FHC: Taxar seguro-desemprego é ‘ridículo’ e agenda 'ultraliberal' pode gerar revolta como no Chile:voj8 cassino

Legenda da foto, Em entrevista exclusiva à BBC News Brasil, ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que taxar seguro-desemprego é medida 'ridícula'voj8 cassinopolíticos que vivem numa 'bolha'.

"Eu sou mais liberal que estatizante, mas não sou ultraliberal. Acho que tem que ter equilíbrio e noção das necessidades concretas das populações. Não adianta ter uma fórmula bem-feita, porque ela não se aplica a todas as sociedades. Taxar seguro-desemprego chega a ser quase ridículo."

Na conversa com a BBC News Brasil, Fernando Henrique Cardoso também criticou os novos "rumos do PSDB", disse que, se estivesse no lugar do deputado Aécio Neves (PSDB-MG) deixaria o partido voluntariamente e sugeriu um novo nome para disputar a Presidência pela siglavoj8 cassino2022: Eduardo Leite, atual governador do Rio Grande do Sul, que tem 33 anos.

Cardoso também falou da soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele avalia que o discurso adotado por Lula desde que deixou a cadeia instiga a "radicalização" e "beneficia" o presidente Jair Bolsonaro.

Crédito, Marcelo Hernandez/Getty Images

Legenda da foto, No Chile, revoltas populares contra política ultraliberal praticada há anos no país já deixaram pelo menos 20 mortos

"Para o presidente Bolsonaro, talvez seja uma oportunidade para voltar a polarizar. Pelo discurso que eu ouvi do presidente Lula, o presidente Bolsonaro pode dizer: 'Tá vendo, olha o perigo'. Então aumenta a radicalização."

Sobre Bolsonaro, FHC disse que o presidente instituiu um "governovoj8 cassinofamília", que "tropeça sozinho" e que vê "inimigos onde não tem". Ele também criticou referências recentes da família Bolsonaro ao AI-5, instrumento da ditadura militar editadovoj8 cassino1968 que fechou o Congresso e cassou as liberdades individuais

"Acho lamentável que as pessoas falem sobre o AI-5 como se fosse uma coisa banal. Não foi, foi grave, fez mal à democracia. Conseguimos repor a democracia no Brasil e temos que lutar para preservá-la", disse FHC.

No início do mês, o deputado Eduardo Bolsonaro disse que "se a esquerda se radicalizar" um novo AI-5 poderia ocorrer. Na segunda (26/11), foi a vezvoj8 cassinoPaulo Guedes dizer: "Não se assustem então se alguém pedir o AI-5". O ministro da Economia fez o comentário ao comentar sobre falas recentes do ex-presidente Lula.

Fernando Henrique Cardoso está na Inglaterra a convite do Programavoj8 cassinoEstudos Brasileiros da Universidadevoj8 cassinoOxford, para falar sobre os 50 anosvoj8 cassinoseu livro mais consagrado como sociólogo: Dependência e Desenvolvimento na América Latina.

A palestra ocorre num momentovoj8 cassinoque a América Latina parece distante da 'eterna' promessavoj8 cassinodesenvolvimento. Crises na Colômbia, Bolívia e Chile, e a polarização no Brasil são exemplos do momentovoj8 cassinoconvulsão política e social na região.

Leia os principais trechos da entrevista:

voj8 cassino BBC News Brasil - voj8 cassino O voj8 cassino senhor dará uma palestravoj8 cassinoOxfordvoj8 cassinocomemoração aos 50 anosvoj8 cassinoumvoj8 cassinoseus livros mais consagrados como sociólogo, voj8 cassino Dependência e Desenvolvimento na América Latina voj8 cassino . Isso acontece num momentovoj8 cassinoque grande parte dos países da América do Sul vive crises seríssimas, principalmente Chile, Bolívia e agora Colômbia. O que essas convulsões revelam sobre o momento político da região e essa eterna luta da América Latina pelo desenvolvimento?

voj8 cassino Fernando Henrique Cardoso - É verdade, mas o que acontece nesse momento não é só na América Latina. Há uma agitação política no mundo todo. Agora a questão é maisvoj8 cassinocomunicação. O mundo contemporâneo, a internet, a conversa instantânea mudou muito as coisas, o que levou a uma grande transformação também na ação política. As pessoas se juntamvoj8 cassinorepente. Um fio desencapado pega fogo. Os partidos - mas não só os partidos- também as outras instituições, têm menos vigência, menos valor para conduzir o comportamento. As pessoas se relacionam diretamente. Essa transformação está hoje colocandovoj8 cassinocrise a democracia representativa.

Legenda da foto, Na entrevista à BBC News Brasil, FHC sugeriu nomevoj8 cassinogovernador do RS para candidato do PSDB à Presidência e disse que Dória ainda tem que demonstrar qualidades para ser presidente

voj8 cassino BBC News Brasil - O que explica essa ondavoj8 cassinonacionalismovoj8 cassinodireita, que a gente vê não só na Europa, mas também nos EUA e há quem inclua Jair Bolsonaro nessa lista também?

voj8 cassino FHC - Acho que o que explica isso é o medo do futuro. Houve um avanço grande da democratização. Essas pessoas ficaram assustadas. Segundo, o que é essa globalização? Vai dar emprego? Há uma certa insegurança e isso leva a impulsos defensivos. 'Ah, deixa eu fechar o mercado'.

Nos Estados Unidos, 'tem muito mexicano aqui. Manda embora. Estão levando nossas empresas para a China, vamos ficar aqui dentro.' É uma ondavoj8 cassinoprotecionismo,voj8 cassinonacionalismo evoj8 cassinoexclusão. Uma onda negativa. Eu não participo desse pontovoj8 cassinovista.

voj8 cassino BBC News Brasil - Então as pessoas e os Estados acabam se fechando como formavoj8 cassinodefesa diante do medo do desconhecido...

voj8 cassino FHC - Acho que é isso. É um medo do futuro. E diga-sevoj8 cassinopassagem, é um futuro complicado. Ao mesmo tempovoj8 cassinoque você tem as novas técnicasvoj8 cassinoprodução... A internet e a inteligência artifical roubaram tudo isso. Mas você poupa mão-de-obra e concentra renda. As pessoas têm medo.

voj8 cassino BBC News Brasil - Vamos agora falar sobre o governo Jair Bolsonaro. Já estamos no finalvoj8 cassinonovembro. Em pouco maisvoj8 cassinoum mês o governo completa um ano. Como o senhor avalia a gestão do presidente? Quais seriam os maiores erros e acertos desse governo?

Crédito, Adriano Machado/Reuters

Legenda da foto, Para Fernando Henrique Cardoso, agenda econômica pode ser 'fio desencapado' que levará o Brasil a protestos incendiários

voj8 cassino FHC - Veja, eu não votei no Bolsonaro. Vamos primeiro esclarecer as coisas para que não haja confusões. Primeiro, eu acho que o governo não é homogêneo. Tem o setor econômico, que tem uma visão e tenta botar na prática essa visão, que é uma visão liberal-ortodoxa. Tem o setor da produção que cuida da agricultura e da infraestrutura. E tem o setor que é ideológico, que acha que está defendendo a cristandade contra o comunismo, que é algo que não tem mais, onde que está?

Eu não sei. Mas eles pensam que tem. E há muito tempo que não se vê um governo tãovoj8 cassinouma família. A família tem peso. Então, não pode-se dizer que o governo está caminhando numa certa direção. Ele fala as coisas. Faz menos do que fala e o que fala assusta. Meio-ambiente, por exemplo.

A retórica évoj8 cassinoque não é um tema importante, e é. Na prática (em termosvoj8 cassinomedidas concretas) não mudou muita coisa, mas mudou. Porque quando o governo fala, o presidente fala, o ministro fala, as coisas começam a acontecer. A queimada aumentou, o desmatamento aumentou. Eu sei que é cíclico e há momentos com mais queimadas. Mas alémvoj8 cassinoser cíclico, você tem um ingrediente que é a desatenção aparente do governo para essas questões.

voj8 cassino BBC News Brasil - voj8 cassino Enxerga pontos positivos?

voj8 cassino FHC - A reforma da Previdência. Eu tentei fazer, perdemos alguma coisa como a questão da idade mínima. Tivemos que inventar o fator previdenciário. Agora foi aprovada a idade mínima. Acho que isso é um mérito importante do governo. Eu procuro fazer uma oposição equilibrada. Você não pode dizer que está tudo errado. E pegaria mal um ex-presidente jogar toda a culpa no atual.

Legenda da foto, FHC diz que Bolsonaro instituiu um 'governovoj8 cassinofamília', que 'tropeça sozinho' e 'acha inimigos onde não tem'

Mas independentemente disso o governo hesita muito e depende da área. Na área da educação, meu Deus, me preocupa porque você não vê rumo. E agora você vê um diálogo do ministro da Educação que é inaceitável. Mexe com a mãe não seivoj8 cassinoquem. Coisas que não têm cabimento. Então, tem áreas bem retrógradas e outras são construtivas. Por incrível que pareça os militares são os mais moderados. E precisamos buscar algum tipovoj8 cassinomoderação no Brasil.

É contra nossa cultura, o nosso espírito não évoj8 cassinoruptura. E o governo é muitovoj8 cassinorupturas. Fala palavras pesadas, acha inimigo onde não tem, tropeça sozinho. E não tem uma maioria estável na Câmara. Nesse último ponto, eu não responsabilizo o governo, porque os partidos estão num processovoj8 cassinodesintegração. Governar não é fácil.

voj8 cassino BBC News Brasil - voj8 cassino O senhor foi bastante criticado na época do segundo turno por não ter se posicionado, não ter declarado apoio a um candidato especificamente. Inclusive acadêmicos do mundo inteiro,voj8 cassinoHarvard, Oxford, assinaram uma carta aberta pedindo que o senhor se manifestasse. O senhor se arrepende daquele silêncio?

voj8 cassino FHC - Não. Ficou uma situaçãovoj8 cassinotal natureza que eu não concordava com nenhum dos dois polos. Por que? Porque o governo do PT, principalmente na fase da presidente Dilma Rousseff, com quem eu nunca tive pessoalmente nenhum problema, foi muito desorganizado.

Crédito, EPA/Sebastiao Moreira

Legenda da foto, FHC diz que não se arrependevoj8 cassinonão ter se posicionado a favorvoj8 cassinoum candidato no segundo turno da eleição: 'Ninguém é obrigado a optar entre o menos ruim e o pior.'

Levou o Brasil a uma recessão muito grande. Também tem uma certa tendência hegemonista do PT. Eu não concordo com isso. Tampouco concordava com Bolsonaro. Quando você não concorda, tem que dizer que não concorda. Ninguém é obrigado a optar entre o menos ruim e o pior.

O candidato do PT, o Haddad, eu tenho relações pessoais com o Haddad. Fui almoçar com ele, fui ao teatro com ele, quando ele era prefeito. Mas a posição que ele representava no segundo turno... Evoj8 cassinovários estados, o PSDB disputava com o PT. Como que eu iria me manifestar pelo PT?

A posiçãovoj8 cassinoquem tem certa projeção política não pode ser um impulso pessoal, tem que ser pensado. É verdade que minha ligação com o PSDB é simbólica. Sou presidentevoj8 cassinohonra. Não tenho nenhuma ligação orgânica com o PSDB nem estouvoj8 cassinoacordo com muita coisa que é feita pelo PSDB, nem sou responsável por isso. Ainda assim, tenho uma certa simbologia e não posso a toda hora desconsiderar o PSDB.

voj8 cassino BBC News Brasil - voj8 cassino Justamente como ex-presidente da República e liderança política importante não seria uma responsabilidadevoj8 cassinose posicionar naquele momento?

voj8 cassino FHC - Eu me manifestei. Eu disse que não votaria nem num nem noutro. Que não estavavoj8 cassinoacordo nem com um nem com outro. Você não é obrigado a estarvoj8 cassinoacordo com um. Claro, que se você estivesse diante da iminênciavoj8 cassinoum fascismo, uma ditatura, é diferente. Mas no Brasil não tem uma ditadura. A democracia está lá. Você pode dizer o que quiser do governo Bolsonaro, mas temos liberdade. Eu vivi momentosvoj8 cassinoditadura e eu sei o que é isso. Aqui não há tal coisa.

Crédito, REUTERS/Adriano Machado

Legenda da foto, 'É lamentável que falem sobre o AI-5 como se fosse uma coisa banal', criticou FHC. Eduardo Bolsonaro e Paulo Guedes mencionaram recentemente possibilidadevoj8 cassinonovo AI-5

voj8 cassino BBC News Brasil - voj8 cassino Mas havia uma preocupação que o discurso, principalmentevoj8 cassinorelação a minorias, como população LGBT e indígenas, pudesse levar a uma quebra gradual da democracia. A gente tende a pensarvoj8 cassinoquebra democrática com tanques na rua, mas o mais comum é uma erosão gradual das instituições. Isso era uma visão exagerada?

voj8 cassino FHC - Não, isso é verdadeiro, é preocupante e você tem que lutar contra isso. Vou citar Otávio Mangabeira, a democracia é uma planta tenra que você tem que regar todos os dias. É a mesma coisa nesses aspectos todos. É verdade que houve também - e isso também nos EUA - uma exacerbação da política identitária, que assustou outros setores da sociedade.

Mas a despeito disso, acho que há uma posição reacionária contra mulher, índio, negro. Eu não aceito isso. Sou contra. Temos que lutar contra isso e protestar claramente. Agora, não posso dizer que o governo tenha assumido essa posição. Tem setores que defendem essa posição e aí você tem que ser contra.

voj8 cassino BBC News Brasil - voj8 cassino Mas há falas do próprio presidente...

Crédito, REUTERS/Ueslei Marcelino

Legenda da foto, 'O presidente agora mesmo está criando um partido novo e o símbolo são balas, um revólver 38. Isso não é uma coisa civilizatória. Não tem cabimento', critica FHC

voj8 cassino FHC - O presidente agora mesmo está criando um partido novo e o símbolo são balas, um revólver 38. Isso não é uma coisa civilizatória. Não tem cabimento. Temos que ser contra. Mas nós podemos dizer que somos contra. Temos liberdade. A imprensa está livre. Eu vivi regime autoritário, vi gente torturada. É diferente. Não vamos misturar alhos com bugalhos.

Estamos numa situaçãovoj8 cassinoque há espaço para lutar pelo que acredita. Quando você tem duas bandeiras e nenhuma delas corresponde ao que você pensa e você tem lutas locais, o que você faz quando tem responsabilidade política? Não é tão fácil.

voj8 cassino BBC News Brasil - voj8 cassino Algumas das crises internas recentes do governo partiramvoj8 cassinocomentários dos filhos do presidente. Recentemente, Eduardo Bolsonaro disse que se a esquerda se radicalizasse, uma resposta poderia ser um novo AI-5. Esse tipovoj8 cassinodiscurso carrega um risco real para a democracia voj8 cassino ? voj8 cassino Qual avoj8 cassinoavaliação?

voj8 cassino FHC - Esses comentários são completamente inapropriados. Devem ser criticados. Mas não creio que estejamos num momentovoj8 cassinoque é possível uma ruptura democrática por causavoj8 cassinoum comentário. As instituições são, espero, fortes. A imprensa é forte, o Parlamento é forte e as Forças Armadas estão fora desse tipovoj8 cassinojogo.

Crédito, OLIVIER DOULIERY/AFP

Legenda da foto, Em entrevista nesta segundavoj8 cassinoWashington, Paulo Guedes disse: 'Não se assustem então se alguém pedir o AI-5. Já não aconteceu uma vez? Ou foi diferente?'

Eu vivi o climavoj8 cassino1954, na épocavoj8 cassinoGetúlio, e não estamos num clima semelhante. Temos espaço para ser contra, mas não podemos pensar que esse é um sintomavoj8 cassinoque as coisas vão para a direção expressa pelo comentário do deputado. Acho lamentável que as pessoas falem sobre o AI5 como se fosse uma coisa banal. Não foi, foi grave, fez mal à democracia. Conseguimos repor a democracia no Brasil e temos que lutar para preservá-la.

voj8 cassino BBC News Brasil - voj8 cassino O senhor costuma dizer que Bolsonaro se elegeu por que reforçou na campanha dois temas caros à população, combate à corrupção e à violência. O PSDB não teve nem 5% dos votos com Geraldo Alckmin na última eleição e vive uma espécievoj8 cassinocrisevoj8 cassinoidentidade. No mês passado, o partido decidiu arquivar os pedidosvoj8 cassinoexpulsãovoj8 cassinoAécio Neves, investigado na Lava Jato por crimevoj8 cassinocorrupção. O PSDB não perde assim mais uma chancevoj8 cassinoresponder a essa demanda da população por uma postura mais enfática contra a corrupção?

voj8 cassino FHC - Sem dúvida eu acho que tem que ter uma posição enfática contra a corrupção. O Bolsonaro e o partido dele naquela época tinham uma agenda negativa: não à corrupção, não à criminalidade e não ao PT. Isso pesou muito, sobretudovoj8 cassinoáreas como SP onde o PT ficou muito marcado. E o PSDB cometeu um equívoco, que foi criticar mais o Bolsonaro que o PT. E aí ele se perdeu na retórica da política, na aproximação com a população.

Então, se o PSDB quiser ter vida, vai ter que ser mais assertivo, mais afirmativo. Com relação à posição do PSDB com Aécio Neves, é preciso não esquecer que o Aécio foi candidato à Presidência da República. Não dá paravoj8 cassinorepente jogá-lo às feras. Deixe que a Justiça atue. Nessa situação, eu tenho tido a mesma posição. Eu respeito a Justiça. O que vale para o PT vale para o PSDB. Deixe a Justiça julgar. Julgou, eu respeito. Agora, por que se antecipar à Justiça?

Crédito, Claudio Andrade/Câmara dos Deputados

Legenda da foto, Recentemente, o PSDB optou por arquivar pedidosvoj8 cassinoexpulsãovoj8 cassinoAécio Neves do partido

voj8 cassino BBC News Brasil voj8 cassino - Mas (a manutençãovoj8 cassinoAécio) não é prejudicial à imagem do PSDB? Não gera a imagemvoj8 cassinoleniência ou tolerância com a corrupção?

voj8 cassino FHC - Claro que sim. Talvez pior do que qualquer fato tenha sido o tipovoj8 cassinoconversa que o Aécio Neves teve. Aquilo foi negativo, é inegável.

voj8 cassino BBC News Brasil voj8 cassino - E para uma decisão política, não é necessária uma decisão judicial...

voj8 cassino FHC - Eu sei, eu sei. Na matériavoj8 cassinocorrupção, o PSDB tem que ser contra, seja lá quem for. Mas não pode prejulgar. E há também exageros na própria Lava Jato. Eu sempre defendi (a Lava Jato), porque é uma coisa inédita no Brasil colocar ricos e poderosos na cadeia. Eu não gostovoj8 cassinover, porque alguns deles eu conheço, mas acho que é importante que tenha sido feito. Ela às vezes exagera e deve-se condenar o exagero.

Mas isso foi um fato importante para o Brasil e se os partidos não entenderem que a população cansou da corrupção, não tem o que fazer. E hoje no Brasil poucos políticos andam à vontade. No fundo é bom, porque mostra que o Brasil está contra a generalização da corrupção. E quando falam do PT, do presidente Lula, eu entendo porque ele estava preso. A coisa mais grave não foi ele ter feito isso ou aquilo, é o PT ter organizado um sistemavoj8 cassinomensalão, organizou o poder através da corrupção.

voj8 cassino BBC News Brasil voj8 cassino - Voltando rapidamente a Aécio Neves. Se o senhor estivesse no lugar dele, renunciaria ao partido?

voj8 cassino FHC - Eu renunciaria sim. Eu renunciaria.

voj8 cassino BBC News Brasil - voj8 cassino Uma das lideranças mais fortes no PSDB hoje é o governador João Dória, agora o partido incorporou Alexandre Frota, houve sondagens a Jo voj8 cassino i voj8 cassino ce Hasselman e discussões sobre fusão com o DEM. Como o senhor enxerga esse novo rumo do PSDB?

Crédito, Governovoj8 cassinoSP

Legenda da foto, '(Doria) apoiou (Bolsonaro) e eu achei um exagero. E disse isso a ele. Mas cada um vai construirvoj8 cassinoliderança. Pessoalmente, eu nunca vou apoiar candidaturas ou partidos que estejam com a marca reacionária na cultura, na economia, no que quer que seja', diz FHC

voj8 cassino FHC - Essas coisas se modificam muito. O PSDB quando nasceu, e eu fui um dos fundadores, a ideia era outra. A ideia era um partido com mais coesão, que fosse mais orientado pelo social do que pelo jogo do poder pelo poder. Então, eu não posso concordar com muita coisa que está acontecendo (no PSDB). Mas é a transformação. Os partidos estão perdendo vigência para conduzir o povo no voto. Eu não concordo.

Mas eu estou muito afastado do dia a dia. O governador Doria teve um pai que foi exilado, e ele foi exilado junto. Ele sempre teve uma trajetória democrática e trabalha. Isso é suficiente para ganhar eleição? Não sei. Acho que estamos num momentovoj8 cassinoque as forçasvoj8 cassinorenovação estão aparecendo fora dos partidos.

voj8 cassino BBC News Brasil - voj8 cassino No PSDB, qual seria, navoj8 cassinoopinião, o melhor nome para disputar a Presidênciavoj8 cassino2022?

voj8 cassino FHC - Não quero fazer escolhas. Mas,voj8 cassinoqualquer maneira, tanto o governadorvoj8 cassinoSão Paulo quanto o governador do Rio Grande do Sul, que é um rapaz jovem, expressam esse momento,voj8 cassinorenovação. Há pessoasvoj8 cassinofora, como o Luciano Huck.

Crédito, Gustavo Mansur / Palácio Piratini

Legenda da foto, FHC citou nomevoj8 cassinogovernador do RS, Eduardo Leite, como possibilidade do PSDB para a eleição presidencialvoj8 cassino2022

voj8 cassino BBC News Brasil - voj8 cassino Com D voj8 cassino o voj8 cassino ria, o PSDB não consolidaria uma guinada à direita?

voj8 cassino FHC - Não sei o que se chama hojevoj8 cassinodireita. É difícil qualificar essa direita. Precisa ver se ele é direito.

voj8 cassino BBC News Brasil - voj8 cassino Uma direita não qualificada assim só pelo pensamento econômico, mas pelo conservadorismovoj8 cassinoquestõesvoj8 cassinocostumes.

voj8 cassino FHC - Não creio. Não sei. Não é o estilo dele.

voj8 cassino BBC News Brasil - Ele apoiou fortemente o presidente Jair Bolsonaro na eleição...

voj8 cassino FHC - Apoiou e eu achei um exagero. E disse isso a ele. Mas cada um vai construirvoj8 cassinoliderança. Pessoalmente, eu nunca vou apoiar candidaturas ou partidos que estejam com a marca reacionária na cultura, na economia, no que quer que seja. Tem que andar para frente.

voj8 cassino BBC News Brasil - voj8 cassino D voj8 cassino o voj8 cassino ria não tem essa marca reacionária?

voj8 cassino FHC - Ele tem que fazer (a marca) a dele. Por enquanto, a marca que ele tem é avoj8 cassinofazedor. A história dele veio, a meio ver, do lado correto, democrático. Agora, precisa construir issovoj8 cassinotermosvoj8 cassinofuturo. Qual é o projeto? Nós estamos num momento complicado no mundo.

E no Brasil também. Temos que crescer a economia e essa economia precisavoj8 cassinoum salto qualitativovoj8 cassinomatéria tecnológica, temos que integrar a população, porque tem muita pobreza no Brasil ainda. Temos que deixar a imprensa com muita liberdade, deixar ciência e tecnologia avançar. Essas são as questões reais.

voj8 cassino BBC News Brasil voj8 cassino - E o governador D voj8 cassino o voj8 cassino ria reúne as qualidades necessárias para alcançar esses objetivos?

voj8 cassino FHC - Ele tem que demonstrar isso. Tem tempo para demonstrar isso.

voj8 cassino BBC News Brasil - Vamos falar um pouco do ex-presidente Lula. O que representa para o governo Bolsonaro a solturavoj8 cassinoLula?

voj8 cassino FHC - A soltura do Lula se dá por uma decisão da Justiça e tem que ser aceita. Ele vai permanecer solto? Eu não sei. A Justiça que vai decidir. Segundo, acho que o Brasil vive um momentovoj8 cassinopolarização. Para o presidente Bolsonaro, talvez seja uma oportunidade para voltar a polarizar.

Crédito, NELSON ALMEIDA / AFP

Legenda da foto, 'Pelo discurso que eu ouvi do presidente Lula, o presidente Bolsonaro pode dizer: Tá vendo, olha o perigo. Então aumenta a radicalização', avalia FHC

Para o Brasil é negativo voltar a polarizar. É preciso ter uma força moderada. Mas pelo discurso que eu ouvi do presidente Lula, o presidente Bolsonaro pode dizer: 'Tá vendo, olha o perigo'. Então aumenta a radicalização. Não é que ele não deveria estar livre. A Justiça decidiu. Mas a palavra dele tem sido uma palavra que ajuda o outro lado.

voj8 cassino BBC News Brasil - voj8 cassino Sobre as condenações do ex-presidente Lula, os defensores dele argumentam que ele teria sido perseguido e apontam abusos que teriam sido cometidos na Lava Jato. O senhor vê abusos por parte da equipe da Lava Jato?

voj8 cassino FHC - Eu mal conheço os juízes e procuradores da Lava Jato. É possível que eles tenham lado, tenham uma visão. Todo mundo tem. É bobagem pensar que as pessoas são neutras. Mas os juízes não julgam por aí, analisam fatos. Eu já fui chamado a depor três vezes a pedido da defesavoj8 cassinoLula. E você dá uma espiada no processo. Tem muita coisa. Não creio que os juízes tenham condenado simplesmente porque têm um viés político contrário.

Podem ter. A Lava Jato pode ter uma tentação a ser salvadora da pátria, expurgar, resolver tudo. Mas não é por isso que condena. Condena porque tem fato. Também não acho que seja pecado tão grande que o procurador tenha falado com o juiz. Trabalham juntos.

voj8 cassino BBC News Brasil - voj8 cassino Pelos fatos apresentados até agora, nos julgamentos,voj8 cassinoprimeira instância, no TRF e no STJ, o senhor se convenceu da culpavoj8 cassinoLula no processo?

voj8 cassino FHC - Ou eu digo que a Justiça não vale para nada ou eu tenho que aceitar a Justiça, o julgamento. Pode ter errado num ponto? Masvoj8 cassinotrês instâncias? É um pouco demais.

voj8 cassino BBC News Brasil - Como o senhor responde às críticas e argumentosvoj8 cassinoque a práticavoj8 cassinocompravoj8 cassinovotos no Congresso e desviovoj8 cassinorecursosvoj8 cassinocontratos públicos começaram antes do governo Lula?

Crédito, REUTERS/Amanda Perobelli

Legenda da foto, Para FHC, Lava Jato pode ter cometido abusos, mas condenaçãovoj8 cassinoLulavoj8 cassinotrês instâncias se baseouvoj8 cassinofatos e provas

voj8 cassino FHC - Não são verdadeiras. A corrupção havia? É possível, inclusive no meu governo. Eu vou saber? Agora eu não compactuei, eu não organizei. Eu não tenho processo nenhum. 'Ah, é porque não foi investigado'. O PT foi muitos anos governo. Mas não tinha como materializar a denúncia porque eu não fiz. Se você olhar na internet, vão dizer que eu tenho apartamentovoj8 cassinoParis. Eu não tenho. É mentira. Mas o fato é que sempre pode haver corrupção.

A corrupçãovoj8 cassinosi é grave, mas o que e gravíssimo é a corrupção no poder. Quando você organiza as bases do poder no dinheiro público roubado, passado pelas empresas privadas para os partidos.

voj8 cassino BBC News Brasil - Agora, o senhor teve um procurador-geral que foi apelidadovoj8 cassinoengavetador-geral da República. A classe política não pode ter se beneficiadovoj8 cassinoum Ministério Público e um Judiciário menos combativos?

voj8 cassino FHC - Sabe por que recebeu esse apelido?

voj8 cassino BBC News Brasil - Porque ele engavetou a grande maioria das denúncias que recebeu.

voj8 cassino FHC - Porque os procuradores estavam recém-exercendo a função e faziam denúncias sem base. Roubou, comprou voto na eleição. Houve compra? houvevoj8 cassinovários lados, mas eu, o governo, não. Não tem base. O procurador olha aquilo e manda engavetar. Ele (procurador Geraldo Brindeiro) era um professor respeitado, formadovoj8 cassinoYale, e inventaram que era engavetador-geral. Mas é invenção. E por que o próximo procurador, do outro governo, não veio para cima? Porque não tem base.

voj8 cassino BBC News Brasil - voj8 cassino O Ministério Público diz que o sistemavoj8 cassinolista, que foi adotado após o seu governo e agora derrubado (no governo Bolsonaro), trouxe independência ao procurador-geral da República para agir contra o governo, se necessário. voj8 cassino ..

voj8 cassino FHC - Sempre houve lista. Mas é faculdade do presidente nomear quem ele queira.

voj8 cassino BBC News Brasil voj8 cassino - Mas a lista só passou a ser observada depois (do seu governo) e foi abandonada agora no governo Bolsonaro. voj8 cassino ..

voj8 cassino FHC - Eu não sou favorável a esse democratismovoj8 cassinolistas porque você cria corporativismos. O interesse da corporação pesa mais que o interesse público. Se você puder botar alguém que está na lista, muito bem. Se não, tem que prevalecer o interesse público.

voj8 cassino BBC News Brasil voj8 cassino - Como garantir total independência ao procurador-geral que é escolhidovoj8 cassinofora da lista, conforme a preferência exclusiva do presidente?

voj8 cassino FHC - Ele tem independência legal. E eles têm exercido com eficácia essa prerrogativa. No começo, todos os procuradores denunciavam todo mundo.

voj8 cassino BBC News Brasil - voj8 cassino Sobre economia, o que o senhor acha da agenda do ministro Paulo Guedes, especificamente da ideiavoj8 cassinotaxar seguro-desemprego voj8 cassino ?

voj8 cassino FHC - Veja o que aconteceu no Chile recentemente, eu morei no Chile. Eu vi o que foi feito no Chile quando vieram os economistas do Pinochet, que tinham uma visão também racional,voj8 cassinomercado. A vida não é assim. Você tem que levarvoj8 cassinoconsideração as diferenças sociais, as dificuldades que existem. Não adianta você ter um propósito bom se não há espaço para isso na sociedade. Ministro Guedes provavelmente tem a maior boa vontade, quer acertar, mas vai tropeçar bastante da realidade.

voj8 cassino BBC News Brasil voj8 cassino - Especificamente sobre taxar seguro-desemprego voj8 cassino , voj8 cassino o senhor é favor?

voj8 cassino FHC - Sou contra. Não faz sentido. Isso é ideia abstratavoj8 cassinoquem não conhece a vida. A maior parte dos políticos não conhece a realidade. Eu sou sociólogo. Comecei a vida estudando negro no sul, depois me dediquei à questãovoj8 cassinodrogas, agora voltei a estudar as comunidades no Riovoj8 cassinoJaneiro. Vai lá para você ver. A coisa é outra. Você tem que entender a faltavoj8 cassinorecursos,voj8 cassinoeducação, a violência, o domínio que a droga e a milícia têm das comunidades. Então, tudo isso tem que ser tomadovoj8 cassinoconsideração. Você está no poder, e pensa que está numa bolha? Não pode. Ou você entende que você representa um conjunto, não aquela bolha ou você governa mal.

voj8 cassino BBC News Brasil voj8 cassino - O Brasil corre o riscovoj8 cassinose tornar um Chile no sentido da revolta popular se continuar com a agenda ultraliberal na economia?

Crédito, Marcelo Hernandez/Getty Images

Legenda da foto, População do Chile foi às ruas para exigir reformas sociais. Algumas manifestações terminaramvoj8 cassinoviolência e confrontos com a polícia

voj8 cassino FHC - O Chile é diferente do Brasil. Nós somos portugueses e eles são espanhóis. Eles são muito mais agressivos, sempre houve mais dureza na vida política chilena. Não sei se é comparável, mas na situação do mundo um fio desencapado pode levar a um curto-circuito. Eu quero isso? Não, mas pode acontecer. Eu acho que essa política ultraliberal dificilmente se implanta na sociedade brasileira.

O próprio presidente Bolsonaro não é isso. Ele é um oficialvoj8 cassinobaixa patente e ele reage contra e estoura à moda tradicional, mais estatizante do que liberal. Eu acho que ele tem impulso mais estatizante que liberal. Eu sou mais liberal que estatizante. Não sou ultraliberal, acho que tem que ter equilíbrio e noção das necessidades concretas das populações. Não adianta ter uma fórmula bem-feita, porque ela não se aplica a todas as sociedades. Taxar seguro-desemprego chega a ser quase ridículo.

voj8 cassino BBC News Brasil - voj8 cassino Sobre a polarização no Brasil. O senhor enxergavoj8 cassinoalguém capacidadevoj8 cassinose apresentar como um bom candidatovoj8 cassinocentro? O senhor manifestou entusiasmo com possibilidadevoj8 cassinocandidaturavoj8 cassinoLuciano Huckvoj8 cassino2018. Continua achando que ele pode ser esse nome?

voj8 cassino FHC - Primeiro, eu acho o seguinte: não se nasce líder, você se faz. Eu fui nomeado ministro da Fazenda pelo presidente Itamar. Eu estava nos EUA. Fizemos o Plano Real. A situação te cria oportunidades que você pode usar e se você entender que a liderança é algo coletivo. Tem que ter gente ao seu lado. Não é assumir o meio-termo. É escolher e mostrar um caminho. A grande jogada do Plano Real foi a decisãovoj8 cassinoque explicaríamos tudo o que iríamos fazer e dar liberdade para a população escolher. Temos uma situação semelhante.

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Luciano Huck cogitou se candidatar à Presidênciavoj8 cassino2018, mas desistiu. Ele continua a ser um nome mencionado como possível candidato na eleiçãovoj8 cassino2022

Alguém tem que chegar e dizer: 'vocês estão brigando há anos um com o outro. E nós precisamos encontrar um caminho que leve à prosperidade'. O povo quer emprego, transporte, saúde, educação. E confiança. Quem é que desperta confiança? Quem despertar confiança entre os que você citou, pode ser essa pessoa. E pode ser que surja um terceiro com essa capacidadevoj8 cassinodespertar confiança.

voj8 cassino BBC News Brasil - voj8 cassino O governo Bolsonaro tem promovido uma políticavoj8 cassinoalinhamento com os Estados Unidos. Mais recentemente, o Brasil rompeu com a tradiçãovoj8 cassinoneutralidadevoj8 cassino27 anos e se uniu a Estados Unidos e a Israel para votar a favorvoj8 cassinosanções a Cuba na ONU. O que o senhor acha dessa estratégia?

voj8 cassino FHC - Eu não acho que o Brasil precise optar antes da hora por um dos polos da hegemonia mundial. É óbvio que a China está subindo, é óbvio que os EUA têm um poder enorme. E o Brasil está longe dos dois. Eu me lembro do Getúlio Vargas. Ele dava a impressãovoj8 cassinoque ia para o Eixo e foi para os Aliados, mas cobrou um preço por isso: Volta Redonda, Siderúrgica Nacional, empréstimosvoj8 cassinobancos internacionais. Por que vamosvoj8 cassinorepente declarar que somos a favorvoj8 cassinoum lado e contra o outro? Não vejo sentido nisso, do pontovoj8 cassinovista do Brasil. O que é bom para o Brasil?

A grande oportunidade que temos é poder jogar com vários. Para que se alinhar? O acordo entre Mercosul e União Europeia é importante. A políticavoj8 cassinomeio-ambiente do Brasil vai atrapalhar o acordo, porque a União Europeia quer outras coisas. O que é mais importante?

O Mercosul ou a verbalização atrasada antiglobalismo e anti meio ambiente? Claro que é o Mercosul. Agora o presidente Bolsonaro foi à China e amainou um pouco. Por que? Para quem exportamos? Para os EUA e a China. Tem que ser realista nessas coisas.

Crédito, EPA/MICHAEL REYNOLDS

Legenda da foto, Governo brasileiro tem adotado políticavoj8 cassinoalinhamento com os EUA. Para FHC, estratégia é um 'erro'. 'O mundo não está requerendo alinhamentos nesse momento. Por que vamos nós agora optar por um dos lados?', questionou

Na política, você tem que ter lado e defender a democracia, as instituições. Mas o mercado pesa nesse jogo todo. E o Brasil tem que ter uma posiçãovoj8 cassinotirar o máximovoj8 cassinoproveito do fatovoj8 cassinoestar longe e não ter que se alinhar. O mundo não está requerendo alinhamentos nesse momento. Por que vamos nós agora optar por um dos lados? Meu Deus, eu acho um erro.

voj8 cassino BBC News Brasil voj8 cassino - O senhor está aqui para participarvoj8 cassinouma palestra na Universidadevoj8 cassinoOxford. Nas suas viagens ao exterior, dos temposvoj8 cassinodedicação acadêmica para cá, como evoluiu a percepção que o mundo tem do Brasil? Estamos pior aos olhos do mundo ou melhor 50 anos depois?

voj8 cassino FHC - Melhor do que a há 50 anos talvez esteja, mas pior do que há 20 acho que está também. Por que? Eu viajo bastante, dou entrevista, e é difícil porque as pessoas têm uma visão muito negativa. E no exterior a gente tem que ser prudente na horavoj8 cassinofalar, mas percebo uma insistência para a crítica. Isso (a visão negativa sobre o Brasil) é uma realidade.

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