Coronavírus: custo alto pode deixar países mais pobres sem acesso a vacina contra covid-19:esporte365 oficial
"Precisamos que esta vacina esteja pronta", acrescenta.
'Distribuição desigual'
Mas já existem preocupações a respeitoesporte365 oficialcomo soluções como a da Inovio podem acabar sendo "monopolizadas" por países mais ricos.
Um dos que alertam para esse riscoesporte365 oficial"lacunaesporte365 oficialimunização" é o epidemiologista Seth Berkley. Ele é CEO da The Vaccine Alliance (Gavi), uma parceria globalesporte365 oficialsaúdeesporte365 oficialorganizações do setor público e privado comprometidasesporte365 oficialaumentar o acesso à imunizaçãoesporte365 oficial73 dos países mais pobres do mundo.
Entre seus membros está a Organização Mundial da Saúde (OMS).
"Precisamos discutir isso agora, mesmo que ainda não haja uma vacina disponível", diz Berkley à BBC.
"O desafio será garantir que haja vacinas suficientes para as pessoas que precisam dela nos países ricos, mas também para as que precisam nos países pobres. É claro que estou preocupado. Maus comportamentos sempre acontecem com mercadorias raras. Precisamos fazer a coisa certa aqui", acrescenta.
O temoresporte365 oficialBerkley não é infundado: o acesso desigual já ocorreu — e vem ocorrendo — com vacinas anteriores.
Recentemente, o jornal alemão Welt Am Sontag citou funcionários do alto escalão do governo para relatar que o presidente dos EUA, Donald Trump, tentou — e fracassou — garantir acesso exclusivo dos americanos a uma vacina que está sendo desenvolvida pela empresa alemãesporte365 oficialbiotecnologia CureVac.
Lacuna da hepatite B
Um excelente exemplo dessa lacunaesporte365 oficialimunização é a vacina contra a hepatite B, vírus que é a principal causaesporte365 oficialcânceresporte365 oficialfígado e é 50 vezes mais infeccioso do que o HIV, segundo a OMS.
Estima-se que 257 milhõesesporte365 oficialpessoasesporte365 oficialtodo o mundo viviam com hepatite Besporte365 oficial2015.
A imunização contra a doença tornou-se disponível nos países mais ricosesporte365 oficial1982, masesporte365 oficial2000 menosesporte365 oficial10% dos países mais pobres do mundo tinham acesso à vacina.
Criadaesporte365 oficial2000 por Bill e Melinda Gates, a Gavi ajudou a diminuir significativamente esse atraso com outras vacinas, graças a acordos com governos e empresas farmacêuticas.
Outro ator importante é a Coalition for Epidemic Preparedness Innovations (Coalizão para inovaçõesesporte365 oficialPreparação para Epidemias ou Cepi, na siglaesporte365 oficialinglês), uma agência da Noruega criadaesporte365 oficial2017 para financiar o desenvolvimentoesporte365 oficialvacinas usando dinheiroesporte365 oficialdoações públicas e privadas.
O Cepi defende abertamente o acesso igualitário às vacinas.
"Como a covid-19 demonstra, as doenças infecciosas ignoram completamente as fronteiras políticas", afirmou a instituição por meioesporte365 oficialum comunicado. "Não podemos prevenir ou conter uma ameaça globalesporte365 oficialdoenças infecciosas sem uma distribuição justaesporte365 oficialvacinas."
Acesso desigual
No entanto, a realidade ainda não é essa.
Um exemplo é o Gardasil, uma vacina criadaesporte365 oficial2007 pelo laboratório americano Merck para combater o vírus do papiloma humano (HPV).
Em 2014, autoridades americanas liberaram seu uso.
O HPV está por trás da maioria dos casosesporte365 oficialcâncer cervicalesporte365 oficialtodo o mundo, mas, até o ano passado, as vacinas só estavam disponíveis para 13 paísesesporte365 oficialbaixa renda (o Brasil é um dos países que oferecem a vacina contra o HPV na rede pública, para meninasesporte365 oficial9 a 14 anos e meninosesporte365 oficial11 a 14 anos).
O culpado? Uma escassez global causada pela crescente demanda.
Isso apesaresporte365 oficial85% das mortes globais por câncer do colo do útero ocorreremesporte365 oficialpaísesesporte365 oficialdesenvolvimento.
Para entender por que essa escassez acontece, é preciso analisar o mercado das vacinas.
'Galinha dos ovosesporte365 oficialouro'
As vacinas não são a "galinha dos ovosesporte365 oficialouro" da indústria farmacêutica — enquanto o mercado globalesporte365 oficialprodutos farmacêuticos valia US$ 1,2 trilhãoesporte365 oficial2018 (últimos dados disponíveis), elas somaram cercaesporte365 oficialUS$ 40 bilhões no mesmo período.
Essa disparidade é um reflexoesporte365 oficialcomo esse setor específico envolve muito mais riscos do que outros tiposesporte365 oficialmedicamento.
As vacinas têm custos mais altosesporte365 oficialpesquisa e desenvolvimento e regulamentações muito mais complexasesporte365 oficialrelação a seus testes.
Além disso, as agênciasesporte365 oficialsaúde pública, seus principais clientes, compram doses a preços mais baixos do que os clientes particulares.
Isso geralmente torna as vacinas menos lucrativas que os medicamentos comuns - especialmente aquelas que são aplicadas apenas uma vez na vida.
Nos Estados Unidos, o númeroesporte365 oficialfabricantesesporte365 oficialvacinas caiuesporte365 oficial26esporte365 oficial1967 para cincoesporte365 oficial2004 , quando as empresas começaram a se concentrar cada vez maisesporte365 oficialtratamentos e nãoesporte365 oficialprevenção.
No entanto, desde então, o cenário vem mudando. Graças a financiamentosesporte365 oficialinstituições e pessoas como Bill e Melinda Gates, que doaram bilhõesesporte365 oficialdólares para aumentar a cobertura vacinal nos últimos anos, a demanda por esses produtos aumentou.
Vacinasesporte365 oficialgrande sucesso
A indústria obteve notável sucesso comercial com inovações como a Prevenar, uma vacina usada para proteger crianças e adultos contra as bactérias que causam pneumonia.
Em 2019, a Prevenar foi um dos 10 medicamentos mais vendidosesporte365 oficialtodo o mundo, arrecadando US$ 5,8 bilhões, segundo a revista científica Nature.
Fabricada pela Pfizer, essa vacina vendeu mais que o medicamento mais famoso desse laboratório: o Viagra.
Enquanto nos países mais pobres da Gavi uma dose únicaesporte365 oficialPrevenar custa menosesporte365 oficialUS$ 3, graças a acordosesporte365 oficialcompra antecipada (um compromissoesporte365 oficialcomprar grandes quantidadesesporte365 oficialvacinas, o que reduz o preço por dose), os preços aumentam para US$ 180 nos Estados Unidos.
No Reino Unido, a vacinaesporte365 oficialHPV, tomadaesporte365 oficialduas doses e coberta gratuitamente pelo sistemaesporte365 oficialsaúde apenas para meninas e meninosesporte365 oficial12 e 13 anos, custa US$ 351.
O preço do Gavi é muito inferior: US$ 5.
Preocupações com o livre mercado
Portanto, para os laboratórios farmacêuticos, há lucros maioresesporte365 oficialmercados mais ricos.
As companhias veem essa oportunidade como uma formaesporte365 oficialrecuperar os imensos custosesporte365 oficialpesquisa e desenvolvimento.
A Associação da Indústria Farmacêutica do Reino Unido estima que o desenvolvimentoesporte365 oficialuma nova vacina possa custar até US$ 1,8 bilhão.
"Se deixarmos o mercado ditar as regras, apenas pessoasesporte365 oficialpaíses ricos terão acesso a uma vacina para covid-19", explica à BBC Mark Jit, professor da Escolaesporte365 oficialHigiene e Medicina Tropicalesporte365 oficialLondres.
"Vimos isso com muitas vacinas no passado, mas dessa vez enfrentamos uma tragédia muito maior se isso acontecer novamente."
Além disso, apesar das baixas margensesporte365 oficiallucro, grandes empresas farmacêuticas, como Pfizer e Merck, são responsáveis por 80%esporte365 oficialtodas as vendas globaisesporte365 oficialvacinas,esporte365 oficialacordo com dados da OMS.
É mais que provável, então, que esses gigantes da áreaesporte365 oficialsaúde participemesporte365 oficialuma vacina contra o coronavírus.
"Eles podem não desenvolver a ideia original, mas são os que têm mais poder financeiro para criar a vacina", diz à BBC Ana Nicholls, analista da indústria farmacêutica da Economist Intelligence Unit, unidadeesporte365 oficialinteligência da revista britânica The Economist.
Consenso
Sendo assim, a Inovio, por exemplo, terá que costurar uma parceria com uma empresa farmacêutica para aumentar a produção para o nívelesporte365 oficialcentenasesporte365 oficialmilhõesesporte365 oficialdoses, casoesporte365 oficialvacina contra o coronavírus seja bem-sucedida.
As grandes empresas do setor se comprometeram publicamente a trabalhar no acesso universal a vacinas nos últimos anos.
A GlaxoSmithKline (GSK) do Reino Unido, um dos maiores laboratórios farmacêuticos do mundo, está envolvidaesporte365 oficialvárias parcerias para desenvolver vacinas contra covid-19.
"Derrotar a covid-19 requer um esforço coletivoesporte365 oficialtodos os que trabalham na área da saúde", afirmou a CEO da empresa, Emma Walmsley, por meioesporte365 oficialum comunicado.
"Acreditamos firmemente que colaborações entre cientistas, indústria, reguladores, governos e profissionaisesporte365 oficialsaúde ajudarão a proteger as pessoas e a fornecer soluções globais para essa pandemia".
Seth Berkley, da Gavi, diz acreditar que esse consenso será fundamental se quisermos evitar uma "lacunaesporte365 oficialimunização".
"É claro que o acesso universal não acontecerá imediatamente. Mas isso não pode gerar uma situaçãoesporte365 oficialque as pessoas só recebam a vacina com base emesporte365 oficialcapacidade financeira", acrescenta. "Se nos esquecermos daqueles que mais precisam, a epidemia continuará."
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