Os indígenas premiados na ONU por produtos que geram renda e mantêm floresta1xbet apkpé:1xbet apk
No caso do óleo1xbet apkpequi, a coisa vai além, pois os frutos são colhidos1xbet apkterras que estavam degradadas após terem sido ocupadas por pecuaristas no passado. Depois1xbet apkretomarem o território, nos anos 1990, os kisêdjê espalharam pequizeiros pelas pastagens - que, aos poucos, vão recuperando1xbet apkfeição original1xbet apkfloresta1xbet apktransição entre o Cerrado e a Amazônia.
A lista1xbet apkcasos1xbet apksucesso inclui a produção1xbet apkmel e1xbet apkóleo1xbet apkbabaçu por indígenas da bacia do Xingu e a instalação1xbet apkminiusinas para beneficiar produtos1xbet apkribeirinhos na região da Terra do Meio, no Pará. Entre os clientes dos grupos estão marcas como Pão1xbet apkAçúcar, Mercur e Wickbold, além1xbet apkchefs como Alex Atala e Bela Gil.
As iniciativas se destacam num momento1xbet apkque o governo Jair Bolsonaro defende abrir terras indígenas para a mineração e a agropecuária, argumentando que as atividades ajudariam melhorar as condições1xbet apkvida dos grupos. O presidente costuma dizer que o "índio não pode continuar sendo pobre1xbet apkcima1xbet apkterra rica" - afirmação duramente criticada por indígenas presentes no 4º encontro da Rede Xingu+, conferência1xbet apkpovos da floresta acompanhada pela BBC entre 21 e 231xbet apkagosto (leia mais abaixo).
14 etnias unidas no Xingu
Grupos indígenas brasileiros mantêm graus variados1xbet apktrocas econômicas com a sociedade envolvente. Há situações1xbet apkque as trocas são mínimas - caso1xbet apkalguns povos isolados na Amazônia - até grupos com relações comerciais antigas e consolidadas. Em vários pontos do Brasil, comunidades indígenas ajudam a abastecer mercados locais com frutas, peixes e legumes. Na região do Alto Rio Negro (AM), por exemplo, boa parte da farinha1xbet apkmandioca à venda1xbet apkcidades é fabricada por comunidades indígenas.
A novidade é o surgimento1xbet apkiniciativas que buscam agregar mais valor aos produtos, focando,1xbet apkmuitos casos, públicos1xbet apkgrandes cidades do Brasil e do exterior - como o óleo1xbet apkpequi dos kisêdjê.
A experiência do grupo com o item foi apresentada no encontro, ocorrido na Terra Indígena Menkragnoti, no Pará. A reunião agregou líderes1xbet apk14 etnias indígenas e1xbet apkquatro reservas extrativistas da bacia do Xingu para debater o cenário político brasileiro e alternativas econômicas a atividades que destroem a floresta.
Ao anunciar os vencedores do Prêmio Equatorial, o Pnud disse que os kisêdjê transformaram "o status quo, recuperando suas terras tradicionais e desenvolvendo um modelo empresarial inovador que usa árvores1xbet apkpequi nativo para restaurar paisagens, fomentar a segurança alimentar e desenvolver produtos para mercados locais e nacionais".
A outra entidade brasileira premiada foi o Conselho Indígena1xbet apkRoraima (CIR). Segundo o Pnud, o grupo "garantiu os direitos1xbet apk55 mil indígenas sobre 1,7 milhão1xbet apkhectares1xbet apkterras ao promover a resiliência ecológica e social por meio da conservação1xbet apkvariedades1xbet apkespécies tradicionais".
Produção recorde
O pequi dos kisêdjê é colhido e processado1xbet apkuma miniusina, instalada1xbet apk2011 na aldeia Ngôjhwêrê. O projeto foi desenvolvido com o apoio do Instituto Socioambiental (ISA), do Instituto Bacuri e do Grupo Rezek.
Em 2018, a produção1xbet apkóleo chegou a 315 litros - um recorde. Parte foi exportada para os EUA, e o resto foi comercializado1xbet apksupermercados da rede Pão1xbet apkAçúcar e no Mercado1xbet apkPinheiros,1xbet apkSão Paulo.
Ao apresentar o caso no encontro da Rede Xingu +, Winti Kisêdjê comparou a produção1xbet apkóleo1xbet apkpequi a práticas do agronegócio.
Em algumas terras indígenas brasileiras, comunidades têm arrendado áreas para o plantio1xbet apkgrãos1xbet apktroca1xbet apkum percentual da produção. A atividade é hoje proibida, embora o governo Jair Bolsonaro e congressistas da bancada ruralista tentem mudar a legislação para permiti-la.
Para Winti, porém, o agronegócio é incompatível com os modos1xbet apkvida das comunidades. "Não podemos pensar só1xbet apkeconomia, temos que pensar na sobrevivência1xbet apknossa cultura", ele afirmou.
Winti lembrou que o plantio1xbet apkgrãos no Brasil envolve o uso intensivo1xbet apkagrotóxicos, que podem contaminar rios e animais. Por isso, diz ele, indígenas que optem por aderir à atividade talvez tenham1xbet apkabrir mão1xbet apkpráticas milenares como a caça e a pesca para não correr o risco1xbet apkse contaminar.
Mel1xbet apkíndios do Xingu
Não foi a primeira vez que indígenas brasileiros receberam reconhecimento internacional por algumas1xbet apksuas atividades econômicas.
Em 2017, grupos do Território Indígena do Xingu (MT) ganharam o Prêmio Equatorial do Pnud por seu trabalho na autocertificação1xbet apkmel orgânico. O projeto envolve cem apicultores1xbet apk39 aldeias dos povos kawaiwete, yudja, kisêdjê e ikpeng.
Em 2018, a FAO (agência da ONU para agricultura e segurança alimentar) deu uma menção honrosa no prêmio "Saberes e Sabores" às mulheres do povo Xikrin da aldeia Pot-Krô, da Terra Indígena Trincheira Bacajá (PA), pela produção1xbet apkóleo1xbet apkbabaçu.
O óleo, tradicionalmente usado como cosmético nas aldeias, é hoje processado1xbet apkuma miniusina e comercializado também fora do território.
Outros itens produzidos por indígenas que têm atraído a atenção1xbet apkgrandes marcas no Brasil e no exterior são a pimenta produzida pelo povo baniwa, no Amazonas, e os cogumelos do povo yanomami da região1xbet apkAwaris,1xbet apkRoraima. Os chefs Alex Atala e Bela Gil já usaram os produtos1xbet apkreceitas.
Rede1xbet apkcantinas
Na Terra do Meio, região formada por reservas extrativistas e terras indígenas no médio Xingu, no Pará, comunidades locais encontraram uma solução para a falta1xbet apkcapital1xbet apkgiro, problema que inviabilizava atividades econômicas mais vultosas.
Os grupos formaram coletivos batizados1xbet apkcantinas para processar e vender produtos da floresta extraídos sem desmatamento.
Hoje há 27 cantinas na região, que contam com oito miniusinas e produzem itens como farinha1xbet apkbabaçu, óleo1xbet apkcopaíba e castanha-do-pará. A clientela da rede conta com multinacionais como Mercur, Firmenich e Wickbold, além1xbet apkprefeituras da região.
Entre 2009 e 2018, as cantinas comercializaram produtos no valor1xbet apkR$ 3,75 milhões, dos quais R$ 2,08 milhões1xbet apk2018. O capital1xbet apkgiro dos coletivos é1xbet apkcerca1xbet apkR$ 500 mil.
Integrante da rede e moradora da Reserva Extrativista do Rio Iriri, a ribeirinha Liliane Ferreira,1xbet apk26 anos, criticou Bolsonaro por ele afirmar que povos amazônicos seriam pobres.
"Ele (Bolsonaro) diz que somos pobres porque não conhece a nossa realidade. A gente luta, temos dificuldades e pedras no caminho que temos1xbet apkempurrar, mas temos nossos produtos da floresta. Não precisamos derrubar árvores para ter nosso sustento", afirmou Ferreira.
Encurtamento1xbet apkdistâncias
Para Pablo Molloy, engenheiro agrônomo formado pela USP que assessora associações indígenas1xbet apkseus negócios, os principais desafios enfrentados pelas comunidades para que iniciativas econômicas sustentáveis deslanchem são distâncias1xbet apktrês ordens.
A primeira é a distância geográfica entre vários dos territórios desses grupos e os locais onde os bens são comercializados, o que dificulta1xbet apkchegada aos mercados e encarece os produtos.
A segunda é a distância técnica - os cuidados necessários para que os produtos mantenham1xbet apkqualidade até os pontos1xbet apkvenda, fatores que exigem capacitação profissional e o uso1xbet apkboas práticas do mercado.
A terceira é a distância1xbet apkcomunicação - a importância1xbet apksaber contar a história desses produtos por meio1xbet apkseus rótulos, tornando-os atraentes para consumidores que podem estar a milhares1xbet apkquilômetros1xbet apkseu local1xbet apkorigem.
Ele diz que os produtos premiados conseguiram encurtar essas três distâncias. Nesse processo, segundo ele, foi fundamental o fortalecimento das associações indígenas que encabeçam as iniciativas. "Elas têm CNPJ e são capazes1xbet apkconversar com compradores nas grandes cidades ou no exterior", afirma.
Soja x produtos da floresta
Molloy afirma que dificilmente uma atividade econômica1xbet apkbaixo impacto ambiental conduzida por indígenas ou ribeirinhos poderá competir,1xbet apktermos1xbet apklucro, com atividades mais destrutivas que têm seduzido várias comunidades, como o garimpo, a extração1xbet apkmadeira ou o cultivo1xbet apkgrãos1xbet apklarga escala.
"Pode ser que o óleo1xbet apkpequi saia perdendo1xbet apkrelação a uma mala1xbet apkdinheiro dada por um garimpeiro ou a um contrato1xbet apkarrendamento1xbet apkterras", afirma Molloy. "Por outro lado, quando se colocam os dois negócios1xbet apkperspectiva temporal, passamos a conversar sobre autonomia e liberdade."
Segundo Molloy, uma comunidade indígena que passe a produzir soja "será um elo frágil1xbet apkuma cadeia muito maior, onde1xbet apkpalavra,1xbet apkautonomia e1xbet apkliberdade estão encurtadas".
Já iniciativas sustentáveis que valorizem produtos locais permitiriam ao grupo "ser ator da construção daquele produto, definir seu preços, associar-se a ele para transformá-lo1xbet apkdinheiro".
Além disso, ele diz que atividades destrutivas podem se mostrar menos vantajosas ainda que resultem1xbet apklucros maiores, caso se considerem todos os seus impactos para a comunidade. Por exemplo, um grupo indígena que deixe1xbet apkpescar e se banhar num rio contaminado por garimpo terá1xbet apkgastar mais com comida adquirida na cidade e com outras formas1xbet apklazer. "Eles terão1xbet apkgastar muito mais dinheiro do que gastariam caso suas tradições tivessem sido levadas1xbet apkconsideração", afirma.
Mercados locais
Apesar dos avanços1xbet apkvárias comunidades1xbet apkseus empreendimentos sustentáveis, Molloy diz que ainda há espaço para melhorias nesses casos - especialmente na comunicação com moradores1xbet apkregiões vizinhas.
Um relato presenciado pela BBC no encontro da Rede Xingu+ ilustra esse ponto. Representantes do Território Indígena do Xingu disseram ter dificuldade para vender seu mel1xbet apkmercados1xbet apkmunicípios vizinhos, onde moradores teriam receio quanto à qualidade1xbet apkprodutos fabricados por indígenas - embora o item esteja nas prateleiras1xbet apkuma das principais redes1xbet apksupermercados do país, o Pão1xbet apkAçúcar.
"Seria interessante que os mercados locais também pudessem ter contato com os produtos da floresta, o que passa pela desconstrução1xbet apkpreconceitos", afirma.
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