Tirobanheiro e amizade vasculhada: as investigações sobre mortegarota14 anoscasaatiradores:

Isabele Guimarães

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Isabele Guimarães morreu aos 14 anos,12julho, após disparo feito poramigaCuiabá (MT)

No depoimento à polícia, Laura classificou o disparo contra Isabele como um "trágico acidente" e disse que não poderia "conceber tirar a vida damelhor amiga".

As investigações da Polícia Civil contrariam a versão da jovem. As apurações, concluídas nesta semana, indicaram que Laura atirou intencionalmente. Por ser adolescente, ela deve responder por ato infracional análogo a homicídio doloso — quando há a intençãomatar.

A defesa da famíliaLaura contesta as apurações da polícia e afirma que as investigações foram concluídasmodo apressado.

A empresária Patrícia Hellen Guimarães, mãeIsabele, não acredita na versãoLaura. Ela afirma que nunca teve dúvidasque o disparo contra a filha foi intencional.

"Percebi, desde o começo, que a família (de Laura) queria fazer parecer que o que aconteceu com a minha filha foi acidente. Mas eu sei que não foi", diz à BBC News Brasil.

Laura praticava tiro esportivo desde o fim do ano passado, assim como seus três irmãos. Ela participouduas competições e venceu uma delas.

Adolescentes como Laura podem praticar tiro esportivo sem precisarautorização judicial, após decreto do presidente Jair Bolsonaro. A medida,maio2019, define que jovens, a partir14 anos, precisam apenas da permissão dos responsáveis para que possam praticar a atividade com armas.

A famíliaLaura integra uma categoria que tem crescido no país, principalmente durante o governo Bolsonaro: os CACs, aqueles que se declaram colecionadoresarmas, atiradores desportivos ou caçadores.

Dados do Comando do Exército, levantados pelo Instituto Sou da Paz por meio da LeiAcesso à Informação, apontam que somente2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, foram cadastrados 147,8 mil novos CACs. É o maior número desde 2004. Em 2018, por exemplo, foram 87,9 mil novos cadastros. No ano passado, ao todo, havia 396,9 mil registrosCACs no país.

Para adquirir armamento, os CACs devem solicitar uma autorização ao Exército. Os númerosarmaspoder dos CACs, segundo dados apurados pelo Instituto Sou da Paz, saltaram350,6 mil,2018, para 433,2 mil no ano passado — crescimento24%, a maior variação, ao menos, desde 2015, quando o instituto iniciou o levantamento.

Laura aponta a arma (rosto dela está protegido para não identificá-la)

Crédito, Reprodução

Legenda da foto, Laura (nome fictício) praticava tiro esportivo e já havia vencido uma competiçãoMato Grosso, como mostra imagem

As armas

Laura, a irmã gêmea e Isabele moravam no mesmo condomínio,uma área nobreCuiabá. Elas eram amigas há cercadois anos.

Patrícia relata que sempre foi extremamente zelosa com os filhos — ela também é mãeum garoto12 anos. A empresária afirma que sabia que a famíliaLaura praticava tiro esportivo.

"Mas não imaginava que as armas estivessem ao alcancetodos. A minha filha nunca me contou isso. Acreditava que fosse um local seguro", relata.

Na tarde daquele domingo, 12julho, o adolescente Marcos*,16 anos, atraiu os olhares da famíliaLaura,namorada, após chegar sozinho à residência com um case (uma espéciemaleta) com duas pistolas. Orgulhoso, o jovem exibiu as armas com as quais disse ter vencido dois campeonatos. Ele retirou o carregadormuniçõesuma das armas, uma pistola calibre 380, e os moradores a manusearam, enquanto o adolescente exaltava as qualidades do objeto.

Marcos era praticantetiro esportivo desde o início2017. Para que ele pudesse fazer a atividade, três anos atrás, os pais tiverampedir autorização à Justiça. A família do jovem também possui registro como CAC. As armas estãonome do pai dele, que é adepto do tiro esportivo há 10 anos.

O adolescente alega que levou as armas a pedido do paiLaura, o empresário Fernando*. Marcos afirma que, no dia anterior, treinouum clubetiro junto com o sogro e reclamou que o gatilhosua arma estava duro. Fernando, segundo o jovem, teria se prontificado a arrumar o problema.

Em depoimento, o paiMarcos disse que o filho levou a pistola calibre 380 por engano. Ele afirmou que o adolescente queria levar apenas a arma calibre 38 para ser consertada por Fernando. No entanto, o jovem, segundo o pai, não notou que a 380 também estava no case.

Marcos não poderia ter levado as pistolas à casa da namorada. Segundo a legislação, atiradores esportivos somente podem transportar armasdireção ao clubetiro. Além disso, os adolescentes precisam estar acompanhados do responsável pelo armamento.

O disparo

Naquela tardedomingo, Isabele foi à residênciaLaura para fazer uma tortalimão. Segundo Patrícia, a filha disse que voltaria após o jantar.

Por volta das 21h50, depois do jantar, Marcos colocou o carregador na pistola 380. Ele relatou à polícia que Laura não percebeu que ele havia recolocado as munições. Ele guardou novamente a arma no case — a outra estava sem munições — e colocou uma luva entre as duas pistolas, para protegê-las.

Patrícia posa junto com a filha Isabele

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Patrícia questiona versão dada por Laura* e cobra por Justiça após mortefilha

O adolescente disse à polícia que não seria possível haver um disparo acidental da forma como ele deixou a pistola 380 na maleta. Ele relatou que para que a arma disparasse, alguém teria que manobrar o ferrolho dela para que a munição do carregador subisse para a câmara (áreaonde sai o disparo).

O jovem deixou o case na residência da namorada e disse que o pai buscaria as pistolas no dia seguinte. Segundo familiaresLaura, ele tinha medoser paradouma blitz com as armas. Às 21h59, Marcos foi embora junto com o irmão,19 anos, que o buscou no condomínio.

Segundos após se despedir do namorado, Laura pegou o case. À polícia, ela disse que iria guardar as armas no quarto dos pais. Porém, decidiu passarseu próprio quarto antes, após ver que Isabele estava no cômodo.

No banheiro do quarto, Isabele fumava um cigarro eletrônico. Laura disse que chamou duas vezes pela amiga, mas não obteve respostas.

À polícia, Laura relatou que bateu na porta do banheiroseu quarto e derrubou o case. O objeto, segundo a jovem, abriu e as duas pistolas foram expostas, sendo que uma delas teria caído parcialmente fora da maleta. A adolescente afirmou que abaixou para pegar as armas, empunhou uma delas com a mão direita e equilibrou a outra com a mão esquerda,cima do case, que estava aberto.

Em seguida, conforme o depoimento da jovem, ela se desequilibrou ao segurar a maleta com a armauma mão. Por isso, segundo o relatoLaura, ela colocou uma arma sobre a outra, para buscar equilíbrio, logo que conseguiu ficarpé. Nesse momento,acordo com a adolescente, a pistola calibre 380 disparou acidentalmente. A jovem disse que não percebeu se Isabele havia aberto a porta do banheiro antes do tiro.

Laura afirmou à polícia que não sabia dizer se havia apertado ou não o gatilho antes do disparo.

O tiro atingiu a narina esquerdaIsabele, atravessou o osso maxilar, penetrou o crânio dela, dilacerou as estruturas do tronco encefálico e saiu pela região da nuca. A adolescente caiu no chão do banheiro.

No depoimento à polícia, Laura disse que fechou os olhos e começou a gritar o nomeIsabele após o disparo. Ela afirmou que evitou olhardireção à amiga, com medo do que poderia ter ocorrido. Em seguida, conforme o seu depoimento, seu irmão chegou ao quarto após ouvir o barulho, pediu que ela guardasse as pistolas e gritou por socorro. Laura contou que correudireção ao closet dos pais e guardou o case com as armas.

As apurações

PeritoscasaLaura

Crédito, Tchélo Figueiredo - Secom/MT

Legenda da foto, Peritos fizeram reconstituição da morteIsabele, na casa da famíliaLaura (nome fictício), para que pudessem entender disparo feito contra a adolescente

O caso levantou o questionamento: afinal, a jovem atirou intencionalmente na melhor amiga?

O inquérito, que tem maismil páginasoito volumesdocumentos, contradiz a versãoLaura sobre o tiro.

As respostas começaram a surgir a partirum laudo, feito pela Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec)Mato Grosso, que apontou que Laura também estava dentro do banheiro quando disparou. Isso porque as análises revelaram que o tiro foi dado a 1,44 metroaltura e a uma distância30 centímetros do rostoIsabele.

Uma perícia revelou que a pistola da qual saiu o disparo não pode produzir tiro acidental. Segundo essa análise, nas condições relatadas por Laura, a arma precisaria estar carregada, "engatilhada e destravada mediante o acionamento do gatilho" para que pudesse disparar.

O delegado Wagner Bassi, um dos responsáveis por conduzir o inquérito, afirmou,coletivaimprensa na quarta-feira (02/09), que não havia dúvidasque Laura sabia que a arma estava com munição antesdisparar contra a amiga, pelo conhecimento que a adolescente tem sobre o assunto.

Bassi ressaltou que Laura é "devidamente capacitada para usar armafogo". Ele mencionou que a adolescente conhece regras e técnicassegurança das armas, pois são informações ensinadas logo que uma pessoa começa a praticar tiro esportivo.

Segundo as apurações, Laura chegou ao seu quarto, deixou a maletacimaum móvel e a abriu. Ela pegou a pistola 380 que estava carregada e foi ao banheiro, onde Isabele fumava um cigarro eletrônico.

Elas ficaram no banheiro por volta1min18. Nesse curto período, segundo o delegado, a munição foi carregada e Laura disparou contra Isabele, que caiu com o cigarro eletrônico e uma bolsa pequena que segurava.

As análises da perícia encontraram manchassangue na pistola 380 e na roupaLaura — a jovem chegou a trocar a blusa pouco após o disparo, sob a alegaçãoque se sentia malpermanecer com a peça com sangue da amiga. A apuração revelou que não havia sangue na maleta, nem na outra arma. Isso indicou, segundo a Polícia, que esses objetos não estavam próximos a Laura no momento do disparo, como ela havia dito no depoimento.

A Polícia Civil concluiu que a versãoLaura não é coerente com as provas recolhidas nas investigações. As apurações revelaram que a adolescente atirou e assumiu o risco pela morte da amiga.

Ilustraçãojovem atirando contra a outra

Crédito, Polícia CivilMato Grosso

Legenda da foto, Reprodução feita por peritos mostra momentodisparo feito contra Isabele,12julho

Amizade vasculhada

Desde o início das investigações, a polícia buscou detalhes sobre a amizadeIsabele e Laura.

Em depoimento, Laura disse que Isabele frequentava acasa quase todos os dias, principalmente porque moravam no mesmo condomínio. Ela afirmou que as duas "nutriam uma íntima amizade fraternal" e negou que elas tenham tido qualquer discussão no dia do disparo.

Em seu depoimento, Marcos disse que a namorada e Isabele eram melhores amigas. O adolescente comentou que Isabele brincava que Laura não dava mais atenção para ela desde que começou a namorar com o jovem, no ano passado.

Patrícia conta que nunca observou problemas entre Laura e a filha. Porém, comenta que as adolescentes estavam mais afastadas desde o fim do ano passado, quando Laura começou a namorar.

"A Isabele me disse que o namoro da amiga era tóxico, porque o rapaz era ciumento e manipulador e fez com que a (Laura) se afastasse dos amigos", diz a empresária à BBC News Brasil.

Segundo Patrícia, Isabele e Laura mantiveram um bom relacionamento, apesar do afastamento.

"A minha filha acabou se aproximando mais da outra gêmea (irmãLaura), nesse período."

"Não sei dizer se havia ciúmes do casal (Laura e Marcos)relação à Isabele, mas a minha filha era muito bonita, inteligente e espirituosa. Não sei dizer o que aconteceu naquele dia", detalha Patrícia.

A empresária acredita que, segundos antes do disparo, pode ter ocorrido algum desentendimento entre Isabele e Laura.

"Uma adolescente está com o cérebroformação. Como eles tratavam a arma como um objeto normal, será que ela não achou que seria normal atirar contra a minha filha naquele momento?", questiona.

Os adolescentes — os três irmãosLaura, Marcos e um vizinho da família, que também foi à casa naquele domingo — afirmam que não presenciaram qualquer discussão na residência12julho.

A polícia vasculhou os celulares dos jovens — exceto oIsabele, que os técnicos ainda não conseguiram desbloquear. Nos dados aos quais os investigadores tiveram acesso, não foi identificado nenhum desentendimento.

Segundo o relatório da DiretoriaInteligência da Polícia Civil, Laura e Isabele tinham uma boa relaçãoamizade. No documento, há uma conversa na tarde12julho. No diálogo, as adolescentes trocam selfies,climaamizade.

O delegado Wagner Bassi afirmou que somente Laura pode explicar o motivo do disparo contra a amiga.

As consequências da morteIsabele

Patrícia e Isabele

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Patrícia vive momentointensa dor após a perda da filha

Horas após a morteIsabele, o paiLaura foi presoflagrante por posse ilegalarma,razão das duas pistolas que haviam sido deixadas por Marcos. O empresário pagou fiançaR$52.240, determinada pela Justiça, divididaduas parcelas.

Ao concluir o inquérito, a Polícia CivilMato Grosso indiciou Fernando, a esposa dele e o paiMarcos por crimes relacionados à morteIsabele.

Fernando foi indiciado por quatro crimes. Um deles é opossearmafogo (penaum a três anosprisão), por ter emcasa pistolas pelas quais não era o responsável — pertencentes ao paiMarcos.

O empresário também foi indiciado por homicídio culposo (penaum a três anosprisão), quando não há intençãomatar. Isso porque a polícia entendeu que ele agiu com imprudência e negligência ao deixar a filha pegar a arma com a qual foi feito o disparo contra Isabele. O homem também foi indiciado pelo crimeentregar arma a adolescente (três a seis anosprisão).

A Polícia Civil ainda indiciou Fernando por fraude processual (penatrês meses a dois anosprisão), porque as investigações apontaram que ele pode ter tentado atrapalhar as apurações do caso. O delegado explicou que o empresário ligou para o ServiçoAtendimento MóvelUrgência (Samu), após o disparo da filha, chamou por socorro e disse que era um casoqueda no banheiro. Além disso, quando o Samu chegou, Fernando pediu que a esposa guardasse as armas que estavamcima da mesasua casa naquela noite.

A mãeLaura foi indiciada por omissãocautela na guardaarmafogo (penaum a três anosprisão),razão do livre acesso dos filhos adolescentes às armas na residência. Conforme as apurações, não havia um cofre na casa, ou um local seguro, para guardar tais objetos.

O paiMarcos também foi indiciado por omissãocautela na guardaarmafogo.

Já os adolescentes devem responder por atos infracionais, conforme determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). As penas aplicadas são medidas socioeducativas, que podem ser estipuladas até que os jovens atinjam a maioridade.

Laura responderá por ato infracional análogo a homicídio doloso. Marcos responderá por ato infracional análogo ao porte ilegalarmafogo.

Após a conclusão das investigações, o inquérito foi encaminhado ao Ministério PúblicoMato Grosso. Os promotores avaliarão se irão denunciar os adultos à Justiça. Já os menores podem ser alvosrepresentação por ato infracional na Vara da Infância e JuventudeCuiabá.

A defesa da famíliaLaura afirma, por meionota, que o laudo da perícia está equivocado e não reflete o momentoque Isabele foi baleada, porque ignora que o corpo da adolescente foi alterado quando ela recebeu os primeiros socorros.

Isabele durante a infância ao lado do pai

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Isabele ao lado do pai, o neurocirurgião Jony Soares, que morreu há dois anos

Aindanota, a defesaLaura afirma que as autoridades policiais quiseram concluir o inquérito apressadamente e não analisaram as alegações sobre a posição do corpoIsabele.

"A defesa da Família (de Laura) está convictaque as conclusões da autoridade policial não se confirmarãojuízo", conclui.

A Polícia CivilMato Grosso, porém, afirma que fez uma investigação intensa antesconcluir o caso, por meio da análiseimagensvídeo, laudos periciais — referentes à necropsia, ao local do crime, confronto balístico e a reconstituição do momento do disparo —, 24 depoimentos, relatóriosaparelhostelefonia celular e relatóriovídeos e imagens.

O paiLaura teve o registroatirador cancelado temporariamente e os outros envolvidos no caso tiveram seus registros suspensos. O Exército informou à BBC News Brasil que abriu procedimentos para acompanhar o caso. Ao menos por enquanto, todos estão impedidospraticar tiro esportivo — ao fim das apurações, há chancesque todos os registros sejam canceladosmodo definitivo.

A defesa da famíliaMarcos não se pronunciou após a conclusão do inquérito. Em nota divulgada na semana passada, o advogado do adolescente e do pai dele informou que estão à disposição das autoridades para esclarecer os fatos.

'Por que a minha filha foi morta?'

A reportagem procurou o paiLaura para falar sobre o caso, mas ele não quis conceder entrevista. A família da adolescente tem relatado que ela está extremamente abalada desde a morteIsabele.

Mesmo com a conclusão do inquérito policial, Patrícia afirma que talvez nunca tenha uma resposta sobre o que motivou o disparo contra a filha.

"Uma coisa que penso muito é: por que a minha filha foi morta? Sinceramente, não tenho certeza se um dia vou ter essa resposta. Acho que eles (a famíliaLaura) vão até o fim com essa históriaque ela atirou sem querer. Eles precisam manter essa história", diz.

Patrícia considerava que o ano2020 seria um período importanterecomeço para ela e seus dois filhos. Ela ainda estava se recuperando da perda do marido, o neurocirugião Jony Soares, que morreuum acidenteuma rodoviaMato Grosso. Ele estavauma motocicleta,junho2018, quando atropelou uma vaca e não resistiu ao impacto da colisão.

"A perda do meu marido foi inesperada. Fiquei chocada e arrasada, mas sabemos o que aconteceu com ele. Mas o caso da Isabele é diferente. A minha filha foi assassinada no auge da adolescência. Estou tentando aceitar, mas é difícil nessas circunstâncias. Espero que essas pessoas sejam responsabilizadas pelo que fizeram", relata Patrícia, com a voz embargada.

*Nomes alterados para preservar as identidades dos adolescentes.

Línea

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