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Coronavírus: por que alguns países estão instruindo cidadãos a usar máscara — e o que se sabe sobre a eficácia delas?:165 bet
Nesta quinta-feira (02/04), o jornal O Globo noticiou que o estoque165 betequipamentos165 betproteção individual (como máscaras ou roupas especiais) do Ministério da Saúde já está zerado.
No entanto, alguns especialistas vêm argumentando que o uso165 betmáscaras pelo público165 betgeral também deveria ser estimulado como forma165 betconter a disseminação da doença, mesmo que não sejam máscaras cirúrgicas - o objeto, segundo eles, poderia até ser feito165 betcasa.
"A população deveria, sim, estar usando máscaras. Ao mesmo tempo, (a população) não pode usar máscaras que deveriam estar sendo direcionadas para profissionais165 betsaúde e outros que estão na linha165 betfrente - as máscaras N95 e as cirúrgicas. Há falta delas agora e seguirá havendo. Por isso, recomendo o uso165 betmáscaras caseiras", diz Joseph Allen, professor do Departamento165 betSaúde Ambiental da Universidade165 betHarvard e diretor do Programa165 betEdifícios Saudáveis da Escola165 betSaúde Pública Chan da universidade.
Reduzir transmissão
Esses especialistas ressaltam que higiene e distanciamento social são tão ou mais importantes, mas dizem que as máscaras são úteis principalmente para evitar que pessoas que têm o vírus o transmitam, e menos para proteger quem as usa.
A adoção165 betmáscaras não tem a ver apenas com orientações165 betgoverno, mas também com a cultura165 betcada país. Em algumas partes da Ásia, o uso da máscara tem sido o padrão, por exemplo, na China continental, Hong Kong, Japão, Tailândia e Taiwan.
Agora, alguns países europeus, onde o uso165 betmáscaras não é tão comum, começam a adotá-las. Em 19165 betmarço, a República Tcheca tornou obrigatório o uso165 betcobertura para o nariz e a boca165 betespaços públicos.
O governo austríaco anunciou nesta segunda-feira que vai tornar obrigatório o uso165 betmáscaras165 betsupermercados. Autoridades165 betsaúde dos Estados Unidos estão discutindo recomendar coberturas faciais para todos quando saírem165 betpúblico.
O tema também deve ser avaliado por um painel165 betconsultores da OMS,165 betmodo que a recomendação oficial pode mudar.
No Brasil, especialistas ouvidos pela BBC News Brasil dizem que a adoção pela população toda é recomendável, mas esbarra na baixa oferta.
Fernando Spilki, presidente da Sociedade Brasileira165 betVirologia, resume assim a questão: "se fosse possível recomendar a todos que usem máscaras, eu faria isso, afinal, não deixa165 betser uma barreira física contra a contaminação dos outros - é menos eficaz para a proteção165 betquem usa. No entanto, não há hoje produção165 betmáscaras para toda a população, e é mais importante que profissionais165 betsaúde tenham acesso. O que é preciso lembrar é que manter a distância das pessoas e lavar as mãos corretamente são medidas muito mais importantes para prevenir o contágio do que o uso165 betmáscaras", diz o médico à BBC News Brasil.
"Se for possível uma concessão165 betum número maior para uma determinada região, ótimo", diz Spilki. Sobre as máscaras caseiras, o virologista diz que podem ser mais um reforço na proteção.
A orientação do Ministério da Saúde também está mudando. Inicialmente, a pasta seguia a recomendação da OMS. Na terça-feira, o ministro Luiz Henrique Mandetta disse que seria elaborado um protocolo para produção165 betmáscaras.
O ministro reforçou que máscaras cirúrgicas e N95, produzidas pelas indústrias, devem ficar para profissionais165 betsaúde. "Quem fez estocagem domiciliar (...) é na unidade165 betsaúde que tem que ter", disse ele, e reforçou que o distanciamento social e a higiene são a melhor forma165 betconter a disseminação.
"Agora, o que cada um pode fazer para ajudar a baixar ao máximo a transmissão é diminuir bem a movimentação social."
165 bet Qu 165 bet ais 165 bet países estão usando máscara e por quê?
Em países asiáticos como China e Coréia do Sul, as pessoas foram encorajadas a usar máscaras e houve ampla distribuição delas.
O governo austríaco anunciou na segunda-feira que vai tornar disponíveis máscaras cirúrgicas na entrada165 betsupermercados e que o uso delas é obrigatório.
Ao anunciar que o governo daria máscaras a pessoas165 betsupermercados, o premiê austríaco, Sebastian Kurz, disse que haverá uma "tempestade" no país nas próximas semanas, se referindo ao número165 betcasos da doença, acrescentando que o objetivo a médio prazo é que as pessoas usem as máscaras165 betpúblico165 betmaneira mais geral.
Até o dia 30165 betmarço, a Áustria tinha tinha 8.813 casos confirmados e 86 mortes, segundo a OMS.
Embora as máscaras não protejam o usuário contra infecções, elas impedirão a transmissão por meios165 betespirros ou tosse, disse o premiê, segundo a agência165 betnotícias Reuters. Kurz disse também que a adoção deve ser ampliada no futuro.
"Seria um erro achar que essas máscaras protegem quem usa - definitivamente não é o caso. Mas o que pode ser garantido por isso é que não haja risco165 bettransmissão no ar. Ao usar a máscara, você pode proteger outras pessoas'', disse Kurz, segundo a imprensa internacional.
A República Tcheca passou a tornar obrigatório o uso165 betalgum tipo165 betproteção facial para qualquer pessoa que saia165 betpúblico. Como as máscaras cirúrgicas estão165 betfalta, o governo incentiva a produção caseira.
As autoridades dizem que a adoção165 betmáscaras está fazendo diferença crucial na capacidade do país165 betcontrolar a disseminação do vírus. Até 30165 betmarço a República Tcheca tinha 2829 casos confirmados e 16 mortes.
A BBC News Brasil tentou entrevistar representantes165 betambos países para entender qual era o embasamento científico para essas iniciativas, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.
A adoção165 betmáscaras também está sendo avaliada pelos Centros para Controle165 betDoenças (CDC) dos Estados Unidos.
Quais são os argumentos?
Segundo especialistas ouvidos pela BBC, não há uma grande quantidade165 betevidência científica165 betqualidade sobre o impacto positivo da adoção165 betmáscaras pela população165 betgeral, fora165 betambientes clínicos - há, sim, estudos que mostram que elas ajudam a evitar o contágio165 betprofissionais165 betsaúde165 bethospitais.
Em entrevista à revista especializada Science, George Gao, diretor-geral do Centro Chinês165 betControle e Prevenção165 betDoenças, disse, no entanto, que países estão cometendo um erro ao não adotarem o uso massivo165 betmáscaras.
"O grande erro nos EUA e na Europa, na minha opinião, é que as pessoas não estão usando máscaras. Este vírus é transmitido por gotículas e contato próximo. Essas gotículas desempenham um papel muito importante - você precisa usar uma máscara, porque quando você fala, sempre há gotas saindo da165 betboca", disse ele.
Gao afirmou que há muitas pessoas que carregam o vírus, mas não demonstram sintomas. Se elas usarem máscaras, diz Gao, "isso pode impedir que gotículas que transportam o vírus escapem e infectem outras pessoas."
O professor saúde pública e atenção primária KK Cheng, da Universidade165 betBirmingham, na Inglaterra, é um dos defensores da adoção165 betmáscaras pela população - qualquer máscara, mesmo as caseiras.
Antes165 betfalar sobre o assunto, ele lembra: "manter distância das pessoas e lavar as mãos são medidas cruciais neste momento. Usar uma máscara não quer dizer que você pode sair por aí com ela, ir ao bar. Não. Fique165 betcasa, proteja hospitais, salve vidas", disse.
Cheng prossegue e diz que a forma165 betpensar sobre o uso das máscaras é errada. "A questão é que as pessoas usam máscaras para proteger a si mesmas, quando na verdade elas funcionam muito melhor como uma forma165 betcontrolar a fonte da infecção (evitar contaminar outras pessoas). As infecções estão acontecendo principalmente por gotículas e por pessoas tocando áreas onde o vírus está e depois levando a mão ao rosto. As máscaras diminuem a quantidade165 betgotículas que saem das suas vias respiratórias. São barreiras físicas", diz ele.
"O negócio é o seguinte: se eu estou165 betmáscara, estou protegendo você. Se você está165 betmáscara, está me protegendo. Então, estaríamos todos protegidos. É como na direção: se eu dirigir com cuidado, protejo não só a mim, mas aos outros motoristas também".
Essa também é a mensagem principal165 betuma campanha digital iniciada na República Tcheca, intitulada #Masks4All (máscara para todos).
Na opinião165 betCheng, a questão do controle da fonte165 betcontágio é essencial porque muitas pessoas que estão com o vírus não manifestam sintomas.
"É difícil saber qual a proporção, mas não é desprezível. Você sabe que, se não fizermos nada, cada pessoa contamina165 betmédia165 bet2 a 3 outras. Se você diminuir pelo menos um pouco disso o tamanho da epidemia será muito menor. A máscara é perfeita? Não, não é. Mas ajuda", diz ele.
Perguntado sobre o que a ciência pode dizer sobre a eficácia da adoção165 betmáscaras, Cheng diz que não há uma visão consensual e conclusiva.
"Estudos clínicos disso são difíceis165 betfazer. Especificamente do novo coronavírus não há estudos, pois ele é muito recente. Mas o fato165 betnão haver provas165 betque é eficiente não significa que não seja eficiente. E há, sim, evidências mecânicas165 betque a máscara pode barrar gotículas", diz ele.
Cheng diz que165 betfato a questão da falta165 betoferta165 betmáscaras para profissionais165 betsaúde é um problema grave e isso deve ser levado165 betconta. Ele diz que máscaras caseiras podem ser um bom substituto. "Qualquer coisa pode ser uma barreira física", diz ele.
O professor Joseph Allen, da Universidade165 betHarvard, também defende as máscaras caseiras pelo mesmo motivo.
Há alguns motivos para adotar as máscaras caseiras. Em primeiro lugar, para ajudar a prevenir a disseminação do vírus por gotículas que saem quando tossimos e espirramos - se uma pessoa com o vírus, sintomática ou não, usar a máscara, isso é bom para quem está no entorno e também para evitar que superfícies sejam contaminadas".
Ele diz que as máscaras caseiras são menos eficazes do que a cirúrgica ou a N95, mas mesmo para quem está usando a máscara, podem ter alguns benefícios.
"Há estudos que mostram que camisetas165 bet100% algodão que viram máscaras têm eficácia165 bet50% a 70%, então podem não ser tão úteis, mas são melhores do que nada", diz ele.
"A máscara é mais uma medida que podemos tomar. Todas elas são importantes neste contexto165 betpandemia. Temos que minimizar riscos. Em primeiro lugar, fique165 betcasa. Evite contato próximo. Se você precisar sair165 betcasa, a máscara é mais uma linha165 betdefesa. Quero deixar claro que não substitui outras medidas, como lavar as mãos. Não é para parar o distanciamento social. É apenas mais uma medida diante do que estamos enfrentando. Temos que adotar todas as precauções possíveis", diz ele.
Outro motivo, continua, é comportamental: quando estamos165 betmáscaras, opina, nos lembramos165 betque não devemos tocar no rosto. "É uma barreira física, mas também um lembrete", afirma ele.
Além disso, é uma mensagem para os outros. "Mostra que você está consciente do que está acontecendo, que está preocupado165 betprotegê-los, então, se todos usarmos, pode ser uma forma165 betenfatizar todas as outras precauções que estamos tomando."
Por que a OMS e muitos especialistas não recomendam o uso da máscara?
Desde o início do surto165 betcoronavírus, a orientação da OMS para os países tem sido a mesma: devem usar máscaras aqueles que estão doentes e apresentam sintomas e aqueles que cuidam165 betpessoas com suspeita165 better o coronavírus. Mesmo assim, o uso deve ser acompanhado165 betdistanciamento social e higiene.
A organização dá uma série165 betjustificativas para isso. A máscara não é vista como uma proteção confiável. Ela pode proteger o usuário, mas apenas165 betdeterminadas situações, como quando você está próximo165 betalguém infectado e essa pessoa pode espirrar ou tossir perto do seu rosto.
Além disso, é preciso remover e descartar corretamente para que não haja risco165 betcontaminação. A máscara pode também gerar uma falsa sensação165 betsegurança no usuário.
Outro motivo importante é que não há produção165 betmáscaras o bastante para todo o mundo, e trabalhadores da saúde devem ter prioridade.
165 bet Então 165 bet , 165 bet o que devemos fazer agora?
O ministro da Saúde do Brasil, Luiz Henrique Mandetta, disse que a pasta elaboraria um manual para a produção165 betmáscaras caseiras. Ele reforçou que as máscaras cirúrgicas e a N95, a que protege melhor, sejam utilizadas apenas por trabalhadores da área165 betsaúde.
"Acho que máscaras165 betpano para comunitários funcionam muito bem como barreira. Não é caro165 betfazer, tem na internet. Lave com hipoclorito [de sódio], água sanitária, cândida, ou o nome que você conhece. Lave, seque, tenha quatro ou cinco, para uso pessoal, sua,165 betmais ninguém, você mesmo lava quando chegar165 betcasa", afirmou.
O ministro lembrou que há um problema165 betabastecimento165 betequipamentos165 betproteção para equipes médicas, por isso a população deve fazer suas próprias máscaras.
"Agora é lutar com armas que a gente tem. Não adianta a gente ficar lamentando. A gente vai ter que criar nossas armas. E as nossas armas vão ser como nós tivermos", disse ele. Até a publicação deste texto o manual não havia sido divulgado.
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