Ministério da Educação limita viagens a eventos, e pesquisadores veem ameaça à ciência nacional:novibet tricolor50

Microfonenovibet tricolor50palco

Crédito, Getty Images

Procurado pela BBC Brasil, o MEC respondeu por meionovibet tricolor50nota: "O Ministério da Educação esclarece que a Portaria 2227,novibet tricolor5031novibet tricolor50dezembronovibet tricolor502019, não proíbe o deslocamentonovibet tricolor50servidores do MEC. A publicação prevê a possibilidadenovibet tricolor50ampliação da quantidadenovibet tricolor50participantes,novibet tricolor50casos excepcionais. No momento, a portaria está sendo revisada e analisada para possíveis modificações,novibet tricolor50atendimento à solicitaçãonovibet tricolor50pesquisadores, professores e reitores da universidade e institutos federais".

Emnovibet tricolor50carta, a associações científicas dizem "que a limitaçãonovibet tricolor50participação de, no máximo, dois servidoresnovibet tricolor50eventos no país, enovibet tricolor50um representante para os realizados no exterior, por unidade, órgão singular ou entidade vinculada, não se adequa à realidade do papel da universidade e das instituiçõesnovibet tricolor50ensino, pesquisa, extensão, tecnológicas enovibet tricolor50inovação no mundo globalizado". Além disso, a Portaria "acarreta um risco iminente para missões bilaterais e grandes colaborações internacionais, nas quais a participação brasileira tem tido grande destaque".

Cientistasnovibet tricolor50várias universidades federais ouvidos pela BBC Brasil também criticam a nova norma e alertam para os riscos dela para ciência nacional. "Me pergunto sobre qual a motivação desta portaria neste momento", diz o biólogo Demétrio Luís Guadagnin, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). "Me parece se tratarnovibet tricolor50mera incompetência ou deliberada intençãonovibet tricolor50perturbar a vida universitária. Isso porque não houve nenhum debate que permitisse avaliar a motivação, discutir alternativas, avaliar ganhos e aperfeiçoar o sistema."

André Luís Souza dos Santos faz selfie dentronovibet tricolor50laboratório

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, 'Fica clara a necessidade dos atuais governantesnovibet tricolor50desmontar a estrutura montada nos últimos anos', diz Santos, da UFRJ

André Luís Souza dos Santos, da Universidade Federal do Rionovibet tricolor50Janeiro (UFRJ), atribui a edição da Portaria 2.227 à "políticanovibet tricolor50descrédito e desvalorização da Educação" do atual governo. "Nos faz crer que tal norma é mais um mecanismonovibet tricolor50repressão e desqualificação do educador/pesquisador brasileiro", diz.

"Fica clara a necessidade dos atuais governantesnovibet tricolor50desmontar a estrutura montada nos últimos anos, que gerou tanto ganho e evolução no binômio educação-ciência. Esta medida é uma afronta ao conhecimento científico, afastando nosso país das principais potências mundiais."

Para o glaciólogo Jefferson Cardia Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), vice-presidente do Scientific Committtee on Antarctic Research (SCAR), órgão máximo da pesquisa antártica internacional, a portaria é "uma ameaça a algo sagrado na ciência: a liberdadenovibet tricolor50trocasnovibet tricolor50ideias". Ele lembra que hoje ela é baseadanovibet tricolor50intensa cooperação internacional, não sónovibet tricolor50congressos, mas missões para produçãonovibet tricolor50artigos, análise laboratoriais e projetos científicos conjuntos.

Além disso, diz ele, o uso da ciência para resolver problemas comuns da humanidade, é cada vez mais importante. "Se algumas das atividades podem ser resolvidas com a participaçãonovibet tricolor50apenas um indivíduo, cada vez mais a investigação científica é atividadenovibet tricolor50grupo (e mesmo comunidade inteiras)", explica Simões. "Ao baixar uma portaria que permite somente a viagemnovibet tricolor50um ou dois indivíduos por unidade, o MEC não só dificulta essas atividades, mas reduz a possibilidadenovibet tricolor50cooperação internacional."

O pesquisador Reinaldonovibet tricolor50Brito

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, O pesquisador Reinaldonovibet tricolor50Brito, da Universidade Federalnovibet tricolor50são Carlos, é um dos que critica decisão do governo

Os cientistas também criticam outro aspecto da portaria: ela se aplica igualmente àqueles que viajam sem custos para o MEC, bancados pelos organizadores dos eventos, instituições estrangeiras ou recursos próprios. "O argumento para nova norma seria onovibet tricolor50contençãonovibet tricolor50custos, mas nos parece estranha essa justificativa, já que limita tanto viagens com ônus (ou seja,novibet tricolor50que a administração custeia passagens e diárias para o evento) com ônus limitado (apenas indica que o salário do servidor continua a ser pago durante o congresso, mas normalmente ele é responsável pelo custeio das passagens e diárias, geralmentenovibet tricolor50agênciasnovibet tricolor50fomento ou mesmo recursos próprios) ou mesmo sem ônus", diz o pesquisador Reinaldonovibet tricolor50Brito, da Universidade Federalnovibet tricolor50São Carlos (UFSCar). "Pela nossa experiência, participaçõesnovibet tricolor50congresso muito raramente foram custeadas pela nossa instituição."

Isso significa que vai haver aumento da burocracia. "Mesmo que o cientista tenha financiamentonovibet tricolor50projetonovibet tricolor50pesquisa ou pagandonovibet tricolor50seu próprio bolso a participaçãonovibet tricolor50congresso, a burocracia será a mesma", diz o bioquímico Emanuel Souza, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). "Isso significa que ele teránovibet tricolor50fazer um relatório para a agência financiadora e outro para a instituição, por meio do Sistemanovibet tricolor50Concessãonovibet tricolor50Diárias e Passagens (SCDP), ligado ao Ministério da Economia. Ou seja, será uma dupla prestaçãonovibet tricolor50contas."

Bonelli sorri para fotonovibet tricolor50campus estrangeiro

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Bonelli diz que 'não é possível organizar fóruns, congressos e simpósios se os especialistas no tema não têm autonomia para confirmarnovibet tricolor50disponibilidadenovibet tricolor50participar'

Mas as consequências mais graves da nova norma serão mesmo para o desenvolvimento da ciência brasileira. "Todas as pessoas que praticam a atividade, incluindo cientistas e alunos, serão prejudicados, se o artigo 5 da Portaria 2.227 não for revisto", alerta a pesquisadora Raquel Regina Bonelli, falandonovibet tricolor50nome do Institutonovibet tricolor50Microbiologia da UFRJ.

"Não é possível organizar fóruns, congressos e simpósios se os especialistas no tema não têm autonomia para confirmarnovibet tricolor50disponibilidadenovibet tricolor50participar. Será também prejudicada a sociedade, pois fica comprometida a qualidadenovibet tricolor50eventos que são utilizados como fontenovibet tricolor50informação para profissionais e jornalistas científicos."

Sua coleganovibet tricolor50universidade, Maite Vaslinnovibet tricolor50Freitas Silva, vai mais longe. "As consequências para os pesquisadores e para a ciência brasileira são gravíssimas", diz. "A pesquisa não é feitanovibet tricolor50ilhas ou laboratórios fechados. Para ela progredir e para o estudo fazer sentido, os achados experimentais devem ser compartilhados entre os cientistas. Para tanto, é uma das atividades básicas deles a trocanovibet tricolor50conhecimento e descobertas, o que se dá participandonovibet tricolor50congressos, feiras, seminários no Brasil e no exterior."

De acordo com ela,novibet tricolor50nada adianta um cientista ter achados importantesnovibet tricolor50seu laboratório se ele não os expuser ao escrutínio dos seus pares no mundo todo. "Descobertas só fazem sentido e servem para gerar progresso se forem expostas e amplamente discutidas pela comunidade científica mundial. Estas discussões se dão justamente nestes fóruns abertos que são as feiras, congressos, simpósios e encontros. Se ela fica restrita, sem debate, ela não será implementada e não serviránovibet tricolor50base para o crescimento da áreanovibet tricolor50pesquisa da qual faz parte."

Línea

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