‘Faltabet1betclima' com Bolsonaro deixa presidente eleito da Argentinabet1betforabet1betencontro do Mercosul:bet1bet

Diplomatas brasileiros e argentinos e analistas ouvidos pela BBC News Brasil entendem que seria esperado que o presidente eleito da Argentina também fosse convidado para o encontro no Rio Grande do Sul.

"Seria natural que o presidente Macri convidasse seu sucessor, mas não há clima", disse à reportagem um integrante do primeiro escalão do governo Macri, sob a condição do anonimato. "Os que chegam ao poder, a partir do dia 10bet1betdezembro, falaram tão mal do presidentebet1betvocês (brasileiros) e também não sinalizaram o menor interessebet1betparticipar da reunião. E, por isso, o convite não foi feito."

O convite também poderia ter partido do governo brasileiro, o que não ocorreu, disse o entrevistado.

'Farpas públicas'

Bolsonaro e Fernández trocaram farpas públicas desde a campanha eleitoral na Argentina. Dias antes da votação, o presidente brasileiro disse que a vicebet1betFernández, a ex-presidente Cristina Kirchner, colocaria o Mercosulbet1betrisco, e que, neste caso, os encontros poderiam ser com Paraguai e Uruguai, como chegou a reproduzir o jornal econômico El Cronista,bet1betBuenos Aires.

Quando foi confirmada a vitóriabet1betFernández e Cristina — vencendo Macri, que buscava a reeleição —, o presidente do Brasil disse que os argentinos tinham "votado mal" e que não daria os parabéns ao eleito. Ele já tinha dito que a vitória do opositorbet1betMacri levaria os argentinos a copiarem os venezuelanos, buscando a fronteira brasileira.

Porbet1betvez, Alberto Fernández, que durante a campanha visitou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na prisão, publicou uma foto, no dia dabet1beteleição, pedindo "Lula Livre". E chamou o presidente brasileirobet1bet"violento e misógino".

Bolsonaro não participará da posse do sucessorbet1betMacri. Convidado, o ex-presidente Lula, opositorbet1betBolsonaro, declinou do convite, segundo assessores.

Neste ambiente, surgiram versões, entre fontes brasileiras e argentinas,bet1betque a reunião presidencial do Mercosul teria sido marcadabet1bet5bet1betdezembro para que fosse evitado um encontro entre Bolsonaro e Fernández.

A outra opção poderia ter sido, observaram, depois do dia 10, com o sucessorbet1betMacri já na cadeira presidencial. "Claramente, a data do dia 5 foi marcada para evitar este encontro", disse um assessor do governo Macri.

Oficialmente, o encontro será uma despedida para Macri. Do lado brasileiro, um negociador do país disse, porém, que "o Brasil não está conversando com o futuro governo argentino" e "faz todo o sentido que esta data tenha sido escolhida para que os dois não se vejam pessoalmente".

Outro diplomata brasileiro afirmou que a política externa brasileira "tem sido pautada,bet1betmuitos casos, por questões pessoais" e não descarta que a data do encontro tenha sido influenciada pelo "clima ruim" entre os dois mandatários.

Já o Itamaraty, questionado pela BBC News Brasil, disse que a data da reunião do Mercosul "já estava marcada antes da eleição na Argentina". Outro experiente diplomata brasileiro afirmou a mesma coisa.

'Buscar o diálogo'

O problema é que as diferenças entre Bolsonaro e Fernández também começaram antes da eleição presidencial.

"Nós não temos outra saída alémbet1betbuscar o diálogo com o Brasil, que tem uma economia, um território e população cinco vezes maior que a nossa. O diálogo é a saída", disse o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Jorge Faurie, durante entrevista à imprensa, nesta sexta-feira, quando questionado sobre a futura relação entre os dois países.

Ouvidos pela BBC News Brasil, os analistas Rosendo Fraga, do Centrobet1betEstudos Nova Maioria, e Franciscobet1betSantibañes, do Conselho Argentinobet1betRelações Internacionais (CARI), mostraram visões diferentes.

"A relação (entre Bolsonaro e Fernández) não vai ser fácil. Alberto Fernández não estará na reuniãobet1betcúpula do Mercosul porque não foi convidado e Bolsonaro não estará na possebet1betFernández porque não fizeram nada para que ele viesse. O que o futuro presidente argentino não parece entender é que quando tome posse terá oito dos dez países da América do Sul com linha (política) diferente (da dele)", disse Fraga.

Ele citou os governos do Brasil, da Colômbia, do Peru, do Chile, do Equador, da Bolívia, do Uruguai e do Paraguai, definidos comobet1betdireita oubet1betcentro-direita. Para Fraga, Alberto Fernández deverá ter jogobet1betcintura para não deixar a Argentina isolada neste cenário.

Na opiniãobet1betFranciscobet1betSantibañes, "não é muito grave" que Fernández não participe da reunião do Mercosul. Para ele, a ausênciabet1betFernández no encontro não significa "rejeição" do futuro presidente argentino a Bolsonaro, já que o próprio Bolsonaro não estará nabet1betposse.

Pragmatismo

Para ele, o fatobet1betBolsonaro ter dito, na última semana, que espera uma relação "pragmática" com a Argentina é "um sinal positivo". No dia seguinte, durante discurso para quase 2 mil empresários,bet1betBuenos Aires, Fernández disse que sentiu "alegria" ao saber da declaração do presidente brasileiro e faloubet1bet"aprofundar" o Mercosul.

"Vamos aprofundar o acordo com o Mercosul. Que o Mercosul tenha presidentes que pensam diferentes não deve ser um problema. E nenhuma diferença pessoal que eu possa ter nos colocará no lugar equivocado", disse, sendo aplaudido pelos industriais argentinos. "Vi com alegria, hoje, que o presidente do Brasil propôs um acordo pragmático com a Argentina, é o que devemos fazer porque o Mercosul vai superar a Bolsonaro e vai superar a Alberto Fernandez", afirmou.

O futuro presidente da Argentina também disse "que todos entendam que não vou trazer camisetas da China e sapatos do Brasil ou da China".

A declaração foi interpretada pelos presentes como "muito diferente" ao que propõe o governo Bolsonaro, que defende a abertura comercial. "O que queremos é um comércio administrado. Nenhum país do mundo tem um comércio completamente aberto. Ou se tem, isso não é bom para suas indústrias e para a geraçãobet1betempregos", disse o empresário José Ignácio De Mendiguren.

Existem, ao mesmo tempo, dúvidasbet1bettorno da transição argentina entre as equipesbet1betMacri e Fernández.

Os dois se reuniram, na Casa Rosada, sede da Presidência argentina, logo após a eleição no dia 27bet1betoutubro. A foto da dupla foi apontada, na ocasião, como símbolobet1betuma transição tranquila entre opositores.

No entanto, nos últimos dias, diante da faltabet1betcomunicação entre os dois líderes e suas equipes, integrantes do governo Macri disseram, publicamente, que a "transição não existe", e Fernández e seus principais aliados criticaram medidas da gestão atual, que reforçarão "a difícil herança" que receberá o próximo presidente do país.