'Luto para que Lula e Huck estejam juntos, ao menos no 2º turno', afirma Dino sobre 2022:bet aceita pix

Flávio Dino

Crédito, Felix Lima/BBC News Brasil

Legenda da foto, Governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), não quer que a esquerda brasileira chegue ao pleitobet aceita pix2022 isolada

Seu desejobet aceita pixjuntar lideranças como Huck e Lula, no entanto, parece difícilbet aceita pixser concretizado, já que o apresentador disse no segundo turnobet aceita pix2018 que "no PT jamais votei e nunca vou votar", enquanto o petista tem adotado um discurso menos moderado que o que lhe permitiu vencer a eleiçãobet aceita pix2002 e, recentemente, chegou a comparar a cobertura jornalística da Globo ao nazismo.

Apesar disso, Dino manteve seu tom otimistabet aceita pixentrevista à BBC News Brasil, argumentando que "as pessoas mudam".

"Eu espero e luto para que seja possívelbet aceita pix2022 uma articulaçãobet aceita pixque, se não no primeiro turno, mas pelo menos no segundo, todos estejam juntos. Eu acredito nisto", afirmou, após ser questionado sobre quem escolheria entre Lula e Huck.

O governador celebrou o fato do apresentadorbet aceita pixTV estar se aproximandobet aceita pixagendas tradicionalmente apoiadas pela esquerda. Em artigo recente no jornal Folhabet aceita pixS.Paulo, Huck defendeu que o Estado brasileiro aumente os impostos sobre gruposbet aceita pixmaior renda, amplie a redebet aceita pixproteção social e priorize a educação pública.

"É preciso ser muito pequeno e não priorizar o país para achar negativo que outras pessoas migrem para posições mais próximas às nossas", afirmou.

Lula

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Apesar das declarações acaloradasbet aceita pixLula (foto) e Huck, Dino diz torcer para que estejam juntosbet aceita pix2022

"Acredito que o Brasil avançou quando,bet aceita pixoutros momentos da vida do nosso país, nós fizemos alianças que envolveram a esquerda e setores que não pensambet aceita pixacordo com nosso ideário, (com) pensamentos liberais, mais pró-mercado", ressaltou ainda, lembrando os governosbet aceita pixGetúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Lula, este último eleito com um grande empresário como vice, José Alencar.

Confira a seguir a entrevista, concedida na quinta-feira (13/02),bet aceita pixque Dino responde também sobre a dificuldadebet aceita pixreduzir a miséria no Maranhão, seu apoio ao acordo com os Estados Unidos para viabilizar o uso comercial da Basebet aceita pixAlcântara, e o debate dentro do seu partido — o Partido Comunista do Brasil — para mudarbet aceita pixnome e reciclarbet aceita piximagem.

"Você não pode ficar preso a modelos, paradigmas,bet aceita pixdois séculos atrás e achar que isso dialoga com a realidade, até porque o mundo do trabalho hoje não é feito, graças a Deus, à basebet aceita pixfoice e martelo", diz,bet aceita pixreferência ao histórico símbolo do comunismo.

bet aceita pix BBC News Brasil - O senhor e outras liderançasbet aceita pixesquerda, desde 2014 ao menos, falam na formaçãobet aceita pixuma frente amplabet aceita pixforças políticas. Inicialmente, seria uma frentebet aceita pixesquerda, agora fala-se numa frente contra retrocessos democráticos. Qual a dificuldadebet aceita pixtirar isso da teoria?

bet aceita pix Flávio Dino - Nós já fizemosbet aceita pixoutros momentos amplas uniões (de forças políticas),bet aceita pixacordo com as conjunturas. Mesmo internacionalmente nós temos exemplos muito virtuosos. Posso citar a Concertación chilena (uniãobet aceita pixpartidos políticos que se articulou contra a ditadurabet aceita pixAugusto Pinochetbet aceita pix1988 e venceu eleições presidenciais na décadas seguintes), a Frente Ampla uruguaia (coalizão que elegeu os presidentes Tabaré Vázquez e José Mujica), mais recentemente a aliança que chegou ao governobet aceita pixPortugal, e na Espanha também. Então, esse caminho da unidade é um caminho que tem trazido vitórias ao programabet aceita pixmudanças,bet aceita pixtransformação social que nós defendemos.

No caso brasileiro, nós temos conquistas históricas que foram frutobet aceita pixalianças amplas. Podemos lembrar desde Getúlio Vargas, que era sustentado por uma aliança do PTB com o PSD, que era o partido mais ao centro, e toda a esquerda praticamente, e nos legou uma sériebet aceita pixferramentas fundamentais para o desenvolvimento. E mais recentemente o próprio período do governo do presidente Lula, tendo o José Alencar (empresário mineiro já falecido) como vice.

Flávio Dino durante entrevista à BBC

Crédito, Felix Lima/BBC News Brasil

Legenda da foto, "Eu discordo da visão segundo a qual a frente ampla não sai do papel", diz Dino

De modo que a frente ampla já existiu na prática. Nós estamos defendendo que ela se reconstrua para algumas tarefas determinadas. Ela não é necessariamente uma frente eleitoral, mas sim uma frentebet aceita pixproteçãobet aceita pixvalores e direitos.

Neste momento, nós temos uma jornalista (Patrícia Campos Mello, do jornal Folhabet aceita pixS.Paulo) brutalmente massacrada, vítimabet aceita pixuma violência moral inominável, e existe hoje uma frente amplabet aceita pixdefesa da liberdadebet aceita piximprensa, e da dignidade mesmo dos jornalistas e jornalistas.

Podemos lembrar recentemente também o vídeobet aceita pixinspiração nazista divulgado por uma alta autoridade do governo federal (o ex-secretáriobet aceita pixCultura Roberto Alvim, demitidobet aceita pixseguida), quando também se formou uma frente ampla (em rechaço ao vídeo).

Eu discordo da visão segundo a qual a frente ampla não sai do papel. Sim, ela já saiu. Ela existe para algumas tarefas. Eleitoralmente, é um processo mais difícilbet aceita pixconstrução. E aí nós vamos modulando a amplitude com a qual ela será constituída daqui para 2022, à luz do próprio processo.

Eu acho que há uma convicção hoje praticamente universal no campo da esquerdabet aceita pixque é necessária essa união. Então, nós teremos certamentebet aceita pix2022 uma frente política plural disputando as eleições, representando o pensamento progressista no Brasil. Eu tenho muito otimismo, que acho que nós estamos avançando e vamos continuar avançando.

bet aceita pix BBC News Brasil - Para esclarecer o público da BBC News Brasil, o senhor estava falando sobre a jornalista do jornal Folhabet aceita pixS.Paulo Patrícia Campos Mello. Há poucos dias, na Comissão Parlamentar Mistabet aceita pixInquérito que está investigando as disseminaçãobet aceita pixnotícias falsas (fake news), uma testemunha disse que ela teria se insinuado sexualmente sem demonstrar provas, e a própria repórter trouxe evidênciasbet aceita pixque isso é uma mentira.

bet aceita pix Dino - E, no caso, você vê que esse ato hediondo foi execrado e reprovado pela esquerda, por parlamentares progressistas, mas também pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Isso eu chamobet aceita pixfrente ampla, uma solidariedade mais ampla e isolando esses setores que cultuam a violência e o ódio como prática política. Por isso é importante essa união.

bet aceita pix BBC News Brasil - É claro que seu campo político gostaria que isso se tornasse uma frente também com capacidadebet aceita pixvencer eleições, sejabet aceita pix2020, sejabet aceita pix2022. E é nisso que está parecendo haver uma certa dificuldade. Em 2002, Lula foi eleito presidente numa versão "Lulinha paz e amor", com uma ampla aliança. Ele hoje tem um discursobet aceita pixmais confrontação política. Para essa Frente Ampla ganhar corpo eleitoral seria importante Lula voltar a uma versão "paz e amor", mais moderada?

bet aceita pix Dino - Eu tive uma conversa com o presidente Lula e identifiquei nele muitas convicções na direção que temos defendido, no sentido da ampliação do nosso campo político,bet aceita pixretomadabet aceita pixum programa que fale para o futuro do Brasil, um programabet aceita pixdesenvolvimento, que evidentemente recupere marcas exitosas do próprio período do qual ele foi presidente, mas que também tenha um dinamismo novo.

Então, eu também tenho a visãobet aceita pixque, progressivamente, o PT, que é elemento fundamentalbet aceita pixqualquer articulação do campo progressista, democrático, popular do Brasil, da esquerdabet aceita pixmodo geral, o próprio presidente Lula como a principal liderança popular do país, vão ajudar ainda mais para que isso aconteça.

Eu não vejo com obstáculo ou empecilho, até porque, como a história demonstra, ebet aceita pixpergunta frisa isso, a vitóriabet aceita pix2002 derivoubet aceita pixuma sériebet aceita pixfatores, entre os quais a presença do Zé Alencar na Vice-presidência da República, um empresário bem-sucedido e que naquele momento ajudou que houvesse a compreensãobet aceita pixque não haveria rupturas radicais (com a eleiçãobet aceita pixLula), e sim reformas necessárias, que o Brasil continua a precisar, reformas no sentidobet aceita pixproteção aos mais pobres.

Nós vimos essa declaração desastrosa (sobre o câmbio alto e a impossibilidadebet aceita pixempregadas domésticas viajarem à Disney), do atual ministro da Economia, Paulo Guedes, mostrando como essa agenda social é tão necessária, tão premente, pelo desemprego alto, mas também por esses preconceitos, que daqui e acolá emergem. De modo que eu acho que uma coalização programática estábet aceita pixandamento na esquerdabet aceita pixum modo geral, e o presidente Lula e o PT participam disso.

Paulo Guedes

Crédito, Valter Campanato/Agência Brasi

Legenda da foto, Falabet aceita pixGuedes sobre domésticas irem à Disney teve repercussão negativa na semana passada

bet aceita pix BBC News Brasil - Mas, como eu coloquei, Lula não parece estar tão moderado como antigamente, o que,bet aceita pixcerta forma, permitiu essa ampla aliançabet aceita pix2002. Por exemplo, recentemente Lula comparou a cobertura da Globo ao nazismo por, na avaliação dele, não dar muito espaço às revelações da sériebet aceita pixreportagens Vaza Jato, do site Intercept Brasil. O senhor concorda com esse tipobet aceita pixdeclaração? Acha que ela ajuda nessa frente ampla?

bet aceita pix Dino - Nós precisamos compreender que houve um processo muito duro, muito difícil, marcado por muitas ilegalidades, desde o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Não faço aqui juízobet aceita pixvalor,bet aceita pixmérito, quem foi a favor, quem foi contra.

Como professorbet aceita pixdireito constitucional, eu tenho convicção profundabet aceita pixque não havia nenhuma base legítima juridicamente falando para o impeachment. E logobet aceita pixseguida (houve) a condenação igualmente infundada, sem provas, sem razão que acabou levando o presidente Lula a uma prisão arbitrária, ilegal.

Evidentemente, há um sentimento justobet aceita pixindignação. Mas, creio que isso não atrapalhe objetivamente o processo (de frente ampla) na medidabet aceita pixque nós vimos agora, na comemoração aos 40 anos do Partido dos Trabalhadores (em um evento no Riobet aceita pixJaneiro),bet aceita pixque o presidente nacional do PDT, o presidente nacional do PSB, representantes do PSOL, do PCdoB, e outras agremiações políticas estiverem presentes.

Acredito que há um reposicionamento que progressivamente vai se afirmando,bet aceita pixque a natural indignação continue evidentemente a se manifestar, mas ela não vai, na minha visão, atrapalhar esses movimentos mais abertos, que são necessários, para que a gente recupere a hegemonia política do país e consigamos vencer as eleições jábet aceita pix2020 e sobretudobet aceita pix2022.

bet aceita pix BBC News Brasil - Mas essa indignação justifica essa falabet aceita pixLula contra o maior canalbet aceita pixtelevisão do país? Enquanto o presidente Jair Bolsonaro considera a empresa "Globolixo", a liderança do outro campo chamabet aceita pixnazista?

bet aceita pix Dino - Eu não daria essa declaração e não concordo com ela. Não sei exatamentebet aceita pixque circunstância foi, mas eu, muito seguramente, não compartilho dessa visão. Embora, naturalmente tenha críticas legítimas como cidadão a atitudes A ou B (da Rede Globo), mas jamais evidentemente consideraria que neste momento nós temos na mídia institucional, comercial, do país alguma atitude nazista.

Pelo contrário, o bolsonarismo sim que tem sido esse extremismo e acho quebet aceita pixlarga medida a imprensa, essa institucionalizada, comercial, tem tido um papel importante atébet aceita pixcontençãobet aceita pixcertas perspectivas profundamente autoritárias e extremistas que o presidente da República e outros têm verbalizado.

bet aceita pix BBC News Brasil - O senhor tem dito que ainda falta muito para a eleiçãobet aceita pix2022. Embora não haja nada ainda decididobet aceita pixsua parte, o senhor tem pretensõesbet aceita pixse candidatar à Presidência?

bet aceita pix Dino bet aceita pix - Eu nunca colocobet aceita pixtermosbet aceita pixpretensões, primeiro porque eu acho que seria uma atitude pretensiosa. Eu acho que a Presidência da República é uma função tão nobre, tão especial, e, portanto, tão elevada, que você não pode almejar individualmente. Um processobet aceita pixtransformações nunca é conduzido individualmente, embora os indivíduos tenham um papel importante.

Então, eu preciso sempre olhar o conjunto. E nesse momento eu acho que seria desagregador da minha parte, e nesse papel que eu tenho procurado exercerbet aceita pixamplitude,bet aceita pixconversar com todo mundo, você colocarbet aceita pixsaída qualquer tipobet aceita pixatitude dessa natureza. Daqui ebet aceita pixacolá, claro, há lembranças (ao meu nome), ótimo. Alguns defendem, ótimo. Não é algo que eu diga que é negativo. Obviamente que não. Mas não é uma ideia que conduza a minha vida.

Flavio Dino

Crédito, Felix Lima/BBC News Brasil

Legenda da foto, Dino diz que acha possível se candidatar à Presidência ou Senadobet aceita pix2022

A ideia que conduz a minha vida é sobretudo o governo do meu Estado, as políticas sociais, amenizar os efeitos da crise. Esse é o meu foco. E, nacionalmente, conversar, dialogar, (debater) programa, frente ampla, e lá na frente a gente vai ver (quem será candidato).

Eu não tenho nenhum objetivo pessoal que eu rejeite qualquer candidatura do nosso campo. Aquele que tiver, ou aqueles que tiverem eventualmente a honrabet aceita pixrepresentar nosso programa, farei como fiz com Haddad (na eleiçãobet aceita pix2018). Fiz campanha, defendi, fui para rua no primeiro e segundo turno, e tivemos no Maranhão praticamente a maior vitória no paísbet aceita pixHaddad sobre Bolsonaro.

bet aceita pix BBC News Brasil - O senhor conclui seu segundo mandatobet aceita pixgovernadorbet aceita pix2022. Partindo da premissabet aceita pixque o senhor vai continuar na vida política, o senhor vai decidir entre uma possível candidatura à Presidência, à Vice-Presidência ou ao Senado?

bet aceita pix Dino - São alternativas possíveis, todas elas, abstratamente possíveis. E são caminhos que só é possível decidir claramentebet aceita pix2022. Agora, é meu desejobet aceita pixfato continuar essa atuação política, até porque eu escolhi isso.

Eu era juiz federal por maisbet aceita pixdoze anos, deixeibet aceita pixser porque acreditava na política como uma ferramentabet aceita pixjustiça social. Acho que seria incoerente com essa atitudebet aceita pixrenúncia que tive no passado agora renunciar novamente (à carreira política). Então, devo continuar a buscar, se houver apoio popular, exercer outros mandatos. Pode ser qualquer um deles,bet aceita pixmodo que muito provavelmente, por imposição legal, quando chegarbet aceita pixabrilbet aceita pix2022, eu devo me desincompatibilizar do exercício do governo e buscar alguma outra candidatura.

bet aceita pix BBC News Brasil - O senhor recentemente se encontrou, separadamente, com Lula e o apresentador Luciano Huck, duas pessoas que não dialogam. Huck, no segundo turno da eleição, disse que nunca votou nem nunca votaria no PT. Já Lula tem criticado as pretensões eleitorais do apresentador, dizendo que ele representa a Rede Globo. Com qual deles é mais provável o senhor estar juntobet aceita pixuma aliançabet aceita pix2022?

bet aceita pix Dino - Eu espero e luto para que seja possívelbet aceita pix2022 uma articulaçãobet aceita pixque, se não no primeiro turno, mas pelo menos no segundo, todos estejam juntos. Eu acredito nisto. Acredito que o Brasil avançou quando,bet aceita pixoutros momentos da vida do nosso país, nós fizemos alianças que envolveram a esquerda e setores que não pensambet aceita pixacordo com nosso ideário, (como) pensamentos liberais, mais pró-mercado.

Nós já vivemos issobet aceita pixvários momentos. Ninguém pode imaginar que o vice-presidente José Alencar, ou mesmo Juscelino Kubitschek, eram socialistas. Não eram. E ambos prestaram um grande papel ao país. Então, eu acho que a beligerância que há hoje não necessariamente vai existir amanhã. Eu acredito que é possível sim quem sabe,bet aceita pixalgum momento, se nãobet aceita pixprimeiro turno,bet aceita pixsegundo turno, juntar todos esses que você mencionou, e mais alguns outros. Porque se nós não fazemos frente ampla do nosso lado, o outro lado faz frente ampla e nos derrotabet aceita pixnovo.

O que nos derrotoubet aceita pix2018? O Haddad era um candidato incomparavelmente mais preparado para o exercício da Presidência da República do que o atual presidente Bolsonaro. Perdeu porque do ladobet aceita pixlá, movidos por uma sériebet aceita pixfatores, se formou uma ampla frente que derrotou o Haddad. É da lógicabet aceita pixeleiçõesbet aceita pixdois turnos. Eu me espanto que às vezes eu mesmo tenho sofrido críticasbet aceita pixuns ebet aceita pixoutros dizendo "ah, frente ampla vai diluir o programa (da esquerda)". Mas se a gente não faz aqui, fazem lá e nos vencem.

Então, eu acredito que é claro que a oposição é importante, como eu tenho sido inclusive, fuibet aceita pixvários momentos no meu Estado e agora também na questão nacional, mas a oposição é boa quando ela se habilita a ser governo amanhã.

Então, eu quero que nosso campo político, o progressismo brasileiro, o campo democrático do Brasil, vença as eleiçõesbet aceita pix2022. E para isso é essencial que nós agreguemos para além da esquerda. E esse é meu objetivo.

bet aceita pix BBC News Brasil - Em 2018, Huck deixou bem claro que não se alinharia ao PT nem num segundo turno.

bet aceita pix Dino - Mas as pessoas mudam.

bet aceita pix BBC News Brasil - Mas num primeiro turno com quem seria mais provável o senhor estar alinhado?

bet aceita pix Dino - Claro que nosso campo natural, histórico... lembremos que o Brasil viveu, desde a redemocratização, oito eleições presidenciais e,bet aceita pixoito eleições presidenciais, o PCdoB esteve com o PT. Então, é claro que o nosso alinhamento, caso se produza uma dualidade dessa natureza, é claro que nosso caminho natural é do campo mais da esquerda, a aliança com o PT, que ébet aceita pixfato o partido que conduz, que lidera a esquerda brasileira há algumas décadas.

Então, esse é o nosso leito natural. Isso é fundamental, mas não é suficiente. Ou seja, muito bem, o PCdoB esteve junto com o PTbet aceita pix2018 na candidatura do Haddad. Perdemos, então temos que extrair lições disso. Uma delas é que você tem que atrair outras forças.

bet aceita pix BBC News Brasil - Luciano Huck é mais alinhado com a agenda econômica liberal do ministro Paulo Guedes. Por outro lado, ele publicou no início do mês um artigo que defende diversas bandeiras que costumam ser associadas à esquerda, como aumentar impostos sobre osbet aceita pixmaior renda, ampliar redebet aceita pixproteção social e priorizar a educação pública. Qualbet aceita pixleitura sobre a movimentação dele?

bet aceita pix Dino - Eu acho que ele faz um trânsito importante hoje entre posições mais ultraliberais, ou neoliberais, para uma (visão de) social democracia, com essa compreensãobet aceita pixque as leisbet aceita pixmercado não são suficientes, porque não são mesmo, nem no Brasil, nembet aceita pixqualquer outro país do mundo. Nós temos verificado isso tambémbet aceita pixeconomistas importantes, como André Lara Resende, Pérsio Arida (formuladores do Plano Real), Armínio Fraga (presidente do Banco Central no governo FHC), e outros, que têm tematizado muito fortemente uma política econômica com essa visão mais pró-social, pró-distribuiçãobet aceita pixrenda.

O André Lara Resende tem escrito, por exemplo, acercabet aceita pixcertos dogmas, como o equilíbrio fiscal, e como é possível você contingencialmente, à vistabet aceita pixuma recessão, desemprego monumental, construir políticas alternativas. Então, acho que há um espaço muito importante para novas abordagens, e eu fico feliz.

Eu, como pessoabet aceita pixesquerda, acho muito positivo que o Luciano Huck esteja dizendo essas coisas, porque eu prefiro que ele, uma pessoa conhecida, influente, esteja dizendo isto, do que apoiando o bolsonarismo. Então, eu prefiro o Luciano Huck e esses todos que eu citei tematizando a desigualdade, por exemplo, do que naturalizando a desigualdade.

Eu prefiro que eles defendam junto conosco um sistema tributário progressivo, mais justo,bet aceita pixque altas rendas sejam mais justamente tributáveis, do que defendendo as obscenidades ou dizendo que empregada doméstica não pode viajar para Miami.

É preciso ser muito pequeno e não priorizar o país para achar negativo que outras pessoas migrem para posições mais próximas às nossas. Isso é salutar. Isso mostra que nós temos força para que ideias nossas sejam abraçadas por pessoas que historicamente tinham outras visões. Inclusive li o artigo do Luciano Huck e me pareceubet aceita pixgrande qualidade.

bet aceita pix BBC News Brasil - O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), escreveubet aceita pixum artigo que Lula foi desrespeitoso com o PCdoB quanto dissebet aceita pixentrevista ao canal online Rede TVT sobre candidaturas presidenciais: "o PT é um partido muito grande se comparado ao PCdoB"; "é difícil eleger um comunista e Flávio (Dino) sabe disso" e "é muito difícil eleger alguémbet aceita pixesquerda sem o PT". O senhor concorda?

bet aceita pix Dino - Eu particularmente não me senti desrespeitado. Pelo contrário, eu acho que o presidente Lula tem sido muito gentil, muito educado, na abordagem, falando no longo arco da história com nosso partido. Compreendo a reação do deputado Orlando como um dirigentebet aceita pixaltíssima importância do nosso partido, mas não me pareceu um desrespeito.

Não é algo correto, que se fosse verdade que é impossível ganhar eleição no PCdoB, eu não teria sido eleito duas vezes no Maranhãobet aceita pixprimeiro turno.

bet aceita pix BBC News Brasil - O "Movimento 65", lançado para atrair para o PCdoB novas pessoas interessadasbet aceita pixdisputar a eleição deste ano é um primeiro ensaio para mudar nome do partido e abandonar o termo "comunista"?

bet aceita pix Dino - O Movimento 65 é uma tática eleitoral para 2020bet aceita pixque nós procuramos justamente demonstrar que (o PCdoB) é um partido aberto, que tem o seu programa, que todo mundo que gostar dele adere, independentementebet aceita pixrótulos,bet aceita pixpreconceitos.

Símbolo do PCdoB

Crédito, Divulgação

Legenda da foto, Dino diz que mudançabet aceita pixsímbolo do partido já foi discutida e questão deve ser definidabet aceita pix2021

Nós já tivemos mudançasbet aceita pixnomesbet aceita pixoutros partidos brasileiros ebet aceita pixoutros países do mundo. Há esse debate, sim, no PCdoB. Começoubet aceita pix2019,bet aceita pix2021 deve haver algum desfechobet aceita pixrelação a isso. Mas é normal que ocorra. Eu acho curioso que todos podem mudarbet aceita pixnome, todos podem mudarbet aceita pixsímbolo, menos o PCdoB. Isso é um poucobet aceita pixpreconceito.

bet aceita pix BBC News Brasil - Mas parece um tabu interno na verdade, uma dificuldade interna.

bet aceita pix Dino - Há pessoas que discordam. Eu particularmente acho que majoritariamente no nosso partido hoje há essa crençabet aceita pixque nós temos que fazer readequações, não da identidade histórica, do programa, do conteúdo, mas você adequa as táticas e as normasbet aceita pixacordo com o espírito do tempo que você vive.

bet aceita pix BBC News Brasil - Vocês reconhecem que há hoje,bet aceita pixparte da sociedade, uma resistência, uma aversão ao comunismo?

bet aceita pix Dino - Preconceitos muito fortes que foram introjetados por décadasbet aceita pixpensamentos ditatoriais,bet aceita pixperseguições, eu vejo isso muito nitidamente, por exemplo, quando eu digo: "eu sou do PCdoB e sou católico". E soubet aceita pixfato (católico) e sempre fui. "Mas como? É impossível", algumas pessoas reagem. Não, é plenamente possível, não há nenhuma incompatibilidade teórica, doutrinária ou prática, entre você ter uma crença religiosa, como eu tenhobet aceita pixfato, e ao mesmo tempo integrar uma legenda socialista, comunista, enfim.

E isso foi uma construção secular no caso brasileiro, a ditadura militar (1964-1985) muito fortemente fez isso, e agora essa avalanche extremistabet aceita pixdireita atualizou um pouco certos preconceitos. Então, as dificuldades objetivas (de aceitação ao nome comunista) existem.

Quando você está defrontebet aceita pixum muro e você não tem força para derrubá-lo, não é inteligente você bater a cabeça contra o muro, você tem que procurar exatamente se movimentar para encontrar condições para você transpor os obstáculos. Então, eu não dogmatizo táticas políticas, e acho que esse é o pensamento da maioria do nosso partido.

bet aceita pix BBC News Brasil - Governador, o senhor colocou essa rejeição ao comunismobet aceita pixparte da sociedade como um preconceito que veio da ditadura militar, por exemplo. Mas, no campo das pessoas que se opõem ao comunismo, elas dizem também que houve ditaduras comunistas que praticaram atrocidades. O senhor reconhece que isso também ocorreu e pode alimentar a aversão ao comunismo?

bet aceita pix Dino - Eu acho que cada país tembet aceita pixhistória e eu não posso ser julgado e não pretendo ser julgado por ocorrênciasbet aceita pixoutros países do mundo,bet aceita pixoutros contextos, enfim, porquebet aceita pixfato qualquer atrocidade, qualquer violaçãobet aceita pixdireitos humanos, ela é execrável, venhabet aceita pixonde vier.

Assim como nós tivemos também regimes capitalistas, e temos, que matam milhares ou milhõesbet aceita pixpessoas, todos os dias. O nazismo é o exemplo supremo disso, com amplo apoio da elite empresarial alemã, uma máquinabet aceita pixexterminar pessoas.

Então, evidentemente que no campo da esquerda, houve, no mundo, muitos erros, muitos desacertos, mas também muitos acertos, e muitas virtudes. E, ao mesmo tempo, nesse momento, no século XXI, evidentemente há uma revisãobet aceita pixcertos caminho, certas propostas que não se revelam atuais.

Vou dar um exemplo bem simples: mesmo a simbologia da foice e do martelo, que é uma simbologia histórica (do comunismo), que representava o mundo do trabalho — foice, o trabalhador do campo, e o martelo, o trabalhador da cidade — não tem atualidade. Embora para mim seja um símbolo bonito, generoso,bet aceita pixvalorização do trabalho, mas não tem atualidadebet aceita pixrelação ao que é o mundo do trabalho no século 21.

Então, isso que eu chamobet aceita pixter uma atitude aberta. Você não pode ficar preso a modelos, paradigmas,bet aceita pixdois séculos atrás e achar que isso dialoga com a realidade, até porque o mundo do trabalho hoje não é feito, graças a Deus, à basebet aceita pixfoice e martelo. Você tem outras realidades, outras formasbet aceita pixtrabalho, no campo e na cidade, e você tem que dialogar com todos esses setores. Então, as simbologias também têm que ser atualizadas.

bet aceita pix BBC News Brasil - Governador, ainda falando sobre esses outros regimesbet aceita pixesquerda, sobre os quais há críticas, o senhor entende que se deva fazer alguma autocríticabet aceita pixrelação a como os partidosbet aceita pixesquerda brasileiros apoiaram nos últimos anos os governos venezuelanosbet aceita pixHugo Chávez ebet aceita pixNicolás Maduro?

bet aceita pix Dino - Autocrítica (deve ser feita) sobretudo na práticabet aceita pixrelação a uma sériebet aceita pixaspectos. Ninguém acerta sempre. Não existe a perfeição como um modelobet aceita pixatuação na vida das pessoas que estão nos assistindo (a entrevista está disponível tambémbet aceita pixvídeo) e nem na política. Isso vale para Venezuela, vale para qualquer país do mundo.

Manifestaçãobet aceita pixdefesabet aceita pixMaduro na Venezuela

Crédito, EPA

Legenda da foto, Dino diz que violaçõesbet aceita pixdireitos humanos na Venezuela devem ser repudiadas.

Eu acho curioso apenas que há essa cobrançabet aceita pixautocrítica apenasbet aceita pixrelação à esquerda, quando você teve por exemplo pessoas da política brasileira apoiando o (ex-presidente argentino Mauricio) Macri que se revelou um desastre para a Argentina.

bet aceita pix BBC News Brasil - Não tem como comparar o governobet aceita pixMacri com o que ocorreu na Venezuela.

bet aceita pix Dino - Eu não sei nem te precisar porque eu não acompanho, eu não sou nem argentino, nem venezuelano.

bet aceita pix BBC News Brasil - O relatório da ONU indica torturas, prisõesbet aceita pixdissidentes políticos na Venezuela.

bet aceita pix Dino - Obviamente, como eu já narrei há pouco e enfatizo novamente, qualquer violaçãobet aceita pixdireitos humanos, qualquer ilegalidade, venhabet aceita pixonde vier, tem que ser repudiada, tem que ser rejeitada. E, portanto, se a ONU, a OEA, estão dizendo que isso aconteceu na Venezuela oubet aceita pixqualquer outro país do mundo, inclusive no Brasil, isso tem que ser repudiado, enfaticamente. E, portanto, como eu disse, eu não vejo esse termo autocrítica com essa dimensãobet aceita pixautoflagelação, a pessoa se imolar, disser "não, eu errei". Você faz autocrítica na prática. E acho que isso que está se evidenciando no conjunto da esquerda,bet aceita pixvários países do mundo, e, claro, do Brasil também.

Não há monolitismobet aceita pixrelação a isso. Não é algo que você diga "não, o regime da Venezuela, ou o governo da Venezuela é maravilhoso", ou "é péssimo". Acho que nem nos cabe. Para te ser franco, eu tenho muito incomodo com o fatobet aceita pixnós não respeitarmos o artigo quarto da Constituição Federal. O que está dito lá? Que nós temos relações internacionais, que se guiam por vários princípios entre os quais a autodeterminação dos povos. O Brasil não pode, nem nenhum país do mundo, inclusive os Estados Unidos, a China, seja lá quem for, se pretender polícia do mundo.

Então, os povos têm seus processos, seus governos, e acho que a crítica é legitima. Eu particularmente considero que certas visões do campo da esquerda são erradasbet aceita pixrelação a essa temática internacional. Agora, você também não pode incorrerbet aceita pixoutro erro, que é apenas reverberar preconceitos, ou mesmo defender belicismo, ingerências externas, invasões, guerras, também nós não podemos fazer isso. Então, essa mediação que nós estamos procurando fazer.

bet aceita pix BBC News Brasil - Eu pergunto porquebet aceita pixjaneiro do ano passado o seu partido divulgou uma nota indicando como se tivesse sido uma eleição democrática a última reeleiçãobet aceita pixMaduro e houve muitas denúnciasbet aceita pixilegalidades,bet aceita pixperseguiçãobet aceita pixopositores, por organismos internacionais. Então, por que essa demora nessa mudançabet aceita pixposturabet aceita pixrelação à Venezuela?

bet aceita pix Dino - Certamente nem tudo que eu faço meu partido concorda, e nem tudo que meu partido diz eu concordo. Ou seja, nós temos liberdadebet aceita pixpensamento no partido, eu tenho certeza que há um sem númerobet aceita pixmanifestações minhasbet aceita pixrelação as quais muitas pessoas do meu partido, oubet aceita pixpartidos aliados, não concordam também.

Eu acho que esse processo venezuelano deveria ter sido conduzido na direção do diálogo, e acho que Brasil tinha esse papel. Infelizmente, acabou apostando nesse caminhobet aceita pixuma ingerênciabet aceita pixum suposto presidente autoproclamado (Juan Guaidó, reconhecido como presidente da Venezuela por Brasil e outros países, mas que não governabet aceita pixfato) que longebet aceita pixresolver conflitos, acaba acirrando situações que hoje infelizmente estão vivas na Venezuela. Então, acho que se me fosse permitido opinar sobre a política externa brasileira, ela deveria manter nossa tradição pacifista,bet aceita pixmediação ebet aceita pixrespeito à Constituição,bet aceita pixvezbet aceita pixprocurar se intrometerbet aceita pixassuntos internosbet aceita pixoutros países.

bet aceita pix BBC News Brasil - O senhor acababet aceita pixelevar o piso salarial dos professores no Maranhão para R$ 6.358, valor que é mais que o dobro do piso nacional (R$ 2.886,24). Muitas pessoas o elogiam pela medida, mas outras consideram a medida irresponsável, já que o Estado está com déficit fiscal e, inclusive, perdeu a notabet aceita pixavaliaçãobet aceita pixrisco do Tesouro Nacionalbet aceita pixB para C, o que limita a capacidade conseguir empréstimos. Por que elevar um piso que já era o mais alto do país mesmo com as contas no vermelho?

bet aceita pix Dino - Na verdade, nossas contas já não estão no vermelhobet aceita pix2019, no novo balanço, que vai ser divulgadobet aceita pixabril. Nós já conseguimos reverter (o défict), o que nós produzimos conscientemente. Nósbet aceita pixfato fizemos uma política ousada, contracíclica (de expansãobet aceita pixgastos para estimular a economiabet aceita pixmomentosbet aceita pixcrise), e eu me orgulho disso, porque isso fez com que o PIB do Maranhão tivesse o quarto maior crescimento do Brasilbet aceita pix2017, que foi o último dado oficialmente divulgado pelo IBGE (sobre o desempenho dos Estados).

Porque nós mantivemos a construção civil funcionando, porque nós tivemos coragembet aceita pixelevar salários num quadro como esse, para manter demanda (consumo). Não existe mercado sem demanda. Só na cabeçabet aceita pixalguns elitistas do Brasil que imaginam que vai funcionar uma sociedade sem povo, sem gente, e vai funcionar o mercado sem consumidores. Então, você tem que manter a demanda.

Flavio Dinobet aceita pixentrevista à BBC

Crédito, Felix Lima/BBC News Brasil

Legenda da foto, Dino diz que paga o piso para professores mais do que o dobro da média nacional para impulsionar qualidade da educação

Neste caso, a forma rápidabet aceita pixmanter demanda funcionando erabet aceita pixfato ampliando nosso limitebet aceita pixgastos com pessoal (servidores), porém, sempre respeitando a Leibet aceita pixResponsabilidade Fiscal. Com isto, nós produzimos superavitbet aceita pix2015 e 2016, sabíamos que haveria esse déficitbet aceita pix2017 e 2018, sabíamos que havia o risco inclusivebet aceita pixperder o rating (notabet aceita pixrisco para empréstimos), como outros Estados perderam. Mas nós estamos agora nessa conjunturabet aceita pixque há, pelo menos, uma tênue melhora dos indicadores macroeconômicos nacionais, fazendo o chamado ajuste fiscal, comobet aceita pix2019 já fizemos e continuamos a fazer, para quebet aceita pix2021 recuperemos o rating. Então, é uma visão diferente do mainstream econômico, mas é uma visão da qual eu tenho muita convicção.

No caso específico dos professores, nós cumprimos a lei do piso (nacional) com larga margem porque acreditamos que essa é uma medidabet aceita piximpulsionar qualidade da educação. O Ideb (indicador do governo federal que mede qualidade da educação) da rede estadual está crescendo, e nós estamos agora indo para o sexto ano consecutivo sem nenhuma greve na rede educacional do Maranhão, contrariando inclusive uma tendência que havia.

Os pais, mães, os estudantes, não sabiam quando as aulas iam começar, quando elas iriam terminar, porque haviabet aceita pixfato, uma sériebet aceita pixreivindicações (dos professores),bet aceita pixgreves, etc. Nós quebramos esse ciclo, engajamos professores num processobet aceita pixmudança,bet aceita pixqualidade da rede, e esse processo é correto.

Qual foi a engenharia financeira que nós fizemos? 100% do Fundeb (Fundobet aceita pixManutenção e Desenvolvimento da Educação Básica, recurso repassado aos Estados pela União) vai destinado aos salários e nós fazemos complementos (com outras receitas)bet aceita pixmodo que ano passado, enquanto o mínimo constitucionalbet aceita pixinvestimentobet aceita pixeducação é da ordembet aceita pix25% (da receita do Estado), nós fizemos 30%. Na saúde (o mínimo) é 12%, nós fizemos 15%. Há quem ache que isso é equivocado, desperdício, eu acho que não. Você investirbet aceita pixeducação e saúde é o certo, e eu me orgulho disso.

bet aceita pix BBC News Brasil - O senhor tem que fazer escolhas ao administrar o orçamento. Quando o senhor decide investir mais do que o obrigatóriobet aceita pixSaúde e Educação,bet aceita pixonde o senhor está cortando?

bet aceita pix Dino - Eu estou cortandobet aceita pixoutros investimentos, outras ações. Então, você prioriza as políticas públicas que você acha que são capazesbet aceita pixconstruir um novo rosto, uma nova face para a sociedadebet aceita pixum Estado injusto e desigual como o Maranhão. Você tinha uma mortalidade materna no Maranhão obscena. Eu ia conviver com isso sem fazer nada? Eu não sou insensível. Eu tenho visãobet aceita pixprioridades sociais. Então, eu,bet aceita pixfato, construí e abri hospitais. Eu tinha e tenho (no Maranhão) pobreza extrema dramática. Nós estamos chegando agora a 50 restaurantes populares.

bet aceita pix BBC News Brasil - Mas o senhor não respondeubet aceita pixonde o senhor está cortando.

bet aceita pix Dino - Ah, bom. Eu tenho um orçamento, eu tenho uma arrecadação. Você prioriza certos temas, não é propriamente cortar. Você vai me perguntar: "mas falta dinheirobet aceita pixuma área?". Vou te responder e a todos que estão nos acompanhando: qualquer que seja o órgão do governo do Maranhão que você queira pegar os indicadores hoje e comparar com cinco anos atrás, nós os e melhoramos o serviço. Todos, sem exceção. Então, mostra que nós temos uma boa gestão, que consegue priorizar o que na minha visão é prioritário — educação, saúde e segurança — mas que ao mesmo tempo não desguarnece outras políticas sociais, outras políticas públicas.

bet aceita pix BBC News Brasil - Governador, apesar desse esforço que o senhor fezbet aceita pixpolítica econômica contracíclica, a pobreza aumentou no Maranhão entre 2016 e 2018 (dados mais recentes do IBGE) num ritmo maior que na média do Brasil. O que deu errado nesses dois anos?

bet aceita pix Dino - Nós tivemos o crescimento da pobrezabet aceita pixtodo o país, os dados do IBGE mostram que tivemos essa realidade nos centros econômicos do Brasil. Você caminha na Avenida Paulista ou nas ruas do Riobet aceita pixJaneiro, oubet aceita pixBrasília, e você vê isso, nos moradoresbet aceita pixsituaçãobet aceita pixrua. Então, não é (só) o Maranhão.

O que aconteceu no nosso Estado é que nós temos uma base econômica frágil, historicamente. E é claro que nós temos uma dependência muito fortebet aceita pixrelação a políticas federais. Mas não é só o Maranhão. Infelizmente, por conta das desigualdades regionais, muitos Estados sofrem também com a desativação do Minha Casa, Minha Vida, que gerou desemprego na construção civil, com retraçãobet aceita pixpolíticas como Bolsa Família, agora esse represamentobet aceita pixbenefícios previdenciários.

Tudo isso impacta não só as pessoas individualmente, mas o contexto, significa destruir empregos também, porque grande parte do nosso comércio vive das pessoas que conseguem ter acesso a essas políticas sociais e com isso conseguem movimentar a economia. Então, nós sofremos porque nossa economia é mais dependente, é mais frágilbet aceita pixrelação à situação nacional. Ainda assim, resistimos com muita resiliência, para usar uma palavra da moda, e isso está expresso não só no PIB, mas no dadobet aceita pixemprego.

Nós somos um dos poucos Estados do país quebet aceita pix2019 teve pelo terceiro ano consecutivo saldo positivo na geraçãobet aceita pixemprego. Tivemos o oitavo desempenho do paísbet aceita pix2019. Então, nós temos problemas, claro que temos, mas temos também indicadores sociais que mostram que esse caminho também produziu resultados positivos.

bet aceita pix BBC News Brasil - Sabemos que o presidente Bolsonaro considera o senhor um opositor e não mantém um diálogo aberto, mas o senhor tem tentado junto à União buscar o destravamento desses programas?

bet aceita pix Dino - Na verdade, o Estado não tem um papel jurídico formalbet aceita pixrelação a isso, porque depende dos municípios que fazem os cadastros (para receber o Bolsa Família), e têm feito, e do governo federal, que, infelizmente, por conta do tetobet aceita pixgastos (regra constitucional que limita a expansãobet aceita pixdespesas), por contabet aceita pixsuas próprias restrições fiscais, optou pelo pior caminho, que foi exatamente construir essas imensas barreiras no acesso dos mais pobres a políticas essenciais como aposentadoria e o Bolsa Família.

Eu não considero o Presidente da República como um inimigo pessoal. Eu não tenhobet aceita pixrelação a ele esse sentimento. Infelizmente, parece que ele me considera assim. Mas, apesarbet aceita pixeu achar que ele me considera um inimigo, embora eu não o considere, mas sim como um opositor, legitimamente colocado na democracia, nunca deixeibet aceita pixdialogar com o governo federal. Jamais.

As duas reuniões que o presidente Bolsonaro convocou (com) governadores do Nordeste e da Amazônia, eu estavabet aceita pixambas, dialogando, contribuindo, procurando apresentar meus pontosbet aceita pixvista.

Lamento que numa temática tão central como esta, até aqui o governo federal não tenha tomado atitudes. Agora, continuo fazendo a minha parte, ou seja, cobrar, manifestar inconformação por isto.

bet aceita pix BBC News Brasil - O senhor e toda a bancada do Maranhão no Congresso apoiaram a aprovação do acordo com os Estados Unidos sobre a Basebet aceita pixAlcântara, firmado pelo governo Bolsonaro. Por que os senhores não consideram que se tratabet aceita pixum "acordo lesa-pátria", que ataca a soberania nacional, como PT e PSOL?

bet aceita pix Dino - A Basebet aceita pixAlcântara existe há algumas décadas. Existia um caminho certobet aceita pixbuscar um programa aeroespacial brasileiro próprio. Infelizmente houve uma grande tragédiabet aceita pix2003 (uma explosão durante a tentativabet aceita pixlançar um foguete) que resultou inclusive na dramática perdabet aceita pixvidas humanas (houve 21 mortes), e o programa aeroespacial brasileiro nesse momento praticamente parou. Continua, mas com muita dificuldade. Houve também uma tentativa (do governo Lula)bet aceita pixparceria com a Ucrânia.

bet aceita pix BBC News Brasil - Foi um erro?

bet aceita pix Dino - Não, foi uma tentativa. Não deu certo. Há muitas críticas, que dizem que a tecnologia ucraniana não era adequada. Eu realmente não posso afirmar até porque não tenho conhecimento técnico profissional sobre mercadobet aceita pixfoguetes no mundo para afirmar que a Ucrânia não tinha capacidade. Houve um tentativa também, infelizmente não deu certo. A base lá está.

Nós temos uma realidadebet aceita pixque o mercado aeroespacial utiliza largamente tecnologia norte-americana. E esse é o ponto central. O acordo não é para que os Estados Unidos como governo fechebet aceita pixbase na Flórida e mude essa base para Alcântara. Se fosse isso, eu seria contra. Se fosse um enclave, uma alienaçãobet aceita pixterritório... Eu estou me referindo ao acordo (de salvaguarda tecnológica). Mas há quem diga: "bom, isso é uma porta aberta para (uma presença americana indevida no território brasileiro)". Portas abertas dependembet aceita pixquem está governando o Brasil e os Estados Unidos.

Eu restrinjo minha análise ao acordo. Juridicamente, ele entrega Alcântara para o governo dos Estados Unidos? Não. Ele entrega a Basebet aceita pixAlcântara à gestão do governo dos Estados Unidos? Não. O que o acordo faz? O acordo faz aquilo que qualquer país do mundo fazbet aceita pixproteger abet aceita pixtecnologia. Ele é um acordobet aceita pixpropriedade intelectual,bet aceita pixsalvaguardas tecnológicas (em que o Brasil se compromete a proteger a tecnologia americana usadabet aceita pixsatélites e foguetes a serem lançadosbet aceita pixAlcântara, dando acesso a representantes americanos à base). E não vale apenas para lançamentosbet aceita pixempresas americanas, masbet aceita pixempresas italianas, indianas, canadenses,bet aceita pixqualquer país do mundo que uso tecnologia americana. E, por isso, acredito que era o único caminho que restava para Alcântara poder funcionar.

Agora, faço questãobet aceita pixfrisar o que disse o tempo inteiro, a basebet aceita pixAlcântara funcionar tal como ela existe, porque eu sou absolutamente contrário a qualquer ideia da ampliação da basebet aceita pixAlcântara,bet aceita pixremoçãobet aceita pixpessoas, por uma razão simples, é que não precisa. Então, seria um gesto hostil, agressivo e sem necessidade.

Por isso essa nossa posiçãobet aceita pixprocurar viabilizar a Basebet aceita pixAlcântara, que ela funcione, é bom para o Brasil, é bom para o Maranhão, é bom para Alcântara, nos termos que ela se encontra, sem remoçãobet aceita pixoutras pessoas, e até que o Brasil tenha seu próprio programa aeroespacial.

bet aceita pix BBC News Brasil - O senhor se refere às comunidades quilombolas que têm se manifestado contra a possibilidadebet aceita pixserem removidas para a expansão da base atual. Essas lideranças também criticaram a aprovação do acordo e seu apoio a isso, pois dizem que não foram consultadas,bet aceita pixdesacordo com a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho. O senhor acha que houve algum problema?

bet aceita pix Dino - Outro dia me perguntaram: "por que o senhor assinou o acordobet aceita pixAlcântara?" Em relação a isso, eu não assinei acordo algum. O acordo foi assinadobet aceita pixnível federal, eu não fui sequer consultado, eu não fui ouvido, não sabia dos termos do acordo, não fui convidado para a solenidade.

Enfim, quando foi celebrado o acordo, eu fiz duas grandes reuniões (sobre a questão no Maranhão), inclusive eu próprio, longamente, no dia 30bet aceita pixabrilbet aceita pix2019, dialoguei com centenasbet aceita pixpessoasbet aceita pixAlcântara, explicando não o acordo propriamente, mas as razões pelas quais o governo do Estado, institucionalmente, considerava que era o caso sim do acordo ser aprovado no Congresso.

Agora, sobre o processobet aceita pixassinatura e agorabet aceita piximplementação, sebet aceita pixfato for implementado, dependerá da condição do governo federal. Não é o governo do Estado que conduz isso. E se amanhã quiserem remover populações eu serei o primeiro a registrar minha insurgência. E, repito, porque não é necessário. A base pode funcionar nos termos que ela se encontra.

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Crédito, Getty Images

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