Bolsonaro é 'infantil' e política ambiental brasileira ameaça acordo UE-Mercosul, dizem deputados alemães:777 partners brazino
Pró-comércio, os liberais-democratas defendem o acordo, mas consideram haver riscos para o pacto caso o Brasil não cumpra seu compromisso777 partners brazinodesenvolvimento sustentável e777 partners brazinorespeitar o Acordo Climático777 partners brazinoParis.
Embora nem sempre o façam explicitamente, os parlamentares do FDP não descartam a possibilidade777 partners brazinoeventuais restrições ao Brasil.
Contudo, apoiam medidas nesse sentido apenas dentro dos mecanismos777 partners brazinomonitoramento previstos no acordo UE-Mercosul. Os verdes, por outro lado, alegam que esse sistema não tem poder para impor punições a quem violar o tratado.
"Se o Brasil não prestar atenção à sustentabilidade777 partners brazinoseus produtos, eles não terão chance no mercado europeu. Com ou sem acordo com o Mercosul", afirma a deputada Yasmin Fahimi (SPD), presidente do Grupo Parlamentar Teuto-Brasileiro.
"Creio que possa haver medidas temporárias para colocar pressão no governo brasileiro, mas definitivamente precisamos do acordo UE-Mercosul também porque ele oferece uma plataforma e legitimidade a esse diálogo", argumenta a deputada Sandra Weeser (FDP), integrante do Comitê777 partners brazinoRelações Exteriores do Parlamento alemão.
Weeser, entretanto, preferiria não implementar "novas barreiras ao comércio".
Brigas com a maior economia da Europa
Brasília e Berlim têm trocado farpas sobre temas ambientais nos últimos meses.
Em junho, durante a reunião do G20 que selou o princípio777 partners brazinoacordo UE-Mercosul, Bolsonaro ficou irritado com um comentário777 partners brazinoAngela Merkel, no qual a chanceler (premiê) alemã demonstrava preocupação com a proteção ao meio ambiente no Brasil.
Em agosto, o Ministério do Meio Ambiente da Alemanha,777 partners brazinomeio aos expressivos níveis777 partners brazinodesmatamento na Amazônia, bloqueou R$ 156 milhões para projetos777 partners brazinoconservação na região e questionou o comprometimento brasileiro777 partners brazinocombater o problema.
A maior economia europeia também indicou que a ratificação do acordo com o Mercosul estava777 partners brazinorisco caso o Brasil não cumprisse as obrigações ambientais.
Bolsonaro, contudo, debochou da suspensão da verba. O presidente disse que o Brasil "não precisa disso (dinheiro)" e mandou Merkel pegar "essa grana" e "reflorestar a Alemanha" porque "lá está precisando muito mais do que aqui".
O tom da resposta não agradou na Alemanha. Deputados ouvidos pela reportagem repudiaram a falta777 partners brazinodiplomacia do presidente e disseram que Bolsonaro "joga contra o próprio interesse", além777 partners brazinochamá-lo777 partners brazino"valentão" e "infantil" pela forma como lidou com a pressão777 partners brazinoBerlim.
Membros dos verdes começam a questionar se a estratégia alemã777 partners brazinoenviar recados simbólicos terá algum efeito e passam a aventar medidas mais agressivas, como a restrição na Europa à soja e carne bovina brasileiras.
"A linguagem que ele entende é o comércio. É, portanto, necessário deixar777 partners brazinoimportar produtos que destruam a floresta tropical e bloquear a conclusão do acordo comercial UE-Mercosul", diz Katharina Dröge, do Partido Verde, legenda que já aparece como a maior força política na Alemanha à frente da União Democrata-Cristã (CDU)777 partners brazinoMerkel.
Para Uwe Kekeritz, os comentários777 partners brazinoBolsonaro ilustram777 partners brazinofalta777 partners brazinointeresse777 partners brazinoquestões ambientais. "Em vez777 partners brazinocongelar fundos para a conservação do clima e da floresta, é necessário parar777 partners brazinoimportar produtos que destruam a floresta tropical."
Andreas Nick, deputado da CDU e membro do Comitê777 partners brazinoRelações Exteriores do Parlamento alemão, também alerta para a necessidade777 partners brazinoo Brasil buscar a sustentabilidade. "O Brasil é depositário da floresta tropical como um dos tesouros globais da humanidade. Isso faz com que seja necessário equilibrar o direito777 partners brazinodesenvolvimento econômico com as responsabilidades pelo ecossistema global. O governo da Alemanha está disposto a apoiar o Brasil neste desafio."
Como as políticas e regras777 partners brazinocomércio dos países da UE são definidas pelo bloco, os deputados alemães não poderiam impor sozinhos restrições a produtos brasileiros na Alemanha ou na Europa. Contudo, eles teriam como influenciar o governo alemão, deputados do Parlamento europeu e a Comissão Europeia a adotarem tal medida777 partners brazinotoda a UE.
Como fica o acordo UE-Mercosul?
Os parlamentos nacionais dos países-membros da UE devem ter um papel crucial no destino do acordo com o Mercosul, uma vez que têm o poder777 partners brazinovetá-lo.
Segundo a Comissão Europeia, apesar777 partners brazinoa ratificação dos tratados comerciais do bloco variar, pactos semelhantes ao do Mercosul precisaram ser validados pelos parlamentos nacionais777 partners brazinotodos os integrantes da UE, além do Parlamento Europeu e do Conselho777 partners brazinoMinistros da UE.
Nesse contexto, os deputados verdes e da SPD sugeriram que a retórica777 partners brazinoBolsonaro sobre o meio ambiente, aliada à impaciência do presidente para críticas no tema, pode impactar a ratificação do acordo com o Mercosul no Parlamento alemão.
Os parlamentares do FDP admitem que as ações777 partners brazinoBolsonaro representam um risco para o acordo, mas acreditam que a777 partners brazinoratificação ainda é a melhor saída para os interesses comerciais777 partners brazinoBrasil e Alemanha. Eles reforçam que o acordo implica no cumprimento da Acordo777 partners brazinoParis, o que ajudaria a conter o desmatamento no Brasil.
"O acordo UE-Mercosul é o melhor veículo para estabelecer padrões internacionais777 partners brazinosustentabilidade. Isso também significa que se um lado não respeitar as disposições, o outro lado pode sancioná-lo. Isso nos ajudará a cuidar para que o governo brasileiro comece a combater o desmatamento e não o encoraje mais", diz Weeser.
Segundo Bijan Djir-Sarai, porta-voz do FDP no Comitê777 partners brazinoRelações Exteriores, a "retórica parcialmente ofensiva"777 partners brazinoBolsonaro777 partners brazinorelação à Alemanha não é um perigo para o acordo, mas a violação dos princípios fundamentais777 partners brazinoque o acordo se baseia. "Suas ações causam mais danos do que suas palavras", diz.
Bolsonaro, prossegue o deputado, "espezinha o Acordo Climático777 partners brazinoParis". Logo, a Alemanha "deve examinar criticamente a parceria com o Brasil, se o país violar o capítulo777 partners brazinodesenvolvimento sustentável do acordo com o Mercosul".
A deputada Renata Alt (FDP), integrante do mesmo comitê, se refere ao presidente brasileiro como "o responsável pela destruição da Floresta Amazônica". "A Alemanha deveria repensar o relacionamento bilateral enquanto Bolsonaro continuar nesse caminho", defende.
Alt acredita que o acordo "é um símbolo importante contra o protecionismo", mas respeitar o Acordo777 partners brazinoParis "é uma parte importante do acordo UE-Mercosul". "Consequentemente, não é apenas a retórica agressiva777 partners brazinoBolsonaro, mas suas ações que colocam o acordo777 partners brazinorisco", alerta.
Dúvidas no ar
Preocupados com os efeitos do desmatamento na Amazônia, Fahimi, Dröge e Kekeritz duvidam que Brasília esteja disposta a cumprir as regras777 partners brazinosustentabilidade do acordo.
"Creio que Bolsonaro e seu governo terão que decidir se querem ter um acordo comercial entre a UE e o Mercosul ou não. Na minha opinião, Bolsonaro faria bem ao levar777 partners brazinoconta todo o cenário e não apenas o interesse do lobby agrícola", diz Fahimi.
Para Dröge, as ações do presidente brasileiro "mostram claramente" que o acordo com o Mercosul "é insuficiente" para enfrentar os desafios da mudança climática. "Estou convencida777 partners brazinoque, se Bolsonaro continuar nesse caminho, o apoio ao acordo irá encolher maciçamente entre a população alemã e também no Parlamento."
Kekeritz, por outro lado, acredita que a Alemanha colocará os interesses comerciais777 partners brazinoprimeiro lugar. O deputado espera, contudo, que o acordo seja barrado nos parlamentos nacionais777 partners brazinooutros países. "O governo pode ficar irritado com os comentários777 partners brazinoBolsonaro, mas não prejudicará os interesses das empresas alemãs."
Ataques à chanceler e sátira na TV
Após o último embate do presidente com Merkel, Bolsonaro foi amplamente ridicularizado777 partners brazinohorário nobre por um programa humorístico da ARD, a principal rede777 partners brazinotelevisão pública da Alemanha.
No episódio, o presidente é associado ao filme777 partners brazinoterror O Massacre da Serra Elétrica e aparece777 partners brazinouma fotomontagem com uma sunga amarela característica do personagem Borat. Bolsonaro ainda foi chamado777 partners brazino"o boçal777 partners brazinoIpanema", "o Trump do samba" e "bobo da corte do agronegócio".
A sugestão777 partners brazinoBolsonaro para que Merkel use o dinheiro bloqueado ao Brasil para reflorestar a Alemanha foi considerada "infantil" por Fahimi. "A verdade é que Bolsonaro quer apenas encobrir seus interesses econômicos radicais."
Bolsonaro, destaca Dröge, "certamente sabe que" a "floresta tropical brasileira tem uma função central para o clima mundial e uma biodiversidade única, que não pode ser substituída pelo plantio777 partners brazinoárvores na Alemanha".
Para Kekeritz, o presidente brasileiro "escolhe ficar do lado errado da história" ao "desafiar uma estratégia conjunta quando se trata da solução777 partners brazinoquestões globais vitais". "A proteção das florestas brasileiras é fundamental para vencer a luta contra as mudanças climáticas. Ao fazer isso, ele está prestes a destruir não apenas o sustento da população brasileira, mas777 partners brazinotodo o planeta e das gerações futuras."
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