As seis 'pedras no sapato' do governo Bolsonaro na economiaesporte bet original2021:esporte bet original

Fila na Caixa Econômica

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Presidente Jair Bolsonaro anunciou que auxílio emergencial será encerradoesporte bet original2020

Confira a seguir as seis "pedras no sapato" que o Brasil deve enfrentar na economiaesporte bet original2021.

1. Desemprego recorde e fim do auxílio emergencial

A taxaesporte bet originaldesemprego chegou a 14,6% no terceiro trimestreesporte bet original2020, a maior já registrada pelo IBGE (Instituto Brasileiroesporte bet originalGeografia e Estatística) na série histórica com inícioesporte bet original2012.

Ao fimesporte bet originalsetembro, o país somava 14,1 milhõesesporte bet originaldesempregados. E a má notícia é que esses números tendem a continuar a crescer nos próximos meses.

Serão batidos recordesesporte bet originalcimaesporte bet originalrecordes no desemprego, projetam os economistas. Isso mesmoesporte bet originalum cenário favorável ao crescimentoesporte bet originalaberturaesporte bet originalvagas.

"O mercadoesporte bet originaltrabalhoesporte bet original2021 vai ser marcado por uma recuperação da população ocupada, junto a uma alta da taxaesporte bet originaldesemprego, devido ao aumento da participação na forçaesporte bet originaltrabalho", diz Daniel Duque, pesquisador do Ibre-FGV (Instituto Brasileiroesporte bet originalEconomia da Fundação Getulio Vargas).

"Em 2020, houve uma grande parcela da população que perdeu a ocupação, mas não procurou emprego. Eles devem voltar a procurar ocupaçãoesporte bet original2021", explica o economista. Com isso, a taxaesporte bet originaldesemprego tende a subir, já que o IBGE só considera como desempregadas pessoas que estão efetivamenteesporte bet originalbusca por trabalho.

Carteiraesporte bet originaltrabalho

Crédito, VALDECIR GALOR/SMCS

Legenda da foto, Desempregoesporte bet original2021 deve chegar a 15,6%, estima Ibre-FGV

O Ibre-FGV projeta uma taxaesporte bet originaldesemprego médiaesporte bet original13,6% para 2020 eesporte bet original15,6%esporte bet original2021, com as maiores taxas sendo registradas entre o segundo e o terceiro trimestres do ano que vem.

Com o fim do auxílio emergencial, Duque estima que a pobreza extrema (famílias com renda mensalesporte bet originalaté R$ 155 por pessoa) pode atingir entre 10% a 15% da populaçãoesporte bet originaljaneiro. Já a pobreza (famílias com renda per capita mensal até R$ 425) deve abarcar entre 25% e 30% dos brasileiros no início do ano.

Durante 2020, com o auxílio aindaesporte bet originalR$ 600, esses índices chegaram a 2,4% e 18,3% respectivamente, os menores da história. Antes da pandemia, eramesporte bet original6,5% e 24,5%. Ou seja, no início do próximo ano, a situação estará pior até mesmo do que no pré-pandemia.

"Ano que vem, teremos uma perdaesporte bet originalmassaesporte bet originalrenda muito alta com o fim do auxílio emergencial e parte da poupança da classe média já terá sido gasta. Então certamente o que veremos será o consumo das famílias perdendo um poucoesporte bet originalespaço", diz Duque.

2. Inflaçãoesporte bet originalalta e subida da taxaesporte bet originaljuros

Outro fator que deve jogar contra o consumo das famílias no inícioesporte bet original2021 é a inflação.

Embora a mediana do mercado aponte para um IPCA (Índice Nacionalesporte bet originalPreços ao Consumidor Amplo) fechandoesporte bet originalaltaesporte bet original4,39% este ano e desacelerando para 3,37% ao fimesporte bet original2021, segundo o boletim Focus do Banco Centralesporte bet original21/12, a taxa acumuladaesporte bet original12 meses deve ficar acima dos 5% durante boa parte do próximo ano, só perdendo força nos últimos meses.

Com isso, deve haver pressão para que o BC volte a subir a taxa básicaesporte bet originaljuros, que está atualmenteesporte bet original2%, mas o mercado já vê a 3% ao fimesporte bet original2021 e a 4,5%esporte bet original2022.

Julia Passabom, analistaesporte bet originalinflação do Itaú, espera que os alimentos, que devem fechar 2020 com uma altaesporte bet originalpreços pertoesporte bet original18%, desacelerem para alta entre 3,5% a 4%esporte bet original2021, devido ao aumentoesporte bet originalsafras e acomodação do preço das commodities e do câmbio no mercado internacional.

Por outro lado, a inflaçãoesporte bet originalserviços deve ganhar força com a retomada da atividade, com peso, por exemplo, do reajuste das mensalidades escolares, que pouco subiram e até sofreram descontos este ano.

Pessoa encostandoesporte bet originalnotasesporte bet originalcinco, dez, vinte e cinquenta reais

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Auxílio emergencial tem contribuído para a pressão inflacionária durante 2020

Também os preços administrados — planosesporte bet originalsaúde, medicamentos, transporte público, energia elétrica e combustíveis — devem pesar no bolsoesporte bet original2021, já que muitos reajustes foram represadosesporte bet original2020 devido à pandemia.

"A inflação acumuladaesporte bet original12 meses vai ficar muito tempo rodando alta. Do final do segundo trimestre ao terceiro, vai rodar acima dos 5%. Para nós, ela bate o picoesporte bet original5,8%esporte bet originalmaio, acima do teto da meta", diz Passabom. A meta da inflação para 2021 éesporte bet original3,75%, podendo chegar a 5,25% no intervaloesporte bet originaltolerância. "Será um cenário desconfortável."

Nesse cenário, o Itaú espera que a Selic permaneça no patamar atual até agosto. Mas,esporte bet originalsetembro, o Banco Central deve dar início a um novo cicloesporte bet originalalta da taxa. Para o Itaú, a Selic deve fechar o próximo anoesporte bet original3,5%.

Segundo Fernando Gonçalves, superintendenteesporte bet originalpesquisa econômica do banco, mesmo a 3% ou 3,5%, a taxaesporte bet originaljuros seguirá estimulando a economia através do canal do crédito.

"Certamente, é menos estimulativo do que níveis mais baixos. Então, na margem, haverá um aperto das condições financeiras, mas o Banco Central só deverá fazer esse aperto num cenárioesporte bet originalque esteja havendo uma retomada da economia", diz Gonçalves.

3. Desequilíbrio das contas públicas

"O cenário fiscal já era desafiador antes da pandemia e ela colocou um desafio adicional, que é lidar com esses gastos, isso tudo tendo que ser compatibilizado com nossas regras fiscais. Esse será o desafio para 2021", diz Daniel Couri, diretor da IFI (Instituição Fiscal Independente do Senado Federal).

Em seu cenário básico, a IFI avalia que a dívida bruta do governo não deve explodir, mas também não deve pararesporte bet originalcrescer até 2030. Ela deve iresporte bet original93% do PIB (Produto Interno Bruto)esporte bet original2019, para 96,2% esse ano, subindo ano a ano, até superar os 100% do PIBesporte bet original2024.

Porquinho, dinheiro e calculadora

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Dívida pública bruta deve chegar a 96% do PIB neste ano

Já o resultado primário (diferença entre receitas e despesas do governo, sem contar gastos com juros da dívida) deve ser deficitário até 2030, no cálculo da instituição.

E o tetoesporte bet originalgastos, regra que impede que a despesa do governo cresça acima da inflação, tem risco altoesporte bet originalnão ser cumprido no próximo ano, na avaliação da equipe da IFI.

"Esse quadro coloca um cenárioesporte bet originaldesconfiançaesporte bet originalrelação à capacidade do governoesporte bet originalmanter uma trajetória fiscal sustentável nos próximos anos", diz Couri. "Essa desconfiança tende a se traduzir numa dificuldade maior do governoesporte bet originalse financiar. Então essa dívida que está se aproximando dos 100% do PIB tende a se encurtar e ficar mais cara."

Outros possíveis efeitos, caso o governo não consiga apresentar uma estratégia crívelesporte bet originalreequilíbrio das contas públicas, são uma fuga ainda maioresporte bet originalinvestidores, possível rebaixamento da notaesporte bet originalcrédito do país pelas agênciasesporte bet originalrisco e maior desvalorização do real. "Seria exacerbar o cenário que já estamos vendo hoje", diz o economista.

4. Incerteza política para aprovação das reformas

Antes da pandemia, o plano do governo para apresentar essa "estratégia crível"esporte bet originalreequilíbrio fiscal estava baseado na aprovaçãoesporte bet originaluma sérieesporte bet originalreformas.

Entre elas, estavam a reforma administrativa (que reorganizaria o funcionalismo público); a reforma tributária; a PEC (Propostaesporte bet originalEmenda Constitucional) Emergencial, com o acionamentoesporte bet originaluma sérieesporte bet originalgatilhos que reduziram despesas para permitir a manutenção do tetoesporte bet originalgastos; e a PEC do Pacto Federativo (que reorganizaria a arrecadação e os camposesporte bet originalatuaçãoesporte bet originalUnião, Estados e municípios).

Mas, afora a reforma da Previdência, que já vinha engatilhada desde o governo Michel Temer (MDB), quase nada andou.

Debate da PEC 110 na CCJ do Senadoesporte bet original2019

Crédito, Fabio Rodrigues Pozzebom/Ag. Brasil

Legenda da foto, Propostasesporte bet originalreforma tributáriaesporte bet originaldiscussão focam apenasesporte bet originalimpostos que incidem sobre o consumo

E a perspectiva dos economistas é pouco otimista para maiores avançosesporte bet original2021, mesmoesporte bet originalum cenárioesporte bet originalque Arthur Lira (Progressistas-AL), aliadoesporte bet originalBolsonaro, seja eleito presidente da Câmara, sucedendo Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Para Alessandra Ribeiro, sócia e diretoraesporte bet originalanálise macroeconômica da Tendências Consultoria, a expectativa éesporte bet originalque apenas a PEC Emergencial seja aprovada no médio prazo, alémesporte bet originalreformas microeconômicas, como a nova lei do gás e a autonomia do Banco Central, que já estão caminhando.

"Não consideramos reformas mais parrudas no nosso cenário base, porque elas dependeriamesporte bet originalcoalização do governo, da liderança do Planalto e do presidente, então há menor probabilidadeesporte bet originalaprovação", diz Ribeiro.

5. Aumentoesporte bet originalcasos eesporte bet originalmortes na pandemia

Apesaresporte bet originalBolsonaro andar dizendo que estamosesporte bet original"um finzinhoesporte bet originalpandemia" e que o Brasil estáesporte bet originalsituaçãoesporte bet original"quase normalidade", não é isso que mostram os números crescentesesporte bet originalcasos e mortes por covid-19.

Essa nova piora da pandemia, antes mesmo que houvesse uma melhora significativa, será mais um dos desafios para a economiaesporte bet original2021.

Segundo Alessandra Ribeiro, da Tendências, são dois os caminhos que podem levar essa segunda onda a afetar o desempenho da atividade no próximo ano.

Homens enterram vítimaesporte bet originalcovid-19esporte bet originalManaus

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Covid-19 matou maisesporte bet original185 mil pessoas até agora no Brasil

Um deles é se governos locais voltarem a adotar restrições à circulação, o que afetaria principalmente a atividadeesporte bet originalserviços, limitando a reação desse segmento. O segundo ponto é a cautela dos consumidores e empresasesporte bet originalmeio à piora da crise sanitária, que tende a inibir a demanda por serviços e manter os níveisesporte bet originalpoupança elevados.

Os mais afetados, como na primeira onda, serão os brasileiros mais pobres.

"A crise pandêmica é bastante regressiva, ou seja, ela afeta muito mais o trabalhador informal, que é menos escolarizado e tem salário médio menor", diz Ribeiro.

"Mesmo que as medidas adotadas agora não sejam tão drásticas quanto aquelas do segundo trimestreesporte bet original2020, qualquer tipoesporte bet originalação deve pegar mais o setoresporte bet originalserviços — alimentação fora do domicílio, bares, entretenimento, alojamento —, tudo isso afeta muito esse tipoesporte bet originaltrabalhador."

6. Isolamento internacional

Não bastassem todos os problemas internos ao país, o governo brasileiro entraesporte bet original2021 com relações estremecidas com Estados Unidos, China, Argentina e União Europeia. Os quatro destinos responderam juntos por 61% das exportações brasileirasesporte bet original2020.

"Certamente o maior pontoesporte bet originalatrito hoje, olhando as relações com Estados Unidos e Europa, se encontra na pauta ambiental", avalia Christopher Garman, diretor-executivo para as Américas do Eurasia Group, principal consultoriaesporte bet originalrisco político do mundo.

Joa Biden usando máscara

Crédito, Kevin Lamarque/Reuters

Legenda da foto, Bolsonaro entrouesporte bet originalatrito com o presidente americano eleito e com a China, principal parceira comercial do Brasil

"Os EUA têm agora um presidente eleito, Joe Biden, que terá um compromisso doméstico e internacional com essa pauta", diz Garman. "Governos da Europa têm priorizado a agenda climática e ser visto internacionalmente como um vilão nesse tema é um 'calcanharesporte bet originalAquiles' para o acordo entre União Europeia e Mercosul e para a relação entre Brasil e EUA."

Para o cientista política, no entanto, Biden deve adotar uma postura pragmáticaesporte bet originalrelação a Bolsonaro, por entender o papel estratégico do Brasil na América do Sul, no contextoesporte bet originalavanço da influência chinesa.

Assim, segundo Garman, tudo vai depender no próximo ano do andamento da questão ambiental no país, com destaque para o índiceesporte bet originaldesmatamento na Amazônia e a reação do governo Bolsonaro às críticas externas.

Já com relação à China, apesar dos atritos envolvendo a participação da Huawei no leilão da tecnologia 5G, o analista avalia que Pequim também tem interesseesporte bet originalaprofundar a relação com o Brasil, no contexto do estremecimento da relação com os Estados Unidos.

Quanto a possíveis retaliações econômicas, Garman avalia que a pauta ambiental pode ter repercussões maiores, como aumentoesporte bet originaltarifas para exportações brasileiras ou boicotesesporte bet originalconsumidores a produtos nacionais.

Já com relação à China, o especialista avalia que há sim um esforço do país asiáticoesporte bet originalreduziresporte bet originaldependênciaesporte bet originalexportações brasileiras, mas que isso é parteesporte bet originalum movimento mais amploesporte bet originalreduçãoesporte bet originaldependências externas e não do estremecimento da relação entre os dois países.

"Eu diria que, se o Brasil excluir a Huawei do 5G, pode ter sim alguma retaliação dos chineses, mas a tendência não é essa", diz Garman, avaliando que, apesar dos atritos, o governo brasileiro deve permitir à empresa chinesa participar da disputaesporte bet original2021.

O que joga a favor da economia no próximo ano

Nem tudo são trevas na perspectiva para a economia brasileiraesporte bet original2021.

Além da perspectivaesporte bet originalretomada do crescimento do PIB — o mercado projeta altaesporte bet original3,46% do produto no ano que vem, após uma queda estimadaesporte bet original4,40% este ano, segundo o boletim Focus —, ao menos quatro outros fatores jogam a favor da atividade ou do governoesporte bet original2021.

Segundo Ribeiro, da Tendências, um primeiro fator é a taxaesporte bet originaljuros ainda baixa, que deve dar um bom suporte para a atividade através do canal do crédito, mesmo com a consultoria prevendo uma Selic a 3,5% no final do próximo ano.

Um segundo fator é a perspectiva favorável para a recuperação da economia mundial, com o avanço da vacinação.

"A recuperação mais significativa das principais economias — China, Estados Unidos e União Europeia, num ritmo menor — é importante pelo canal do comércio exterior e pelo canal financeiro", diz Ribeiro. "Se sustentarmos o pilar fiscal, há espaço para nos apropriarmos da liquidez internacional, seja atravésesporte bet originalinvestimentos financeiros ou produtivos."

Um terceiro fator é a esperada estabilização do dólar, ainda que a um patamar elevado. Com o real ainda desvalorizadoesporte bet originalrelação à moeda americana, as exportações brasileiras devem continuar aquecidas. E a menor variação do câmbio tende a reduzir a pressão por reajustesesporte bet originalpreçosesporte bet originalprodutos com custos na moeda americana, ajudando a controlar a inflação.

Por fim, um fator que pode ajudar o governo no próximo ano é a possível mudança na presidência da Câmara dos Deputados.

"A eleição das Casas tem um efeito super importante pra a agenda econômica dessa segunda metade do governo Bolsonaro", diz Ribeiro. "O melhor mundo para Bolsonaro é a eleiçãoesporte bet originalArthur Lira, um homem do Planalto, que facilitaria o andamento da agenda. Um nome mais ligado a Maia não seria tão cooperativo, para não cacifar Bolsonaro para 2022."

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