Às vésperasbet 81cúpula, 'pai do Brics' questiona relevância do grupo: 'alguém notaria se não houvesse reunião?':bet 81

Jim O'Neill

Crédito, Cortesia Jim O'Neill

Legenda da foto, 'O que é necessário é que o Brasil reduzabet 81dependência das commodities — o que é fácil falar, mas difícilbet 81fazer', diz Jim O'Neill

"Eles geralmente parecem desfrutar apenas do simbolismo da reunião,bet 81vezbet 81realmente adotar políticas. Eu disse a um amigo na semana passada: 'alguém notaria se não houvesse reunião do Brics?'", afirmou O'Neillbet 81entrevista à BBC News Brasil.

O economista, que é ex-secretário do Tesouro do Reino Unido e integrante da Câmara dos Lordes do Parlamento Britânico, diz que se orgulhabet 81os países se reunirem como "grupo político" e que há uma importância simbólica nesses encontros, mas diz que os resultados não têm sido interessantes.

"Sugiro que os líderes dos Brics se perguntem: 'o que já fizemos como resultadobet 81uma reunião para melhorar nossas economias individualmente e coletivamente?'", diz O'Neill.

"Acho importante que eles comecem a pensar mais seriamente nas coisas que poderiam fazer juntos. Por que eles não buscam acordos comerciais mais sérios entre si? Por que eles não buscam mais iniciativas conjuntasbet 81áreas da saúde, particularmentebet 81doenças infecciosas?"

Essa busca para intensificar as parcerias, segundo O'Neill, deveria partir principalmente dos países que estão com a economia mais fraca, como Brasil e Rússia. "Ébet 81se esperar que eles tentem procurar as ferramentas, interna e externamente, que possam ajudá-los a se recuperar."

Palácio do Itamaraty,bet 81Brasília

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Em 2019, a cúpula do Brics acontecerá no Palácio Itamaraty,bet 81Brasília. É a segunda vez que a capital brasileira sedia o encontro — a primeira foibet 812010

As reuniõesbet 81cooperação entre os quatro países começarambet 81maneira informalbet 812006, segundo o Itamaraty, com a reunião dos chanceleres desses países no âmbito da Assembleia-Geral das Nações Unidas.

Em 2009, os encontros passaram a ser anuais e a contar com a presença dos chefesbet 81Estado e governo.

O Itamaraty defende que houve uma "rápida ampliação dos temas tratados pelos parceiros" na última década e que foram estabelecidas maisbet 8130 áreasbet 81cooperação desde a primeira cúpula,bet 812009 — entre elas, economia, ciência, saúde e tecnologia.

Um dos pontos mais marcantes foi a criação,bet 812014, do Novo Bancobet 81Desenvolvimento do Brics (NDB), o chamado Banco do Brics, com o objetivobet 81aumentar o investimentobet 81infraestrutura e desenvolvimento sustentável nas economias emergentes.

Em relação à saúde, há dois anos, com a concentração nos países do Bricsbet 81quase 50%bet 81todos os casos novosbet 81tuberculose no mundo, foi lançada a Rede Bricsbet 81Pesquisabet 81Tuberculose, com o objetivobet 81reunir esforçosbet 81pesquisa e desenvolvimento no combate a essa doença.

A cúpulabet 812019 será nos dias 13 e 14bet 81novembro, no Palácio Itamaraty,bet 81Brasília. É a segunda vez que a capital brasileira é sede do encontro — a primeira foibet 812010.

Qual é o crescimento dos Brics hoje?

Dos cinco países que hoje integram o grupo, apenas a China e a Índia terão um crescimento significativobet 812019 —bet 816,1% cada um, segundo a previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Ao mesmo tempo, Brasil, Rússia e África do Sul terão crescimento próximo a 1%.

Previsãobet 81crescimento nos BRICSbet 812019 . . Gráfico mostra expectativabet 81crescimento nos BRICS .

O desempenho "decepcionante" da economia brasileira nos últimos anos se deve à forte dependência do preço das commodities, segundo o economista.

"O que é necessário é que o Brasil reduzabet 81dependência das commodities — o que é fácilbet 81falar, mas difícilbet 81fazer. Também é importante reduzir a participação do governo na economia e criar um ambiente para estimular investimentos privados", diz.

O'Neill elogia a aprovação da reforma da Previdência e afirma que foi um "passo importante" que "aumenta as chancesbet 81o crescimento do Brasil não ser tão ruim quanto foi nos últimos anos".

O principal desafio para o país, segundo ele, é convencer os investidoresbet 81que tem um ambiente seguro para os investimentos.

"O mais importante é criar confiança entre os empresários, no exterior e no mercado interno,bet 81que o Brasil será um país com estabilidade, menos corrupto e mais confiável para as pessoas construírem seus negócios."

Desaceleração mundial

Na comparação com o desempenhobet 812018, os países do Brics, inclusive a China e a Índia, crescerão menos neste ano, segundo as previsões do FMI.

Isso acontece enquanto a economia mundial sofre com a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, as duas maiores economia do mundo. Nesse cenário, o FMI reduziubet 81outubro a expectativabet 81crescimento mundial para 3% neste ano.

"A disputa comercial entre Estados Unidos e China é a principal ameaça à economia global", diz O'Neill.

Para o economista, o mais provável é que a disputa comercial entre os dois países não seja resolvidabet 81forma permanente no curto prazo, mas ele acredita que tarifas já impostas serão removidas.

"É provável que,bet 812019 para 2020, tenhamos um período melhorbet 81relação à disputa comercial entre EUA e China. Continuar assim não é interessante para ninguém."

Bandeira chinesabet 81meio a containeresbet 81porto

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Guerra comercial entre China e EUA é a principal ameaça ao crescimento econômico mundial

Embora aponte que a economia mundial está "definitivamente desacelerando", O'Neill não acredita que uma recessão esteja próxima.

"A economia mundial está vulnerável — há muitas questões, como a guerra comercial e uma possível bolha na áreabet 81tecnologia — no entanto, espero não chegue a uma recessão", diz.

Ele argumenta que países europeus, como a Alemanha e o Reino Unido, não precisarão maisbet 81uma política fiscal tão rígida, o que poderá estimular a economia.

"Acredito que mudaremos para uma política fiscal mais expansionistabet 81lugares que podem fazer isso, como na Europa. Isso pode melhorarbet 81relação a anos anteriores", diz. "Mas os riscosbet 81recessão são definitivamente maiores do que há alguns anos."

Ao comentar os protestos no Chile, O'Neill diz que o crescimento econômico que o país alcançou não gerou benefícios para toda a população e que,bet 81vários países, o capitalismo precisa funcionar melhor e beneficiar mais pessoas.

"Os protestos no Chile chamam atenção para o que é um problemabet 81grande parte do mundo desenvolvido — como Estados Unidos e Reino Unido —, que é sobre como o capitalismo não está funcionando bem o suficiente", disse.

"O Chile teve crescimento econômico, mas não houve número suficientebet 81pessoas que se beneficiaram dele. Precisamos que o capitalismo funcione melhor para mais pessoasbet 81muitos países."

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