'Aqui não ébonus de boas vindas bet365casa': os relatos dos brasileiros detidos e deportados dos Estados Unidos:bonus de boas vindas bet365
Segundo a Polícia Federal "voos com essas características podem se tornar frequentes". A PF disse ainda,bonus de boas vindas bet365nota, que realizou "os procedimentosbonus de boas vindas bet365controle migratório, umabonus de boas vindas bet365suas competências definidas pela Constituição da República" e que "não constatou nenhuma ilegalidade conexa à migração dos deportados e segue investigando casos suspeitos".
O voo fretado pelos EUA e autorizado pelo governo brasileiro saiu do Texas, parou para reabastecerbonus de boas vindas bet365Guayaquil, no Equador, e chegou à capital mineira por volta das 23h40. Todos os brasileiros passaram pela fiscalização da Polícia Federal antesbonus de boas vindas bet365serem liberados; a partir dali, cabia a eles conseguir continuar a viagem para casa, com pouco ou nenhum dinheiro. Nos relatos ouvidos pela BBC News Brasil, muitos disseram que tiveram roupas, bagagem e até dinheiro extraviados no períodobonus de boas vindas bet365que estiveram detidos.
"Jogaram nossa roupas fora, viemos com as roupas deles. Nossas carteiras, documentos, tudo jogou fora. Minha identidade, CPF, ficou tudo com eles", contou um dos passageiros,bonus de boas vindas bet365Teófilo Otoni,bonus de boas vindas bet365Minas Gerais, que preferiu não ser identificado.
Muitos chegaram vestindo moletons e calçados distribuídos pelos agentesbonus de boas vindas bet365imigração como uniforme. Alguns traziam nos pulsos as pulseiras coloridas com seus númerosbonus de boas vindas bet365identificação e a temperaturabonus de boas vindas bet365cada um. Todos diziam que estavam há pelo menos dez dias sem tomar banho, e há maisbonus de boas vindas bet36512 horas sem comer nada, tanto adultos quanto crianças.
Recebidos pelas câmeras da imprensa no portãobonus de boas vindas bet365desembarque quando chegavam apenas com a roupa do corpo e poucos documentos e dinheiro guardadosbonus de boas vindas bet365um saco plástico dado pela imigração, muitos esconderam o rosto para não aparecerbonus de boas vindas bet365fotos ou filmagens. A reportagem conversou com alguns desses brasileiros, mas optou por não revelar seus sobrenomes para preservarbonus de boas vindas bet365privacidade.
Nos relatos, muitos contam ter passado fome, frio e abuso psicológico nas semanasbonus de boas vindas bet365que passaram detidosbonus de boas vindas bet365El Paso pelo serviçobonus de boas vindas bet365imigração americano,bonus de boas vindas bet365locais que eles chamambonus de boas vindas bet365tendas, onde dormiambonus de boas vindas bet365colchonetes no chão, e na "cadeinha", um prédio mais parecido com uma prisão, onde alguns também dormiram.
Agressividade e humilhação
"A única coisa que eu posso dizer é que aquilo ali é um inferno. Guardas batem nas pessoas, empurram os outros. Na minha cela uma menina estava conversando com o marido e o filho dela, o guarda empurrou os dois na cela, caíram ele e a criança", diz Pamela, que afirma que o tratamento é ainda pior para as famílias mexicanas e da América Central.
Os brasileiros dizem que havia dois tiposbonus de boas vindas bet365detenção: umabonus de boas vindas bet365grandes tendasbonus de boas vindas bet365lona branca, com colchonetes espalhados pelo chão — mulheres para um lado e homens para o outro — ,bonus de boas vindas bet365que ficavam até 120 pessoas num mesmo cômodo. E nas "cadeinhas", que são pequenas prisões com celas,bonus de boas vindas bet365que os detidos dormiam no chão frio,bonus de boas vindas bet365pleno inverno americano. Nas cadeinhas, um banheiro aberto ficava no meio das celas, sem nenhuma privacidade.
Joyce, mãe da meninabonus de boas vindas bet365três anos e que ficou 18 dias detida, diz que o clima erabonus de boas vindas bet365intolerância até com as crianças.
"Tiraram o leite que as crianças maiores bebiam, deixaram só o tipo leite materno para criançasbonus de boas vindas bet365até um ano. Quando isso aconteceu, minha filha ficou três dias sem comer. Depois acho que ela esqueceu que existe leite."
O pai, Cleony,bonus de boas vindas bet36525 anos, conta que a menina chegou a desmaiarbonus de boas vindas bet365fome. "Danou a vomitar, só água no estômago. Só depoisbonus de boas vindas bet365uns dias que ela aceitou tomar soro e melhorou. Daí começou a aceitar bolachinhas, outras coisas", afirma.
"As crianças não podiam correr. Começavam a correr, vinha um gritão. 'Vai para o colchão con su mamas! Sus niños com sus mamas'. Teve um dia que me cortou o coração que ela chegou pertobonus de boas vindas bet365mim e chorava e dizia 'papai, vamos embora, vamos embora'."
"Todo dia ela acordava espantada, apavorada, diz Joyce. "Quando a neve começou a cair, todas as crianças queriam ver. Os guardas foram lá e colocaram uma toalha na porta para não deixar."
Quando a reportagem começou a conversar com os passageiros, muitas crianças que estavam com os pais se anteciparambonus de boas vindas bet365narrar os diversos episódiosbonus de boas vindas bet365vômitos, mal estar e tristeza. A comida,bonus de boas vindas bet365geral pão, batatinha e burritos, era escassa e, muitas vezes, estragada.
Nas salasbonus de boas vindas bet365detenção, biscoitos e água ficavambonus de boas vindas bet365uma mesa, com o avisobonus de boas vindas bet365que estavam disponíveis. Mas se alguém tentasse pegar, era logo repreendido pelos guardas, segundo os relatos. A orientação erabonus de boas vindas bet365que ficassem todos deitados o tempo todo, com as crianças no colo. "Se levantássemos, eles xingavam."
Elaine, mãebonus de boas vindas bet365uma meninabonus de boas vindas bet365um ano e grávidabonus de boas vindas bet365cinco meses, diz que não recebeu nenhum tratamento diferente. Ficou presa por 18 dias, dormindo no chão. "Eles arrancaram todas as nossas cobertas quentinhas e deram um negóciobonus de boas vindas bet365alumínio pra gente usar como coberta. Teve um dia que eu fiquei com tanta fome, mas tanta fome, que o nenê paroubonus de boas vindas bet365mexer. Fiquei preocupada, mas fiquei na minha porque estava perto do diabonus de boas vindas bet365vir embora e fiquei com medobonus de boas vindas bet365eles me segurarem lá", diz.
Eles contam que, quando havia a suspeitabonus de boas vindas bet365alguma complicação médica, a equipe médica barrava a liberação dos detidos para observação.
A costureira Fiama,bonus de boas vindas bet365Goiânia, foi detida quando tentava cruzar — com o marido e a filha pequena — a fronteira do México com os Estados Unidos, atravessando com a água pelos joelhos.
"Eles tratam a gente como se fossemos delinquentes mesmo. Eu sei que a gente estava entrando ilegal, que não é certo. Mas a gente tenta o visto e eles não dão, né? A gente quer ir para trabalhar. Não quer ir para roubar, não quer ir para fazer nada, mas eles tratam a gente como delinquente", lamenta, emocionada.
Fiama se inspirou na irmã, que foi para os Estados Unidos com o filho no ano passado, no esquema chamadobonus de boas vindas bet365cai-cai: entregando-se à imigração, pedindo asilo e aguardando o julgamentobonus de boas vindas bet365liberdadebonus de boas vindas bet365território americano. Mas agora, sob as novas medidas do governobonus de boas vindas bet365Donald Trump, as regras estão mais rígidas, e muitos aguardam a deportação detidos pelo serviçobonus de boas vindas bet365imigração.
Hoje, a irmã da costureira trabalha com faxina na Carolina do Sul e já tinha garantido emprego para Fiama, que colocava grande esperançabonus de boas vindas bet365melhorarbonus de boas vindas bet365vida na mudança.
"Você vê, lá ela limpa cinco casas e ganha US$ 150 (R$ 648) por dia. Pra gente ganhar isso aqui não dá" diz a moça, que pretende voltar a trabalhar como costureira; já o marido, que trabalhava numa carvoaria, vai ter que sairbonus de boas vindas bet365buscabonus de boas vindas bet365emprego.
A reportagem entroubonus de boas vindas bet365contato com o Departamentobonus de boas vindas bet365Segurança dos Estados Unidos, responsável pelo serviçobonus de boas vindas bet365imigração, mas não obteve retorno. Em seu site, o serviçobonus de boas vindas bet365imigração afirma que garante a remoçãobonus de boas vindas bet365estrangeiros ilegais, sem especificar regrasbonus de boas vindas bet365detenção.
A ONG União Americana pelas Liberdades Civis (Aclu, na siglabonus de boas vindas bet365inglês), dizbonus de boas vindas bet365seu site que muitas das táticasbonus de boas vindas bet365remoçãobonus de boas vindas bet365estrangeiros ilegais dos EUA desconsideram o direito a uma audiência justa no tribunal, e que a militarização da fiscalização tem promovido abusos como preconceito racial até força excessiva.
Sem advogado, sem informação
Os brasileiros também contaram à reportagem que lhes era dada a opçãobonus de boas vindas bet365aceitar a deportação imediata ou recorrer a um advogado, mas nenhuma das duas funcionava na prática.
"Você tem o direitobonus de boas vindas bet365ligar para o advogado, mas quando pede para o guarda, a polícia não deixa. Enquanto isso, seu processo vai correndo e você perde o prazo. Eu nem tentei o advogado porque vários amigos meus tentaram e não deu", diz Cleony. Ele mantinha-se sorridente ao contar os detalhes da horrível experiência. "O brasileiro não perde o sorriso".
Fiama, assim como todos com quem a reportagem conversou, diz que não pretende nunca mais tentar o sonhobonus de boas vindas bet365voltar aos EUA. "Não imaginava que seria assim."
"Estava todo mundo passando, a gente achou que ia passar. O policial falou assim pra gente: vocês podem avisar para todo mundo que ninguém mais passa aqui. Pode avisar que o que vocês passaram, os outros vão passar o triplo", lembra Pamela.
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