A cubana que pede indenização nos EUA por trabalho escravo no Mais Médicos:casa aposta brasil

Cubanos chegando ao Brasilcasa aposta brasil2013

Crédito, Ministério da Saúde

Legenda da foto, Cubanos do Mais Médicos acusam braço da OMScasa aposta brasiltráfico humano e trabalho forçado

A questão financeira foi só um dos prenúncioscasa aposta brasilque a históriacasa aposta brasilTatiana no Brasil não terminaria com a fuga da médicacasa aposta brasildireção aos Estados Unidos,casa aposta brasil2017. Com outros três médicos cubanos que também deixaram o programa brasileiro e se refugiaram nos Estados Unidos, há 10 meses ela decidiu abrir um processo milionário na Justiça Americanacasa aposta brasilque acusa a Opascasa aposta brasilpromover tráficocasa aposta brasilpessoas e explorar o trabalho humano forçado.

Tatiana Caraballo

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Tatiana Caraballo chegou ao Brasilcasa aposta brasil2014 para atuar no Mais Médicos

Na ação, considerada sem precedentes por diplomatas brasileiros, os médicos cubanos cobram que a instituição lhes pague o salário completo por todo o período trabalhado no Brasil, alémcasa aposta brasilindenização pelos danos morais e materiais.

Efeito especial

Chamadocasa aposta brasilclass action, ou açãocasa aposta brasilclasse, o processo judicial movido por Tatiana e seus colegas tem uma característica especial. Se eles vencerem, a decisão serviria para todos os médicos cubanos que passaram pelo Brasil e hoje vivem nos Estados Unidos.

As autoridades americanas não sabem informar quantas pessoas seriam, mas a organização Solidaridad Sin Fronteras, criada por um médico cubano para ajudar seus pares a se estabelecer no país, afirma que ao menos 850 cubanos do Mais Médicos vivem hoje nos Estados Unidos. Logo,casa aposta brasilcasocasa aposta brasilsucesso da ação, ao menos 850 pessoas estariam habilitadas a receber a mesma indenização.

Procurada pela BBC News Brasil, a Opas afirmou que as acusações feitas por Tatiana e os demais médicos são uma "descaracterização grosseira dos fatos".

"O Mais Médicos não envolveu tráficocasa aposta brasilpessoas e não houve trabalho forçado no programa. O valor pago pelo trabalho dos médicos foi determinado pelos respectivos governos, seguindo acordos internacionais entre o Brasil e outros países soberanos", disse a organização emcasa aposta brasilresposta.

A Opas afirmou ainda que o Mais Médicos foi "um programa inovador que permitiu ao Brasil prestar cuidados médicos primários a aproximadamente 60 milhõescasa aposta brasilpessoas que anteriormente tinham pouco ou nenhum acesso à saúde pública" e que, nesse sentido, foi "um tremendo sucesso".

A função da Opas teria sido acasa aposta brasilajudar "o Brasil a administrar o Programa como parte dacasa aposta brasilmissãocasa aposta brasilmelhorar a saúde pública nas Américas".

A Opas adicionou, por meiocasa aposta brasilsua nota, que "os críticos do programa têm um conflitocasa aposta brasilinteresses, seja porque são advogados atuandocasa aposta brasilnomecasa aposta brasildemandantes no contextocasa aposta brasiluma infundada ação judicial ou porque são opositores políticos ou críticos do governo cubano".

O governo cubano qualifica os médicos que abandonam seus postos no exterior como "desertores" e costuma dizer que as acusações provêmcasa aposta brasildetratores do regime comunista do país e não têm base real.

casa aposta brasil F casa aposta brasil uga para os EU casa aposta brasil A

"A escravidão moderna não é ficar amarrado e sendo chicoteado, mas é não poder ir e vir, não poder estar com seus filhos, não ser dono do seu próprio trabalho, nem do salário que deveria receber, não saber onde vai estar depoiscasa aposta brasilamanhã, não poder decidir nada. É não poder escolher o próprio destino. Nesse sentido, eu era escrava, sim. Pela primeira vez hoje, eu sou donacasa aposta brasilcada passo que dou, desde que acordo, até a hora que vou dormir", diz Tatiana.

Tatiana diz que percebeu que seus dias estavam contados no Brasil quando soube que, embora seu filho, então com 13 anos, tivesse recebido vistocasa aposta brasilpermanência do governo brasileiro, as autoridades cubanas não permitiriam que a estada dele - nemcasa aposta brasilnenhum outro parentecasa aposta brasilprofissionais cubanos do Mais Médicos - se alongasse por mais do que 3 meses.

Na visão da cubana, não queriam que os médicos criassem vínculos com o Brasil. Pelo mesmo motivo, eles estariam proibidoscasa aposta brasilse relacionar amorosamente com brasileiros.

Tatiana conta que não tinha dinheiro para passagenscasa aposta brasilavião entre Cuba e Brasil e não suportaria a distância prolongada do menino. Em desespero, ela diz ter mantido o menino escondidocasa aposta brasilcasa ao longo dos meses finaiscasa aposta brasil2016. Ela acrescenta que ele não saía sequer para ir à escola, durante o dia, não fazia barulho ou acendia as luzes da casa, e mantinha uma páginacasa aposta brasilFacebook com atualizações falsas, como se estivessecasa aposta brasilCuba.

Médicos se reúnemcasa aposta brasilCuba

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Opas disse que o Mais Médicos foi "um programa inovador que permitiu ao Brasil prestar cuidados médicos primários a aproximadamente 60 milhõescasa aposta brasilpessoas"

Já Tatiana seguia uma rotinacasa aposta brasiltrabalho normal enquanto pedia ao Consulado Americano que a encaixassecasa aposta brasilum programa federal, hoje extinto, que concedia vistocasa aposta brasilpermanência para médicos cubanos que fugissem das "missões patrióticas internacionais"casa aposta brasilCuba. Ela conta que, aos poucos, ela começou a vender os pertences para bancar as passagens aos Estados Unidos.

Fez tudo issocasa aposta brasilsegredo. Ela diz que sabia que, se fosse descoberta, seria imediatamente embarcadacasa aposta brasilvolta a Cuba. Tatiana diz ter trabalhado até o último dia antes do voo. Do aeroporto, prestes a embarcar, conta ter enviado uma mensagemcasa aposta brasilWhatsApp ao chefe da Unidade Básicacasa aposta brasilSaúde onde trabalhava, explicando brevemente a decisãocasa aposta brasilpartir.

"Ele me respondeu que eu tinha sido uma ótima médica e merecia ser feliz", diz Tatiana. Ao decolar,casa aposta brasiljaneirocasa aposta brasil2017, deixou pra trás a vida que conhecera ao longocasa aposta brasil47 anos.

O Mais Médicos e o embargo econômico americano a Cuba

No processo, Tatiana e seus ex-colegascasa aposta brasilMais Médicos alegam que sofreram privaçõescasa aposta brasildinheiro ecasa aposta brasilliberdade que dizem ter ocorrido enquanto faziam parte do Mais Médicos. E argumentam que, na outra ponta da história, a Opas recebeu maiscasa aposta brasilUS$ 75 milhões entre 2013 e 2018, "ao gerenciar o tráfico humanocasa aposta brasilmédicos cubanos para o Brasil".

O valor coletado pela entidade era,casa aposta brasilacordo com a ação, "uma taxacasa aposta brasilcorretagem" pela triangulação que a Opas fazia. Em cinco anos, o Brasil depositou cercacasa aposta brasilUS$ 1,5 bilhão na conta corrente da Opas no banco Citibankcasa aposta brasilWashington DC., e o órgão se encarregoucasa aposta brasilrepassar os valores para o governo cubano.

"Ao intermediar o comérciocasa aposta brasiltrabalho humano entre Cuba e Brasil e lucrar com isso, a Opas teria violadocasa aposta brasilprópria Constituição, os tratados, acordos e protocolos sobre trabalho escravo e tráficocasa aposta brasilpessoas da ONU, as leis brasileiras que preveem paridadecasa aposta brasilpagamento a funcionários que desempenhem as mesmas funções e a lei americana, ao furar o embargo econômico e financeiro a Cuba e usar o sistema bancário dos Estados Unidos para enviar remessascasa aposta brasildinheiro que sustentaram o governo cubano", afirma Samuel Dubbin, o advogado que atua na causa.

A Opas nega que tenha furado o embargo ou desrespeitado a legislação brasileira ou acordos internacionais e afirma ser "uma organização internacional sem fins lucrativos que não se beneficioucasa aposta brasilseu papel na Mais Medicos".

"As taxas cobradas pela Opas foram aprovadas pela resoluçãocasa aposta brasiltodos os seus Estados Membros e visam cobrir despesas administrativas e despesas gerais", diz a instituição, acrescentando que nesse caso específico, as taxas administrativas foram ainda menores por determinação da lei brasileira.

A exportação do trabalho médico é uma das bases da economia cubana, que atualmente conta com os proventoscasa aposta brasilcercacasa aposta brasil60 mil médicos espalhados por 67 países. Cuba tem uma receita anual na casa dos US$ 50 bilhões - algocasa aposta brasiltornocasa aposta brasilUS$ 11 bilhões provêm da exportação dos serviços médicos.

"Os médicos são uma fontecasa aposta brasilrecursos extremamente relevante para o regime cubano - trabalham muito, recebem pouquíssimo e são ao mesmo tempo ótima propaganda. Sabemos que eles realmente vão para áreascasa aposta brasilque as pessoas estão completamente desassistidas, regiões remotascasa aposta brasilque esses profissionais da saúde são muito necessários. Mas isso não justifica cassar os direitos individuais do médico. Se esses países todos acham que eles são ótimos, então por que não os contratam diretamente,casa aposta brasilvezcasa aposta brasilpagar o salário deles a um Estado?", questiona Maria Werlau, diretora - executiva do Cuba Archive, uma organização dedicada a catalogar documentos e manter uma basecasa aposta brasildados sobre assuntos da ilha.

No Brasil, maiscasa aposta brasilcem ações judiciais foram movidas por médicos cubanos para pedir paridade salarial com médicoscasa aposta brasiloutras nacionalidades no programa. Em parte delas, o pleito foi atendido pelos juízes.

A políticacasa aposta brasilBolsonaro e acasa aposta brasilTrump

A argumentação do advogado Dubbin conta agora com o endosso do governo brasileiro. No discurso da Assembleia Geral da ONU, há cercacasa aposta brasilum mês, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o Brasil foi palcocasa aposta brasilum "verdadeiro trabalho escravo"casa aposta brasilcubanos no programa Mais Médicos.

A participaçãocasa aposta brasilCuba no programa se encerroucasa aposta brasilnovembrocasa aposta brasil2018, após a eleiçãocasa aposta brasilBolsonaro, quando o governo da ilha ordenou que os cercacasa aposta brasil8,5 mil médicos estabelecidos no país regressassem a Cuba.

"Em 2013, um acordo entre o governo petista e a ditadura cubana trouxe ao Brasil 10 mil médicos sem nenhuma comprovação profissional. Foram impedidoscasa aposta brasiltrazer cônjuges e filhos, tiveram 75%casa aposta brasilseus salários confiscados pelo regime e foram impedidoscasa aposta brasilusufruircasa aposta brasildireitos fundamentais, como ocasa aposta brasilir e vir. Um verdadeiro trabalho escravo, acreditem... Respaldado por entidadescasa aposta brasildireitos humanos do Brasil e da ONU! Antes mesmocasa aposta brasileu assumir o governo, quase 90% deles deixaram o Brasil, por ação unilateral do regime cubano. Os que decidiram ficar, se submeterão à qualificação médica para exercercasa aposta brasilprofissão. Deste modo, nosso país deixoucasa aposta brasilcontribuir com a ditadura cubana, não mais enviando para Havana 300 milhõescasa aposta brasildólares todos os anos", disse Bolsonaro aos líderes mundiais que assistiam ao discurso na plenária das Nações Unidas.

Embora não seja parte na ação judicial, que está sob a competência da justiça da Flórida, o governo brasileiro acompanha a questão. Em visita a Washington DC, para um evento da própria Opas há duas semanas, o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta se mostrou bem informado ao ser questionado pela BBC News Brasil.

Um veredicto positivo ao pleito dos médicos na Corte Americana tem potencialcasa aposta brasilser encarado como uma chancela à nova posição ideológica que o Executivo brasileiro tem adotado.

Médicos cubanos deixando o Brasil

Crédito, Agência Brasil

Legenda da foto, A participaçãocasa aposta brasilCuba no Mais Médicos se encerroucasa aposta brasilnovembrocasa aposta brasil2018, após a eleiçãocasa aposta brasilBolsonaro

"O mundo já fez essa discussão há muitos anos e pactuou que Estados não negociariam o trabalho das pessoas, nem físico, nem intelectual, nemcasa aposta brasilrazãocasa aposta brasilcor ou conhecimento. E o que aconteceu foi uma negociação entre o Brasil e o outro Estado, no caso Cuba, que se utilizou da Opas para isso. Quando a Opas se prestou a fazer esse papelcasa aposta brasilintermediária ela teve o bônus, ela ganhou o seu percentualcasa aposta brasilparticipação no negócio, e agora tem o ônus. Médicos que fugiram desse programa no Brasil abriram, sim, queixascasa aposta brasilserviço análogo à escravidão na Corte Americana porque dos R$ 10 mil ou R$ 11 mil que se pagava, ia R$ 1 mil pro médico e R$ 10 mil pro outro Estado, caracterizando uma negociação do trabalho das pessoas. Isso é um errocasa aposta brasilprincípio desse programa. E cada vez que se discute isso e se coloca nessas bases, é indefensável. Não tem o que a Opas reclamar, ou o que Cuba reclamar, é fato que o Brasil negociou com Cuba o trabalhocasa aposta brasilmaiscasa aposta brasil12 mil pessoas e pagou por esse trabalho através da Opas e essa negociação é denunciadacasa aposta brasiltodos os fóruns", disse Mandetta.

Bandeira

Implementado durante o governo Dilma Rousseff e umacasa aposta brasilsuas maiores bandeiras eleitorais, o programa Mais Médicos surgiu como um projetocasa aposta brasilabrilcasa aposta brasil2012 - ainda na gestão Lula. Comunicações do Itamaraty, reveladas pela Folhacasa aposta brasilS. Paulocasa aposta brasilnovembrocasa aposta brasil2018, mostram que a iniciativa partiu, na verdade, do governo cubano.

As negociações para concretizá-lo se arrastaram por meses, já que autoridades brasileiras expressavam preocupação com a segurança jurídica da transação.

Em um dos telegramas, o então embaixador brasileirocasa aposta brasilHavana José Eduardo Felício, registra que um acordo entre governos seria mais seguro e garantido, mas dependeriacasa aposta brasilaprovação no Congresso e geraria "controvérsia".

Os cubanos então sugerem que o negócio seja intermediado por uma empresa privada, chamada Comercializadoracasa aposta brasilServicios Médicos Cubanos (SMC), subordinada ao Ministério da Saúdecasa aposta brasilCuba. De acordo com um diplomata que participou das negociações e falou reservadamente com a BBC News Brasil, o Itamaraty acabou apenas como observador das conversas e partiu do Ministério da Saúde, então comandado por Alexandre Padilha, a solução para viabilizar o acordo com Cuba: "usar a Opas como uma intermediária, caracterizando a contratação dos serviços médicos como cooperação no campo da medicina".

Aindacasa aposta brasilacordo com os telegramas, o então ministrocasa aposta brasilSaúde Públicacasa aposta brasilCuba Roberto Morales expressou um temor que se tornaria 6 anos mais tarde uma das acusações contra a Opas: por ser baseadacasa aposta brasilWashington DC, a triangulação com a entidade obrigava a passagem do dinheiro do Brasilcasa aposta brasilterritório americano antes do repasse à Cuba, o que poderia "gerar riscocasa aposta brasilaplicação das regrascasa aposta brasilembargo americano ao programa".

Determinado o escopo do programa, ele foi implementadocasa aposta brasil22casa aposta brasiloutubrocasa aposta brasil2013, via medida provisória, que estabelecia que a cooperação se davacasa aposta brasilâmbito científico, como uma espéciecasa aposta brasilresidência médica.

Mandetta, que era deputado federalcasa aposta brasil2013, afirma que o processocasa aposta brasilcontratação foi feito sem qualquer transparência e que o "Congresso relativizou" alguns princípios, fazendo vistas grossas aos termos do acordo.

"Eles não entregaram os documentos para Brasil. A OPAS alegou imunidade diplomática, não deixou que ninguém tivesse acesso aos termos da negociação, ao modo como eles estavam tratando essas commodities que, no caso, eram chamadascasa aposta brasilmédicos", disse.

Nova postura

Questionada sobre o atual posicionamento da gestão Bolsonaro, a Opas afirmou que "cabe ao governo brasileiro decidir quais reivindicações apoiar e aos tribunais brasileiros decidirem se as reivindicações legais são válidas sob a lei brasileira".

Já Dubbin comemorou a atual postura do governo brasileiro e diz que as declaraçõescasa aposta brasilBolsonaro na ONU são muito "significativas". Embora reconheça que é difícil estimar se as palavras do presidente brasileiro podem produzir algum efeito para finscasa aposta brasildecisões judiciais, Dubbin nota que o posicionamento políticocasa aposta brasilBolsonaro parece ter contribuído para a tomadacasa aposta brasilmedidas mais duras contra Cuba pela gestãocasa aposta brasilDonald Trump.

Há pouco maiscasa aposta brasilduas semanas, o governo americano impediu a entrada no país do ministrocasa aposta brasilsaúde cubano, Jose Angel Portal Miranda, ecasa aposta brasilsua equipe. Eles participariam do evento da Opascasa aposta brasilWashington, no qual também esteve presente o ministro brasileiro Mandetta.

O Departamentocasa aposta brasilEstado dos EUA informou que a restriçãocasa aposta brasilvisto à delegação do ministro é partecasa aposta brasiluma nova política do órgãocasa aposta brasilimpedir a entrada no paíscasa aposta brasil"funcionários cubanos responsáveis por certas práticascasa aposta brasiltrabalho exploradoras e coercitivas, que são parte do programacasa aposta brasilmissões médicas no exteriorcasa aposta brasilCuba".

"Lucrar com o trabalho dos médicos cubanos tem sido a práticacasa aposta brasildécadas dos Castros e continua até hoje. Essas práticas incluem exigir longas horascasa aposta brasiltrabalho sem descanso, salários escassos, moradia insegura e restriçãocasa aposta brasilmovimento (dos médicos). Qualquer programacasa aposta brasilsaúde que coagir, colocarcasa aposta brasilrisco e explorar seus próprios praticantes é fundamentalmente falho", dissecasa aposta brasilcomunicado o Departamentocasa aposta brasilEstado.

Diante das manifestações do governo americano, Dubbin, que já ganhou outras ações desse tipo, está otimista sobre o futuro do caso. Já a Opas afirma que "os trinta e oito Estados Membros da Opas, incluindo os Estados Unidos, apoiaram fortemente o Programa e os resultados extraordinários da saúde pública no Brasil" e que "o processo instaurado no tribunal dos EUA carececasa aposta brasilqualquer basecasa aposta brasilfato oucasa aposta brasildireito".

"Além disso, o processo não pode prosseguircasa aposta brasilacordo com a lei americana ou internacional, porque todos os Estados Membros da Opas decidiram e estabeleceram que a Opas estará imune a litígios infundados relacionados ao desempenhocasa aposta brasilsuas funçõescasa aposta brasilsaúde pública", diz a nota, que adianta o posicionamento que a organização adotará emcasa aposta brasildefesa na corte.

Medo, esperança, saudade

A ação ainda não foi capazcasa aposta brasilatrair apoio públicocasa aposta brasiloutros médicos cubanos que passaram pelo Brasil além dos quatro demandantes iniciais. De acordo com organizações que representam a comunidade cubana nos Estados Unidos, não é uma questãocasa aposta brasildesinteresse ou descrença no processo.

"Não há mais pessoas listadas no caso porque os médicos cubanos têm terrorcasa aposta brasildenunciar. Muitos ainda têm família na ilha, temem retaliações. Conforme o processo andar, se for tendo sucesso, outros devem se juntar", afirma Julio Alfonso, do Solidaridad sin Fronteras. Esse tipocasa aposta brasilação, por ter a possibilidadecasa aposta brasilafetar grandes gruposcasa aposta brasilpessoas, tem lenta tramitação na Justiça. É improvável que haja uma decisãocasa aposta brasilmenoscasa aposta brasiltrês anos.

O público da açãocasa aposta brasilsolo americano, no entanto, tem aumentado. De acordo com o Ministério da Saúde, ao menos dois mil médicos cubanos se recusaram a deixar o Brasil quando o governo cubano anunciou a retiradacasa aposta brasilmassa, há quase um ano. Esses profissionais engrossaram a listacasa aposta brasilpedidoscasa aposta brasilrefúgio -casa aposta brasil2019, os cubanos são a terceira nacionalidade com mais solicitações, atrás apenascasa aposta brasilVenezuela e Haiti - mas, na prática, sem poder clinicar, sem parentes ou outros vínculos com o país, parte deles resolveu se arriscar a atravessar a fronteira entre o México e os Estados Unidos.

Foi o que fez Erneys Font,casa aposta brasil33 anos. Depoiscasa aposta brasilatuar pelos Mais Médicocasa aposta brasilBuriti Alegre, Goiás, por um ano e meio, ele não conseguiu refúgio nem tinha perspectivascasa aposta brasilrevalidar o diploma no Brasil.

Em abrilcasa aposta brasil2019, passou duas semanas no México até conseguir cruzar, ilegalmente, a faixacasa aposta brasilterra entre os dois países. Com ele, vieram mais dois ex-colegas do Brasil. Como, desde 2017, os Estados Unidos já não concedem qualquer visto especial para médicos cubanos, Font foi detido e passou 4 meses na prisão, primeiro no Texas, depoiscasa aposta brasilMississipi e por fim, na Louisiana, até que seu pedidocasa aposta brasilasilo político fosse aprovado.

"Eu não reclameicasa aposta brasilnada nesse período no centrocasa aposta brasildetenção. Confiava que algo bom sairia daí", diz ele. Font tem ajudado outros ex-colegas a atravessar a fronteira: entre médicos cubanos que já passaram para o lado americano, os que estão presos pelo serviçocasa aposta brasilimigração e os que aguardam no México a resposta ao pedidocasa aposta brasilrefúgio para os EUA, ele afirma haver entre 60 e 80 pessoas.

Erneys Font

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Erneys Font,casa aposta brasil33 anos, atuou pelo Mais Médicocasa aposta brasilBuriti Alegre, Goiás, por um ano e meio, mas não conseguiu refúgio

Alfonso acompanha o fluxocasa aposta brasilperto e diz que ele deve ser contínuo pelos próximos meses. A comunidade cubana pressiona a gestão Trump a recriar o programa especialcasa aposta brasilvistos para médicos cubanos no exterior. Assim, eles poderiam entrar no país sem enfrentar os riscos da imigração pela fronteira. De acordo com Font, diante da possibilidadecasa aposta brasilserem retornados ao México, algunscasa aposta brasilseus colegas têm se arriscado a entrar nos Estados Unidos cruzando o Rio Grande, uma jornada quecasa aposta brasiljulho custou a vidacasa aposta brasilum pai mexicano ecasa aposta brasilfilha,casa aposta brasilmenoscasa aposta brasildois anos. Font apoia a iniciativacasa aposta brasilTatiana: "espero que vençam, para o benefícios das vítimas".

"Os médicos cubanos nos Estados Unidos levam uma vida muito difícil. É quase impossível revalidar o diploma, muitos não falam nadacasa aposta brasilinglês, acabam como entregadorescasa aposta brasilpizza oucasa aposta brasilserviços pesados", conta Werlau.

Para Tatiana, não há espaço para sonhos ou conjecturascasa aposta brasilrelação ao processo judicial. "Eu estou participando disso só porque essa é a verdade. Se vamos ganhar ou não, não sei e não me importa", disse, garantindo que cubanos estão "acostumados com a vidacasa aposta brasilprivações" e que por isso ela sabe fazer com que seu salário na Amazon seja o suficiente para si, os dois filhos e a mãe, que ainda estácasa aposta brasilCuba.

Tatiana crê que jamais voltará a exercer a medicina. E afirma que sente saudade dos seus pacientes brasileiros, "alguns já velhinhos, até hoje me mandam mensagem no Facebook".

A milharescasa aposta brasilquilômetroscasa aposta brasildistância, na UBS Boa Vista,casa aposta brasilLimeira, a Dra. Tatiana que fugiu para os Estados Unidos há dois anos e meio não foi esquecida. A UBS hoje conta com dois médicos brasileiros que têm dado conta da demanda da área, cuja clientela écasa aposta brasilcercacasa aposta brasil30 mil pessoas. Mas Tatiana era reconhecida pela atenção e o carinho com que tratava a audiência. É o que conta o agentecasa aposta brasilsaúde Fábio Trindade, que trabalhou com ela no posto:

"Aqui tinha até briga pra arrumar espaço na agenda e consultar com a Dra.Tatiana,casa aposta brasiltão boa que ela era. Em bom português, ela era pau pra toda obra: atendia idoso, fazia clínica geral, colhia papanicolau, fazia pré-natal. A gente sabia que ela ganhava pouco, merecia no mínimo o dobro, né?! Mas fazer o que? Eu, se fosse ela, fugia também!"

Línea

Crédito, Getty Images

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