Coronavírus: o que está por trás da 'explosão'aviator pagbetmortesaviator pagbetcasaaviator pagbetmeio à pandemiaaviator pagbetcovid-19:aviator pagbet
Em alguns Estados esse aumento foi muito maior: o Amazonas teve 149%, o Rioaviator pagbetJaneiro, 40% a mais e São Paulo, 14,5%.
É um fenômeno que tem se repetidoaviator pagbetoutros países e regiões cujos sistemasaviator pagbetsaúde têm sido duramente atingidos pelo novo coronavírus. No Reino Unido, um levantamento recente do jornal The Guardian identificou cercaaviator pagbet8.000 mortes domiciliares a mais durante a pandemia do que no mesmo períodoaviator pagbetanos anteriores.
Nos EUA, o país com o maior númeroaviator pagbetcasos e mortesaviator pagbetcovid-19 no mundo, também há preocupações com um aumento expressivoaviator pagbetmortes foraaviator pagbethospitais. Em abril, um levantamento feito na cidadeaviator pagbetNova York apontou que o númeroaviator pagbetmoradores morrendoaviator pagbetcasa subiu para 200 por dia. Antes da pandemia, eram 20 a 25 por dia.
Lá, também, aumentou o temor das pessoasaviator pagbetprocurar médicos e hospitais. Em abril, uma pesquisa do Colégio Americanoaviator pagbetMédicos Emergenciais apontou que quase um terço dos adultos ativamente adiaram ou evitaram buscar atenção médica, com medoaviator pagbetse exporem ao coronavírus.
aviator pagbet C aviator pagbet ausas prováveis
No Reino Unido, segundo as certidõesaviator pagbetóbito, 80% das pessoas morreramaviator pagbetproblemas não relacionados à covid-19. Isso parece ser um indicativoaviator pagbetque pacientes com outras enfermidades graves podem estar tendo menos acesso a tratamentos, uma vez que quase todo o sistemaaviator pagbetsaúde está voltado ao controle da pandemia.
Para Jason Oke, estatístico do Departamentoaviator pagbetCiênciasaviator pagbetCuidados Primários da Universidadeaviator pagbetOxford, no Reino Unido, a ausênciaaviator pagbetdetalhamento dos dados até agora dificulta explicações definitivas sobre o aumento das mortes domésticas. Mas ele aponta três causas prováveis e simultâneas:
- Pacientes com covid-19 com quadro moderado, mas que pioraram repentinamente;
- Pacientes com doenças terminais que provavelmente morreriamaviator pagbethospitais mas,aviator pagbetmeio à pandemia, acabam temendo a hospitalização e ficamaviator pagbetcasa;
- Pacientes com outros problemas médicos, desde sinaisaviator pagbetmal-estar que podem seraviator pagbetum infarto até um AVC, por exemplo. Com medoaviator pagbetse infectar, esses pacientes estão evitando buscar atendimento médico e perdendo acesso adequado ao serviçoaviator pagbetsaúde.
Nesse último caso, os pacientes podem acabar morrendo não por causa do coronavírusaviator pagbetsi, mas como um efeito colateral da pandemia.
"No momento, é difícil determinar com certeza, mas é provável que essas três coisas estejam acontecendo juntas", diz Oke à BBC News Brasil. "Ainda não temos dados completos, e não é que as pessoas estejam sendo impedidasaviator pagbetir ao médico, mas há menos examesaviator pagbetcâncer e menos cirurgias sendo feitos, e há evidências tambémaviator pagbetque as pessoas estão fazendo menos consultas e evitando ir aos hospitais."
A essas hipóteses o epidemiologista Paulo Lotufo, professoraviator pagbetClínica Médica da Faculdadeaviator pagbetMedicina da USP, soma os estragos que o novo coronavírus pode causar no corpo, e que,aviator pagbetalguns casos, vão muito além do quadro gripal ou do comprometimento pulmonar.
"A gente inicialmente achava que o vírus causasse só uma gripe ou, nos casos mais graves, uma pneumonia. Mas não é só isso. O vírus atua também no sistema circulatório, elevando o riscoaviator pagbetuma morte súbitaaviator pagbetcasa por doenças cardíacas", explica o médico.
Outro efeito "terrível", diz Lotufo, é que há casosaviator pagbetque o vírus "atua no sistema nervoso central, fazendo com que o cérebro deixeaviator pagbetidentificar a baixa oxigenação do pulmão. Alguns pacientes relatam uma sensaçãoaviator pagbetbem-estar (respiratório) mesmo estando péssimos. Chegam no hospital com oxigenação muito baixa, quadroaviator pagbetque normalmente estariamaviator pagbetcoma, mas chegam conversando".
Os sinais para se buscar atendimento
Com tudo isso, para médicos que estão acompanhando o avanço da pandemia, uma preocupação é justamente com essa repentina piora que alguns pacientes com covid-19aviator pagbetestágio moderado podem apresentar.
A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) éaviator pagbetque, na impossibilidadeaviator pagbetse hospitalizarem todos os pacientes da covid-19 por causa das limitações do sistemaaviator pagbetsaúde, os que tenham sintomas leves (a ampla maioria) podem ficaraviator pagbetcasa, "desde que eles possam ser acompanhados e cuidados por membros da família".
"Se e quando possível, um eloaviator pagbetcomunicação com um provedoraviator pagbetcuidadosaviator pagbetsaúde ou com um profissionalaviator pagbetsaúde deve ser estabelecido durante o períodoaviator pagbetcuidadosaviator pagbetcasa, até os sintomas do paciente passarem", diz a recomendação.
Não é essa, no entanto, a realidade da maioria das pessoas, gerando preocupaçõesaviator pagbetque o quadro se agrave, mas passe despercebidoaviator pagbetpacientes e cuidadores.
"Como não há um monitoramento diário desses pacientes (por profissionaisaviator pagbetsaúde), existe o riscoaviator pagbetas coisas darem errado muito rapidamente", diz à BBC News Brasil o médico Bharat Pankhania, professor palestrante da Escolaaviator pagbetMedicina da Universidadeaviator pagbetExeter (Reino Unido), especializadoaviator pagbetcontroleaviator pagbetdoenças infecciosas.
O principal sinalaviator pagbetalerta para pacientes e cuidadores, diz ele, é a sensaçãoaviator pagbetcansaço extremo ao fazer atividades cotidianas, além da faltaaviator pagbetar e letargia. "É o sinalaviator pagbetque o paciente precisaaviator pagbetsuplementoaviator pagbetoxigênio."
Ao buscar ajuda médica aos primeiros sinaisaviator pagbetcansaço, o objetivo é evitar que o quadro se agrave - por exemplo com o desenvolvimentoaviator pagbetuma pneumonia viral ou com a chamada "tempestadeaviator pagbetcitocinas".
Citocinas são substâncias excretadas pelo sistema imunológico para atacar o vírus. Mas pode aconteceraviator pagbetuma resposta excessiva do sistema imunológico levar as citocinas a atacarem os órgãos do próprio corpo.
"Se a tempestadeaviator pagbetcitocina atacar, pode causar muito dano ao corpo e fazer o paciente piorar rapidamente", diz Pankhania.
É preciso chegar ao médico antes que uma pneumonia viral se instale, diz ele, "porque se ele já tiver a pneumonia, também já pode ser muito tarde".
Para a médicaaviator pagbetManaus entrevistada no início desta reportagem, pessoas com sintomas persistentesaviator pagbetcovid-19 (alguns diasaviator pagbetfebre, tosse e doresaviator pagbetcabeça e no corpo) devem buscar atendimento médico, mesmo antesaviator pagbetbater a sensação forteaviator pagbetcansaço. Sobretudo se elas forem pessoas dos gruposaviator pagbetrisco, como idosos, obesos, fumantes e pessoas com comorbidades.
"Essas pessoas não podem esperaraviator pagbetcasa, porque a piora é muito rápida", diz ela.
A BBC News Brasil consultou a Secretariaaviator pagbetVigilânciaaviator pagbetSaúde do Ministério da Saúde quanto a se há recomendações adicionais para pacientesaviator pagbetcasa, para que fiquem alertas para eventuais sinaisaviator pagbetpiora repentina. Também questionou se o serviçoaviator pagbetteleatendimento TeleSus é capazaviator pagbetidentificar esses pacientes e orientá-los. A BBC News Brasil aguarda a resposta do ministério para acrescentá-la na reportagem.
Menos exames sendo feitos
Outra questão levantada por associações médicas é que, assim como no Reino Unido, tem caído no Brasil o númeroaviator pagbetatendimentos médicos relacionados a o outros problemas que não a covid-19.
Um levantamento da Sociedade Brasileiraaviator pagbetCirurgia Oncológica e da Sociedade Brasileiraaviator pagbetPatologia aponta que ao menos 50 mil brasileiros podem ter ficado sem diagnósticoaviator pagbetcâncer entre 11aviator pagbetmarço e 11aviator pagbetmaio, já que menos exames estão sendo realizados.
O levantamento calcula uma quedaaviator pagbet50% a 90% na realizaçãoaviator pagbetdiferentes tiposaviator pagbetbiópsias. Com o diagnóstico tardio ou inexistente, o risco éaviator pagbetque tumores avancem, não detectados, para o estágio avançado.
Além disso, a sobrecarga geral no sistemaaviator pagbetsaúde causada pelo novo coronavírus dificulta o atendimentoaviator pagbetpacientesaviator pagbetestado grave por outros motivos, explica Paulo Lotufo, da USP.
"Imagine um pronto-socorro lotadoaviator pagbetpacientes com covid-19, e alguém sofre um acidenteaviator pagbetmoto e não consegue ser operado por causa da superlotação (das Unidadesaviator pagbetTerapia Intensiva). Sua morte não vai ser pelo acidenteaviator pagbetsi, masaviator pagbetconsequência da pandemia", afirma.
"É por isso que é tão importante reduzirmos o númeroaviator pagbetcasos (de infecções), para que, caso você tenha uma apendicite, possa ser tratado."
'Mais pobres são mais afetados'
Todo esse cenário tende a afetar proporcionalmente mais a população mais pobre, tanto no Brasil como no Reino Unido, diz o médico Pankhania, da Universidadeaviator pagbetExeter.
"São os mais pobres os que têm mais chancesaviator pagbetmorreraviator pagbetcasa."
"São eles que têmaviator pagbetperseverar mais, sair para trabalhar porque não podem fazer reuniões pelo Zoom, enfrentar aglomerações. As pessoas mais ricas têm a quem chamar e têm mais chancesaviator pagbetserem observadas (por médicos). Com tudo isso junto, a covid-19 é uma espécieaviator pagbeteliminadoraaviator pagbetpessoas pobres, porque as afetaaviator pagbetmodo muito desproporcional."
De todo modo,aviator pagbetManaus, a médica do Samu ouvida pela BBC News Brasil dá ao menos um sinalaviator pagbetalento: diz que, nas últimas duas a três semanas, têm diminuído bastante os casosaviator pagbetatendimento, tanto nas ambulâncias quanto nos pronto-socorros e UTI,aviator pagbetcasosaviator pagbetcovid-19.
"Entre meadosaviator pagbetmarço e finalaviator pagbetabril, vivemos um caos, um períodoaviator pagbetinferno, pelo qual eu nunca havia passado antes", diz ela. "Agora, quase não tenho feito atendimentos. Os casos ainda são muito graves, mas estão diminuindo."
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