A matemática das UTIs: 3 desafios para evitar que falte cuidado intensivo durante a pandemia no Brasil:bônus de boas vindas cassino

Pacientebônus de boas vindas cassinoWuhan, na China,bônus de boas vindas cassinojaneiro

Crédito, Governo da China

Legenda da foto, Paciente sendo atendidobônus de boas vindas cassinoUTI chinesa; cercabônus de boas vindas cassino5% a 15% dos infectados com o coronavírus desenvolvem sintomas graves e precisambônus de boas vindas cassinointernação

A complexidade aumenta, diz ele, pelo fatobônus de boas vindas cassinoque grande parte dos pacientes mais críticos são idosos com doenças pré-existentes.

Estima-se que entre 5% e 15% do totalbônus de boas vindas cassinoinfectados pelo novo coronavírus estejam entre esses casos mais graves. Embora a porcentagem seja pequena, a dimensão da crise faz com que os números absolutos sejam muito grandes: já são maisbônus de boas vindas cassino1 milhãobônus de boas vindas cassinocasos confirmados no mundo.

Além disso, embora proporcionalmente poucos pacientes fiquembônus de boas vindas cassinoestado crítico, "para eles é muito importante (ter cuidado especializado), porque a fase aguda da doença é muito grave", explica o médico Hugo Urbano, diretor científico da Associaçãobônus de boas vindas cassinoMedicina Intensiva Brasileira (AMIB).

UTI

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Brasil precisou criar estoque relativamente altobônus de boas vindas cassinoleitos para atender alta demanda por vítimasbônus de boas vindas cassinoviolência urbana e acidentesbônus de boas vindas cassinotrânsito

Esses pacientes vão para a UTI quando seu quadro respiratório se agrava - na prática, quando a frequência respiratória fica muito alta e a saturaçãobônus de boas vindas cassinooxigênio, muito baixa - ou quando a infecção do pulmão causada pelo coronavírus desencadeia problemas cardiovasculares, por exemplo.

Os dados disponíveis indicam que a Itália não tinha inicialmente uma média altabônus de boas vindas cassinoleitosbônus de boas vindas cassinoUTI se comparada, por exemplo, à Alemanha, aos EUA ou mesmo ao Brasil.

Aqui, aliás, nosso estoque relativamente altobônus de boas vindas cassinoUTIs se deve às altas taxasbônus de boas vindas cassinoviolência urbana e letalidade no trânsito.

A BBC News Brasil conversou com especialistas e coletou dados para entender quais são os pontos fortes e os gargalos dos centrosbônus de boas vindas cassinoterapia intensiva brasileiros no enfrentamento à covid-19 - e o papel da sociedade inteira para ajudar a mantê-los disponíveis.

Dados do Brasil

Um levantamento recém-publicado pela Associaçãobônus de boas vindas cassinoMedicina Intensiva Brasileira (Amib) calcula que o Brasil tem 48.848 leitosbônus de boas vindas cassinoUTI, sendo 22,8 mil no SUS (Sistema Únicobônus de boas vindas cassinoSaúde) e 23 mil na rede privada.

São cercabônus de boas vindas cassino20 leitos por 100 mil habitantes, índice pouco inferior ao da Alemanha, um dos mais altos da Europa, e considerado satisfatório e dentro dos padrões da Organização Mundial da Saúde, que recomendabônus de boas vindas cassino10 a 30 camasbônus de boas vindas cassinoterapia intensiva para cada 100 mil habitantes, diz a Amib.

"Por que o Brasil, um país mais pobre, tem tantos leitos? O motivo é a nossa epidemiabônus de boas vindas cassinoviolência e a endemiabônus de boas vindas cassinoacidentesbônus de boas vindas cassinotrânsito, que exigiram muitos leitosbônus de boas vindas cassinoUTI", explica Urbano, da AMIB.

Em entrevista coletivabônus de boas vindas cassino28bônus de boas vindas cassinomarço, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e seu secretário-executivo, João Gabbardo, elogiaram a estruturabônus de boas vindas cassinoUTI do país e disseram que 15 mil leitos adicionais estão sendo estruturados, junto à comprabônus de boas vindas cassinomais 17 mil respiradores. Também afirmaram que, se necessário, a rede pública recorrerá a eventuais leitos vagos na rede privada.

UTI

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Embora proporcionalmente poucos pacientes ficambônus de boas vindas cassinoestado grave, números absolutos altos podem levar sistemasbônus de boas vindas cassinosaúde ao colapso

Mas será que esse totalbônus de boas vindas cassinoleitos será suficiente para atender à demanda crescente da atual pandemia? Isso dependerábônus de boas vindas cassinoalguns fatores.

Vejamos, a seguir, os possíveis gargalos brasileiros:

bônus de boas vindas cassino 1 - Disparidades bônus de boas vindas cassino regionais

Segundo o relatório da Amib, há diferenças regionais e entre o sistema público e privado: enquanto hospitais particulares têm médiabônus de boas vindas cassino49 leitos por 100 mil habitantes, o SUS tem 14 leitos.

E Sudeste concentra 24 mil leitos, ou 60% do total (incluindo tanto público quanto privado). Embora seja também a mais populosa do país, a região tem proporção maiorbônus de boas vindas cassinoleitos (27 por 100 mil habitantes)bônus de boas vindas cassinorelação à região Norte (9 por 100 mil habitantes, um pouco abaixo do índice recomendado pela Organização Mundial da Saúde).

Essa escassez da região Norte já foi maior, explica Hugo Urbano, mas reduziu-se nos últimos anos à medida que cresceu a demanda por atendimentobônus de boas vindas cassinosaúde, ante o aumento do fluxo populacional provocado por grandes obrasbônus de boas vindas cassinoinfraestrutura na região amazônica, como as hidrelétricas.

Por enquanto, a região Sudeste tem concentrado a maior quantidadebônus de boas vindas cassinocasosbônus de boas vindas cassinocoronavírus, mas, à medida que ele avancebônus de boas vindas cassinooutras regiões, os sistemasbônus de boas vindas cassinosaúde locais terão proporcionalmente menos leitos (particularmente Norte e Nordeste) com os quais contar.

Um manuscrito recém-publicado por pesquisadores da Escolabônus de boas vindas cassinoSaúde Públicabônus de boas vindas cassinoHarvard e da UFMG e por membros do próprio Ministério da Saúde alerta que "à medida que o númerobônus de boas vindas cassinocasos crescer no Brasil, há uma preocupaçãobônus de boas vindas cassinoque o sistemabônus de boas vindas cassinosaúde possa ficar sobrecarregado, resultandobônus de boas vindas cassinoescassezbônus de boas vindas cassinocamasbônus de boas vindas cassinohospital, leitosbônus de boas vindas cassinoUTI e ventiladores mecânicos",bônus de boas vindas cassinodiferentes graus diante das diferenças regionais.

"O 'timing' da escassez provavelmente vai variar geograficamente, a depender do ritmobônus de boas vindas cassinotransmissão, da disponibilidadebônus de boas vindas cassinorecursos e das ações tomadas. (...) "Os leitosbônus de boas vindas cassinoUTI são,bônus de boas vindas cassinolonge, a necessidade mais premente"."

A previsão, porém, não é otimista: o manuscrito aponta que todas as regiões do país podem enfrentar esgotamentobônus de boas vindas cassinorecursos, com variações a depender da estruturabônus de boas vindas cassinosaúde local e do avanço da epidemiabônus de boas vindas cassinocada região.

O estudo adverte que essa escassez pode começar a ser vista ainda no começobônus de boas vindas cassinoabril e pede que o governo tome mais medidas para expandir a disponibilidadebônus de boas vindas cassinoleitos, com a criaçãobônus de boas vindas cassinohospitaisbônus de boas vindas cassinocampanha, intensificar o isolamento social e aumentar a testagem da população.

A presidente da Amib, Suzana Lobo, afirma que vai ser preciso gerirbônus de boas vindas cassinomodo eficiente os leitos,bônus de boas vindas cassinomodo a tirar o máximo proveito deles. "Em média, o tempobônus de boas vindas cassinopermanênciabônus de boas vindas cassinoum paciente comumbônus de boas vindas cassinouma UTI no hospital público ébônus de boas vindas cassinotornobônus de boas vindas cassino6,5 dias. No casobônus de boas vindas cassinoum paciente grave com covid-19, ele pode permanecerbônus de boas vindas cassino14 a 21 dias. Para que não haja colapso no sistemabônus de boas vindas cassinosaúde, é necessário que instituições, profissionais e infraestrutura trabalhem com a maior eficiência possível, para poder absorver o aumento da demanda", dizbônus de boas vindas cassinocomunicado.

UTI na China

Crédito, Governo da China

Legenda da foto, Especialista diz que maior gargalo brasileiro pode ser por faltabônus de boas vindas cassinopessoal, mais do quebônus de boas vindas cassinoleitos; acima, atendimentobônus de boas vindas cassinoUTI chinesa

2. O número limitadobônus de boas vindas cassinoprofissionais

O médico Hugo Urbano lembra, porém, que o principal gargalo brasileiro não é tantobônus de boas vindas cassinoestrutura física, mas simbônus de boas vindas cassinopessoal: a crise deve exigir um número grandebônus de boas vindas cassinoprofissionaisbônus de boas vindas cassinosaúde altamente especializados para gerir essas UTIs.

Suleiman, do Emilio Ribas, tem opinião semelhante. "(O atendimentobônus de boas vindas cassinoalta complexidade) não é algo que se treina a fazerbônus de boas vindas cassinodois minutos, porque são múltiplas especialidades atuandobônus de boas vindas cassinoconjunto", diz.

Além disso, a facilidade com a qual o coronavírus se prolifera tem reduzido a disponibilidadebônus de boas vindas cassinoprofissionaisbônus de boas vindas cassinosaúde. Até 31bônus de boas vindas cassinomarço, apenas no Estadobônus de boas vindas cassinoSão Paulo, maisbônus de boas vindas cassino600 desses profissionais tiverambônus de boas vindas cassinoser afastados por estarem infectados ou sob suspeitabônus de boas vindas cassinoinfecção. A expectativa ébônus de boas vindas cassinoque esse número aumente.

Urbano afirma que a Amib tem elaborado planos para lidar com o excessobônus de boas vindas cassinodemanda, con treinamentos extras e planosbônus de boas vindas cassinocontingência, por exemplo colocando profissionais como cirurgiões e anestesistas, menos experientesbônus de boas vindas cassinoUTIs, sob a supervisão dos mais experientes.

3 - O achatamento da curvabônus de boas vindas cassinoinfectados

Mas tudo isso - gestãobônus de boas vindas cassinoleitos e recrutamentobônus de boas vindas cassinoprofissionais - só adiantará, segundo os médicos consultados pela reportagem, se conseguirmos achatar a curvabônus de boas vindas cassinocontágio, ou seja, evitar que uma quantidade enormebônus de boas vindas cassinopacientes se infecte ao mesmo tempo e precisebônus de boas vindas cassinotratamento médico simultaneamente.

"Não é por outro motivo que batemos tanto na tecla da quarentena", diz Suleiman. "O isolamento das pessoas pressupõe (ao prevenir ou reduzir o ritmo das infecções) uma redução da pressão sobre o sistemabônus de boas vindas cassinosaúde. Paralelamente, reduz também a demanda, ao prevenir acidentesbônus de boas vindas cassinocarro, por exemplo."

Por isso, Suleiman pede que as pessoas saiam o mínimo possívelbônus de boas vindas cassinocasa, para evitar o contágio e também para minimizar as chancesbônus de boas vindas cassinose acidentarem.

Uma nota técnica do Institutobônus de boas vindas cassinoEstudos para Políticasbônus de boas vindas cassinoSaúde (Ieps) calcula que,bônus de boas vindas cassinoum cenáriobônus de boas vindas cassinoque 20% da população brasileira seja infectada pelo novo coronavírus, e 5% desses infectados necessitembônus de boas vindas cassinoatendimentobônus de boas vindas cassinoUTI por cinco dias, grande parte da rede brasileira teriabônus de boas vindas cassinocapacidade esgotada.

Mas, segundo o mesmo estudo, essa situação pode ser amenizada se o ritmobônus de boas vindas cassinoinfecções for mais lento. No exemplo hipotético, se 20% da população for infectada ao longobônus de boas vindas cassino18 meses,bônus de boas vindas cassinovezbônus de boas vindas cassinoao longobônus de boas vindas cassino12 meses, cairia consideravelmente o númerobônus de boas vindas cassinoredes com a capacidadebônus de boas vindas cassinoleitos esgotada.

O contrário, porém, também é válido: se 20% da população for infectadabônus de boas vindas cassinoapenas seis meses, praticamente todo o país ficariabônus de boas vindas cassinosituaçãobônus de boas vindas cassinosuperlotaçãobônus de boas vindas cassinoUTIs.

Em um cenário como esse, diz Urbano, os médicos seriam obrigados a fazer as (difíceis) escolhasbônus de boas vindas cassinoquais pacientes receberão o atendimentobônus de boas vindas cassinoterapia intensiva, a partir da probabilidadebônus de boas vindas cassinocurabônus de boas vindas cassinocada um deles.

Av Paulista durante quarentena

Crédito, Roberto Parizotti/Fotos Publicas

Legenda da foto, Para reduzir a demanda por internaçõesbônus de boas vindas cassinoalta complexidade, isolamento social é fundamental, dizem médico

Problemas semelhantes no mundo

Dilemas como esses foram vividos por médicos italianos, ante a incapacidadebônus de boas vindas cassinoatender todos os doentes - fazendo com que alguns idosos fossem encaminhados a cuidados paliativosbônus de boas vindas cassinovezbônus de boas vindas cassinopara a UTI.

Em situações-limite, os médicos precisam fazer essas escolhas porque "se colocamos mais pacientes (do que o sistema comporta), a mortalidade geral aumenta", argumenta Urbano.

São muitos os países que estão vendo com preocupação o aumento da pressão sobre o sistemabônus de boas vindas cassinosaúde, como Estados Unidos e o Reino Unido.

Entre os britânicos, o NHS (serviço públicobônus de boas vindas cassinosaúde), com uma capacidadebônus de boas vindas cassino4 mil leitosbônus de boas vindas cassinoUTI no iníciobônus de boas vindas cassinomarço, precisou aumentar esse número às pressas para receber o que tem sido chamadobônus de boas vindas cassinoum "tsunami"bônus de boas vindas cassinopacientes, concentrados sobretudobônus de boas vindas cassinoLondres.

Os EUA, porbônus de boas vindas cassinovez, já tinham um grande estoquebônus de boas vindas cassinoleitosbônus de boas vindas cassinoUTI (96,5 mil, ou quase o dobro do Brasil, segundo dados cedidos pela Sociedade Americanabônus de boas vindas cassinoCuidados Críticos à BBC News Brasil), mas, mesmo assim, profissionaisbônus de boas vindas cassinosaúdebônus de boas vindas cassinoNova York, grande foco atual da pandemia, precisaram correr atrásbônus de boas vindas cassinomais camas para dar conta da demanda.

A Alemanha,bônus de boas vindas cassinocontrapartida, é vista como um exemplo relativamente bem-sucedido até agora: tem conseguido manter seu número altobônus de boas vindas cassinoleitosbônus de boas vindas cassinoUTI (cercabônus de boas vindas cassino34 por 100 mil habitantes, segundo levantamento do site Statista publicado na Forbes) relativamente vazios graças testesbônus de boas vindas cassinomassa e isolamento rápidobônus de boas vindas cassinopessoas infectadas.

"Tudo dependebônus de boas vindas cassinoachatarmos a curva", conclui Hugo Urbano ao comentar a situação brasileira perante a pandemia. "Se deixarmos o vírus livre, chegaremos ao colapso e vamos perder vidas que poderiam ser poupadas e que nos ajudariam a reconstruir o país mais tarde."

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