Saúde ou emprego? O dilema do amianto, que fez Goiás desafiar STF:robo spaceman pixbet

Telhasrobo spaceman pixbetamianto empilhadas

Crédito, Science Photo Library

Legenda da foto, STF proibiu extração, industrialização, venda e distribuiçãorobo spaceman pixbetamianto, mas tema ainda causa impasse no Brasil

O principal argumentorobo spaceman pixbetCaiado é que o julgamento sobre o tema ainda não foi concluído, pois há recursos que precisam ser analisados pelo STF.

A medida do governador causou revoltarobo spaceman pixbetsegmentos que defendem o fim do uso do amianto no país. A Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT) entrou com uma Ação Diretarobo spaceman pixbetInconstitucionalidade (ADI) no STF para pedir que a lei seja suspensa.

A procuradora Márcia Kamei López, gerente do Programa Nacionalrobo spaceman pixbetBanimento do Amianto, do Ministério Público do Trabalho (MPT), defende a proibição do amianto no Brasil como um marco na proteção à saúde e ao meio ambiente. Em razão disso, afirma ter encarado com "muita tristeza e preocupação" a lei que permitiu a extração e exportação da fibra mineralrobo spaceman pixbetGoiás.

"Já passamos da horarobo spaceman pixbetpensarmos nas pessoas e no meio ambiente dentrorobo spaceman pixbetum sistema sustentável. Uma atividade que pode adoecer e causar danos irreparáveis ao meio ambiente não é sustentável, não traz dignidade às pessoas e não deveria ser estimulada", afirma a procuradora à BBC News Brasil.

A proibição

O amianto é usado, principalmente, na fabricaçãorobo spaceman pixbettelhas e largamente empregadorobo spaceman pixbetresidências populares. Ele também está presenterobo spaceman pixbetdiversas caixas d'águarobo spaceman pixbetcasas brasileiras. O setor do produto calcula que metade das residências do país tenha telhas compostas pela fibra mineral. Antes da proibição do STF, o país estava entre os três maiores produtores do mundo.

Desde 1995, um outro tiporobo spaceman pixbetamianto, o anfibólio, é proibido no Brasil, por também ser considerado cancerígeno. Somente o tipo crisotila era permitido, desde que fossem seguidas determinadas normasrobo spaceman pixbetsegurança - isso até a decisão do STF.

Fernanda Giannasi

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Por 30 anos, Fernanda Giannasi atuourobo spaceman pixbetfiscalizações na indústria do amianto e foi a responsável por criar a Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto

A Agência Internacionalrobo spaceman pixbetPesquisa sobre o Câncer (Iarc, na siglarobo spaceman pixbetinglês), ligada à Organização Mundialrobo spaceman pixbetSaúde (OMS), afirma que "todas as formasrobo spaceman pixbetamianto são cancerígenas".

O principal câncer relacionado ao amianto é o mesotelioma, que acomete membranas que revestem órgãos como o pulmão. É uma doença rara, que pode demorar até 40 anos para se manifestar a partir da exposição ao amianto e que pode matarrobo spaceman pixbetcercarobo spaceman pixbetum ano.

O diagnóstico é muito difícil. Entre 1980 a 2010, ocorreram 3,7 mil mortes por mesotelioma no Brasil, segundo estudo do médico sanitarista Francisco Pedra, da Fiocruz.

"No Brasil, são registradasrobo spaceman pixbet100 a 150 mortes por mesotelioma a cada ano. Provavelmente, metade dessas mortes ou mais são causadas por exposição direta ao amianto. Entre as outras mortes, há a possibilidaderobo spaceman pixbetter ocorrido exposição indireta, que muitas vezes as pessoas nem se lembram", explica o pneumologista Hermano Castro, diretor da Escola Nacionalrobo spaceman pixbetSaúde Pública da Fiocruz.

A Iarc também relaciona o amianto a câncerrobo spaceman pixbetpulmão, laringe e ovário. A fibra mineral também é relacionada à asbestose, uma doença que pode provocar enrijecimento no pulmão e dificuldade respiratória.

Os trabalhadores que atuam diretamente com o amianto podem desenvolver os graves problemasrobo spaceman pixbetsaúde por inalação das pequenas partículas liberadas pelo produto. "Quando a fibrarobo spaceman pixbetamianto é inalada, provoca uma inflamação pulmonar e na pleura (a membrana que envolve o pulmão) que pode levar à fibrose e pode induzir alterações ou mutaçõesrobo spaceman pixbetgenes, que podem provocar câncer ou outros problemasrobo spaceman pixbetsaúde", detalha o pneumologista Ubiratanrobo spaceman pixbetPaula Santos, médico da Divisãorobo spaceman pixbetPneumologia do Instituto do Coração.

Dados do Ministério da Saúde apontam que foram registradas, entre 2012 e 2017, 600 mortes por mesotelioma e 92 por asbestose no Brasil - conforme a pasta, os óbitos foram causadosrobo spaceman pixbetdecorrência do contato com o amianto.

Além disso, o amianto representa riscos ao meio ambiente. Isso porque ele não degrada no ambiente. Desta forma, permanece por períodos longos na natureza, torna-se cumulativo e perigoso para animais e seres humanos.

Com base nos estudos que apontam as consequências que o produto pode trazer à saúde e ao meio ambiente, os ministros do STF se posicionaram contra os interesses da indústria do amianto e declararam inconstitucional o artigorobo spaceman pixbetuma Lei Federal que autorizava a fibra mineral no país.

No julgamento, os ministros ressaltaram que o uso do amianto ofende artigos da Constituição Federal que protegem a saúde do cidadão e o meio ambiente.

Anterior à decisão do STF, alguns Estados e municípios brasileiros já haviam banido todas as formasrobo spaceman pixbetamianto, por considerarem inseguro todo tiporobo spaceman pixbetmanipulação do material. Foi o casorobo spaceman pixbetSão Paulo, Riorobo spaceman pixbetJaneiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco.

O amianto já havia sido banidorobo spaceman pixbetmaisrobo spaceman pixbet60 países, como França, Alemanha, Itália, Portugal e Japão. Mais recentemente, Canadá também baniu a fibra mineral. Nos Estados Unidos, o material não é totalmente proibido, mas as restrições ao seu uso reduziram drasticamente a produção. Em países como Rússia, Cazaquistão e China, o uso da fibra mineral é permitido.

Contrários à decisão do STF

Na época do julgamento no STF, representantes da cadeia produtivarobo spaceman pixbetamianto afirmaram que a variedade produzida no Brasil oferecia menos riscos e era trabalhada com alto padrãorobo spaceman pixbetsegurança. Empresas ligadas à fibra mineral afirmavam que a proibição à produção e comercialização traria sérios prejuízos, alémrobo spaceman pixbetculminar nas demissõesrobo spaceman pixbetcentenasrobo spaceman pixbettrabalhadores.

O setor asseverou, também antes do julgamento do STF, que o amianto é "importantíssimo para a construção civil por não ser inflamável, ter resistência mecânica superior a do aço, grande durabilidade, ser um excelente isolante térmico."

"A decisão a ser tomada pelo STF terá enorme impacto sobre uma atividade que envolve 170 mil empregos, diretos e indiretos,robo spaceman pixbettodo o território nacional", afirmou nota do Instituto Brasileirorobo spaceman pixbetCrisotila (IBC),robo spaceman pixbetagostorobo spaceman pixbet2017, pouco antes do julgamento no STF. A reportagem tentou novo contato com representantes do IBC, que está situadorobo spaceman pixbetGoiânia (GO), mas não obteve respostas.

Em Minaçu (GO), a decisão do STF teve grande repercussão. Ali está a maior jazidarobo spaceman pixbetamianto da América Latina,robo spaceman pixbetoperação desde a décadarobo spaceman pixbet1960. Toda a produção nacional tinha origem no município e abastecia fábricas brasileiras, alémrobo spaceman pixbetpaíses como Índia, Indonésia e Colômbia.

Apesar da grandeza da mina, o amianto não estava entre os principais produtosrobo spaceman pixbetexportação do Brasil. Em 2017, uma reportagem da BBC News Brasil mostrou que dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviço apontavam que o produto ocupava posição 251 do rankingrobo spaceman pixbetvendas ao exterior. Desta forma,robo spaceman pixbetimportância econômica era local, para Goiás e Minaçu.

Pilharobo spaceman pixbettelhasrobo spaceman pixbetamianto

Crédito, Science Photo Library

Legenda da foto, Amianto é banidorobo spaceman pixbetmaisrobo spaceman pixbet60 países, mas permitido Rússia, Cazaquistão e China, por exemplo

Antes mesmo da proibição determinada pelo STF, os númerosrobo spaceman pixbetfábricas que usavam o amianto no Brasil estavamrobo spaceman pixbetqueda. Em novembrorobo spaceman pixbet2017, restavam apenas dois grupos principais. O maior deles era o Eternit, proprietáriorobo spaceman pixbetuma unidade na Bahia e da minarobo spaceman pixbetGoiás.

Na Bahia, a Eternit substituiu o uso do amianto por fibras sintéticas e celulose. Járobo spaceman pixbetMinaçu, a empresa não fez nenhuma substituição. Isso porque segue na expectativa para que possa retomar suas atividades com a fibra mineral.

Em nota encaminhada à BBC News Brasil, a Eternit, que adquiriu a Sama Mineraçõesrobo spaceman pixbet1997 e tornou-se responsável pela jazidarobo spaceman pixbetMinaçu, afirma que fez, ao longo dos anos, altos investimentosrobo spaceman pixbettecnologia, equipamentos e sistemasrobo spaceman pixbetcontrole para garantir que seus funcionários trabalhassemrobo spaceman pixbetambiente seguro e livrerobo spaceman pixbetexposição ao amianto, "eliminando os riscosrobo spaceman pixbetcontaminação".

"Toda a operação é automatizada e enclausurada, o que significa que não há contato algum dos operadores com o material. Em reconhecimento àrobo spaceman pixbetexcelência operacional, a Sama já recebeu vários prêmios nacionais e internacionais, além das certificações ISO 9001, ISO 14001 e OHSAS 18001. Nos últimos dez anos, foi incluída entre melhores empresas para se trabalhar no Brasil e na América Latina", afirma a empresa,robo spaceman pixbetnota.

A leirobo spaceman pixbetGoiás

Apesarrobo spaceman pixbeto julgamento sobre a proibição do amianto ter ocorridorobo spaceman pixbetnovembrorobo spaceman pixbet2017, a produção da fibra mineral foi suspensa no Brasil somenterobo spaceman pixbetfevereiro deste ano, períodorobo spaceman pixbetque foi publicado o acórdão do julgamento do STF sobre o tema. Isso porque, após a decisão da Corte Suprema, a ministra Rosa Weber concedeu uma liminar permitindo que Estados que não tinham leis proibindo o amianto continuassem a produzir até a publicação do acórdão.

A Eternit informou que,robo spaceman pixbet11robo spaceman pixbetfevereiro, após a publicação do acórdão, paralisou as atividadesrobo spaceman pixbetMinaçu. Em 31robo spaceman pixbetmaio, todos os trabalhadores da cidade foram desligados, "após negociação junto aos funcionários e ao sindicato". A empresa assegura que tem seguido o cronograma acordadorobo spaceman pixbetpagamento dos direitos trabalhistas.

Em Minaçu, diversos trabalhadores protestaram contra a decisão do STF. Os funcionários da Sama criticaram a medida e afirmaram que ela trouxe prejuízos enormes à população local.

Em entrevista à BBC News Brasilrobo spaceman pixbetnovembrorobo spaceman pixbet2017, logo após a proibição do amianto, o prefeitorobo spaceman pixbetMinaçu, Agenor Nick Barbosa (DEM), lamentou a decisão.

"Se a proibição acontecer mesmo, será a pior coisa para Minaçu. Aqui, 60% da arrecadação da prefeitura vem do amianto. Vamos perder uma renda absurda, vai ser um acontecimento catastrófico. Somos uma cidade com 31 mil habitantes, aqui não tem agricultura, pecuária, nada. Vamos ter que começar do zero. Era preciso ter um períodorobo spaceman pixbettransição, para o município se preparar", disse Barbosa, à época. A reportagem tentou contato novamente com o prefeito, mas não obteve respostas.

Logo após a proibição, tiveram início articulações entre políticos, principalmenterobo spaceman pixbetGoiás, para amenizar a proibição ao amianto. Um dos principais objetivos é conceder prazo maior,robo spaceman pixbetaté 10 anos, para que sejam encerradas as atividades com o produto no Brasil.

Em maio deste ano, um gruporobo spaceman pixbetsenadores, incluindo o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), visitou a mina da Sama,robo spaceman pixbetMinaçu, junto com o governadorrobo spaceman pixbetGoiás. O objetivo dos parlamentares era mostrar que a proibição do amianto traz prejuízos econômicos à região. Eles alegam que não há comprovações científicas sobre as mazelas trazidas pela fibra mineral à saúde do trabalhador.

Márcia Kamei Lopez Aliaga

Crédito, Assessoriarobo spaceman pixbetImprensa MPT

Legenda da foto, Procuradora Márcia Kamei López, gerente do Programa Nacionalrobo spaceman pixbetBanimento do Amianto, do Ministério Público do Trabalho (MPT), avalia a probição do amianto no Brasil como um marco na proteção à saúde e ao meio ambiente

Para tentar modular os efeitos da decisão do STF, ou seja, amenizar as consequências da proibição imediata para a indústria do amianto no Brasil, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI) e o IBC protocolaram recursos no STF, por meiorobo spaceman pixbetembargosrobo spaceman pixbetdeclaração - quando se pede para que uma decisão seja reavaliada, atravésrobo spaceman pixbetesclarecimentosrobo spaceman pixbeteventuais contradições ou omissões.

O principal objetivo das entidades é conseguir que seja permitida a extração para exportação do amianto pelos próximos cinco ou 10 anos, para que as atividadesrobo spaceman pixbetmineração possam ser encerradas gradativamente. Ainda não há definição sobre as datasrobo spaceman pixbetque os recursos - ao todo são sete embargos, que pedem prazorobo spaceman pixbetaté uma década para encerramento das atividades ligadas à fibra mineral no Brasil - serão analisados pelo STF.

Com base nos embargos protocolados no STF, o governadorrobo spaceman pixbetGoiás decidiu promulgar a lei que permite a extração e a exportação do amianto no Estado. Ele justifica que a medida não é ilegal, pois o julgamento ainda não se encerrou,robo spaceman pixbetrazão dos recursos que deverão ser analisados.

Em nota encaminhada à BBC News Brasil, o Governorobo spaceman pixbetGoiás afirma que, com a Lei estadual, as exportações da fibra mineral seguirão "padrões internacionaisrobo spaceman pixbettransporte erobo spaceman pixbetobediência às normasrobo spaceman pixbetproteção à saúde e segurança do trabalhador".

"A Lei tem efeitos imediatos e não contém víciorobo spaceman pixbetiniciativa, visto que a decisão do Supremo não vincula o Legislativo, que é o autor do projetorobo spaceman pixbetlei. A sanção governamental foi motivada pelo compromisso com a preservação dos empregosrobo spaceman pixbettodo um município, bem como pela compreensãorobo spaceman pixbetque é fundamental que haja um períodorobo spaceman pixbettransição até o encerramento da atividade econômicarobo spaceman pixbetquestão, para que as empresas possam recuperar o passivo ambiental deixado", afirma nota do Governorobo spaceman pixbetGoiás.

O comunicado do Executivorobo spaceman pixbetGoiás afirma ainda que o governo "segue firmerobo spaceman pixbetsuas ações junto ao Supremo Tribunal Federal precisamente no sentidorobo spaceman pixbetviabilizar uma modulação da decisãorobo spaceman pixbetproibir a extraçãorobo spaceman pixbetamianto no país."

A Eternit declara,robo spaceman pixbetcomunicado, que "vê com otimismo os possíveis efeitos" da leirobo spaceman pixbetCaiado. Apesar da permissão do Governo, a empresa não retomou os serviços na Sama, pois informa que somente voltará às atividades após um posicionamento do STF sobre os embargos.

"Os ativos imobilizados da mineradora estão sendo mantidosrobo spaceman pixbetcondiçãorobo spaceman pixbetpronta retomadarobo spaceman pixbetprodução, tecnicamente chamadarobo spaceman pixbethibernação", diz nota da empresa à BBC News Brasil.

Reação à Lei

Logo que Caiado promulgou a lei, defensores do banimento do amianto no país criticaram duramente o governador.

Pedaçorobo spaceman pixbetamianto branco

Crédito, Science Photo Library

Legenda da foto, Um mineiro puxando fiosrobo spaceman pixbetum pedaçorobo spaceman pixbetamianto branco

"Essa leirobo spaceman pixbetGoiás é inconstitucional emrobo spaceman pixbetorigem, porque ela afronta uma decisão do Supremo. Ela foi a forma que eles (políticosrobo spaceman pixbetGoiás favoráveis ao amianto) encontraram para tentar burlar a decisão do STF, ou para ganhar tempo até que o Supremo se manifeste sobre os recursos", afirma Fernanda Giannasi, ex-auditora do extinto Ministério do Trabalho, hoje Ministério da Economia. Por 30 anos, ela atuourobo spaceman pixbetfiscalizações na indústria do amianto e foi a responsável por criar a Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (Abrea).

"A decisão do STF sobre a proibição do amianto é histórica, mas lamentavelmente ainda não foi totalmente implementada. Então, na verdade, estamos naquela fase do ganhou, mas não levou, como se diz no jargão mais popular", opina o advogado Leonardo Amarante, que representa a Abrea. Há duas décadas, ele cuidarobo spaceman pixbetprocessosrobo spaceman pixbetpessoas que sofremrobo spaceman pixbetdecorrênciarobo spaceman pixbetinalação da fibra mineral.

Para Amarante, "o banimento deveria ser total e implementado imediatamente. Já passaram maisrobo spaceman pixbet20 anos desde o início das discussões sobre esse assunto. Foi tempo suficiente para as empresas se prepararem para isso. Inclusive, muitas já abandonaram o uso do amianto há muito tempo", declara o advogado.

Na ação movida pela Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho no STF para barrar a Leirobo spaceman pixbetGoiás, a entidade afirma que a medida promulgada por Caiado vairobo spaceman pixbetdireção contrária à Constituição Federal, pois "afronta os direitos fundamentais à saúde como direitorobo spaceman pixbettodos e dever do Estado, à proteçãorobo spaceman pixbetface dos riscos laborais e ao meio ambiente".

Ainda não há prazo para que o STF avalie o recurso protocolado pela associação.

Na quarta-feira (4), a Abrea encaminhou pedido aos ministros do STF para que eles não alterem a proibição ao amianto no Brasil. No documento, representantesrobo spaceman pixbetentidades que pedem o banimento do produtorobo spaceman pixbettodo o mundo afirmaram que é fundamental que a fibra mineral continue banida no país.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, emitiu, na última segunda-feira (9), parecer favorável à proibição imediata do amianto e contra qualquer modulação na decisão que baniu o produto no Brasil. "Os altos custos associados à continuidade da produção e exploração do amianto relacionados à saúde e ao meio ambiente reforçam a necessidaderobo spaceman pixbetque a decisãorobo spaceman pixbetproibição das atividades com o minério concretize-se o mais rápido possível, como bem pontuou a manifestação da Procuradoria-Geral do Trabalho", assinalou Dogde

Agora cabe ao STF analisar os embargosrobo spaceman pixbetdeclaração.

As consequências do amianto

Em meio ao debate sobre o uso da fibra mineral, casosrobo spaceman pixbetpessoas afetadas pelo amianto vêm à tona. A Abrea se dedica a dar assistência a pessoas que tenham desenvolvido problemasrobo spaceman pixbetsaúde por exposição ao material. No Brasil, dezenasrobo spaceman pixbetprocessos movidos por trabalhadores contra empresas que comercializaram amianto - o número pode chegar a centenas, mas não há dados oficiais - tramitam na Justiça.

A cadeia do amianto nega que trabalhadores possam ter desenvolvido câncerrobo spaceman pixbetdecorrência do contato com a fibra mineral, pois alega que o produto é tratadorobo spaceman pixbetforma adequada para evitar qualquer problemarobo spaceman pixbetsaúde.

"Esse tema sempre foi tratadorobo spaceman pixbetforma muito maniqueísta, com os defensores do banimento fazendo questãorobo spaceman pixbetdifundir o medo, espalhando a ideiarobo spaceman pixbetque o amianto mata e que não é possível se fazer uso seguro dele", defendeu o presidente do Instituto Brasileiro do Crisotila, Marcondes Bragarobo spaceman pixbetMoraes,robo spaceman pixbetentrevista para a BBC News Brasilrobo spaceman pixbetagostorobo spaceman pixbet2017.

"Como aconteceu com tantos outros produtos no passado, é possível, sim, utilizar corretamente o amianto. O Brasil tornou-se referência mundial nesse sentindo, relegando ao passado os casosrobo spaceman pixbetadoecimentorobo spaceman pixbettrabalhadores por exposição ao mineral", completou Moraes, na entrevistarobo spaceman pixbetdois anos atrás.

Hermano Castro

Crédito, Bruno Dias/Abrasco

Legenda da foto, "No Brasil, são registradasrobo spaceman pixbet100 a 150 mortes por mesotelioma a cada ano. Provavelmente, metade dessas mortes ou mais são causadas por exposição direta ao amianto", diz diretor da Escola Nacionalrobo spaceman pixbetSaúde Pública da Fiocruz

Conforme estudos sobre o tema, os trabalhadores que lidavam diretamente com o amianto correm mais riscosrobo spaceman pixbetdesenvolver problemasrobo spaceman pixbetsaúde pelo contato com a fibra mineral, por estarem mais suscetíveis à inalação da poeira. Porém, a populaçãorobo spaceman pixbetgeral também está exposta, devido à grande presença da substância nas cidades brasileiras.

"As chancesrobo spaceman pixbetuma pessoa que não trabalhou diretamente ou indiretamente com amianto desenvolver problemasrobo spaceman pixbetsaúde por conta do produto são baixas. Mas não é risco zero. A pessoa pode inalar resquícios do material e ter um quadrorobo spaceman pixbetsaúde agravado por uma possível pré-disposição genética", afirma o pneumologista Hermano Castro.

"Se a pessoa tem telharobo spaceman pixbetamianto, a gente aconselha a, pelo menos, tratar, impermeabilizar para não liberar fibra no ar e proteger crianças e adultos. Caso queira descartar, a orientação é procurar a Vigilância Sanitária, porque é preciso orientação para não tirar as telhasrobo spaceman pixbetqualquer modo, porque a pessoa irá se expor ao material. Além disso, também não pode deixar a telha jogada na rua, porque causará mais exposições para outras pessoas e ao meio ambiente", acrescenta Castro.

Vítimas do amianto

Em nota à BBC News Brasil, a Eternit afirma que "o setorrobo spaceman pixbetsaúde da Sama sempre atuou com seriedade erobo spaceman pixbetacordo com os controles mais rígidos, não possuindo registro algumrobo spaceman pixbettrabalhador que tenha ingressado na empresa a partirrobo spaceman pixbet1980 e ficado doenterobo spaceman pixbetdecorrência direta do trabalho com o amianto na minarobo spaceman pixbetMinaçu."

A versão da empresa, porém, é confrontada pelos apontamentosrobo spaceman pixbetestudos feitos pelo antropólogo Arthur Pires Amaral. Emrobo spaceman pixbetteserobo spaceman pixbetdoutoradorobo spaceman pixbetAntropologia Social na Universidade Federalrobo spaceman pixbetGoiás (UFG), ele abordou os impactos do amianto explorado na pequena Minaçu.

Amaral também publicou um artigo sobre o assunto no site do International Ban Asbesto Secretariat (IBAS), no Reino Unido, entidade que luta pelo banimento da fibra mineralrobo spaceman pixbettodos os países.

Para conhecer histórias sobre as consequências da fibra mineral aos trabalhadores, ele morourobo spaceman pixbetMinaçu por quase um ano, entre 2016 e 2017.

"Quando cheguei a Minaçu,robo spaceman pixbetsetembrorobo spaceman pixbet2016, conheci as históriasrobo spaceman pixbettrês trabalhadores que tinham falecido anos ou meses antes (em decorrência do amianto). Tive acesso aos relatos sobre eles através das viúvas e dos filhos", detalha à BBC News Brasil.

Ele rebate as afirmações da Samarobo spaceman pixbetque todos os trabalhadores da mineradora recebiam a segurança adequada nas atividades com o amianto nas últimas décadas e, por isso, não corriam riscorobo spaceman pixbetcontrair doenças.

"É a resposta-padrão que a empresa emite sempre que se toca no assunto acerca dos casosrobo spaceman pixbetadoecimento e morterobo spaceman pixbetseus ex-funcionáriosrobo spaceman pixbetdecorrência da exposição ao amianto crisotila", afirma.

Os três trabalhadores que serviram como base para os estudos do antropólogo atuaram por 10 ou 15 anos na mineradorarobo spaceman pixbetMinaçu. "Eles adoeceram devido ao amianto. Mas as doenças deles nunca foram reconhecidas pela junta médica a serviço da empresa como mazelas relacionadas ao amianto", declara.

De acordo com o antropólogo, os três trabalhadores apresentavam sintomas como insuficiência respiratória aguda e progressiva, tosse constante, cansaço extenuante, dores no corpo, entre outras dificuldades. Tais problemas são relacionados por estudos internacionais a doenças causadas pelo amianto.

"Esses trabalhadores tiveram longo e doloroso caminhorobo spaceman pixbetbuscarobo spaceman pixbetrespostas para suas mazelas, mas nunca receberam diagnósticosrobo spaceman pixbetdoenças relacionadas ao amianto, porque há médicosrobo spaceman pixbetMinaçu que são ligados à empresa", declara.

Para o antropólogo, a Sama tenta culpar os trabalhadores pela doença. "A empresa usa argumentos como osrobo spaceman pixbetque eles tiveram esses problemas porque fumavam, bebiam ou não usaram equipamentosrobo spaceman pixbetproteção individual. É uma tentativarobo spaceman pixbetresponsabilizar o trabalhador pela doença", declara.

A Eternit nega qualquer tentativarobo spaceman pixbetinduzir laudos médicos para impedir que doenças sejam relacionadas ao amianto. A empresa assegura que, há 22 anos, desde que assumiu a Sama, oferece toda a segurança necessária para impedir que os trabalhadores tenham problemasrobo spaceman pixbetsaúderobo spaceman pixbetrazão do material.

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