'Bolsonaro debochou da saúde pública': médicas que protestaram contra Dilma agora contam por que fazem panelaço:bonus bet7k

Sombrasbonus bet7kduas pessoasbonus bet7kapartamentos diferentes batendo panela da varanda

Crédito, EPA/Thiago Bernardes

Legenda da foto, Panelaço estava marcado para as 20h30 desta quarta-feira (18), mas começou mais cedobonus bet7kdiversos bairros da capital paulista

Eleitorabonus bet7kBolsonarobonus bet7k2018, a cirurgiã conta que ainda se considerava uma apoiadora até alguns dias atrás — quando o presidente compareceu a uma manifestação a favor do governo e cumprimentou diversos seguidores pouco tempo depois do Ministro da Saúde ter aconselhado as pessoas a evitarem aglomerações.

"Eu fui me decepcionando com ele gradualmente desde a eleição, mas para mim a gota d'água, como profissionalbonus bet7ksaúde, foi ver ele apoiando os protestos do dia 15", conta a BBC News Brasil.

"Muitas pessoas ainda têm receiobonus bet7kaderir às medidas sanitáriasbonus bet7kurgência porque ele criou essa narrativabonus bet7kque não é nada demais,bonus bet7kque é histeria. Porque apesarbonus bet7kele negar, ele incentivou sim, quando foi lá e quando disse que o povo é valente (por ir às ruas). Ele debochou dos médicos e da saúde pública", afirma Juliana.

A médica Juliana Pacheco

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Natália foi aos protestos contra Dilma e agora fez panelaço contra Bolsonaro

A médica paulista Elisa Freitas conta que foi a favor do impeachment, fez campanha por Bolsonarobonus bet7k2018 e agora "foi obrigada a volta a bater panela".

"Eu já não gostava da grosseria, dos discursos, mas achei que o Bolsonaro teria políticas melhores do que o PT porque tinha um bom time, como o Sérgio Moro e o Paulo Guedes", diz Elisa.

"(A forma) como ele desrespeitou o próprio ministro (da Saúde, Luiz Henrique Mandetta) mostra que não está preocupado com a crise (do coronavírus), quebonus bet7katitude é só política."

As duas médicas não são as únicas ex-apoiadoras a mudarbonus bet7kopinião diante da resposta do presidente à crise. Diversas figuras públicas da base do presidente, como a deputada Janaína Paschoal, criticarambonus bet7kpostura, e uma análise da Diretoriabonus bet7kAnálisebonus bet7kPolíticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV-DAPP) mostra que o apoio a Bolsonaro perdeu espaço nas redes nos últimos dias.

Segundo o monitoramento da FGVbonus bet7k12,5 milhõesbonus bet7kpostagens no Twitter, o eixobonus bet7kapoio a Bolsonaro, que antes dos protestos reunia 12% das interações, caiu para 6,5%bonus bet7kparticipação até quarta (18).

A FGV diz também que identificou 370 mil tuítes entre as 18hbonus bet7kquarta (18/3) e as 2hbonus bet7kquinta (19) associados aos "panelaços" mobilizados tanto por críticos quanto por apoiadores do presidente.

"As hashtagsbonus bet7kengajamento contra o presidente geraram, nesse período, 220,5 mil tuítes, enquanto as menções pró-Bolsonaro acumularam 152,4 mil publicações", diz a análise da FGV-DAPP.

Entre os perfis a favorbonus bet7kBolsonaro, a mobilização foi organizada a partir da hashtag #panelaçocontraaesquerda, que teve 126,5 mil tuítes.

'Obrigaçãobonus bet7kdar o exemplo'

"Como médica (quando eu vi o presidente na multidão), meu sentimento foibonus bet7kultraje a angústia, a repulsa", diz Juliana Pacheco, que desde sexta (13) ela está com sintomas leves da doença e diz que ao menos oito colegas, também médicos, estão na mesma situação.

"Como chefebonus bet7kEstado, Bolsonaro tem a responsabilidadebonus bet7kdar o exemplo. As pessoas são influenciadas pelo discurso dele. (Isso) vai aumentar a demanda na saúde, (a contaminação) podia ser pra menos pessoas, menos grave", afirma.

Juliana diz que seus sintomas são leves e quebonus bet7kgrande preocupação é com os colegas que vão estar na linhabonus bet7kfrente do atendimento.

"Minha maior preocupação ébonus bet7krelação aos meus colegas médicos, enfermeiros, profissionaisbonus bet7ksaúde", diz Juliana. "Li um artigo (da Ordem dos Médicosbonus bet7kPortugal) que diz que 20% das pessoas infectadas são profissionaisbonus bet7ksaúde. Esses profissionais vão estar expostos à doençabonus bet7kambiente com pessoas com uma alta carga viral, altamente infectado, sob estresse e privaçãobonus bet7ksono, que diminui a imunidade."

A médica Natália Freire

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Juliana diz que não concorda com as decisões políticasbonus bet7kBolsonaro, por isso paroubonus bet7kapoiá-lo

Sua colegabonus bet7kprofissãobonus bet7kBragança, Natália Freire, afirma que a resposta do presidente à crise agrava a situação.

"A postura dele frente à pandemia, só posso dizer que é um absurdo. Me parece que ele não tem consciência mesmo do nívelbonus bet7kinfluência que ele tem sobre as pessoas. Parece que nem imagina o quantobonus bet7kopinião ou seu comportamento influencia a nação e o mundo. Se ele sabe e continua fazendo, é dignobonus bet7kuma avaliação psiquiátrica mesmo", afirma Natália Freire.

"A atitude dele estimulou um bandobonus bet7kgente a não levar a sério os riscos. Assim que ele decidiu descer para cumprimentar, endossou esse estímulo", diz ela.

Elisa Freitas diz que ficou descontente logo nos primeiros mesesbonus bet7kgoverno e já havia paradobonus bet7kdefender o governo há bastante tempo, mas que agora está ativamente protestando contra. "Essa atitude irresponsável diantebonus bet7kuma crise sériabonus bet7ksaúde pública é o fim, o fim."

Bolsonaro aparece cumprimentando dezenasbonus bet7kseguidores do outro ladobonus bet7kcerca, vários deles com as mãos estendidas

Crédito, SERGIO LIMA/AFP via Getty Images

Legenda da foto, Em foto do último domingo (15), o presidente cumprimentou diversos seguidoresbonus bet7kmeio a pandemiabonus bet7kcoronavírus

Contra Dilma e contra Bolsonaro

Natália Freire conta que nunca foi apoiadorabonus bet7kBolsonaro, mas, assim como Juliana e Elisa, está no grupobonus bet7kpessoas que estiveram nos protestos contra Dilma e agora engrossam o coro contra Bolsonaro.

Natália diz que foi às ruasbonus bet7k2016 contra Dilma e Lula por achar que o ex-presidente petista é "um dos piores bandidos que tem no Brasil".

"Ele mente muito, ele manipula muito e, naquela época, e antes, para colocar a Dilma, ele incentivou muito o ódio entre as classes sociais, entre sudeste e nordeste", diz ela, que afirma reprovar Bolsonaro da mesma forma.

"Eu não gostobonus bet7knenhum dos dois", afirma ela.

Natália, no entanto, diz que dessa vez não quer um impeachment. "Participei do panelaço como protesto, não como pedidobonus bet7kimpeachment. Mourão como presidente não dá não", afirma.

Já Elisa diz ter batido panela principalmente por desejar um impeachment. "Fora Bolsonaro não é forçabonus bet7kexpressão! Antes era contra porque não seria bom para a economia, mas diante dessa crise (de saúde), a economia já vai sofrer. Melhor termos um presidente sério."

Juliana também apoia um impeachment, mas explica que é crítica da postura do presidente individualmente, e considera que parte da administração está fazendo um bom trabalho.

"Eu tenho apreço pelo Ministro da Saúde, que está fazendo um trabalho exemplar. No pronunciamentobonus bet7khoje ele tentou moralizar o presidente, mas quando ele recebia o microfone parecia uma pessoa totalmente irracional", diz.

"Quando você tem algo como uma pandemia, dessa proporção, uma ameaça real, um chefebonus bet7kEstado não pode relativizar a importância, ter espaço no discurso para ficar atacando. (Bolsonaro) está totalmente fora do compasso do que está acontecendo", diz ela.

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