Pandemia gera escassezbwin lmatéria-prima e faz preços subirem no Brasil:bwin l
Diante desse cenário, Murrieta não viu alternativa: tevebwin laumentar o preçobwin lsuas pizzasbwin l10%. Buscando a compreensão dos clientes, publicou um aviso nas redes sociais explicando a situação. Ainda assim, o reajuste foi insuficiente para recompor suas margens e, com os preços mais altos, a pizzaria perdeu um poucobwin lvolumebwin lvendas.
Camisetas
No outro extremo do país,bwin lSão José dos Pinhais, região metropolitanabwin lCuritiba, a vendedorabwin lcamisetas Laissa Cancelier Negoseki, dona da marca Brusinhas Estamparia, também usou as redes sociais para compartilhar com seus clientes uma situação para ela inédita:bwin lmeadosbwin lsetembro, não se achava camisetasbwin lmalha para comprar no país.
"Nunca,bwin ltoda nossa história, tivemos uma crise tão grande nas matérias-primas do setor têxtil", dizia a vendedora.
Em novembro, Negoseki segue com dificuldade para comprar camisetas, com fornecedores pedindo prazosbwin laté três ou quatro meses para entrega, ante uma esperabwin l15 diasbwin ltempos normais. E à faltabwin lcamisetas, soma-se agora a indisponibilidade no mercado da tinta branca importada usada para estampar as blusinhas, alémbwin lum aumentobwin lquatro vezes no preço do primer, pré-tratamento usado nas camisetas para fixação das tintas.
Não são somente caixasbwin lpizza e camisetasbwin lfalta no país. Empresários dos mais diversos setores relatam faltabwin laço, cobre, resinas plásticas, produtos químicos, embalagensbwin lpapelão, plástico e vidro, algodão e tecidos, placasbwin lMDP, MDF e espumas utilizadas na fabricaçãobwin lmóveis, e até do sebo bovino utilizado na produçãobwin lsabonetes.
Mas o que explica essa escassez generalizada e altabwin lpreçosbwin linsumos num momentobwin lque a economia retoma atividades, após a fase mais dura do isolamento provocado pela pandemia do coronavírus?
A BBC News Brasil ouviu especialistas e lista os seis fatores que explicam essa situação, quais as consequências disso para a economia, alémbwin laté quando esse cenário deve perdurar.
1. Redução da produção no começo da pandemia
Segundo economistas, um primeiro fator que explica a faltabwin linsumos nos últimos meses foi um desarranjo das cadeias produtivas que aconteceu no início da pandemia.
Entre março e abril, com a expectativabwin luma queda aguda da demanda e sem perspectivasbwin lquando o consumo iria se normalizar, além da necessidadebwin lcumprir regrasbwin ldistanciamento social para segurança dos trabalhadores nas fábricas, as indústrias botaram o pé no freio na produção.
"O início da pandemia foi um momentobwin lprofunda incerteza,bwin lque ninguém sabia o que ia acontecer, qual seria o tamanho da queda do PIB, quais seriam as medidas que o governo ia adotar, qual seria a eficácia dessas medidas, quanto tempo aquilo iria demorar", lembra Rafael Cagnin, economista do Iedi (Institutobwin lEstudos para o Desenvolvimento Industrial).
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileirobwin lGeografia e Estatística), entre março e abril, a produção industrial brasileira acumulou quedabwin l27%. Desde então, o setor vem se recuperando mês a mês, mas somentebwin lsetembro retomou o nívelbwin lfevereiro.
2. Consumobwin lestoques
Sem produzir e diante da demora inicial do governo para disponibilizar linhasbwin lcrédito para o setor produtivo, a indústria precisou gerar caixa para honrar seus compromissos financeiros. Com isso, muitas empresas consumiram seus estoques, tantobwin linsumos, comobwin lprodutos acabados.
O mesmo aconteceu no varejo. Com lojas e shoppings fechados, muitos comerciantes frearam novas compras e preferiram vender o que já tinhambwin lseus acervos.
Quando a atividade começou a retomar, esse duplo movimento resultoubwin lum desencontro: varejistas precisando comprar para repor estoques e indústrias com a produção ainda reduzida e sem estoques para atender à demanda do comércio ebwin loutras indústrias.
Conforme dados da CNI (Confederação Nacional da Indústria), o índicebwin lestoques do setor estábwin lqueda desde março. O indicador estavabwin l49,9 naquele mês e chegou a 43,3bwin loutubro. Valores acima dos 50 pontos indicam crescimento do nívelbwin lestoques ou reservas acima do desejado. Abaixo desse patamar, o nívelbwin lestoques é considerado insatisfatório.
3. Recuperação mais rápida do que o esperado no Brasil
Um terceiro fator que explica a escassez e altabwin lpreços das matérias-primas foi a recuperação mais rápida do que o esperado da atividade econômica no país. Segundo os analistas, isso se deveubwin lgrande medida aos efeitos do auxílio emergencial sobre o consumo.
"Tivemos dois mesesbwin lque a demanda foi muito baixa, e daí o governo jogou quase R$ 300 bilhões para 66 milhõesbwin lpessoas através do auxílio emergencial e esse dinheiro foi imediatamente para o consumo", observa Ricardo Roriz, presidente da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico) e vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estadobwin lSão Paulo).
"Se esperava, no início do choque da covid-19, uma queda muito mais profunda do nívelbwin latividade e uma demora muito maior na recuperação", diz Cagnin, do Iedi.
"O que vimos foi uma surpresa positiva, com uma reativação do nívelbwin latividade mais rápida do que se previa. Como as indústrias estavam com estoques muito comprimidos, isso gerou um estresse na cadeia produtiva, com empresas não conseguindo atender todos os seus clientes, nem comprar todos os insumos necessáriosbwin lseus fornecedores."
Segundo o boletim Focus, do Banco Central, a expectativa mediana do mercado para a queda do PIB (Produto Interno Bruto) brasileirobwin l2020 chegou a 6,6% ao finalbwin ljunho. Desde então, diante dos resultados melhores do que o esperado da atividade nos últimos meses, os economistas têm melhorado suas estimativas e a projeção agora ébwin lbaixabwin l4,55% no ano.
4. Apetite voraz da China e dólarbwin lalta
A demanda acima do esperado não foi apenas interna. Com o controle da pandemiabwin loutros países do mundo, particularmente na China, a demanda externa por commodities brasileiras explodiu.
Esse forte aumento das exportações foi favorecido ainda pelo real desvalorizadobwin lrelação ao dólar, que torna mais rentável para as empresas vender para fora do que para o mercado interno. Ao mesmo tempo, o dólar alto inibe importações, o que também reduz a ofertabwin lprodutos no mercado doméstico.
O voraz apetite chinês também levou a uma altabwin lpreços das commodities, cujos valores são definidos por negociaçõesbwin lbolsas internacionais. A combinaçãobwin laltabwin lpreços das commodities, desvalorização cambial e forte volumebwin lexportações levou à explosãobwin lpreços no mercado internobwin lprodutos como soja, arroz, algodão, proteína animal, aço, alumínio, papel e celulose.
"À medida que exportamos para aproveitar o real desvalorizado e ganhar mais com isso, falta produto para o mercado brasileiro e isso se reflete nos preços", diz André Braz, coordenadorbwin líndicesbwin lpreços do Ibre-FGV (Instituto Brasileirobwin lEconomia da Fundação Getulio Vargas).
5. Gargalos logísticos
Um quinto fator no desarranjo da indústria foram gargalos logísticos. Com a redução no númerobwin lvoos internacionais - a Iata (Associação Internacional do Transporte Aéreo) espera que o tráfego aéreobwin l2020 seja 66% menor que o registradobwin l2019 - houve queda na oferta e encarecimento do frete aéreo, dificultando a importaçãobwin ldiversos produtos.
Também no começo da pandemia, muitos navios ficaram parados, impedindo o trânsitobwin linsumos. "O Brasil é um país muito distante dos principais mercados, com tempobwin ltrânsito muito longo, então quem precisou fazer uma importação para regularizarbwin lsituaçãobwin labastecimento, teve que esperar muito tempo", diz Roriz, da Abiplast e da Fiesp.
6. Pedidos repetidos ebwin lmaior volume
Por fim, um último fator que explica a faltabwin lmatérias-primas, segundo os especialistas, é que esse fenômeno se retroalimenta. Com medo da escassez, empresas tendem a fazer pedidosbwin lmaior volume ou repetidos para diferentes fornecedores, o que agrava o desabastecimentobwin linsumos.
"Na retomada, como a indústria sacou que a recuperação está mais aquecida do que o esperado, está todo mundo indo às compras", diz Braz, da FGV.
"E como muitas matérias-primas são indexadasbwin ldólar, há um medobwin luma nova desvalorização que encareça ainda mais as matérias-primas. Esse gás para comprar, tudo ao mesmo tempo, ebwin lquantidade igual ou maior do que no período anterior à pandemia, tem contribuído para esse gargalo."
Quais são os efeitos da escassezbwin lmatérias-primas para a economia?
São dois os efeitos principais da faltabwin lmatérias-primas para a economia, segundo os especialistas. O primeiro deles é que isso freia um tanto a recuperação da atividade, e o segundo é a pressãobwin lpreços e custos ao longo das cadeias produtivas.
"Como a demanda ainda não está totalmente recuperada, as empresas têm tido dificuldadebwin lrepassar o aumentobwin lcustos integralmente aos clientes", diz Cagnin. "Isso acaba sendo absorvido, pelo menosbwin lparte, pelas companhias, resultandobwin lperdabwin lmargens."
O economista lembra, porém, que as empresas vêm sofrendo com compressãobwin lmargens desde 2015, devido à crise anterior. A esse problema, se soma o fatobwin lque as companhias devem sair da crise do coronavírus com endividamento muito maior, já que muitas recorreram a mecanismosbwin lfinanciamento emergenciais.
"A compressãobwin lmargens dificulta pagar essa dívida mais rapidamente e compromete os investimentos futuros, já que a principal fontebwin lfinanciamento das empresas brasileiras é o lucro acumulado."
Assim, com a recuperação da atividade prejudicada, a retomada do emprego pode ser mais lenta à frente, como resultadobwin ltodos esses efeitos.
E até quando esse problema deve durar?
Conforme os economistas, a faltabwin lmatérias-primas tem data para acabar. No primeiro semestrebwin l2021, com a queda da demanda esperada pelo fim do auxílio emergencial e a retomada da produçãobwin lboa parte da indústria, as curvasbwin loferta e demanda tendem a convergir.
"Eu diria que esse problema dura no máximo mais três meses, depois disso, a situação vai serbwin lfaltabwin ldemanda", diz Roriz. "Além do fim do auxílio, como o governo ficou muito endividado e boa parcela dos vencimentos vai cairbwin l2021, a demanda pública também ficará reduzida. E as empresas vão ter que pagar dívidas e impostos atrasados durante a pandemia."
Mas isso não significa que os preços vão voltar a baixarbwin lforma significativa, os analistas alertam.
"Olhando para frente, há uma inflaçãobwin lcustos acumulada que não é pequena", observa Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.
Até outubro, o IGP-M, índicebwin linflação compostobwin l60% por preços do atacado, acumulava altabwin l20,93%bwin l12 meses, comparada a aumentobwin l3,92%bwin l12 meses do IPCA, índice oficialbwin linflação do país, que mede a variaçãobwin lpreços aos consumidores.
"A taxabwin lcâmbio deve continuar pressionada e os preçosbwin lcommodities vão continuar elevados, devido à volta do crescimento asiático e mundial. Então não vejo os preços voltarem no ano que vem. Ébwin lestável, para continuar crescendo."
Essa também é a avaliaçãobwin lFabio Romão, da LCA Consultores. "Vamos herdar pressõesbwin lcustosbwin l2020 para 2021. Tenho estimativabwin laltabwin l3,5% para o IPCA esse ano ebwin l3,6% para o ano que vem, mas o viés para 2021 ébwin lalta, porque até pouco tempo atrás ninguém falavabwin lIGP-M na casa dos 20%."
"A metabwin linflação para o próximo ano é 3,75%, mas existe o riscobwin lo IPCA ficar até um pouco acima disso."
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