'Fomos denunciados por deixar que nosso filhoslot casino online malaysiacinco anos use roupas femininas':slot casino online malaysia

Maria, César e Luiz

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Maria e César durante aniversárioslot casino online malaysiacinco anosslot casino online malaysiaLuiz: ex-casal foi denunciado por permitir que garoto use roupas femininas

A mãeslot casino online malaysiaLuiz, a corretoraslot casino online malaysiaseguros Maria*, 31 anos, também confessa ter ficado abalada com a denúncia. "Foi uma situação bem difícil", resume Maria, que está separadaslot casino online malaysiaCésar e divide com ele a guarda do filho.

Luiz e César

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Luiz pediu para ganhar cozinhaslot casino online malaysiapresente quando tinha dois anos. Na foto, ele aparece usando o brinquedo junto com o pai

As roupas femininas foram adotadas pela criança após diversos pedidos feitos pelo garoto — ele também convenceu os pais a permitirem que deixasse o cabelo crescer. Há dois anos, Maria e César decidiram procurar acompanhamento psicológico com o filho e chegaram à conclusãoslot casino online malaysiaque o garoto é uma criança transgênero — aquelas que se consideram pertencentes ao sexo oposto ao biológico.

Por diversas vezes, Luiz pede para ser chamadoslot casino online malaysiaLuiza. Em outros momentos, é tratado no masculino. A pedido dos pais, que consideram que o assunto ainda estáslot casino online malaysiafase inicial para a família, a reportagem tratará a criança no gênero masculino. Eles acreditam que, com o passar do tempo, o garoto deverá ser chamado apenas no feminino.

Brinquedos e roupas femininas

Aos dois anos, Luiz pediu uma cozinhaslot casino online malaysiabrinquedo. No ano seguinte, quis uma boneca. Os pais relatam que os presentes não causaram estranheza, pois acreditaram que era apenas uma preferência do garoto. "Pensamos que os brinquedos não demonstravam nada, eram apenas as coisas que ele queria", diz Maria.

O psiquiatra Alexandre Saadeh, coordenador do ambulatórioslot casino online malaysiaidentidadeslot casino online malaysiagênero e orientação sexual do Institutoslot casino online malaysiaPsiquiatria do Hospital das Clínicas da USP (USP), ressalta que os brinquedos que uma criança prefere não representam que ela seja transgênero. "O que faz com que uma criança seja considerada trans é o fatoslot casino online malaysiaela ser incongruente com o seu sexoslot casino online malaysianascimento", explica o especialista.

Os pais contam que decidiram procurar ajuda psicológica após diversos fatos que os levaram a questionar se o filho seria trans. "Ele dizia que não queria ter barba, nem ser um homem. Ele começou a pedir para usar roupas femininas ou adereços femininos com frequência", diz César.

O policial conta que no início teve dificuldades para entender o filho, mas sempre procurou respeitar a vontade da criançaslot casino online malaysiarelação aos acessórios femininos. "O ambiente policial é predominantemente masculino. Todo mundo esperava que eu fosse ser repressorslot casino online malaysiarelação ao meu filho, por conta da minha profissão. Mas eu tenho uma postura mais liberal e respeito a intimidade e os anseios dele. Muitos pensavam que eu teria vergonha do meu filho, mas eu tenho muito orgulho dele", afirma.

Desde que o garoto tem três anos, os pais permitem que ele use adornos femininos, como laços e presilhasslot casino online malaysiacabelo. Na época, César e Maria já estavam separados — atualmente os dois têm novos companheiros. Eles dividem a guarda do único filho, que costuma passar metade dos dias na casa do pai e a outra parte na residência da mãe.

Luizslot casino online malaysiavestido

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Luiz durante eventoslot casino online malaysiafamília,slot casino online malaysiameadosslot casino online malaysiajaneiro deste ano: criança não sabe que o fatoslot casino online malaysiausar roupas femininas foi alvoslot casino online malaysiadenúncia anônima

Há cercaslot casino online malaysiaum ano e meio, Luiz usa, além dos adornos, roupas femininas, mas somente quando está na casaslot casino online malaysiaCésar. Isso porque entre os pais há distinção no modo como lidam com a criança. Enquanto o pai permite que o filho use roupas e adereços femininos, a mãe deixa apenas que ele use adornos quando está com ela.

"Na minha casa, ele não usa roupas femininas, porque ainda tenho bloqueioslot casino online malaysiarelação a isso. O meu maior medo é que alguém comente algo ruim e isso o machuqueslot casino online malaysiaalguma forma", justifica Maria.

A denúncia

O medoslot casino online malaysiaMariaslot casino online malaysiarelação aos comentários maldosos contra o filho aumentou quando a família foi alvo da denúncia anônima, logo após os pais deixarem a criança usar itens femininos na rua. César levava o filho para quase todos os lugares com vestidos, já a mãe saía com ele apenas com adereços femininos, principalmente laços.

Com base na denúncia anônima, a promotoriaslot casino online malaysiaJustiça da cidadeslot casino online malaysiaque a família mora instaurou um procedimento administrativo para apurar o fato, sob o argumentoslot casino online malaysiaque o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) "é cristalino quando afirma que serão aplicáveis medidasslot casino online malaysiaproteção a toda criança e adolescente que possuir seus direitos ameaçados/violados". Os paisslot casino online malaysiaLuiz foram convocados para prestar esclarecimentos sobre o caso.

Para Maria e César, a denúncia representou a primeira vezslot casino online malaysiaque a família foi vítimaslot casino online malaysiapreconceito. "Sou muito conhecido na cidade, acabo sendo muito blindado e as pessoas não fazem comentários negativos diretamente para mim. Sabia que existia discriminação contra o meu filho, mas era algo velado, até o momentoslot casino online malaysiaque fomos denunciados", diz César.

"Isso me causou,slot casino online malaysiacerta forma, grande constrangimento, principalmente porque sou bastante atuanteslot casino online malaysiacasosslot casino online malaysiaviolência contra crianças. Foi a primeira vez que chegou a mim algum tiposlot casino online malaysiadiscriminação contra meu filho", afirma o policial.

Em depoimento ao Ministério Público, César afirmou que Luiz nunca foi obrigado a usar roupas ou itens femininos e também citou que "embora o filho tenha predileções por vestimentas do sexo feminino, nunca sofreu qualquer tiposlot casino online malaysiapreconceito ou até mesmo bullying".

Maria relatou à promotoria que o filho "desde tenra idade tem preferência por brinquedos e roupas do sexo feminino". Ela também ressaltou, no depoimento, que o filho não sofre preconceito ou bullying.

Após as apurações, a promotoria concluiu que os pais do garoto são "firmes e coerentes ao descreverem que a criança é quem demonstra preferências por adereços e roupas femininas, não havendo qualquer imposição pelos genitores ou por terceiros".

A promotora que conduziu o caso citou que não ficou comprovado que o garoto sofre bullying na escola por usar roupas femininas.

"Não se verifica nenhuma situaçãoslot casino online malaysiarisco envolvendo Luiz*. Muito pelo contrário, os genitores demonstraram maturidade e discernimento para bem enfrentar essa situação juntamente com o filho, estando ele bem amparado. Portanto, não existem indíciosslot casino online malaysialesão ou ameaçaslot casino online malaysialesão aos direitos da criança", assinalou a promotora. O procedimento foi arquivadoslot casino online malaysia27slot casino online malaysianovembroslot casino online malaysia2018.

"Foi um momento bem difícil, também porque não soubemos quem fez a denúncia. Mas a promotora compreendeu queslot casino online malaysianenhum momento o meu filho sofre por isso, muito pelo contrário, é ele quem prefere usar essas roupas e acessórios", declara César.

Os pais nunca contaram a Luiz sobre a denúncia. "Ele é muito pequeno e há coisas que não achamos interessante falar para ele. Nem tudo o nosso filho entende ainda", explica Maria.

Criança transgênero

Desde que Luiz tem três anos, os pais acreditam que ele seja uma criança transgênero. "Como ele pedia para usar roupas e acessórios femininos e dizia ser uma menina, a psicóloga nos disse que é muito provável que ele seja uma criança trans", diz Maria.

"Não acredito que essa preferência do meu filho por coisas femininas seja algo passageiro. Acredito que ele seja transgênero, principalmente, porque criança é muito inocente e não faz nada pensado. Tudo o que ele faz é espontâneo e essa é a vontade dele", acrescenta a mãe.

O psiquiatra Alexandre Saadeh explica que uma criança pode se manifestar transgênero a partir dos três ou quatro anos. "Isso dependeslot casino online malaysiacada criança. Mas nessa fase, elas passam a manifestar quem são e seus interesses particulares. Isso é observável e constatável", diz.

Saadeh relata que casosslot casino online malaysiacrianças trans sempre existiram na história da humanidade, mas nunca receberam a devida atenção. "Muitos desses casos eram e ainda são considerados invisíveis", afirma.

O médico declara que é fundamental que seja feito acompanhamento adequadoslot casino online malaysiacasosslot casino online malaysiacrianças trans, por meioslot casino online malaysiaequipes especializadas — principalmente psiquiatras. "É pelo contato, respeito, conhecimento e acompanhamento que será possível que a equipeslot casino online malaysiasaúde diga algo, junto com os pais".

No Brasil, há projetosslot casino online malaysiapesquisas que acompanham crianças transgêneros e orientam os pais — há iniciativas na USP, na Universidade Estadualslot casino online malaysiaCampinas (Unicamp) e na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

César e Maria ainda não definiram como irão procederslot casino online malaysiarelação ao futuroslot casino online malaysiaLuiz. Eles acreditam que o garoto deverá querer, daqui a alguns anos, mudarslot casino online malaysiagênero nos documentos e passar por tratamentos hormonais. "Mas ainda não pensamos como faremos isso. Daqui a pouco a puberdade está aí e temos que ver a questãoslot casino online malaysiabloqueadores hormonais", diz César.

"Nos próximos anos, acredito que ela passará a usar o nome social feminino e iremos mudar o gênero dela nos documentos", declara César. O policial alterna o gênero que usa para definir a criança — ora trata o filho no masculino, ora trata no feminino. "Ainda estou me adaptando", justifica.

Luiz

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, No futuro, pais acreditam que Luiz irá querer mudar o gênero nos documentos

Para que uma criança possa alterar o gêneroslot casino online malaysiatodos os documentos no Brasil, é necessário que os responsáveis entrem com um pedido na Justiça. A solicitação é avaliada por um juiz, que pede um laudo sobre o caso para uma equipeslot casino online malaysiapsicólogos.

A mãe também acredita que Luiz deverá, nos próximos anos, alterar os documentos. Ela revela que desconhecia sobre crianças trans até vivenciar a experiência com o filho, mas afirma que tem tentado encarar melhor as roupas e acessórios femininos usados pelo garoto. Maria conta que a família dela também tem dificuldades para lidar com o tema. "Eles são mais conservadores, mas estão se esforçando para lidar melhor", explica.

Em rápida conversa com a reportagem, Luiz comemora o fatoslot casino online malaysiaum tio materno passar a aceitá-lo. "Ele está me apoiando agora", diz o garoto sobre um parente que, segundo ele, é religioso e não entendia o motivoslot casino online malaysiaa criança usar itens femininos.

A criança afirma saber que as pessoas podem ter dificuldades para entendê-la. "É porque eu sou diferente. Nasci menino, mas sou menina", diz, sem grandes dificuldades na explicação, como se estivesse acostumado a abordar o assunto com outras pessoas. "Mas isso não é um problema", completa Luiz.

Neste ano, o garoto deve concretizar um desejo que tem há dois anos: usar saia no uniforme escolar. "Acredito que agora é o momento. Esperamos passar um tempo para que ele pudesse usar o uniforme feminino", explica César.

O policial admite que teme que o filho sofra bullying no futuro. "Hoje ele convive com os mesmos coleguinhas. Mas o meu medo é depois, porque ele pode terslot casino online malaysiaenfrentar comentários maldosos", relata.

Alheio aos possíveis comentários negativos, sobre si, Luiz faz planos para o futuro. "Quero ser inventora ou modelo", diz a criança.

O futuroslot casino online malaysiaLuiz é algo que faz parteslot casino online malaysiapensamentos frequentes dos pais dele. Maria e César afirmam que pretendem apoiar as escolhas que ele fizer. "Quero que ele seja feliz", diz a mãe. "Ele é uma criança muito linda e inteligente pra caramba. Tenho o maior orgulho da filha que eu tenho. O fatoslot casino online malaysiaela ser transgênero não é nenhum problema para mim. Problema seria se ela tivesse faltaslot casino online malaysiacaráter ou fosse uma pessoa ruim", completa o pai da criança.

*Os nomes foram alterados para preservar as identidades dos pais e da criança.

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