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Os fatores econômicos que travaram melhora do Brasil no IDH:bet77 net
bet77 net De 2017 para 2018, o Brasil caiu da 78ª para a 79ª posição no ranking do Índicebet77 netDesenvolvimento Humano (IDH), divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) nesta segunda-feira (9/12).
Na lista anunciada pela ONU, que compara os índicesbet77 net189 países e territórios reconhecidos, o IDH do Brasil ficou praticamente estável, subindo,bet77 net0,760bet77 net2017 para 0,761bet77 net2018.
O IDH variabet77 net0 a 1. Quanto mais próximobet77 net1, melhor é a situaçãobet77 netum país. Em 2019, a Noruega manteve a liderança mundial com pontuaçãobet77 net0,954. Na última posição entre os 184 países analisados está mais uma vez o Níger (0,377).
Mas, afinal, o que o IDH diz, na prática, sobre a vida da populaçãobet77 netcada país? E, se o indicador do Brasil subiu um poucobet77 net2018, porque ele caiu no ranking mundial,bet77 netvezbet77 netcontinuar avançando como vinha fazendo nas últimas décadas?
A BBC News Brasil analisou o relatório para explicar o que os indicadores do IDH apontam sobre a realidade recente do país. Lembrando que o retrato divulgado hoje é anual, referente a 2018, ano da gestão do presidente Michel Temer: ainda não reflete, portanto, nenhuma medida do governo do presidente Jair Bolsonaro.
O que o IDH analisa sobre um país?
Publicado pela primeira vezbet77 net1990, o Índicebet77 netDesenvolvimento Humano foi criado como um contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas os aspectos econômicos do desenvolvimentobet77 netum país.
Aos poucos, o IDH tornou-se referência mundialbet77 netmedidabet77 netbem-estar da população, valorizando a importância das condiçõesbet77 netdesenvolvimento dos seres humanos para medir a prosperidade.
Mas quando se falabet77 netbem-estar, é preciso deixar claro do que trata o indicador. A ONU não mede, por exemplo, se as pessoas são mais felizesbet77 netdeterminado lugar, ou se uma democracia é mais forte que a outra, ou aponta quais os melhores lugares do mundo para se viver.
É uma medida bem técnica, que analisa três fatores principais: a saúde da população, pela expectativabet77 netvida quando as pessoas nascem; o acesso ao conhecimento, pelo número médiobet77 netanosbet77 netestudo que as pessoas recebem durante a vida; e o padrãobet77 netvida, medido pela renda e pelo poderbet77 netcompra.
Para poderem ser comparados internacionalmente, o Pnud se baseiabet77 netdados ONU e do Banco Mundial.
E é importante destacar que, dos anos 1990 para cá, desde que esse indicador passou a ser publicado anualmente, o Brasil melhorou muito.
Entre 1990 e 2018, o índice do Brasil aumentoubet77 net0,613 para 0,761, altabet77 net24,2%.
Com essa colocação, o Brasil continua no grupo que a ONU considera o dos países que têm alto desenvolvimento humano, mesmo patamar da Colômbia, por exemplo, e com indicadores acima da média para a região da América Latina e Caribe.
Na América do Sul, o Brasil é o 4º país com maior IDH. Chile, Argentina e Uruguai aparecem na frente.
O que fez o Brasil piorar no rankingbet77 net2018?
Segundo o novo documento da ONU, a esperança médiabet77 netvida dos brasileiros ao nascer estavabet77 net75,7 anosbet77 net2018, contra 73,9bet77 net2013 - um ganhobet77 netquase dois anos, que mostra que o país continuou avançando nesse aspecto.
Já a expectativabet77 netanosbet77 netestudo passoubet77 net15,2 para 15,4 no período, enquanto a escolaridade média evoluiubet77 net7,2 anos para 7,8.
O retrocesso ficou mais evidente no indicador que mede a renda média anual do brasileiro. Em uma das medidas que compõem o IDH, a renda nacional bruta per capita, que estima a renda média ajustada ao poderbet77 netcomprabet77 netcada país, o Brasil registroubet77 net2018 US$ 14.068, nível próximo ao que erabet77 net2012.
Em 2015, início da recessão econômica, tal indicador erabet77 netUS$ 14.490. Em 1990, erabet77 netUS$ 10.082.
Vale explicar que a ONU utiliza o dólar internacionalbet77 netparidadebet77 netpoderbet77 netcompra para estimar a renda nos países, fazendo uma comparação entre preçosbet77 netprodutos e serviçosbet77 netdiferentes países e nos Estados Unidos - é uma medição considerada mais adequada para comparar o bem-estarbet77 netdiferentes países e não representa a mesma cotação do dólar americano.
Outro número analisado no relatório que dá uma ideiabet77 netcomo a situação econômica piorou durante a crise é o percentual da forçabet77 nettrabalho maiorbet77 net15 anos que está procurando emprego, mas não está trabalhandobet77 netatividade remunerada e nembet77 netforma autônoma.
Em 2018, tal percentualbet77 netdesempregados foibet77 net12,5%, um pouco menor que os 12,8%bet77 net2017, mas bem maiores do que eram antes da crise. Passarambet77 netde 6,7%bet77 net2014 para 11,6%bet77 net2016.
"O que não tem contribuído para o aumento do IDH no Brasil é a parte econômica, porque tem havido uma estagnação desde 2014, 2015. Esperando que a melhora da educação e da saúde se mantenha no futuro, a partir do momentobet77 netque a economia se recupere, o IDH do Brasil pode vir a crescer mais rapidamente", disse à BBC News Brasil o economista português Pedro Conceição, diretor do escritório da ONU que produz o relatório.
Conceição considera positivo, porém, o fatobet77 neto Brasil seguirbet77 netuma trajetóriabet77 netmelhora. "Embora o IDH esteja crescendo pouco nos últimos anos, continua a aumentar."
Por que a desigualdade faz o Brasil menos desenvolvido
O relatório da ONU destaca que, quando ajustado pela desigualdade, o IDH do Brasil cai 24,5%. Como a desigualdade brasileira está entre as mais altas do mundo, esse ajuste derruba o paísbet77 net23 posições no ranking, para 0,574.
Colômbia e México, quando analisados na mesma comparação, apresentam perdas do IDH por desigualdadebet77 net23,1% e 22,5%, respectivamente. Na média, tal perda nos paísesbet77 netalto desenvolvimento ébet77 net17,9% e, na América Latina e Caribe, 22,3%.
A parcela dos 10% mais ricos do Brasil concentra cercabet77 net42% da renda total do país, segundo o relatório.
O documento alerta que no mundo todo, embora os países estejam alcançando ganhos substanciais nos níveis básicosbet77 netsaúde, educação e padrãobet77 netvida, as necessidadesbet77 netmuitas pessoas permanecem não atendidas e, paralelamente, uma próxima geraçãobet77 netdesigualdades se inicia, colocando os ricos à frente no desenvolvimento.
A desigualdade é nociva ao desenvolvimentobet77 netum país porque, segundo explica a ONU, as condiçõesbet77 netpartida podem determinar os avanços que uma pessoa consegue alcançar ao longobet77 netsua vida.
"As desigualdades no desenvolvimento humano ferem as sociedades e enfraquecem a coesão social e a confiança das pessoas no governo, nas instituições e umas nas outras. As desigualdades ferem também as economias, impedindo que as pessoas alcancem seu potencial no trabalho e na vida".
Falando da desigualdade global, o relatório cita o exemplobet77 netduas crianças nascidas nos anos 2000, umabet77 netum país com altíssimos níveisbet77 netdesenvolvimento humano, e outrabet77 netum país com baixos níveisbet77 netIDH.
A primeira, no exemplo do Pnud, tem maisbet77 net50%bet77 netchancesbet77 netchegar a se matricular no ensino superior: mais da metade dos jovens nos 20 anosbet77 netpaísesbet77 netalto desenvolvimento humano estão no ensino superior. Em contraste, a segunda tem muito menos probabilidadebet77 netpermanecer viva.
Cercabet77 net17% das crianças nascidasbet77 netpaísesbet77 netbaixo desenvolvimento humano nos anos 2000 terão morrido antesbet77 netcompletar 20 anos,bet77 netcomparação a 1% das criançasbet77 netpaíses muito desenvolvidos.
A ONU também destaca que medidas para promover o desenvolvimento na primeira infância, fase fundamental para o potencial das capacidades humanas, tem papel importante para garantir boas condiçõesbet77 netpartida, logo nos primeiros anosbet77 netvida das pessoas.
"As desigualdades nem sempre refletem um mundo injusto. Algumas são provavelmente inevitáveis, como as desigualdadesbet77 netse desenvolver e criar uma nova tecnologia. Mas quando esses caminhos desiguais têm muito pouco a ver com recompensar talento, esforço ou risco empreendedor, a desigualdade pode ofender o sensobet77 netjustiça das pessoas e ser uma afronta à dignidade humana", explica o documento, citando injustiças nas áreasbet77 netsaúde, educação e respeito aos direitos humanos.
Mais políticas para reduzir desigualdades
Em um momentobet77 netque se alastram protestosbet77 netdiversas partes do mundo - dos Coletes Amarelos na França, passando pelos estudantesbet77 netHong Kong, às manifestaçõesbet77 netsérie por países sul-americanos -, o relatório da ONU chama atenção para a necessidadebet77 netnovas políticas públicas contra as desigualdades.
Ressaltando que as diferençasbet77 netoportunidades começam desde antes do nascimento, o documento defende que os governos invistam mais "na aprendizagem, saúde e nutrição das crianças pequenas" para garantir maior igualdadebet77 netcondições desde a primeira infância.
A ONU também conclama os governos a regular mercados com políticas que garantam "competição saudável", alémbet77 netproteger os diretos dos trabalhadores.
"Os países com uma forçabet77 nettrabalho mais produtiva tendem a ter uma concentração mais baixabet77 netriqueza no topo, viabilizada, por exemplo, por políticas que apoiam sindicatos mais fortes, estabelecem o salário mínimo certo, criam um caminho da economia informal para a formal, investembet77 netproteção social e atraem mulheres para os locaisbet77 nettrabalho", diz o documento.
Outro ponto importante para a ONU é que os países direcionembet77 netpolítica fiscal (recolhimentobet77 nettributos e gastos públicos) para a redução das desigualdades.
"A tributação não pode ser vista por si só (ou seja, como mera finalidadebet77 netarrecadação), mas deve fazer partebet77 netum sistemabet77 netpolíticas, incluindo gastos públicosbet77 netsaúde, educação e (para incentivar) alternativas a um estilobet77 netvida com uso intensivobet77 netcarbono", aponta o documento.
Nesse campo, a organização também destaca a "importânciabet77 netnovos princípios para a tributação internacional", tendobet77 netvista o avanço da digitalização e dos riscos que isso representa para a evasão fiscal (manipulação para pagar menos imposto).
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