesmo nívelgratis vaidebet comantes do estatuto, as mortes por armasgratis vaidebet comfogo já teriam ultrapassado o patamargratis vaidebet com80 milgratis vaidebet com2018, diz ainda o Atlas da Violência — naquele ano o número ficougratis vaidebet comquase metade disso (42.754, segundo números do Datasus).
"A políticagratis vaidebet comarmas do Bolsonaro representa muito o que ele anda fazendo também com covid-19. O que as duas políticas têmgratis vaidebet comcomum? Primeiro, são políticas anticientíficas, que desprezam a ciência. E, segundo, são políticas irresponsáveis e que levam ao aumentogratis vaidebet commortes no país", afirma o economista Daniel Cerqueira, idealizador do Atlas da Violência e que no momento está cedido pelo Ipea para presidir o Instituto Jones dos Santos Neves.
Homicídios caíramgratis vaidebet com2019 ao menor nívelgratis vaidebet comduas décadas
Após uma décadagratis vaidebet comcrescimento quase constante, o númerogratis vaidebet comhomicídios no Brasil atingiu o patamar recordegratis vaidebet com 65.602gratis vaidebet com2017, segundo números do Datasus, bancogratis vaidebet comdados do Ministério da Saúde sobre causasgratis vaidebet commortes no país.
Nos dois anos seguintes, porém, os assassinatos apresentaram uma queda expressiva, recuando para 57.956gratis vaidebet com2018 (menos 11,6%, ante 2017) e para 45.503gratis vaidebet com2019, nova quedagratis vaidebet com21,5% para o menor patamar desde 2000 (45.433).
As mortes causadas especificamente por armasgratis vaidebet comfogo tiveram diminuição semelhante, recuando do seu ápicegratis vaidebet com48.650gratis vaidebet com2017 para 33.136gratis vaidebet com2019, menor patamar desde 1999 (29.938).
Esses números foram destacados no ano passado por Fabricio Rebelogratis vaidebet comseu site pessoal dedicado ao tema armamentista e passaram a ser citados por parlamentares e sites bolsonaristas para sustentar que a queda dos assassinatos no país era um reflexo do aumento das armas nas mãos dos cidadãos.
Em um desses compartilhamentos, o deputado Rogério Peninha Mendonça postou a informação emgratis vaidebet comconta no Facebookgratis vaidebet comsetembro, estabelecendo uma confusa associação entre o aumentogratis vaidebet comarmasgratis vaidebet com2020 e a reduçãogratis vaidebet commortes no ano anterior.
Rebelo é atleta amadorgratis vaidebet comtiro desportivo, formadogratis vaidebet comdireito e assessor jurídico no Tribunalgratis vaidebet comJustiça da Bahia. Ele contou à BBC News Brasil que começou a pesquisar a questão armamentista por conta própria (sem vinculação com alguma instituição acadêmica) após o Estatuto do Desarmamento.
Embora seus dados sejam usados para defender o impactogratis vaidebet commais armas na reduçãogratis vaidebet comcrimes, ele diz que a conclusão é "leviana" porque múltiplos fatores influem na violência, como "sistema jurídico-penal, legislação, momento socioeconômico".
Segundo Rebelo, seu objetivo não é mostrar que existe uma relação entre mais armas e menos crimes, mas desconstruir o "mito"gratis vaidebet comque o inverso é verdadeiro.
"O que estamos percebendo agora é a ausência dessa relaçãogratis vaidebet comcausalidade. Isso foi um mito construído ao longo dos últimos anos no sentidogratis vaidebet comassociar as duas coisas: dizer que mais armas legalmente circulando implicariamgratis vaidebet commais homicídios", afirma.
"Os nossos indicadoresgratis vaidebet comcriminalidade nunca permitiram fazer essa constatação. Isso sempre foi artificialmente construído", acrescenta.
Rebelo divulga as informações que pesquisa e coleta, como os números do Datasus,gratis vaidebet comum site chamado Centrogratis vaidebet comPesquisagratis vaidebet comDireito e Segurança (Cepedes)— apesargratis vaidebet como nome dar um aspecto institucional ao seu trabalhogratis vaidebet comdivulgação, Rebelo disse que não tem outras pessoas atuando junto com ele.
Segundo o atirador, ele já fez tentativasgratis vaidebet comrealizar um mestrado sobre o tema, mas desistiu por considerar que as portas estão fechadas para quem contesta a tesegratis vaidebet comque mais armas geram mais crimes.
"Eu justamente acabei fundando o Cepedes diante da resistênciagratis vaidebet commeio acadêmico à aceitaçãogratis vaidebet comprojetosgratis vaidebet compesquisa que questionassem o desarmamento", reclama.
Para os estudiosos do tema, porém, o entendimentogratis vaidebet comque mais armas têm impacto negativo na segurança não se tratagratis vaidebet com"mito" ou resistência a outras teses, mas da conclusãogratis vaidebet comestudos conduzidos com rigor científico.
O economista e cientistagratis vaidebet comdados Thomas Victor Conti, professor do Insper e do Institutogratis vaidebet comDireito Público (IDP-SP), realizougratis vaidebet com2017 uma revisãogratis vaidebet comestudos acadêmicos intitulada "Dossiê Armas, Crimes e Violência: o que nos dizem 61 pesquisas recentes".
Ele concluiu que 90% das revisõesgratis vaidebet comliteratura são contrárias à tese "mais Armas, menos Crimes".
"Das 10 revisõesgratis vaidebet comliteratura ou meta-análises publicadasgratis vaidebet comperiódicos com revisão por pares entre 2012 e 2017, nove concluíram que a literatura empírica disponível é amplamente favorável à conclusão que a quantidadegratis vaidebet comarmas tem efeito positivo sobre os homicídios, sobre a violência letal e sobre alguns outros tiposgratis vaidebet comcrime", dizgratis vaidebet comanálise.
Ele ressalta que "a grande maioria dos estudos internacionaisgratis vaidebet comalta qualidade acabam sendo quase todos sobre os Estados Unidos, pois é um dos únicos países com dados confiáveis e amplamente disponíveis que possui um problema bastante gravegratis vaidebet comviolência por armasgratis vaidebet comfogo".
Considerado um dos estudos mais abrangentes sobre o tema, pesquisa desenvolvida por John J. Donohue (Universidadegratis vaidebet comStanford), Abhay Aneja (Universidade da Califórnia) e Kyle D. Weber (Universidadegratis vaidebet comColumbia) estimou que taxagratis vaidebet comcrimes violentos aumentava entre 13% e 15%,gratis vaidebet comdez anos, nos estados norte-americanos que possuíam legislações flexíveis ao acesso à armagratis vaidebet comfogo.
O que explica a forte queda nos assassinatos no país?
A queda dos homicídiosgratis vaidebet com2019, confirmada pelos dados oficiais do Datasus, foi captada também pelo Monitor da Violência — ferramenta do portal G1gratis vaidebet comparceria com o Núcleogratis vaidebet comEstudos da Violência da Universidadegratis vaidebet comSão Paulo (NEV-USP) e o Fórum Brasileirogratis vaidebet comSegurança Pública que levanta mensalmente os homicídios registrados pela secretarias estaduaisgratis vaidebet comSegurança Pública.
Segundo esse monitoramento, porém, a queda dos assassinatosgratis vaidebet com2019 foi puxada principalmente pela redução no primeiro semestre. A partirgratis vaidebet comsetembro daquele ano, as mortes violentas voltaram a subir mês a mês, atingindo seu ápicegratis vaidebet commarçogratis vaidebet com2020 (4.150 mortes naquele mês), e voltando a cair a partirgratis vaidebet comabril, período que coincide com as medidasgratis vaidebet comisolamento social da pandemiagratis vaidebet comcoronavírus (cercagratis vaidebet com3,2 mil ao mêsgratis vaidebet comjulho a setembro). Já no último trimestre, as mortes violentas tiveram nova elevação, se aproximando do patamargratis vaidebet com4 mil mortes ao mês.
Com isso, o Monitor da Violência registrou 43.892 mortes violentasgratis vaidebet com2020, contra 41.730gratis vaidebet com2019, altagratis vaidebet com5% nos homicídios do país.
Embora estudos ainda precisem ser feitos para investigar mais a fundo essa variação, especialistasgratis vaidebet comsegurança pública consideram que a queda dos assassinatosgratis vaidebet com2018 e 2019 é resultadogratis vaidebet commúltiplos fatores, entre eles um apaziguamento temporário na briga entre facções.
Apesargratis vaidebet comos homicídios terem atingido patamar recordegratis vaidebet com2017, a maioria dos Estados do país já apresentava redução dos assassinatos naquele ano, refletindo o aperfeiçoamentogratis vaidebet compolíticas estaduaisgratis vaidebet comsegurança, dizem estudiosos.
Segundo o Atlas da Violência, o crescimento no resultado nacional naquele momento refletiu a forte altagratis vaidebet comespecial no Norte e Nordeste do país, regiões que nos últimos anos ganharam importância como rotagratis vaidebet comexportaçãogratis vaidebet comcocaína peruana e boliviana para Europa e África. Isso provocou uma disputa violenta entre facções, que, após muitas perdasgratis vaidebet comvidas, acabaram estabelecendo tréguas. Jágratis vaidebet com2020, esse fator pode ter se revertido novamente, uma vez que foi a região Nordeste que puxou a alta dos homicídios no país.
O defensor do armamentismo Fabrício Rebelo cita justamente as mortes associadas ao tráficogratis vaidebet comdrogas para defender o mercado legalgratis vaidebet comarmas. "A grande expansão do tráficogratis vaidebet comdrogas no Brasil é um dos maiores catalisadores dos nossos altos índicesgratis vaidebet comhomicídio, o mercado legalgratis vaidebet comarmamento jamais esteve vinculado a isso", afirma.
Daniel Cerqueira contesta esse raciocínio. Segundo ele, pesquisas feitas com inquéritos policiaisgratis vaidebet comEstados como Sergipe, Riogratis vaidebet comJaneiro e nas cidadesgratis vaidebet comBelo Horizonte e Maceió revelam que as mortes relacionadas à ilegalidade das drogas - desde tráfico, disputas entre facções criminosas e repressão estatal ao comércio e consumo - respondem por um terço ou até 40% dos assassinatosgratis vaidebet comque estava identificada a motivação do crime.
"Isso inclui qualquer evento associado com gruposgratis vaidebet comnarcotraficantes, seja brigas entre eles mesmo, seja com envolvimento da polícia. O resto são crimes interpessoais, feminicídio, latrocínio, outras mortes por intervenção policial que não associadas ao tráfico, entre outras", afirma.
Para os críticos da políticagratis vaidebet comBolsonaro, o aumento da circulaçãogratis vaidebet comarmas pode aumentar as mortes provocadas por pessoas que não são criminosos habituais (por exemplo,gratis vaidebet comum momentogratis vaidebet comdescontrole durante uma briga), assim como abastecer criminosos por meiogratis vaidebet comfurtos ou roubosgratis vaidebet comarmas legais.
O próprio presidente é exemplo desse tipogratis vaidebet comsituação:gratis vaidebet com1995, Bolsonaro sofreu um assaltogratis vaidebet comVila Isabel, na zona norte do Riogratis vaidebet comJaneiro,gratis vaidebet comque o criminoso levougratis vaidebet commoto egratis vaidebet comarma.
Para a diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, é ainda mais preocupante que a facilitação do acesso não esteja sendo acompanhadagratis vaidebet commedidas do governo para controlar a circulaçãogratis vaidebet comarmas.
Em abril, o presidente determinou que fossem revogadas três portarias do Exército que tornavam mais rígido o rastreamento, identificação e marcaçãogratis vaidebet comarmas e munições, após reclamaçõesgratis vaidebet comatiradores CAC sobre novas burocracias. O Exército disse que as portarias seriam revisadas e novamente publicadas, mas isso não aconteceu até o momento.
"Alémgratis vaidebet comaumentar o acesso, o governo está fazendo muito pouco para controlar as armas ilegais. Porque não tem mecanismogratis vaidebet comrastreamento, os mecanismosgratis vaidebet commarcaçãogratis vaidebet communição que existem são falhos, e estamos num limbo normativo após a revogação dessas portarias. Então, está a farra das armas no Brasil", critica.
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