'Apenas a vidabet365 oficialvocês importa?': o desabafobet365 oficialquem continua isoladobet365 oficialmeio a aglomerações no país:bet365 oficial
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Finalbet365 oficialTwitter post
Ela diz que era um recado principalmente para amigos que haviam acompanhado o sofrimentobet365 oficialLucianabet365 oficialdezembrobet365 oficial2019, quando seu mesmo filho havia sido internado na UTI infantil com uma infecção respiratória. Autista e asmático grave, ele chegou ao hospital com baixa saturaçãobet365 oficialoxigênio e quase tevebet365 oficialser intubado.
"A gente já passou por essa linha tênuebet365 oficialquase perder o filho por uma doença no pulmão,bet365 oficialver carrinhobet365 oficialparada cardíaca (desfibrilador) ali,bet365 oficialo médico perguntar se a gente tem fé, e foi desesperador. Meu filho tentava respirar e não conseguia. Ficou uma semana comendo por sonda porque não tinha força no pulmão para comer ou mamar", conta Luciana à BBC News Brasil.
"Isso mudou a gente, e não quero que ninguém passe por isso, ainda mais se você pode causar ou pode evitar (a transmissão)."
Por isso, Luciana ebet365 oficialfamília — o filhobet365 oficialtrês anos, que já teve alta do hospital, a filhabet365 oficialdois anos e o marido — se mantêmbet365 oficialuma quarentena rígida desde março, totalmente isolados do resto do mundo. Tanto que Luciana ainda não consegue entender totalmente o que fez o filho adoecer dessa vez.
O marido havia parado há mesesbet365 oficialtrabalhar como motoristabet365 oficialaplicativo, e ela dá aulas onlinebet365 oficialcasa. As vistas da mãe dela sãobet365 oficiallonge, no portão; os passeios com as crianças, antes frequentes nos finsbet365 oficialsemana, agora são só dentro do carro.
"A gente tá se virando. Mas é um estresse", conta Luciana à reportagem.
"Quando fiz o tuíte, estava cansada. Porque vi amigos que acompanharam tudo o que a gente passou no ano passado, e que estão agora saindo, indo para a praia, como se nada estivesse acontecendo, como se não fosse importante (manter o isolamento social) pelas outras pessoas. Fiquei tão chateada com isso. Não ficarbet365 oficialcasa é muita sacanagem."
Queda nos índicesbet365 oficialisolamento
Luciana ebet365 oficialfamília personificam um grupo cada vez menor, menos visível e mais frustrado diante das cenasbet365 oficialaglomeração pelo país ebet365 oficialuma pandemia que não arrefece: o das pessoas que continuam seguindo à risca a quarentena e o isolamento social, para proteger a si mesmas ou pessoas próximasbet365 oficialcontraírem o novo coronavírus.
A pesquisa mais recente do Instituto Datafolha sobre o tema,bet365 oficial19bet365 oficialagosto, apontava que os níveisbet365 oficialisolamento social estavam no patamar mais baixo desde o início da pandemia.
Em abril, mais da metade dos entrevistados dizia que só saíabet365 oficialcasa quando era inevitável. Em agosto, a parcela que caiu para 43%.
A fatiabet365 oficialquem está totalmente isolado e não saibet365 oficialcasabet365 oficialjeito nenhum caiubet365 oficial21%bet365 oficial17bet365 oficialabril para 8%bet365 oficialagosto.
Embora esse grupo esteja diminuindo,bet365 oficialimportância foi e ainda é fundamental para manter sob controle os níveis da pandemia no Brasil, explica o epidemiologista Paulo Lotufo, professor da Faculdadebet365 oficialMedicina da Universidadebet365 oficialSão Paulo (USP).
Ele acha que, se não tivesse havido o esforço (mesmo que desigual)bet365 oficialisolamento social nos últimos meses, o já altíssimo númerobet365 oficialmortes no Brasil teria sido exponencialmente maior.
"As pessoasbet365 oficialisolamento tiveram um papel muito importante, para elas mesmas e para as demais", diz Lotufo à BBC News Brasil.
"Basta ver o exemplobet365 oficialManaus (no início da pandemia), onde o vírus teve um avanço incrível, matando tanta gente tão rapidamente,bet365 oficialcomparação com São Paulo, onde houve mais disciplina no isolamento social", opina. Apesarbet365 oficialSão Paulo ser o Estado com o maior númerobet365 oficialmortes do país, seu sistemabet365 oficialsaúde não chegou a colapsar, como ocorreu com o amazonense.
Ausênciabet365 oficialperspectivas
No Riobet365 oficialJaneiro, o tuíte escrito por Luciana Viegas levou às lágrimas a estudantebet365 oficialpsicologia Brenda Cavalcante.
"Me doeu na alma o que ela (Luciana) escreveu, que, apesarbet365 oficialtodo o esforço, ela não sabia se o filho estava ou não com covid", conta Brenda à reportagem.
Distantes entre si e sem se conhecer, as duas vivem situação semelhante: tambémbet365 oficialisolamento social rígido ao lado da filhabet365 oficialseis anos, Brenda está há seis meses sem ter contato físico com os pais (que têm pressão alta e, portanto, são do grupobet365 oficialrisco) e há sete meses sem ver a avó,bet365 oficial92 anos. E não vê nenhuma luz no horizonte que indique que isso vá mudarbet365 oficialbreve.
"O mais difícil é não ter perspectiva", diz. "Meus pais são apaixonados pela minha filha, mas só a veem da varanda. O contato físico com eles faz falta demais. E não sei se vou ter a chancebet365 oficialver a minha avó com vida ainda."
E, da mesma forma, Brenda assiste com frustração às cenasbet365 oficialaglomeração no Rio.
"Acabeibet365 oficialver no Twitter que a praia estava lotada ontem (13/9). Eu realmente não sei como vou conseguir voltar a viverbet365 oficialmaneira normal, diantebet365 oficialtanta decepção com o coletivo. Com o governo nem se fala. Mas as pessoas não só fazem (aglomeração), como fazem questãobet365 oficialpostar nas redes sociais. E eu que nem vejo a minha família. Mal vou ao mercado", diz.
"Eu tento não julgar, porque sei que as pessoas estão sem perspectiva, e isso acaba banalizando (as mortes na pandemia): 'morreubet365 oficialcovid'. (...) Mas por que a saúde mental deles vale mais do que a minha? A minha filhabet365 oficialseis anos tem medobet365 oficialchegar perto da avó para não deixá-la doente, e quem tem 40 anos não pode se policiar mais e se isolar?"
O que dá para flexibilizar?
É bom ressaltar que não costuma ser fácil decidir,bet365 oficialâmbito individual, o que pode ou não ser flexibilizado na rotina familiar, profissional ebet365 oficiallazer -bet365 oficialum momentobet365 oficialque o número diáriobet365 oficialcasos e mortes continua elevado, embora estejabet365 oficialum patamar menor do que há duas semanas.
"Temosbet365 oficialter muito cuidado, porque a Europa, combet365 oficialalta no númerobet365 oficialcasos, mostra que a doença volta mesmo", afirma o epidemiologista Lotufo. "Apesar que, aqui no Brasil, já tivemos uma intensidade tamanha da pandemia que talvez (o repique) não seja igual (ao dos europeus)."
Lotufo lembra que atividades ao ar livre, com máscara, distanciamento social adequado e uso constantebet365 oficialálcool gel para higienização oferecem baixo riscobet365 oficialcontaminação. Isso porque a livre circulação do ar ajuda a dissipar aerossóis e gotículas potencialmente infecciosas - ao contráriobet365 oficialde ambientes fechados, onde o compartilhamentobet365 oficialar entre as pessoas é muito maior.
Nas praias, embora haja livre circulaçãobet365 oficialar, o problema está na grande quantidadebet365 oficialpessoas próximas umas das outras, como tem sido vistobet365 oficialparte do litoral brasileiro nos últimos finsbet365 oficialsemana e feriados.
A Associação Médica do Texas preparou um guia avaliando diferentes atividades do dia a dia e quais riscos elas oferecem para a disseminação do novo coronavírus.
Ir à praia, por sinal, é considerada uma atividadebet365 oficialrisco moderado pelos autores.
Exaustão da quarentena
No casobet365 oficialLuciana Viegas, o pulmão frágil do filho faz com que qualquer contato com o mundo externo ainda pareça muito assustador, principalmente porque as recentes idas ao hospital ainda estão frescas na memória da família.
Mas isso não quer dizer que o cotidiano com as crianças esteja fácil.
"Eu estou exausta da quarentena, meu marido também. Às vezes precisamos pegar o carro para dar uma espairecida, ou durmo 12h para descansar. A gente tem um motivador, que é a vida do meu filho, e saber que o que eu não quero que aconteça com meu filho, eu também não quero que aconteça com os demais", diz ela.
"Se eu fosse solteira, sem filhos, e dependesse puramente da minha empatia, não sei se seria 'chata' e 'fiscalizadorabet365 oficialquarentena'. Mas é porque as pessoas não passaram por esse terror que eu passei. Meu desabafo (no Twitter) foi justamente para os amigos que me viram noites e noites chorando desesperada. Ao mesmo tempo, fiquei felizbet365 oficialver que várias outras pessoas estão passando pelo mesmo que eu. Que bom que a nossa voz vai ser ouvida, porque as notícias são só sobre as pessoas que estão saindo da quarentena."
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