A polêmica sobre o tratamento precoce para a covid-19, criticado por entidades médicas:eu estrela bet
Os inúmeros compartilhamentoseu estrela betinformações sobre esses tratamentos precoces contra a covid-19 são vistos com preocupação por sociedades brasileiraseu estrela betsaúde, como aeu estrela betbioética, aeu estrela betcardiologia, aeu estrela betimunologia e aeu estrela betMedicina da família.
Em 30eu estrela betjunho, a da Sociedade Brasileiraeu estrela betInfectologia (SBI) divulgou uma nota para alertar sobre os riscoseu estrela bettratamentos precoces. "Nos últimos dias, muito tem se divulgado nas redes sociais a respeito do usoeu estrela betmedicamentos para a covid-19. Várias destas divulgações que circulam nas mídias sociais são inadequadas, sem evidência científica e desinformam o público", diz o comunicado.
A SBI, assim como as outras sociedades brasileiras da área da saúde, defende que os tratamentos contra a covid-19 sejam decididos pelos médicoseu estrela betforma individual, conforme a necessidadeeu estrela betcada paciente. A entidade considera que a publicidadeeu estrela betremédios como cloroquina ou ivermectina nas redes sociais, feita por diversos médicos ou pessoas que não são da área da saúde, é extremamente prejudicial.
A Sociedade Brasileiraeu estrela betPneumologia e Tisiologia (SBPT) também emitiu nota contra essas publicações. "Redes sociais não são textos médicos e, com frequência, transmitem informações infundadas, impulsionadas por interesses obscuros", destaca comunicado da SBPT, divulgadoeu estrela bet29eu estrela betjunho.
Entidades, como a Organização Mundialeu estrela betSaúde (OMS), esclarecem que não existem opções para tratamentos profiláticos, ou seja, medicamentos que usados precocemente impeçam o desenvolvimentoeu estrela betformas graves da covid-19. Por ora, não há comprovação científicaeu estrela betque uma medicação possa prevenir a doença ou evitar, se usada no início dos sintomas, que o quadroeu estrela betum paciente infectado se agrave.
'Tratamento individualizado'
Por não haver nenhum remédio comprovadamente eficaz contra a covid-19 até o momento, a principal orientação das sociedades brasileiras da área da saúde é que o médico decida individualmente o tratamento que adotará, sempre citando os benefícios e riscos para o paciente. As medidas terapêuticas devem ser definidas conforme as necessidades e respostaseu estrela betcada caso.
O Códigoeu estrela betÉtica Médica proíbe a divulgação fora do meio científicoeu estrela bettratamentos ou descobertas que não sejam reconhecidas cientificamente por órgão competente. Desta forma, a SBI pontua que médicos que fazem publicidadeeu estrela bettratamentos contra a covid-19 podem estar infringindo as normas da profissão.
"Vivemos uma séria criseeu estrela betsaúde pública. Não podemos colocareu estrela betrisco a saúde da população brasileira com orientações sem evidência científica", diz nota assinada pelo presidente da SBI, o infectologista Clóvis Arns da Cunha,eu estrela betparceria com outros membros da entidade.
Especialistas consideram que a propagação desse tipoeu estrela betinformação pode culminareu estrela betautomedicação, induzir alguns médicos a receitarem determinado medicamento mesmo sem a comprovação científica e trazer a falsa sensaçãoeu estrela betsegurança àqueles que adotam determinadas medicaçõeseu estrela betmodo profilático.
Os especialistas contrários ao tratamento considerado preventivo destacam que ainda não é possível atestar que qualquer medicação é eficaz contra a doença porque não houve tempo hábil para os testes necessários, que precisam ser feitoseu estrela betlaboratório eeu estrela bethumanos. Eles apontam ainda que muitas pessoas podem alegar que se recuperaram do coronavírus com determinada medicação, porém ressaltam que a taxaeu estrela betletalidade da doença mostra que a imensa maioria dos infectados vai sobreviver ao Sars-Cov-2.No Brasil, que já registrou 1,6 milhãoeu estrela betcasos e maiseu estrela bet65 mil mortes por covid-19, a taxaeu estrela betletalidade da doença é de, aproximadamente, 4%, segundo dados do Ministério da Saúde.
Já os profissionaiseu estrela betsaúde que defendem o tratamento preventivo, com medicações como a hidroxicloroquina ou ivermectina, afirmam que têm tido bons resultados nos hospitaiseu estrela betque trabalham ao adotar tal medida. Eles afirmam que têm evitado que muitos casos leves se agravem por meioeu estrela betmedicações como a cloroquina e hidroxicloroquina.
Muitos desses profissionais acreditam que é questãoeu estrela bettempo para que haja evidência científica sobre medicamentos como ivermectina e cloroquina no combate à covid-19. Eles costumam dizer que não é possível esperar que esses estudos fiquem prontos para que os medicamentos comecem a ser usados, pois argumentam que se trataeu estrela betuma questão urgente.
Enquanto diversos profissionaiseu estrela betsaúde usam as redes sociais para defender o tratamento precoce ou profilático, o Conselho Federaleu estrela betMedicina (CFM) informa que não é recomendável que um médico ou qualquer outra pessoa distribua informações sem que as fontes sejam confiáveis. A entidade afirma que se alguém considerar que um médico cometeu algum ato irregular, deve denunciar ao Conselho Regionaleu estrela betMedicina (CRM) do Estadoeu estrela betque o profissional atua, para que a situação seja apurada.
O CFM, porém, não informa se há alguma apuração do conselho sobre o tema desde o início da pandemia.
Diante da polêmica sobre os medicamentos associados ao tratamento precoce contra a covid-19, surge o questionamento: afinal, o que a ciência diz até o momento sobre os remédios mais citados nas discussões sobre o assunto?
Cloroquina e hidroxicloroquina
Primeiros medicamentos defendidos no Brasil para o tratamento contra o novo coronavírus, a cloroquina e a hidroxicloroquina são polêmicas por não terem, até agora, comprovadaeu estrela beteficácia por estudos científicos.
Entidades como a OMS, a FDA (equivalente americana à Anvisa), a Sociedade Americanaeu estrela betInfectologia (IDSA) e o Instituto Nacionaleu estrela betSaúde Norte-Americano (NIH) recomendaram,eu estrela betmeadoseu estrela betjunho, que os profissionaiseu estrela betsaúde não usem cloroquina ou hidroxicloroquinaeu estrela betpacientes com a covid-19, excetoeu estrela betpesquisas clínicas.
Anteriormente, a FDA havia autorizado o uso da cloroquina e derivados nos Estados Unidos para tratar a covid-19eu estrela betcaráter emergencial, tendo como base estudos preliminares, sem passar por todos os testes necessários. No entanto, desde a aprovação emergencial, o avanço das pesquisas trouxe evidências sólidaseu estrela betque o remédio não melhora os quadroseu estrela betpessoaseu estrela betestado grave. Diversos efeitos colaterais, como problemas cardíacos, foram relatados.
De acordo com a SBI, o relatório preliminareu estrela betum grande estudo coordenado pela Universidadeeu estrela betOxford, na Inglaterra, apontou que a hidroxicloroquina não trouxe benefícios para pacientes hospitalizados.
O uso da cloroquina e hidroxicloquinaeu estrela betcasoseu estrela betcovid-19 leves ou moderados estáeu estrela betestudo e ainda não há resultados, segundo a SBI.
Estudos observacionais apontaram que a associaçãoeu estrela bethidroxicloroquina com o antibiótico azitromicina não trouxe benefícios clínicos. Os medicamentos, segundo os estudos, trazem riscos ao coração e podem levar pacientes com problemas cardíacos à morte, já que a própria covid-19 pode causar danos ao órgão.
Apesar dos estudos sobre o tema, o Ministério da Saúde, a pedido do presidente Jair Bolsonaro, contraria entidadeseu estrela betsaúde e recomenda o uso da cloroquina e hidroxicloroquina no combate à covid-19eu estrela betcasos leves ou graves quando médicos e paciente concordam com o tratamento.
Antes do Ministério da Saúde, o CFM já havia liberado o uso da cloroquina e hidroxicloroquina contra a covid-19eu estrela betcasos leves, a despeito dos estudos sobre o tema. Segundo a entidade, o médico deve informar ao paciente que não há comprovação científicaeu estrela betrelação ao tratamento.
Ivermectina
Estudos in vitro (em laboratório) apontaram que os antiparasitários ivermectina e nitazoxanida (comercializada como o vermífugo Annita) podem ter atividade contra o Sars-Cov-2. No entanto, ainda não há comprovação da eficácia desses medicamentoseu estrela betseres humanos.
"Muitos dos medicamentos que demonstraram ação antiviral in vitro não tiveram o mesmo benefício in vivo (em seres humanos). Só estudos clínicos permitirão definir seu benefício e segurança na covid-19", alerta a SBI.
Os estudos com esses antiparasitários ainda precisam passar por diversas etapas, com diferentes níveiseu estrela betcomplexidade. Há diversas questões a serem levantadas, principalmente os efeitos após o uso da medicaçãoeu estrela bethumanos.
A SBPT ressalta que, apesar dos estudos sobre o tema, até o momento, não há evidências científicaseu estrela betque a ivermectina e a nitazoxanida, assim como qualquer outra medicação, possam melhorar a evolução clínicaeu estrela betuma pessoa com a covid-19 ou impedir que alguém seja infectado pelo novo coronavírus.
Desde que os bons resultados das pesquisas in vitro com os vermífugos ivermectina e nitazoxanida passaram a ser divulgados, teve início uma corrida às farmácias para adquirir as medicações. O principal temoreu estrela betentidades médicas são os riscos da automedicação.
Com a proibição da comercialização da cloroquina sem receita, muitas pessoas passaram a recorrer à ivermectina contra a covid-19. Nas redes, há diversos relatoseu estrela betpessoas que usam o medicamento por conta própria como profilaxia contra o novo coronavírus. Diversos médicos desaconselham o consumo, pois alertam que não há respaldo científico e pontuam que a automedicação pode causar complicaçõeseu estrela betsaúde.
Azitromicina
Os estudos sobre a azitromicina apontaram que seu uso indiscriminado e inadequado favorece a resistência bacteriana. Além disso, a SBI ressalta que o potencial benefício clínico do efeito antiinflamatório ou imunomodulador do antibióticoeu estrela betpacientes com a covid-19 ainda não foi comprovado cientificamente.
Ainda que não haja comprovação científica, o Ministério da Saúde recomenda o uso da azitromicinaeu estrela bettratamento precoceeu estrela betpacientes adultos diagnosticados com a covid-19 nos primeiros cinco dias após aparecerem os sintomas, junto com a cloroquina ou o sulfatoeu estrela bethidroxicloroquina.
Vitaminas e suplementos alimentares
Entre os boatos e correntes nas redes sociais sobre a covid-19, muitos dizem que vitaminas podem ajudar a prevenir a doença. A vitamina D é uma das mais citadas, pois as publicações afirmam que ela fortalece o sistema imunológico (responsável pela defesa do corpo).
De acordo com a SBI, não há comprovaçõeseu estrela betbenefícios do usoeu estrela betvitaminas C ou D, nemeu estrela betsuplementos alimentares, como o zinco,eu estrela betcasoseu estrela betcovid-19, "excetoeu estrela betpacientes que apresentam hipovitaminose ou carência mineral."
A SBPT também ressalta que não existem evidências científicaseu estrela betque vitaminas C ou D e suplementos alimentares contendo zinco ou outros nutrientes possam evitar a instalação da doença.
Anticoagulação
De acordo com a SBI e a SBPT, não há qualquer evidênciaeu estrela betbenefícios do usoeu estrela betanticoagulação para pacientes com formas menos graves da doença.
Corticoides
Conforme a SBI, um relatório preliminareu estrela betum grande estudo coordenado pela Universidadeeu estrela betOxford, na Inglaterra, apontou que o corticoide dexametasona, na doseeu estrela bet6 mg por 10 dias, aumenta a sobrevidaeu estrela betpacientes com a covid-19eu estrela betestado grave, que necessitameu estrela betoxigênio suplementar ou ventilação mecânica.
Os estudos apontaram que o corticoide é eficaz para a covid-19 apenas nos casos graves.
Não há evidências científicas que apontam que o corticoide possa ser usado por pacienteseu estrela betquadros leves da covid-19 ou para evitar que uma pessoa seja infectada pelo novo coronavírus.
Medidas para combater a covid-19
As entidades que representam os médicos ressaltam que diante do Sars-Cov-2, um vírus até então desconhecido, é natural que as orientações mudem ao longo do tempo. "A medicina e a ciência são processos dinâmicos e, a qualquer momento, poderão surgir novidades concretas", pontua a nota da SBPT.
Enquanto não há uma vacina ou um remédio comprovadamente eficaz contra o novo coronavírus, as entidadeseu estrela betsaúde apontam que a melhor formaeu estrela betcombater a pandemia é adotar medidas como a higienização frequente das mãos, o isolamento social e o usoeu estrela betmáscaras.
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