Produtores do Nordeste temem medidah2bet instalarBolsonaro que amplia importaçãoh2bet instalaretanol sem tarifa:h2bet instalar

Naquele dia, expirava o prazoh2bet instalardois anos da tarifa aplicada pelo Brasil sobre o biocombustível adquirido no exterior para um volume acimah2bet instalaruma cota trimestralh2bet instalar150 milhõesh2bet instalarlitros.

A nova cota foi discutida pela pasta,h2bet instalarconjunto com os Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e das Relações Exteriores.

Havia também a possibilidadeh2bet instalaro governo brasileiro zerar as tarifas para todo o etanol importado, o que preocupava a indústria e não aconteceu.

Favorável aos EUA

A medida atendeu principalmente aos interesses dos americanos, os maiores exportadores ao Brasilh2bet instalaretanol, produzido a partir do milho - segundo dados oficiais, 99,7% do etanol importado pelo Brasil vem dos EUA.

Desde 2016, o Brasil é o país que mais compra etanol americano.

A expectativa dos produtores brasileiros erah2bet instalarque o governo americano liberasse seu mercadoh2bet instalaraçúcar, um dos mais protegidos do mundo, mas não houve essa contrapartida por enquanto.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou a comemorar no Twitter a facilitação da entrada do produto americano no mercado brasileiro. Depois, apagou o tuíte.

Em nota, a União da Indústriah2bet instalarCana-de-Açúcar (Unica), que representa as usinas do centro-sul do Brasil, disse que a medida foi uma "grande vitória".

"Embora fosse importante para o Brasil realizar um gestoh2bet instalarfavor da abertura comercial com os EUA, com quem buscamos um amplo acordoh2bet instalarlivre comércio, isso não poderia ser feito sem uma contrapartida para o açúcar brasileiro", afirmou.

Segundo a entidade, o governo brasileiro "foi capazh2bet instalarconciliar a liberdade econômica e a garantia da competitividade brasileira na produção sucroenergética".

Insatisfeitos

Mas os produtores do Nordeste brasileiro não reagiram da mesma forma.

"Foi uma decisão muito descoordenada. Não houve reciprocidade dos americanos. Ou seja, foi uma promessa no campo virtual, e não no real. Não acho que os americanos vão ceder", diz à BBC News Brasil Renato Cunha, presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estadoh2bet instalarPernambuco (Sindaçúcar-PE).

"O governo brasileiro deveria regular para onde este etanol (importado dos Estados Unidos) vai ser destinado. Não dá para vendê-lo no Nordeste. Isso teria efeitos desastrosos na nossa indústria", acrescenta.

O mistoh2bet instalarirritação e apreensão se deve ao fatoh2bet instalarque a maior parte do etanol americano se destina ao Nordeste brasileiro, por uma combinaçãoh2bet instalarquestões econômicas (preços mais competitivos) e logísticas (proximidade geográfica). Ali, a produção é bem menor que no Centro-Sul, principal polo canavieiro mundial.

Cunha argumenta, no entanto, que a região responde por "35% da forçah2bet instalartrabalho na indústria sucroalcooleira".

Para se ter uma ideia, na safra 2018/2019, segundo a Companhia Nacionalh2bet instalarAbastecimento (Conab), o Brasil produziu um recordeh2bet instalar33,1 bilhõesh2bet instalarlitrosh2bet instalaretanol. Desse total, 31 bilhõesh2bet instalarlitros (93%) foram produzidos no Centro-Sul.

Além disso, o Nordeste também sofreu com a queda no preço internacional do açúcar, por conta dos subsídios da Índia, que desbancou o Brasil como o maior produtor mundial.

Isso levou as usinas brasileiras a alocarem maior parcelah2bet instalarcanah2bet instalaraçúcar para a produção do combustível - 65% dessa matéria-prima foi destinada à fabricaçãoh2bet instalaretanol e na próxima safra não deve ser diferente.

Aindah2bet instalaracordo com dados da Conab, a produçãoh2bet instalaraçúcar no Brasil na safra passada registrou o menor nívelh2bet instalarmaish2bet instalar10 anos, com 29 milhõesh2bet instalartoneladas, sendo 26,5 milhões no Centro-Sul. Em 2017/18, o país havia produzido quase 38 milhõesh2bet instalartoneladas.

"Ou seja, essa nova cota (de 750 milhões) responde por maish2bet instalar30% da produçãoh2bet instalaretanol do Nordeste", lembra Cunha.

Segundo disse ele à BBC News Brasil, após reuniãoh2bet instalarBrasília na manhã desta quarta-feira (04/09) com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o governo se comprometeu a "estudar formash2bet instalarregular o suprimento do etanol importado".

"Nosso pleito é que este etanol chegue durante a entressafra do Nordeste (de março a setembro) e que seu destino seja determinadoh2bet instalaracordo com a produçãoh2bet instalarcada região. Se produzimos bem menos do que o Centro-Sul, por que vamos receber proporcionalmente mais? Não é justo", argumenta Cunha.

Para Marcos Jank, professor sêniorh2bet instalaragronegócio global do Insper e ex-presidente da União da Indústriah2bet instalarCana-de-Açúcar (Unica), é preciso reduzir o protecionismo.

"Continuo dizendo que não faz sentido propor biocombustíveis como alternativa ao petróleo se as tarifas praticadas continuarem altas. Por isso, vejo com bons olhos a redução do protecionismo ao etanol", diz ele à BBC News Brasil.

Novos mercados para etanol

O etanolh2bet instalarmilho - parte majoritária da produção americana - e o da canah2bet instalaraçúcar têm o mesmo potencial energético, mas diferem na intensidadeh2bet instalarcarbono - a produção do etanol a partir do milho é mais "suja".

"Basicamente, a cana tem o bagaço. Ou seja, quando se fabrica o etanol, se usa a própria energia dessa matéria-prima. Já o milho requer uma fonte energética adicional. Sendo assim, o etanol da cana gera uma economia maiorh2bet instalargasesh2bet instalarefeito estufa, causadores do aquecimento global. É mais limpo", disse Plinio Nastari, presidente e CEO da Datagro Consultoria,h2bet instalarentrevista recente à BBC News Brasil.

Além disso, a produtividade do etanolh2bet instalarcanah2bet instalaraçúcar é maior do que o milho. "A cada hectare plantado, geramos 4 mil litrosh2bet instalaretanol a partir do milho eh2bet instalar6 mil a 7 mil a partir da cana."

Alémh2bet instalarcobrar maior reciprocidade dos Estados Unidos, produtores estãoh2bet instalarolhoh2bet instalarnovos mercados.

A indústria nacional vem se empolgando com a possibilidadeh2bet instalarque China, Índia e Filipinas passem a adotar a chamada E10, a gasolina com 10%h2bet instalarálcool. Já a Tailândia, outro consumidorh2bet instalarpotencial, poderia acrescentar uma fatia 20%h2bet instalarálcool à gasolina.

Caso esses quatro países realmente adotem as fórmulas E10 e E20, haveria uma demanda adicionalh2bet instalar19,4 bilhõesh2bet instalarlitrosh2bet instalaretanol por ano, o equivalente a mais da metade da produção brasileira.

Os produtores brasileiros também estão esperançosos com o RenovaBio, como é chamada a Política Nacionalh2bet instalarBiocombustíveis, que passará a vigorar a partirh2bet instalarjaneiroh2bet instalar2020.

O objetivo é reduzir as emissõesh2bet instalarCO2h2bet instalar11% até 2029h2bet instalarcomparação com 2018. Para isso, será preciso estimular aumento da produção e do consumoh2bet instalarcombustíveis renováveis.

Na prática, a produção nacional deve crescer para 48 bilhõesh2bet instalarlitros (contra os atuais 33 bilhões), exigindo um investimentoh2bet instalarR$ 60 bilhões a R$ 70 bilhões na próxima década.

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