Coronavírus: os polêmicos vídeosroleta cassino apostamédicos que recomendam tratamentos sem comprovação para covid-19:roleta cassino aposta
Assim como Naime, outros médicos também relatam que vídeos e textos, que afirmam que alguns remédios podem curar ou prevenir a covid-19, têm gerado dúvidas entre os pacientes sobre o tratamento para a doença causada pelo novo coronavírus.
Os médicos que compartilham tratamentos precoces ou profilaxia para a covid-19 nas redes sociais defendem que há alguns estudos e casosroleta cassino apostaregiões que obtiveram bons resultados com determinada medicação. Em razão disso, afirmam que é importante que esses remédios sejam adotados no tratamento da doença e, por isso, compartilham relatos positivos sobre esses medicamentos.
A Organização Mundialroleta cassino apostaSaúde (OMS) e outras entidadesroleta cassino apostasaúde internacionais frisam que não há, ao menos por enquanto, comprovação científicaroleta cassino apostaque uma medicação que possa prevenir a covid-19 ou evitar, se usada no início dos sintomas, o agravamento do quadroroleta cassino apostaum paciente.
Em todo o mundo, há diversos estudos com possíveis medicamentos para combater a covid-19. No entanto, ainda não há tempo hábil para a conclusãoroleta cassino apostaqualquer investigação aprofundada sobre o tema. Isso porque são necessários diversos níveisroleta cassino apostatestes para chegar a um possível medicamento que possa trazer benefícios aos pacientes.
Desta forma, a principal orientaçãoroleta cassino apostaorganizações médicas é que os tratamentos sejam feitosroleta cassino apostaforma individualizada, conforme as respostasroleta cassino apostacada paciente.
Entidades médicas se preocupam com esses vídeos que defendem determinadas medicações contra a covid-19, pois consideram que eles propagam tratamentos que não têm evidência científica.
Vídeos sobre a covid-19
Os vídeosroleta cassino apostamédicos defendendo tratamentos sem comprovação costumam citar remédios como a cloroquina e a hidroxicloroquina, a ivermectina e o antibiótico azitromicina. Essas medicações costumam ser as mais citadas entre aqueles que defendem o suposto tratamento preventivo contra o novo coronavírus — mesmo sem respaldo científico.
Nos vídeos, médicos defendem situações como o uso desses remédios logo nos primeiros sintomas da doença, para, segundo eles, evitar que o quadroroleta cassino apostasaúde do paciente se agrave. Há ainda conteúdos que aconselham que essas medicações sejam usadasroleta cassino apostamodo profilático, para impedir que o paciente seja infectado pelo Sars-Cov-2, nome oficial do novo coronavírus.
No fimroleta cassino apostajunho, por exemplo, a live "Tratamento precoce salva vidas" reuniu médicos que afirmam que existe um tratamento que pode evitar que pacientes desenvolvam quadros graves da covid-19. No vídeo, os profissionais defendem o usoroleta cassino apostamedicamentos como cloroquina, hidroxicloroquina, o antibiótico azitromicina e os antiparasitários nitazoxanida e ivermectina.
Os profissionaisroleta cassino apostasaúde que participam da live afirmam que o paciente pode evitar que seu quadroroleta cassino apostasaúde se agrave se, logo nos primeiros sintomas, começar a tomar um dos remédios citados. Segundo eles, essa é a única formaroleta cassino apostaevitar mortes pela covid-19 neste momento. Sem respaldo científico, dizem que tiveram bons resultadosroleta cassino apostaseus locaisroleta cassino apostatrabalho ao adotar protocolos que envolvem os medicamentos que defendem.
Na live, que durou maisroleta cassino apostaduas horas, os especialistas afirmam que não há nenhum viés político por trás das informações, apesarroleta cassino apostaadotarem discurso semelhante ao do presidente Jair Bolsonaro sobre o tratamento da covid-19. Todo o vídeo é conduzido pelo jornalista Alexandre Garcia, grande apoiador do presidente. No Twitter, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) compartilhou a live, que atualmente tem maisroleta cassino aposta1,8 milhãoroleta cassino apostavisualizações no YouTube, e a classificou como "esclarecedora".
Assim como os médicos, Bolsonaro também defende o usoroleta cassino apostamedicamentos mesmo sem comprovação científica. Meses atrás, o presidente exigiu que o Ministério da Saúde criasse um protocoloroleta cassino apostatratamento contra a covid-19 no qual recomenda o usoroleta cassino apostacloroquina ou hidroxicloroquina para todos os casos, dos mais leves aos mais graves. Ele também já se mostrou favorável ao usoroleta cassino apostaivermectinaroleta cassino apostatratamento precoce contra o novo coronavírus.
Outro ponto abordado sobre o tratamento da covid-19 na live "Tratamento precoce salva vidas" é o usoroleta cassino apostamedicamentos como formaroleta cassino apostaprofilaxia, para impedir que uma pessoa seja infectada pelo vírus. No vídeo, os profissionaisroleta cassino apostasaúde citam a ivermectina para essa finalidade. No entanto, não há qualquer comprovação científicaroleta cassino apostamedicamento que possa impedir que alguém seja infectado pelo Sars-Cov-2.
Há, entre os inúmeros vídeosroleta cassino apostamédicos defendendo determinados tratamentos para a covid-19, publicações nas quais são dadas orientações sobre o modo como a pessoa deve consumir os remédios. Nos comentários desses vídeos, muitos discutem, sem qualquer orientação médica, como tomar as medicações para ter um melhor resultado, para prevenir ou tratar o Sars-Cov-2.
Uma das publicações mais famosas na internet sobre a ivermectina é da médica Lucy Kerr, especializada na árearoleta cassino apostaultrassonografia. Em um vídeo do YouTube, com maisroleta cassino aposta1 milhãoroleta cassino apostavisualizações, a médica defende o uso do medicamento e orienta como utilizá-loroleta cassino apostamodo profilático ou nas fases iniciais da covid-19.
Lucy diz que os vídeos são fundamentais, pois, segundo ela, "a grande mídia não fala sobre a ivermectina". A médica afirma que teve bons resultados ao tratar pacientes com o medicamento. "Há um monteroleta cassino apostatrabalho comprovando a eficácia da ivermectina. Na República Dominicana, por exemplo, foram tratadas 1,3 mil pessoas com a covid-19 e isso mostrou que há 99%roleta cassino apostachancesroleta cassino apostacura com a ivermectina", diz à BBC News Brasil.
Apesar das afirmações da médica, os estudos com a ivermectina estãoroleta cassino apostafase inicialroleta cassino apostatodo o mundo. Portanto, não é possível atestar a eficácia do medicamento, nem os efeitos colaterais que ele pode ter no tratamento do novo coronavírus. A Agência Nacionalroleta cassino apostaVigilância Sanitária (Anvisa) não reconhece o medicamento, ou qualquer outro, como indicado para a covid-19, por não haver, até o momento, estudos conclusivos sobre o tema.
Críticas a vídeos
Os vídeos compartilhados por profissionaisroleta cassino apostasaúde que defendem tratamentos precoces ou profilaxia contra a covid-19 são duramente criticados por sociedades médicas.
No fimroleta cassino apostajunho, a Sociedade Brasileira e Pneumologia e Tisiologia (SBPT) lançou uma nota, logo após a live "Tratamento precoce salva vidas". No comunicado, a entidade afirmou que há quantidade enormeroleta cassino apostainformações falsas "sobre o tratamento da covid-19 circulando nas mídias sociais, as quais, não raro, envolvem médicos que alegam ser pneumologistas".
A Sociedade Brasileiraroleta cassino apostaInfectologia (SBI) também se manifestou após a live. "Nos últimos dias, muito tem se divulgado nas redes sociais a respeito do usoroleta cassino apostamedicamentos para a covid-19. Várias destas divulgações que circulam nas mídias sociais são inadequadas, sem evidência científica e desinformam o público", disse nota da entidade.
A SBI ressaltou ainda que o país vive "uma séria criseroleta cassino apostasaúde pública" e afirmou que o compartilhamentoroleta cassino apostainformaçõesroleta cassino apostatratamento sem evidência científica colocaroleta cassino apostarisco a saúde da população brasileira. "A avaliação do usoroleta cassino apostaqualquer medicamento foraroleta cassino apostasua indicação aprovada (off-label) deve ser uma decisão individual do médico, analisando caso a caso e compartilhando os possíveis benefícios e riscos com o paciente, porém é vedado a publicidade sobre tal conduta.", afirmou a SBI.
Assim como a SBI e a SBPT, outras sociedades brasileiras da área da saúde — como aroleta cassino apostabioética, aroleta cassino apostacardiologia, aroleta cassino apostaimunologia e aroleta cassino apostaMedicina da família — também criticam a divulgaçãoroleta cassino apostaconteúdos sem respaldo científico.
Membro da SBI, o infectologista Alexandre Naime, cheferoleta cassino apostaInfectologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp),roleta cassino apostaBotucatu (SP), explica por que os médicos não devem tornar público tratamentos sem comprovação científica.
"O médico pode prescrever uma medicação que não esteja sólida na ciência, mas deve fazer isso no ato médicoroleta cassino apostaparticular, durante uma consulta. Isso se chama prescrição. Mas ele não pode fazer apologia ou indicarroleta cassino apostaredes sociais. Ao falar sobre issoroleta cassino apostalives ou vídeos, eles estão divulgando abertamente tratamentos sem benefícios comprovados e incentivando as pessoas a recorrerem a esses remédios, que podem ter efeitos colaterais", diz Naime à BBC News Brasil.
O temorroleta cassino apostaentidades médicas é que publicações como os vídeos que defendem tratamentos não comprovados cientificamente possam culminarroleta cassino apostaautomedicação, induzir alguns médicos a receitarem determinado medicamento mesmo sem respaldo científico e trazer a falsa sensaçãoroleta cassino apostasegurança àqueles que adotam determinadas medicaçõesroleta cassino apostamodo profilático.
Em relação aos medicamentos mais citados nos vídeos dos médicos, a SBI ressalta que grandes estudos com a cloroquina e a hidroxicloroquina não trouxeram bons resultados no combate à covid-19 e ainda apontaram para riscosroleta cassino apostasaúde, principalmente para o coração. Muitos testes com o medicamento pelo mundo foram suspensos.
Sobre a azitromicina, a SBI ressalta que até o momento não foi comprovado o benefício do medicamentoroleta cassino apostapacientes com a covid-19.
Em relação aos antiparasitários ivermectina e nitazoxanida (comercializada como o vermífugo Annita), estudos in vitro (em laboratório) apontaram que os medicamentos podem ter atividade contra o Sars-Cov-2. No entanto, essa é apenas a primeira fase das pesquisas. Ainda são necessárias outras inúmeras avaliações até chegar aos testesroleta cassino apostahumanos. Por isso, entidadesroleta cassino apostasaúde consideram que é altamente arriscado que pacientes consumam a medicação por conta própria, se baseandoroleta cassino apostavídeos da internet.
Já os estudos com o corticoide dexametasona apontaram que ele pode ser eficazroleta cassino apostacasos graves, para pacientes que necessitamroleta cassino apostaoxigênio suplementar ou ventilação mecânica. Sobre casos levesroleta cassino apostacovid-19, não há qualquer evidência científicaroleta cassino apostaque a medicação possa ajudar.
Especialistas apontam que muitas pessoas podem sentir melhoras depoisroleta cassino apostausar determinada medicação, mas ainda não é possível ter certeza, ao menos por ora, se isso se deve ao remédio ou ao curso natural da covid-19. Isso porque a taxaroleta cassino apostaletalidade da doença mostra que a imensa maioria dos infectados vai sobreviver — estudos mostram que somente 5% deles desenvolvem quadro grave, que pode levar à morte.
Posicionamento do CFM
O Códigoroleta cassino apostaÉtica Médica, do Conselho Federalroleta cassino apostaMedicina (CFM), afirma que é proibido que médicos divulguem, fora do meio científico, "processoroleta cassino apostatratamento ou descoberta cujo valor não esteja expressamente reconhecido cientificamente por órgão competente".
A reportagem procurou o CFM para saber o posicionamento do conselho sobre as diversas lives e outros vídeos compartilhados por médicos que usam as redes sociais para defender medicações sem comprovação científica. A entidade não respondeu especificamente sobre o tema, mas encaminhou um texto com perguntas e respostas sobre a conduta dos profissionaisroleta cassino apostasaúde nas redes.
O texto encaminhado pelo CFM recomenda que os médicos usem, nas redes sociais, informações validadas cientificamente, no intuitoroleta cassino aposta"promover a adoçãoroleta cassino apostacomportamentos e hábitos saudáveis". Ainda segundo o texto do CFM, "não é recomendável aos médicos e a qualquer outra pessoa distribuir informações sem que as fontes sejam confiáveis".
"Os médicos devem agirroleta cassino apostaacordo com o que é preconizado pelo Códigoroleta cassino apostaÉtica Médica, ou seja, sem utilizarroleta cassino apostaartifícios que estimulam o sensacionalismo ou o pânico, por exemplo. Por isso, devem buscar abrigo na ciência,roleta cassino apostamétodos, técnicas e procedimentos que são reconhecimentos pela comunidade médica e científica", diz o texto do conselho.
Segundo o CFM, se uma pessoa identificar que um médico infringiu o Códigoroleta cassino apostaÉtica, pode denunciar ao Conselho Regionalroleta cassino apostaMedicina (CRM) do Estadoroleta cassino apostaque o profissional trabalha. "Com base nisso, o CRM que vai apurar o assunto e tomar as medidas cabíveis", diz.
De acordo com a entidade, a denúncia faz com que o CRM abra uma sindicância para apurar os fatos. Caso as irregularidades sejam confirmadas, é aberto um processo ético-profissional, "no qual são asseguradas às partes direito à amplaroleta cassino apostadefesa e contraditório".
"Em casoroleta cassino apostacondenação, o acusado pode receber penalidades que vão da advertência confidencial até a cassação do seu CRM. Esse processo corre no âmbito do CRM. Após a decisão, caso esteja insatisfeito com o resultado, qualquer uma dos envolvidos - denunciado ou denunciante - pode recorrer ao CFM, que funcionaroleta cassino apostagrauroleta cassino apostarecurso", explica trecho do texto do Conselho Federalroleta cassino apostaMedicina.
O CFM não informou se há apuraçãoroleta cassino apostaalgum Estado referente a possível denúnciaroleta cassino apostamédicos que compartilham tratamentos para a covid-19 sem respaldo científico.
Nesta semana, o Conselho Regionalroleta cassino apostaMedicina do Estadoroleta cassino apostaSão Paulo (Cremesp), Estadoroleta cassino apostaque atuam muitos dos médicos que divulgam vídeos sobre remédios para a covid-19, emitiu um alerta sobre o tema. A entidade afirmou que a divulgação e "prescriçãoroleta cassino apostamedicamentos/protocolos informais e sem comprovação científica relevante, no contexto da covid-19, por meioroleta cassino apostacanais públicos, como redes sociais e imprensa, pode configurar infração ao Códigoroleta cassino apostaÉtica Médica".
"Pela faltaroleta cassino apostaevidências, o profissional não pode divulgar o tratamento com tais medicamentos como eficaz", diz o comunicado do Cremesp.
Nas redes, os médicos que compartilham vídeos nos quais defendem tratamentos contra a covid-19 negam que estejam cometendo qualquer irregularidade. Isso porque alegam que falar sobre o assunto é fundamental para informar a população sobre o tema, pois, segundo eles, os benefícios das medicações que defendem comprovam que há cura para a covid-19.
O impacto dos vídeos e publicações na rede
Médicos ouvidos pela reportagem relatam que esses vídeosroleta cassino apostaprofissionais da saúde que defendem tratamentos sem comprovação científica têm mudado a rotinaroleta cassino apostaconsultórios. Isso porque eles consideram que essas publicações influenciam na opinião do paciente sobre os tratamentos contra a covid-19.
De acordo com uma pesquisa online da Associação Paulistaroleta cassino apostaMedicina (APM), 48,9% dos médicos que estão na linharoleta cassino apostafrente contra a covid-19 afirmam que têm sido pressionados por pacientes ou familiares a prescreverem tratamentos sem comprovação científica.
Ainda segundo o levantamento, 69,2% dos médicos disseram que as fake news, informações sensacionalistas ou sem comprovação técnica interferem negativamente no combate ao novo coronavírus, pois podem incentivar as pessoas a minimizar ou negar o vírus, deixarroleta cassino apostaseguir recomendaçõesroleta cassino apostaisolamento social ou não procurar serviçosroleta cassino apostasaúde.
A pesquisa da APM, divulgada na semana passada, foi feita por meioroleta cassino apostaum questionário respondido por 1.984 profissionais que estão na linharoleta cassino apostafrente contra a covid-19roleta cassino apostatodo o país.
Apesar das críticasroleta cassino apostasociedades médicas, as lives e os outros vídeos que divulgam tratamentos para a covid-19 sem comprovação científica continuam se multiplicando pela internet.
A reportagem entrouroleta cassino apostacontato com representantes das redes sociais, que afirmam que estão atentos aos conteúdos propagadosroleta cassino apostameio à pandemia do novo coronavírus.
Não há um posicionamento oficial das redes sociais sobre os vídeos dos médicos que defendem tratamentos para a covid-19 com medicamentos que não têm, ao menos por enquanto, comprovação científica. Enquanto outros tiposroleta cassino apostapublicações recebem alertas nas redes ou até são apagadas por propagar notícias falsas ou duvidosas sobre o novo coronavírus, os compartilhamentos sobre tratamentos sem comprovações científicas se propagam sem qualquer interferência.
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