'Comunicação falha do governo' abre caminho para ataques355 betconcorrentes à agricultura brasileira, diz presidente da Associação355 betComércio Exterior do Brasil:355 bet

Notas355 betreal e dólar no meio355 betgrãos355 betsoja

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Castro opina que, embora Trump seja aliado355 betBolsonaro, os EUA têm interesse355 betfazer com que o Brasil perca o mercado europeu

"A gente vê que a comunicação do governo brasileiro nesse caso não foi das melhores. Se tivesse tomado medidas anteriormente, não estaríamos na situação355 bethoje. A gente tem que admitir que a comunicação falhou", disse Castro355 betentrevista à BBC News Brasil.

Os incêndios e o desmatamento na Amazônia terão destaque nas reuniões deste fim355 betsemana do G7, grupo que reúne as maiores economias do mundo, entre elas França, Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha.

O presidente francês, Emmanuel Macron, classificou o desmatamento na Amazônia como uma "crise internacional" e afirmou que seu país pode não ratificar o acordo355 betcomércio entre o Mercosul e a União Europeia.

José Augusto355 betCastro355 betfoto355 betperfil

Crédito, Divulgação/Erik Barros

Legenda da foto, 'A gente vê que a comunicação do governo brasileiro nesse caso não foi das melhores', diz Castro

A Irlanda também disse que pode derrubar o acordo, e a Finlândia, que está na presidência rotativa do bloco europeu, sugeriu que a União Europeia deixe355 betcomprar carne brasileira para pressionar o governo Bolsonaro a mudar355 betpolítica ambiental.

O presidente da AEB diz que, por trás da preocupação ambiental, há um mote comercial na tentativa355 betpaíses europeus355 betboicotar produtos brasileiros.

Irlanda e França concorrem com o Brasil na exportação agrícola, principalmente na venda355 betcarnes. Segundo Castro, esses países viram na deterioração da imagem do Brasil355 betrelação ao meio ambiente uma oportunidade para defender seus interesses comerciais.

Ele ainda destacou que, embora o presidente americano, Donald Trump, seja aliado355 betBolsonaro, os Estados Unidos têm todo interesse355 betfazer com que o Brasil perca o mercado europeu, já que são nossos competidores diretos na exportação355 betcarne e soja.

"Se você coloca uma barreira a algum produto brasileiro, a alternativa é comprar dos Estados Unidos, que são nosso concorrentes diretos. Chego até a imaginar, mas não posso afirmar, que por trás355 betmuita coisa que está acontecendo agora estejam os Estados Unidos", disse o presidente da AEB, associação que existe há 45 anos e que reúne alguns dos maiores exportadores355 betcommodities e manufaturados brasileiros.

Veja os principais trechos da entrevista.

355 bet BBC News Brasil - Líderes europeus já falam355 betinterromper importação355 betcarne brasileira e não ratificar o acordo entre Mercosul e União Europeia. Há preocupação por parte do setor355 betexportação com isso?

355 bet José Augusto355 betCastro - Isso começou com uma simples queimada que sempre existiu no Brasil, que era um problema tipicamente ecológico e355 betmeio ambiente e passou a ser um problema comercial. Os países que estão colocando dificuldades são aqueles que tipicamente sofrem concorrência355 betprodutos brasileiros. A mídia internacional repercute as queimadas na Amazônia, e o assunto tomou uma proporção muito grande. A gente vê alguns países propondo boicote a produtos brasileiros, principalmente a carne. Essa é a realidade hoje. Acho que, da parte do governo brasileiro, a comunicação não foi das melhores. Realmente chegou a um ponto que ninguém imaginava e vai ter reflexos comerciais, mas acredito que,355 betimediato, eles não serão absurdamente elevados.

355 bet BBC News Brasil - A resposta do governo teria, na355 betopinião, alimentado essa reação internacional, que inclui propostas355 betboicote a produtos brasileiros?

355 bet Castro - É, a falta355 betcomunicação acaba prejudicando. A comunicação do Brasil infelizmente não é das melhores, deixa a desejar. Se você não tem uma comunicação355 betum bom nível, isso faz com que quem tem comunicação melhor ocupe espaço. Acho que o Brasil deixou a coisa chegar a esse ponto. A gente tem que admitir que a comunicação falhou. Se o governo brasileiro tivesse tomado medidas anteriormente, não estaríamos na situação355 bethoje. Agora, o Brasil que tente corrigir, seja ajudando a apagar as queimadas seja por outras medidas. Por falha355 betcomunicação, está se dando uma proporção muito maior para as queimadas do que elas têm. As queimadas são reais. Não vamos achar que são imaginárias, são reais. Agora, a comunicação dos ecologistas é muito mais forte do que a daqueles que defendem o outro lado.

Emmanuel Macron faz discurso com plateia e bandeira no plano355 betfundo

Crédito, EPA

Legenda da foto, O presidente francês, Emmanuel Macron, classificou o desmatamento na Amazônia como 'crise internacional'

355 bet BBC News Brasil - Qual a355 betopinião sobre a proposta do governo355 betampliar agricultura e mineração na Amazônia? O Brasil precisa usar terras da Amazônia para ampliar a produtividade?

355 bet Castro - O Brasil tem uma produção rural muito forte e há muitas áreas agricultáveis fora da Amazônia que não são utilizadas hoje por falta355 betinfraestrutura. Há cerca355 bet50 milhões355 bethectares355 betterras que poderiam ser utilizados para expandir a agricultura sem se aproximar da Amazônia. As terras da Amazônia não servem para determinadas culturas. A Amazônia é muito mais ligada à retirada355 betmadeira do que à cultura355 betsoja e outros produtos. Não vamos imaginar que vamos plantar soja na Amazônia. Seria completamente inapropriado. A terra, o solo da Amazônia não é propício.

355 bet BBC News Brasil - Seria mais estratégico investir355 betinfraestrutura355 betáreas não localizadas na Amazônia?

355 bet Castro - Seria muito mais fácil, sem dúvida. Nos últimos anos, o Brasil deixou355 betinvestir355 betinfraestrutura, então, temos uma infraestrutura deficiente, insuficiente e onerosa. Isso faz com que uma série355 betregiões, por exemplo, partes do Nordeste, como no Maranhão e Piauí, não sejam tão exploradas para agricultura, porque lá não tem infraestrutura e, sem isso, não se escoa a produção. Se tivéssemos investido355 betinfraestrutura nos últimos anos, não se estaríamos falando355 betAmazônia.

355 bet BBC News Brasil - As queimadas no Brasil vão ser discutidas355 betreunião do G7 a pedido países europeus, como França e Alemanha. E a Irlanda disse que pode não ratificar o acordo Mercosul-UE. Que outros interesses podem estar por trás da pressão estrangeira sobre o comércio355 betprodutos brasileiros?

355 bet Castro - A Irlanda, por conta355 betcarne, sempre foi o principal adversário do Brasil na UE, e a França também, por causa da355 betexpressão no agronegócio. São dois países que sempre dificultaram o acordo entre Mercosul e UE. Claramente, todos reconhecem que o Brasil tem uma produtividade melhor que França e Irlanda. Então, há um fundo355 betmeio ambiente, mas que tem por trás um aspecto comercial. O que a Irlanda e a França estão fazendo é defender a carne que produzem, ainda que ela tenha um custo muito maior que a carne do Brasil. Então, especialmente França e Irlanda, que não foram favoráveis ao acordo do Mercosul, procuram criar condições para que eventualmente possam revogar o acordo. Mas isso faz parte do jogo.

355 bet BBC News Brasil - Bolsonaro tem se aproximado fortemente do presidente Donald Trump desde que tomou posse. O que a gente pode esperar dos Estados Unidos na reunião do G7 esse fim355 betsemana?

355 bet Castro - Os Estados Unidos são parte diretamente interessada355 betderrubar o acordo do Mercosul com a UE, porque eles concorrem diretamente com o Brasil na exportação355 betsoja,355 betcarne,355 bettudo mais. Assim como eles deixaram claro que são contra o acordo Mercosul-UE, eles são favoráveis a que todos possam fazer algo contra o comércio com o Brasil. Se você coloca uma barreira a algum produto brasileiro, a alternativa é comprar dos Estados Unidos. Então, os Estados Unidos têm interesse que esse cenário se multiplique. Chego até a imaginar, mas não posso afirmar, que por trás355 betmuita coisa que está acontecendo agora estejam os Estados Unidos.

Imagem aérea mostra metade coberta355 betfloresta, metade desmatada

Crédito, EPA/Joedson Alves

Legenda da foto, Presidente da AEB destaca que problema tipicamente ecológico passou a ser um problema comercial

355 bet BBC News Brasil - O senhor acha que, enquanto na frente das câmeras Trump reforça a amizade com Bolsonaro, nos bastidores pode estar atuando contra os interesses do Brasil?

355 bet Castro - Exatamente. Com certeza. Na frente das câmeras, isso não vai ser exposto. Mas claro que os Estados Unidos são parte diretamente interessada nesse assunto.

355 bet BBC News Brasil - Qual a importância do acordo entre Mercosul e UE para as exportações brasileiras?

355 bet Castro - Nesse momento, ele é politicamente importante. Economicamente ele vai ser importante daqui a uns quatro ou cinco anos, quando o Brasil tiver feito as reformas estruturais, como previdenciária e tributária, e tiver investido355 betinfraestrutura e reduzido a burocracia. Aí ele passa a ser economicamente importante. Nesse momento, o peso político é maior que o econômico. Então, tem fases distintas.

355 bet BBC News Brasil - O que pode ser feito para conter os países competidores do Brasil que desejam derrubar o acordo e boicotar produtos brasileiros?

355 bet Castro - Tem que haver um esforço diplomático. Estamos no centro do furacão. Politicamente, todos os presidentes do G7 tendem a criticar e falar sobre a Amazônia. O esforço do Brasil seria o355 betmostrar a realidade e, quando comprovado o problema, corrigir. A diplomacia ponderada diminuiria a intensidade do problema hoje. Temos que ter o pé no chão e falar355 betforma equilibrada. Nesse momento, não há equilíbrio, há desequilíbrio.

355 bet BBC News Brasil - A preocupação com meio ambiente tem que estar no radar do exportador brasileiro, diante do movimento global por um consumo mais sustentável?

355 bet Castro - Com certeza. O Brasil faz parte do mundo globalizado e tem que estar atento. O mundo moderno hoje tem muita preocupação com aspectos do meio ambiente.

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