Avanço da soja cria 'cemitériobetboo girlscolmeias' no interior do Pará:betboo girls
Conhecedor dos nomes científicos e principais hábitos das abelhas, o ex-produtor diz que as chamadasbetboo girlscanudo (ou tucano) eram campeãsbetboo girlsprodutividade.
"Produziambetboo girls5 a 6 kg, por caixa. Mas, atualmente, a produçãobetboo girlscada uma não rende nem meio quilo", calcula, relacionando esse declínio à expansão gradativa da soja nas últimas duas décadas na região.
E acrescenta que o agronegócio mudou o comportamento e a dinâmicabetboo girlsreprodução desses polinizadores. "Quantas vezes encontramos caixas completamente vazias ou enxames mortos." Assim, o sonhobetboo girlsmanter essa atividade comercial ruiu completamente depoisbetboo girls40 anos.
Com cercabetboo girls100 caixas que restaram na chácara, João do Mel admite que naquele “cemitériobetboo girlscolmeias” jaz a meliponicultura como atividadebetboo girlsreconhecida importância socioeconômica e ambiental.
As pequenas quantidadesbetboo girlsabelhas que resistem precisam se alimentar do próprio mel produzido nas últimas colmeias que ele mantém somente para nutri-las. "Se tirar o mel o enxame se acaba", explica, acrescentando que além da redução da quantidadebetboo girlsáreasbetboo girlsflorestas e, consequentemente, das floradas das quais dependem esses e outros polinizadores, a situação piora na temporadabetboo girlschuvas intensas na Amazônia.
Como outro reflexo do desequilíbrio ecológico regional, o ex-produtor menciona que não faltam, ainda, as investidasbetboo girlstamanduás que, ao farejarem a presençabetboo girlsabelhas, muitas vezes rompem as tampas das caixasbetboo girlsbusca das colmeias que restam.
Com olhos marejados e voz embargada, ele diz ainda estar sentindo o impacto emocional pelo extermínio das abelhas nabetboo girlspropriedade e nasbetboo girlsoutros produtores da região.
Argumenta, ainda, que o fracasso dessa prática tradicionalmente vinculada à cultura indígena, à agricultura familiar e à agroecologia representa um sinalbetboo girlsrisco, principalmente à segurança alimentar, embora o problema seja pouco percebido por grande parte da sociedade.
"O agronegócio chegou como uma bomba atômica a Belterra e o seu impacto foi violento", opina João do Mel. "O agrotóxico pulverizado nos plantiosbetboo girlssoja se dispersa no vento e na chuva, afetando toda a cidade."
Ele diz que os efeitos podem atingir até mesmo as árvores mais altas, cujas floradas são buscadas pelas abelhas sem ferrão. Ele se queixa da faltabetboo girlsfiscalização ao uso desses produtos químicos e diz que são cada vez mais comuns os casosbetboo girlscâncer na região, doença praticamente inexistente antes da expansão dessa cultura agrícola.
O ex-produtor afirma que enquanto a agricultura familiar é benéfica à presençabetboo girlsabelhas, as monoculturas,betboo girlsforma geral, contribuem para ampliar a perdabetboo girlshabitat.
Em um passeio com a reportagem pela chácara, João do Mel fala das conexões entre fauna e flora. "A cotia passou por aqui. Veio comer tucumã", explica mostrando as marcas das patas do animal deixadas na terra molhada e aponta para o pébetboo girlscarregado, com muitos frutos já caídos pelo chão.
Apaixonado por música e poesia, ele gostabetboo girlscriar inspirado nas dinâmicas da natureza. "A ecologia perdeu seu lugar. Lutar para quê, se a vida é matar ou morrer?". dizbetboo girlsO lamento do João do Mel, poema que tem despertado o interessebetboo girlsestudiosos e outros profissionais atentos ao que acontece na região.
Filhobetboo girlspais que vieram do Ceará para trabalhar no fracassado polo da borracha da Amazônia e se radicarambetboo girlsBelterra, ele deixa escapar alguns sinaisbetboo girlsforça e esperança.
Quando reconheceu a impossibilidadebetboo girlstirar o sustento da produçãobetboo girlsmel, João do Mel passou a produzir móveis e peças decorativas com restosbetboo girlsmadeirabetboo girlsuma oficina que instalou na chácara. Agora se considera artesão. Também está prestes a ser pai e, ao falar sobre o filho que deve nascerbetboo girlsmeados do ano, sorri.
Mas desanima quando indagado sobre as expectativas para o desenvolvimento da cidade que será a terra do seu filho: "Não vejo futuro nenhumbetboo girlsBelterra", afirma. E se tivesse que dar um conselho para quem deseja se dedicar à meliponicultura na região? "Eu não aconselharia. É prejuízo na certa. Muitas abelhas já foram extintas e outras serão brevemente."
Os Jandaíras contra a extinção
Em outra áreabetboo girls16 hectaresbetboo girlsfloresta conservada, o pastor José Batista Ferreira, 57 anos, também tenta livrar as abelhas da extinção. Desde a adolescência, o pastor Natalino, como é conhecido, tem uma grande preocupação com a proteção da natureza, tanto que há cercabetboo girls40 anos tem se dedicado à criação desses polinizadores.
Assim como o irmão, João do Mel, ele tem predileção pelas abelhas sem ferrão. Ambos sorriem quando são comparados à jandaíra, espécie resistente às condições adversas.
Para o pastor, o avanço do agronegócio pode ter sido importante do pontobetboo girlsvista econômico para o Brasil, mas a julgar pela realidadebetboo girlsBelterra, o balanço não é positivo.
Ele relata que, há 20 anos, abetboo girlsproduçãobetboo girlsmel alcançava até seis toneladas por ano. Em 2019, foram produzidos somente 100 kg, mesmo tendo uma áreabetboo girlsfloresta com diversidadebetboo girlsespécies que contribuem para a proteção das abelhas.
Sua escala comercial também foi sendo gradativamente inviabilizada. "O que ainda fazemos é para livrar as abelhas da extinção", afirma. Durante a entrevista, o pastor aponta para os ingás e avisa: "Tá na hora da florada".
Nos arredores do sítio explica que espécies como cedro, murta, louro, pau-ferro e outras florescembetboo girlsdiferentes épocas do ano. Assim como na propriedade do irmão, apesar da queda da produção do mel, considera que o ambiente ainda pode ser considerado uma "ilhabetboo girlsvida silvestre".
Em torno das caixasbetboo girlsabelhas jataí, por exemplo, conta que são avistados morcegos, beija-flores, borboletas e mariposas. Nos arredores da casa também são vistos tamanduás, pacas, tatus e cotias. "A diversidade da floresta garante um melbetboo girlsalto valor nutricional", ressalta.
O pastor também considera que o usobetboo girlsagrotóxicos nas plantaçõesbetboo girlssoja tem relação direta com a perda gradativa da produçãobetboo girlsmel, antes abundante na região. Ele relata que encontrar colmeias vazias se tornou uma rotina, quando antes enchiambetboo girlsabelhas e mel, o que leva a crerbetboo girlsuma mudança na dinâmicabetboo girlsreprodução desses polinizadores.
"Se as abelhas deixarembetboo girlsexistir, outras espécies vão desaparecer, e o ser humano também", alerta.
Com expressão preocupada, conta, ainda, que produtoresbetboo girlssoja estão interessadosbetboo girlscomprar as suas terras e fazem ofertas que não correspondem ao valor da propriedade. Tem sido assim com outros proprietários, conforme inúmeros relatos ouvidos sobre esse tipobetboo girlspressão provocada pelo setor.
Assim como outros entrevistados, o pastor afirma que ainda falta liderança na cidade para questionar os impactos do avanço da produçãobetboo girlssoja percebidos no ambiente, na saúde dos moradores e, sobretudo, na agricultura familiar.
Para ele, embora o prefeitobetboo girlsBelterra seja médico, não parece priorizar as questões ambientais, que têm interface direta com problemasbetboo girlssaúde pública.
'O veneno está no centro da cidade'
Cortada por uma ruabetboo girlsbarro, a casabetboo girlsLucivaldo Pimentel, conhecido como Seu Lúcio,betboo girls46 anos, é separadabetboo girlsuma áreabetboo girlsmaisbetboo girls60 hectaresbetboo girlsplantiobetboo girlssoja por uma distânciabetboo girlscercabetboo girlsdez metros.
Ele conta que, há pouco maisbetboo girlsdez anos, quando foi morar naquela residência, a vista era tomada por uma floresta com ipês, seringueiras, castanheiras e tantas outras árvores amazônicas.
"Pouco tempo depois, chegaram os (produtores) gaúchos. Passaram o trator e derrubaram tudo", recorda. Os novos vizinhos, que nada construíram, disseram que tinham documentosbetboo girlstitulação, mas os moradores da localidade tinham conhecimentobetboo girlsque aquelas se tratavambetboo girlsterras pertencentes à União.
A derrubada da floresta foi denunciada à Secretaria Municipalbetboo girlsMeio Ambiente e ao Ibama, relata o morador. A área chegou a ser lacrada pelos órgãos públicos, mas, a partirbetboo girls2010, o plantiobetboo girlssoja tomou formabetboo girlsvez, sendo regularmente pulverizado com agrotóxicos.
Enquanto os seus quatro filhos e os filhos dos vizinhos passaram a manifestar alergias na pele, náuseas e outros sintomas, Seu Lúcio conta que começou a amargar prejuízos causados pelos impactos dos produtos químicosbetboo girlsárvores frutíferas e animais que serviambetboo girlsfontesbetboo girlsrenda e alimentação familiar.
No ano passado maisbetboo girls60 galinhas do seu quintal morreram, segundo ele, afetadas pelo veneno trazido pelo vento e pela chuva. Os vizinhos produtoresbetboo girlssoja prometeram pagar cercabetboo girlsR$ 5 mil, mas o ressarcimento ainda não ocorreu.
Alémbetboo girlsnão haver mais carne e ovos para comer e vender, o abacateiro, outra fontebetboo girlsrenda familiar, não produz mais frutos. As bananeiras estão secando e a mangueira tem folhas escurecidas, com mangas que apodrecem antes mesmo do crescimento.
Seu Lúcio relata que perdeu a conta da quantidadebetboo girlspássaros mortos que tem visto. "Abelhas e outros insetos desapareceram daqui", lamenta.
Há nove anos, ele sofreu uma queda enquanto trabalhavabetboo girlsuma construção. O impacto na coluna vertebral levou à perda dos movimentos das pernas. Desde então, passou a usar cadeirabetboo girlsrodas e a viver com um benefíciobetboo girlsum salário mínimo.
Diante da dificuldadebetboo girlslocomoção, começou a ficar mais tempobetboo girlscasa e a sentir mais diretamente os efeitos dos agrotóxicos pulverizados na plantaçãobetboo girlssoja dos vizinhos.
"O veneno é lançado na parte da tarde e tem um cheiro muito forte", afirma. E acrescenta que pode ser sentido tanto pelas crianças na escola como pelos doentes no hospital da cidade.
"Sabemos que venenobetboo girlsárea urbana é proibido. Mas não existe fiscalização. A gente denuncia, mas não há qualquer providência", lamenta.
Ao ser indagado sobre o que espera para o seu futuro, Seu Lúcio responde com os olhos marejados que, brevemente, aquela terra "não servirá para mais nada".
A degradação ambiental, diz, será fontebetboo girlsmais dificuldades financeiras, sobretudo para a população mais pobre, que, consequentemente, deverá ter mais problemasbetboo girlssaúde.
"Eu mesmo tenho medobetboo girlster uma doença. Sabemos que têm morrido muitas pessoas com câncer na cidade. Aqui não existia isso", ressalta.
Por fim, diz não sentir que Belterra evolui com a expansão da soja. "Aqui não fica nada. Vai tudo para a China", comentabetboo girlsrelação às exportações do produto.
Agrotóxicos no ambiente
O comportamento dos agrotóxicos no ambiente representa uma das principais preocupações dos pesquisadores dedicados aos estudos sobre esses produtos químicos, segundo o biólogo Ruy Bessa, professor da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA).
"Essas substâncias transitam por todas as matrizes ambientais. Estão no solo, na água, no ar, na biota ebetboo girlsnós", afirma o especialista, que atuabetboo girlsecotoxicologia, uma áreabetboo girlspesquisa com interfaces entre os temasbetboo girlssaúde ambiental e saúde pública.
Ao tomar conhecimento dos relatos ouvidos pela equipebetboo girlsreportagem, o professor concordou com as percepções dos entrevistados sobre os potenciais riscosbetboo girlsdispersãobetboo girlsagrotóxicos. "O apodrecimento ou enrugamento das folhas do abacateiro do moradorbetboo girlsBelterra se deve a isso", diz.
"A literatura científica nos informa que maisbetboo girls90% desses venenos, desses compostos, quando aplicados, atingem populações formadas por não alvos. É o abacateiro do seu João, a mangueira, a andiroba. São os roedores, os pássaros, as abelhas e somos nós."
Como indicadorbetboo girlsproblemas relacionados à "saúde ambiental", Bessa destaca que há um declínio nas populaçõesbetboo girlsabelhas,betboo girlsnível mundial, não causado apenas pelo usobetboo girlsagrotóxicos.
Na região metropolitanabetboo girlsSantarém são afetadas, especialmente, as abelhas sem ferrão. O especialista destaca que sem essas formasbetboo girlsvida, "as florestas encolhem".
A importância socioambiental e econômica dos serviçosbetboo girlspolinização é apresentada no Relatório Temático sobre Polinização, Polinizadores e Produçãobetboo girlsAlimentos no Brasil, lançadobetboo girls2019, pela Plataforma Brasileirabetboo girlsBiodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES, na siglabetboo girlsinglês)
Defensor da ampliação do monitoramento sistemático sobre os potenciais impactos causados pelos agrotóxicos na Região Metropolitanabetboo girlsSantarém, o professor também alerta para outros riscos que preocupam os pesquisadores.
"O problema maior é que nós estamos no coração da região. No meio da áreabetboo girlsprodução [de soja] nós temos a Floresta Nacional (Flona) do Tapajós", alerta.
Essa unidadebetboo girlsconservação federal,betboo girlsimportância socioambiental e econômica central para a região, ocupa 527,3 mil hectares, abrangendo os municípios paraensesbetboo girlsAveiro, Belterra, Placas e Rurópolis, embora abetboo girlsmaior extensão (248,2 mil hectares, 46,94% da área total) esteja localizadabetboo girlsBelterra.
O especialista defende, principalmente, análisesbetboo girlsriscosbetboo girlscontaminação dos seus recursos hídricos.
O professor adverte, ainda, que alguns compostos químicos presentes nos agrotóxicos podem se movimentar com mais facilidade na Região Metropolitanabetboo girlsSantarém devido ao seu tipobetboo girlssolo mais aerado. "Essa contaminação pode atingir o lençol freático". Para o especialista, isso precisa ser mais amplamente investigado.
Das seringueiras à soja
O passadobetboo girlsBelterra foi marcado, no início do século passado, pela tentativa frustradabetboo girlsHenry Ford, na época o empresário mais rico do mundo,betboo girlsproduzir borracha na Amazônia, a partirbetboo girlsconcessões governamentais para exploraçãobetboo girlscercabetboo girls1 milhãobetboo girlshectares.
No Pará, o projetobetboo girlsplantiobetboo girlsseringueiras para a fabricaçãobetboo girlspneus dos automóveis da companhia americana foi iniciado por Fordlândia, atualmente pertencente ao municípiobetboo girlsAveiro. Como o projeto falhou, por uma sériebetboo girlsrazões envolvendo as particularidades naturais do bioma (incluindo a sazonalidadebetboo girlsseus rios), a praga que atingiu as árvores plantadas e a resistência culturalbetboo girlsseus povos aos hábitos estrangeiros que se tentou impor, Belterra foi a segunda escolha pelabetboo girlslocalização, solo e relevo considerados privilegiados à expansão dessa monocultura.
Embora essa nova investida também não tenha dado certo, resquícios da presença americana ainda são perceptíveis na atualidade. Os traços são visíveis na arquiteturabetboo girlsprédios públicos e da vilabetboo girlscasas construída para as famílias dos funcionários que vieram viver na cidade, fundadabetboo girls1934, com objetivobetboo girlsabrigar um polo industrial.
Seu nome derivabetboo girlsBela Terra, uma expressãobetboo girlssurpresa diante das riquezas naturais existentesbetboo girlsabundância, até então.
A família da professora Laura Chagas vive na casa número 2, construídabetboo girlsmadeirabetboo girlspequiá e castanheira para hospedar o então presidente Getúlio Vargas, que visitou o megaprojetobetboo girls1940.
Há 54 anos, a residência passou à propriedade da família já que o pai dela veio para a região, como agrônomo, para atuar no polo da borracha e, posteriormente, foi contratado pelo Ministério da Agricultura.
A casa número 1, também erguidabetboo girlsmadeira nobre, foi projetada para receber o empresário Henry Ford, que nunca veio à região temendo contrair doenças tropicais.
Ela conta que, além da vila residencial, a Ford providenciou a instalaçãobetboo girlsinfraestrutura urbanabetboo girlsBelterra, cidade que foi projetadabetboo girlsquadras. Água tratada e canalizada, hospital, telecomunicações, entre outros serviços foram trazidos à cidadebetboo girlscaráter pioneiro na região.
“Esse passado deixou uma infraestrutura que continua servindo à cidade. E hoje o que a soja deixa para nós?”, questiona a professora, graduadabetboo girlsbiologia e preocupada com os impactos socioambientais desse modelobetboo girlsmonocultura que se expandiu na região.
No documentário Beyond Fordlândia (Muito alémbetboo girlsFordlândia, no títulobetboo girlsportuguês), dirigido pelo pesquisador Marcos Colón, é traçado um paralelo entre passado e presente da região, a partirbetboo girlsuma narrativa que ilustra como a cultura da soja se beneficiou do caminho aberto pelo projeto megalomaníacobetboo girlsFord, cujo desmatamento buscava a substituição da floresta nativa pela monoculturabetboo girlsseringueiras.
Cortada pela controversa rodovia Santarém-Cuiabá, a BR-163, Belterra, com cercabetboo girls17 mil habitantes, está inserida num polo regionalbetboo girlsprodução da oleaginosa que se expandiu nos últimos 20 anos.
O aposentado Francisco Bezerra Oliveira, 80 anos, conhece bem a históriabetboo girlsse tentar, sem sucesso, fazerbetboo girlsBelterra um laboratório a céu abertobetboo girlsproduçãobetboo girlsborracha natural. Ele conta que seus pais vieram com a família do Ceará, atraídos por essa promessa não cumpridabetboo girlsprogresso para a Amazônia.
Entre passado e presente, o aposentado também busca traçar um paralelo pela experiênciabetboo girlsvida. "Assim como aconteceu com as seringueiras, a soja também não vai dar certo", opina. "O solo não é apropriado", acrescenta, destacando a necessidadebetboo girlsuma grande quantidadebetboo girlsprodutos químicos para viabilizar os plantios. Ele diz que a riqueza da Amazônia está nabetboo girlsflorestabetboo girlspé.
"O solo é apropriado à floresta", reforça ao reclamar que o desmatamento da região, também associado à expansão da soja, contribui para o desaparecimento das abelhas ebetboo girlsmuitas outras espécies.
O aposentado diz conhecer famílias que sofrem diretamente “os efeitos dos jatosbetboo girlsveneno” da pulverizaçãobetboo girlsagrotóxicos, precisando vedar janelas e outras entradasbetboo girlsarbetboo girlssuas casas durante essas aplicações nas plantações no entorno.
Mas reclama da faltabetboo girlsfiscalização ebetboo girlsmobilização da sociedade para enfrentamento mais enérgico do problema.
Lamenta, ainda, que, historicamente, seja recorrente na Amazônia a concessãobetboo girlsterras públicas para plantiobetboo girlsculturas que não são nativas da região.
Sua visão crítica se reflete nas músicas e paródias que gostabetboo girlscriar. Ao violão entoa: "...A soja plantada, a mata sumindo e o povo assistindo sem nada fazer”. Outros versos dão o tom do entendimento da interface entre desmatamento e o agravamento da crise climática: "Motosserra zoando e o clima só faz aquecer....".
O aposentado reconhece que existem leis para a salvaguarda da natureza, mas que não estão sendo cumpridas devido aos inúmeros interesses econômicos e políticos envolvidos. Suas ideias também se transformambetboo girlsversos críticos que soam ao violãobetboo girlsquestionamento: "... A lei protege, mas que proteção é essa, se o trator e a motosserra todo dia fazem festa?....".
A reportagem manteve contatos com o prefeitobetboo girlsBelterra, Jociclélio Castro Macedo, e com a assessoriabetboo girlsimprensa da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina. Mas, até a publicação desta reportagem, não houve retorno às solicitaçõesbetboo girlsentrevistas para discutir possíveis soluções para os problemas relatados.
A reportagem contou com o apoio do Amazon RJF e do Pulitzer Center.
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