Criseceará e coritiba palpiteManaus 'era inevitável, mas poderíamos ter impedido colapso, diz cientista da Fiocruz que sugeriu lockdownceará e coritiba palpitesetembro:ceará e coritiba palpite
Ação e reação
Manaus foi uma das cidades mais atingidas pela pandemiaceará e coritiba palpitetodo o mundo. Entre os mesesceará e coritiba palpiteabril e maio, a cidade passou por uma situação dramática, com hospitais e cemitérios absolutamente lotados.
A partirceará e coritiba palpitejunho e julho, a situação começou a melhorar, e isso levou ao relaxamento das medidasceará e coritiba palpiteprevenção ao coronavírus — como o isolamento social, o usoceará e coritiba palpitemáscaras e a lavagem das mãos.
Aindaceará e coritiba palpitejulho, o Amazonas foi o primeiro estado do país a reabrir escolas particulares (as unidades públicas começaram a voltar às atividadesceará e coritiba palpiteagosto). Nesse mesmo período, bares, restaurantes e pontos turísticos passaram a ter grandes aglomerações novamente.
A sensaçãoceará e coritiba palpitenormalidade foi reforçada com a publicaçãoceará e coritiba palpiteum estudo que sugeria que, após a crise no primeiro semestreceará e coritiba palpite2020, Manaus havia atingido uma "imunidadeceará e coritiba palpiterebanho".
Porém, no inícioceará e coritiba palpitesetembro, Orellana começou a acompanhar com preocupação uma piora dos números da covid-19ceará e coritiba palpiteManaus. Os números que mais chamaramceará e coritiba palpiteatenção apontavam aumento na taxaceará e coritiba palpitehospitalizações eceará e coritiba palpitemortes.
O epidemiologista publicou artigos a respeito e participouceará e coritiba palpiteuma sérieceará e coritiba palpiteentrevistas para veículosceará e coritiba palpiteimprensa locais e nacionais. Em todas as conversas com os jornalistas, ele alertava para uma piora da situação na capital manauara após algumas semanasceará e coritiba palpitemelhoras no cenário da pandemia.
A resposta das autoridades veio por meioceará e coritiba palpiteuma notaceará e coritiba palpiteesclarecimento, publicada no dia 9ceará e coritiba palpitesetembro e assinada por Rosemary Costa Pinto, diretora presidente da Fundaçãoceará e coritiba palpiteVigilânciaceará e coritiba palpiteSaúde do Amazonas (FVS-AM).
Na carta, a entidade critica duramente as alegaçõesceará e coritiba palpiteOrellana e desmente qualquer aumento nos númerosceará e coritiba palpitemortes por covid-19 e Síndrome Aguda Respiratória Grave (SRAG) ouceará e coritiba palpiteenterros na cidadeceará e coritiba palpiteManaus.
O documento ainda classifica as intervenções do pesquisador como "sarcásticas, inadequadas e desnecessárias".
"As colocações do Sr. Jesem Douglas Orellana são opiniões pessoais, sem embasamento técnico,ceará e coritiba palpiteque o mesmo se vale do seu cargo como detentorceará e coritiba palpiteautoridade (epidemiologista da FioCruz) para expressar, como se fossem dados científicos, opiniões pré-concebidas, falaciosas e equivocadas, que obviamente não levamceará e coritiba palpiteconsideração, no contextoceará e coritiba palpiteuma pandemia que ameaça toda a humanidade, as medidas tomadas pelo Governo do Estado do Amazonas, no enfrentamento da mais grave criseceará e coritiba palpitesaúde pública já vivenciada por esta geração", finaliza a nota.
"O grande problema é que esse material do FVS-AM trabalhava com estatísticas defasadas. Eles olharam basicamente os dadosceará e coritiba palpiteinternação dos últimos 15 dias. E nós sabemos que não é possível interpretarceará e coritiba palpiteforma adequada as estatísticasceará e coritiba palpiteinternação e mortalidade porque há uma demora para atualização dos bancosceará e coritiba palpiteinformações", rebate Orellana.
Muitas vezes, a confirmação das mortes por covid-19 leva dias ou até semanas para aparecer no sistema, uma vez que há um atraso significativo para a digitação e a atualização dos dados oficiais.
A resposta e a proposta
No dia 18ceará e coritiba palpitesetembro, Orellana voltou a alertar sobre a situação. Ele escreveu um novo texto,ceará e coritiba palpiteque reforça a piora da pandemiaceará e coritiba palpiteManaus e indica a necessidadeceará e coritiba palpiteações urgentes das autoridades.
De acordo com dados levantados pelo epidemiologista, o númeroceará e coritiba palpitemortes por covid-19 havia crescido 9,7% no períodoceará e coritiba palpite2 a 22ceará e coritiba palpiteagostoceará e coritiba palpitecomparação com os dias 12ceará e coritiba palpitejulho a 1ºceará e coritiba palpiteagosto.
O relatório também aponta um crescimento nos óbitos por problemas respiratórios sem causa definida, na taxaceará e coritiba palpitehospitalizações e na taxaceará e coritiba palpitepositividade nos testesceará e coritiba palpitediagnóstico para a covid-19.
"Nós estávamos dialogando bastante com a sociedade, com o Ministério Público e com a Defensoria Pública. Até o prefeitoceará e coritiba palpiteManaus estava convencido da necessidadeceará e coritiba palpiteum lockdown", lembra Orellana.
Alguns dias depois da publicação do artigo, o então prefeito Arthur Virgílio Neto falou publicamente sobre a necessidadeceará e coritiba palpiteendurecer novamente as medidasceará e coritiba palpiterestriçãoceará e coritiba palpitecirculação das pessoas pela cidade.
Numa entrevista à CNN Brasil no dia 28ceará e coritiba palpitesetembro, Virgílio Neto afirma que havia proposto uma ação conjunta com o governador Wilson Lima. "Pode parecer desagradável, mas estou preocupadoceará e coritiba palpitesalvar vidas. Sou a favor do lockdown por entender que isso pode realmente acabarceará e coritiba palpitevez com essa ameaçaceará e coritiba palpitesegunda onda, que seria catastrófica", defendeu.
"Absurdos"
A reação contrária à sugestãoceará e coritiba palpitelockdown não demorou a aparecer. No dia 29ceará e coritiba palpitesetembro pela manhã, o presidente Jair Bolsonaro falou sobre o assunto para seus apoiadores na frente do Palácio da Alvorada,ceará e coritiba palpiteBrasília.
"A gente vê agora absurdos. O prefeitoceará e coritiba palpiteManaus falou que está esperando uma sugestão do governador para decretar o lockdown. Essa política acabou, cara. Eu falei láceará e coritiba palpitemarço que estava errada essa política. Tá tudo dando certo, o que eu falei. Não tenho bolaceará e coritiba palpitecristal não. [É preciso] um poucoceará e coritiba palpiteraciocínio, um poucoceará e coritiba palpiteestudo e coragem para decidir. Ser presidente, governador, prefeito não é sentar na cadeira e esperar a banda passar, tem que tomar decisõesceará e coritiba palpitemomentos difíceis", afirmou Bolsonaro.
Mais tarde neste mesmo dia (29/09), o governador do Amazonas, Wilson Lima, seguiu a mesma linha do presidente e descartou qualquer possibilidadeceará e coritiba palpitelockdown.
Num vídeo divulgado pelas redes sociais, Lima disse que nem passava porceará e coritiba palpitecabeça acatar a propostaceará e coritiba palpiteum novo fechamento. "Nós conseguimos avançar muito, o Amazonas é referência hoje no combate à covid-19. Fomos o primeiro estado a liberar as aulas do Ensino Médio, e amanhã, quarta-feira, dia 30ceará e coritiba palpitesetembro, nós estaremos retornando as aulas do Ensino Fundamental".
O governador reforçou que era horaceará e coritiba palpiteolhar para frente e trabalhar para retomar,ceará e coritiba palpiteforma segura, as atividades econômicas e voltar à normalidade. "Aproveito para fazer aqui um apelo àqueles que, por algum motivo ou alguma razão, relaxaram nas medidas. Meu amigo, façaceará e coritiba palpiteparte, evite aglomerações, use máscara, álcool gel, tome todas as medidas para proteger você e aceará e coritiba palpitefamília", completou.
Perdaceará e coritiba palpiteoportunidade
"É bom que fique claro: quando falamos numa eventual segunda onda, o contágio e a mortalidade se iniciaramceará e coritiba palpiteagosto", aponta Orellana.
É por isso que o epidemiologista defende que as medidas mais drásticas tivessem sido tomadas no início da curva, lá para setembro e outubro, antes que o problema se tornasse maior que a capacidadeceará e coritiba palpitelidar com ele.
"O lockdown diminuiria a circulação pelas ruas e o coronavírus encontraria mais dificuldadeceará e coritiba palpiteser transmitidoceará e coritiba palpitepessoa para pessoa", explica o especialista.
"A segunda onda era inevitável, mas poderíamos ter impedido esse colapsoceará e coritiba palpiteManaus. O achatamento da curva entre setembro e outubro permitiria que a gente entrasse no mêsceará e coritiba palpitenovembro com uma situação menos problemática", completa.
A partir do finalceará e coritiba palpiteoutubro e começoceará e coritiba palpitenovembro, Manaus (e o país todo, diga-se) adicionou mais um ingrediente na lista da catástrofe: as eleições municipais. As campanhasceará e coritiba palpitemuitos candidatos aos cargosceará e coritiba palpiteprefeito e vereador motivaram grandes aglomerações Brasil adentro.
Para finalizar a equação, dezembro trouxe as festasceará e coritiba palpitefinalceará e coritiba palpiteano. As comemoraçõesceará e coritiba palpiteNatal e Ano Novo geraram um motivo extra para a circulação e a reuniãoceará e coritiba palpitepessoas.
O resultado desse comportamento dos últimos mesesceará e coritiba palpite2020 deve começar a ser sentido a partir dos próximos dias.
Lockdownceará e coritiba palpitedezembro
Com a piora dos númerosceará e coritiba palpitecasos e das mortes por covid-19, o governador Wilson Lima anunciou medidas mais restritivas no dia 23ceará e coritiba palpitedezembro.
O decreto, que valeria três dias depois (26/12), ordenava o fechamentoceará e coritiba palpiterestaurantes e bares. Além disso, estabelecimentos não essenciais só poderiam funcionar até às 21 horas no esquemaceará e coritiba palpitedrive thru e delivery.
Casamentos, formaturas e eventos foram proibidos por um períodoceará e coritiba palpite15 dias. Lima também prometeu aumentar a fiscalização para combater as festas clandestinas.
O governador, no entanto, evitou usar o termo lockdown para classificar as novas medidas. "Não haverá lockdown. Nós não fizemos isso durante o pico da pandemia, e não será agora que vamos tomar uma decisão como essa", discursou.
A decisão não foi aceita por parte da população. No dia 26/12, foram registrados diversos protestos no centroceará e coritiba palpiteManaus.
Um dia depois, Wilson Lima anunciou novas mudanças. A partirceará e coritiba palpite28ceará e coritiba palpitedezembro, haveria uma flexibilização e a reabertura do comércio.
No dia 2 janeiro, a situação voltou a se modificar: a Justiça do Amazonas atendeu um pedido do Ministério Público do Estado que determinava a suspensãoceará e coritiba palpitetodas as atividades pelas próximas duas semanas.
O governo amazonense acatou o mandato judicial e voltou a publicar o decretoceará e coritiba palpitefechamentoceará e coritiba palpitelojas e serviços no dia 4/01.
Já na última quinta-feira (14/12), dia que marca o fim dos estoquesceará e coritiba palpiteoxigênioceará e coritiba palpiteManaus, Wilson Lima fez mais uma mudança, restringindo a circulaçãoceará e coritiba palpitepessoas pela capital entre 19h e 6h.
Por que Manaus?
Em meio a tantas cidades com condições sanitárias precárias, por que justamente a capital amazonense teve essa situação tão grave?
Orellana aponta a faltaceará e coritiba palpiteinfra-estrutura eceará e coritiba palpiteatenção médico-hospitalar na região. "Manaus começa a pandemia com uma das menores quantidadesceará e coritiba palpiteleitos e unidadesceará e coritiba palpiteterapia intensiva entre as cidades com maisceará e coritiba palpite1,5 milhãoceará e coritiba palpitehabitantes do país", observa o epidemiologista.
"Deveríamos estar fazendo açõesceará e coritiba palpitevigilância epidemiológica, acompanhamentoceará e coritiba palpitecasos, isolamentoceará e coritiba palpitecontatos...", enumera.
De acordo com o especialista, a cidade só não apresenta uma situação ainda pior por dois motivos: uma menor quantidadeceará e coritiba palpitepessoas expostas ao coronavírus (uma vez que muitos já tiveram a covid-19) e um melhor preparo dos profissionais da saúde para lidar com os casos. "Manaus usa métodos medievais que deixaram a cidade vulnerável", lamenta.
O outro lado
A reportagem da BBC News Brasil entrouceará e coritiba palpitecontato por e-mail com as assessoriasceará e coritiba palpiteimprensa da Secretariaceará e coritiba palpiteEstado da Saúde do Amazonas e com a Secretaria Municipalceará e coritiba palpiteComunicação do Municípioceará e coritiba palpiteManaus (SemCom) para ouvir o pontoceará e coritiba palpitevista das instituições a respeito dos assuntos apresentados.
A SemCom respondeu por meioceará e coritiba palpitenota, afirmando que "o prefeito David Almeida chegou a cogitar o lockdown, durante entrevista a um programa nacional, na última terça-feira, 12/01, caso o númeroceará e coritiba palpitemortes e internações não diminuam na capital do Amazonas".
O texto ressalta que David Almeida (Avante) assumiu a Prefeituraceará e coritiba palpiteManaus há exatos 15 dias e, "desde então, vem ampliando as medidas no município para oferecer tratamentos imediatos e precoces à população, por meioceará e coritiba palpite22 estruturasceará e coritiba palpitesaúde preparadas para atender casos suspeitosceará e coritiba palpitecovid-19".
Vale ressaltar que, até o momento, o tratamento precoce defendido pelo Ministério da Saúde e citado na nota da prefeitura manauara não encontra amparo científico e não é recomendado por entidades que representam especialistas da área, como a Sociedade Brasileiraceará e coritiba palpiteInfectologia.
Por fim, a SemCom aponta que "o prefeito defende a uniãoceará e coritiba palpiteforças e a articulação entre os governos (federal, estadual e municipal) para fortalecer a rede para que mais vidas sejam salvas".
Até a publicação desta reportagem, a BBC News Brasil não recebeu respostas da Secretariaceará e coritiba palpiteSaúde do Estado do Amazonas.
De acordo com os dados do Conselho Nacionalceará e coritiba palpiteSecretários da Saúde (Conass), o Estado do Amazonas contabiliza até o momento 223.360 casos confirmados e 5.930 mortes por covid-19.
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