‘Estou perdendo meu filho’: os pais que cultivam ou recorrem ao tráfico por maconha medicinal:corinthians e atlético mineiro
O garoto, que tem paralisia cerebral e epilepsia, foi o primeiro paciente da ONG Reconstruir Cannabis Medicinal, entidade potiguar que cultivava maconha para finscorinthians e atlético mineirosaúde. Um dos diretores da organização era Yogi Pacheco, o então desconhecido que ofereceu o óleo para a mãecorinthians e atlético mineiroCauã.
Até outubro do ano passado, a ONG plantou a erva ilegalmente, produziu um extrato feito a partir da planta e vendeu para 53 pacientescorinthians e atlético mineiroNatal - cada frasco que durava dois meses custava R$ 200. Entre elas, estavam Cauã e outras pessoas com diversas patologias, como Parkinson, paralisia, autismo, depressão, câncer e ansiedade crônica.
O óleo, que contém vários canabinoides como THC e CBD (canabidiol), é extraído por meiocorinthians e atlético mineiroum processocorinthians e atlético mineiroevaporação com etanol. Ele é administradocorinthians e atlético mineirogotas colocadas embaixo da língua - a quantidade varia para cada paciente.
Depoiscorinthians e atlético mineiromesescorinthians e atlético mineirocultivo ilegal, a ONG decidiu pedir autorização da Justiça para plantar a erva com fins medicinais, mas a Justiça Federal rejeitou o pedidocorinthians e atlético mineirocaráter liminar (provisório) e a entidade optou por suspender a produção.
Após a paralisação, os pacientes e suas famílias pararamcorinthians e atlético mineiroutilizar o medicamento ou recorreram a meios ilegais para conseguir o remédio: plantam a erva por conta própria ou compramcorinthians e atlético mineirooutros fornecedores.
O caso Cauã
Criadacorinthians e atlético mineiromeadoscorinthians e atlético mineiro2017, a ONG Reconstruir foi criada pelo empresário Felipe Farias e Yogi Pacheco, que hoje vive nos Estados Unidos, a partir da experiência da mãe do segundo, Marcia Maria Pacheco,corinthians e atlético mineiro69 anos.
Ela foi diagnosticada com a doençacorinthians e atlético mineiroParkinson há dez anos. O filho, que havia lido reportagens sobre os efeitos medicinais da erva, convenceu a mãe a experimentar a Cannabis para diminuir os tremores.
"Meu irmão não se conformava com o fatocorinthians e atlético mineirominha mãe tomar um montecorinthians e atlético mineiroremédios que, inicialmente, até funcionavam, mas depois perdiam o efeito", conta o dentista Domingos Flavio Pacheco.
A maconha que ele plantava surtiu efeito, segundo os filhos: os sintomas do Parkinson diminuíram consideravelmente ecorinthians e atlético mineiroqualidadecorinthians e atlético mineirovida melhorou. Cercacorinthians e atlético mineirooito anos depois, ela foi uma das primeiras pacientes do Brasil a ter autorização da Justiça para cultivar a planta para fins medicinais.
Foi nessa época que Yogi soube do caso da maquiadora Débora ecorinthians e atlético mineiroseu filho Cauã, que estava internado por causacorinthians e atlético mineirouma crise convulsiva aguda. O jovem ofereceu um pouco do óleo que sobrou do tratamento da mãe para tentar tratar os sintomas do garoto.
Os médicos do hospital não prescreveram o remédio, deixando a decisão com a mãe. "Um deles me disse: 'Débora, não posso te dizer para usar, mas te digo que, se fosse o meu filho nessa situação, eu daria esse remédio sim", conta ela.
Na época, um dos exames feitoscorinthians e atlético mineiroCauã apontou que,corinthians e atlético mineiroum intervalocorinthians e atlético mineiro30 minutos, ele teve nove convulsões. "Um dia depoiscorinthians e atlético mineirousar o óleo pela primeira vez, o mesmo exame não registrou nenhuma crise", relata Débora.
"Não gostocorinthians e atlético mineirofalar isso, mas, antes da maconha, Cauã estavacorinthians e atlético mineiroestado quase vegetativo: tinha muitas infecções e convulsões, tomava um montecorinthians e atlético mineiroremédios e só ficava deitado na cama,corinthians e atlético mineiroolhos fechados, dopado. Tudo isso melhorou. Se você o visse na época, acharia que era outra criança, não essa aqui que está nacorinthians e atlético mineirofrente", afirma.
Débora ainda tem algumas doses do extrato, mas, sem a produção da ONG Reconstruir, ela se diz "desesperada", pois teme que o filho volte ao estágio pré-tratamento.
'Como faço dar remédiocorinthians e atlético mineiromaconha para meu filho?'
Após o casocorinthians e atlético mineiroCauã circular entre outros paiscorinthians e atlético mineiroNatal, os fundadores da ONG receberam muitos pedidos pelo óleo. "As mães nos procuravam, perguntando: 'como faço para dar remédiocorinthians e atlético mineiromaconha para meu filho?'", conta Farias,corinthians e atlético mineiro32 anos.
Foi então que eles criaram a entidade Reconstruir, no iníciocorinthians e atlético mineiro2018. Cultivaram cercacorinthians e atlético mineiro80 plantascorinthians e atlético mineiroforma ilegal, ou seja, correndo riscocorinthians e atlético mineiroserem presos. "Posso dizer que fui sim um traficante", diz Farias.
A organização, no entanto, só aceitava fornecer o medicamento se o paciente tivesse prescrição médica - algo um tanto complicadocorinthians e atlético mineirose conseguir, pois uma resolução do Conselho Federalcorinthians e atlético mineiroMedicina proíbe os médicoscorinthians e atlético mineiroprescreverem tratamentos com maconha, sob penacorinthians e atlético mineiroresponderem a processos éticos.
Sem opçãocorinthians e atlético mineiromédicos que receitassem a Cannabis em Natal, profissionaiscorinthians e atlético mineirooutros Estados foram levados ao Rio Grande do Norte para prescreverem a planta como tratamento.
Com o aumento da demanda, a ONG decidiu mover uma ação coletiva junto a seus associados para regularizar a situação, afinal, do jeito que estavam, os diretores da organização poderiam ser denunciados e condenados por tráficocorinthians e atlético mineirodrogas. Eles pediram à Justiça autorização para o cultivo da planta para a produção do óleo medicinal.
Na proposta, o produto seria enviado para um laboratório da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que consegue medir o teorcorinthians e atlético mineirocanabinoides que cada frasco contém. Há pacientes, por exemplo, que se dão melhor com medicamentos mais ricoscorinthians e atlético mineiroCBD, e outros, com uma concentração maiorcorinthians e atlético mineiroTHC.
No Brasil, apenas a ONG paraibana Abrace Esperança tem essa licença para plantar e fornecer o medicamento para os associados, desde que eles tenham prescrição médica. Hoje, ela atende a centenascorinthians e atlético mineiropacientes, que chegam a viajar para o Estado nordestinocorinthians e atlético mineirobusca do óleo.
Já no caso potiguar, o juiz federal Janilson Siqueira negou o pedidocorinthians e atlético mineirocaráter liminarcorinthians e atlético mineirooutubrocorinthians e atlético mineiro2018. Segundo ele, o país até permite o plantiocorinthians e atlético mineiroCannabis para fins medicinais desde que algumas normas sejam seguidas, como regrascorinthians e atlético mineirosegurança, indicação das plantas (sua família, gênero e espécie), alémcorinthians e atlético mineiroindicativocorinthians e atlético mineirolocalização, da extensão do cultivo e da estimativa da produção.
Siqueira considerou que a ONG Reconstruir não demonstrou capacidade técnica para seguir essas normas, embora o magistrado não tenha detalhado na decisão a quais desses pontos ele se refere. Antescorinthians e atlético mineirodecidir, o juiz se negou a ouvir as famílias que utilizavam o óleo - entre elas, estava a maquiadora Débora, mãecorinthians e atlético mineiroCauã.
Para Gabriel Bulhões, advogado da Reconstruir, a entidade demonstrou cumprir todas as regras impostas pela Anvisa.
"Tínhamos as prescrições médicas com receituáriocorinthians e atlético mineirocontrole especialcorinthians e atlético mineirotodos os associados, termocorinthians e atlético mineirociência e responsabilidade, alémcorinthians e atlético mineirolaudo médicocorinthians e atlético mineiroavaliação do avanço dos sintomas", diz. Segundo ele, questõescorinthians e atlético mineirosegurança também foram cumpridas. "Para fazer o plantio, nós adquirimos uma casa, por exemplo, que tinha cerca elétrica e biometria na entrada, algo que ainda nem estava previsto pela Anvisa", afirma.
Após a liminar, a Reconstruir paralisou o cultivo da maconha e a produção do óleo. Durante o processo, o Ministério Público Federal, que inicialmente tinha se posicionado contra o pedido da entidade, depois mudoucorinthians e atlético mineiroposição e deu um parecer favorável ao plantio, afirmando já haver provas científicascorinthians e atlético mineiroque a substância CBD é eficaz para tratar algumas doenças.
A Procuradoria escreveu no parecer: "O provimento jurisdicional do pedido é fundamental, não só por proporcionar a melhor opçãocorinthians e atlético mineirotratamento à disposição dos pacientes epiléticos, com reflexos visíveiscorinthians e atlético mineirotermoscorinthians e atlético mineiroqualidadecorinthians e atlético mineirovida, mas também porque simboliza um passocorinthians e atlético mineirovanguarda no sentidocorinthians e atlético mineiroeliminar entraves burocráticos e corporativos, que acompanham a estigmatização do uso da substância derivada da Cannabis no cuidado quanto a diversas patologias neurológicas".
O mérito da ação deve ser julgado nos próximos meses e, caso perca, a ONG promete recorrer a outras instâncias. Nesta quarta-feira (24), as famílias dos pacientes vão fazer protestocorinthians e atlético mineirofrente à Justiça Federal no Rio Grande do Norte.
Cultivar maconha no Brasil sem autorização da Justiça, mesmo que o objetivo seja medicinal ou consumo próprio, pode ser punido com advertência, prestaçãocorinthians e atlético mineiroserviços à comunidade e exigênciacorinthians e atlético mineirocomparecimentocorinthians e atlético mineirocursos educativos. Em outra ponta, quem repassa ou vende a erva ou produtos derivados, como o óleo, também pode ser processado por tráficocorinthians e atlético mineirodrogas, com penascorinthians e atlético mineiroaté 15 anoscorinthians e atlético mineiroprisão, alémcorinthians e atlético mineiromulta.
Cannabis medicinal tem resultado?
Desde 2014, a Anvisa permite que pacientes com prescrição importem medicamentos derivados da maconha para alguns tratamentos, como o canabidiol. Mas cada frasco do remédio custacorinthians e atlético mineirotornocorinthians e atlético mineiroR$ 1.000, preço elevado para a maioria das famílias.
O presidente da Anvisa, William Dib, prometeu discutir ainda neste ano a regulamentação do cultivo para a pesquisa e produçãocorinthians e atlético mineiromedicamentos no Brasil. Porém, a medida encontra resistência do governo Jair Bolsonaro (PSL), que alega também haver riscoscorinthians e atlético mineiroaumento do consumo recreativo da planta. O ministro da Cidadania, Osmar Terra, defendeu nesta terça-feira (23),corinthians e atlético mineiroentrevista ao site Jota, o fechamento da Anvisa caso a agência decida pela liberação.
Oficialmente, o Conselho Federalcorinthians e atlético mineiroMedicina também se posiciona contra, alegando não haver estudos científicos suficientes para provar a eficácia dos derivados da erva.
Por outro lado, além da experiência práticacorinthians e atlético mineiropacientes e familiares, existe uma sériecorinthians e atlético mineiroestudos que apontam os efeitos benéficos da Cannabis na diminuiçãocorinthians e atlético mineirosintomascorinthians e atlético mineirodiversas patologias.
Um dos mais recentes foi lançado no início deste mês na revista científica Frontiers in Neurology. Cientistas da Universidadecorinthians e atlético mineiroSaskatchewan, no Canadá, deram dosescorinthians e atlético mineiro5 a 6 miligramas do óleo derivado da maconha para sete pacientes com epilepsia extrema. Com essa quantidade, quatro das sete pessoas tiveram reduçãocorinthians e atlético mineiro50% no númerocorinthians e atlético mineiroconvulsões - quando a dose aumentou, todos os pacientes registraram melhoras consideráveis.
Em 2017, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o canabidiol deveria ser catalogado como medicamento, pois já havia provas do seu valor terapêutico para doenças derivadas da epilepsia.
Mas como a maconha funciona nesses casos?
Segundo o neurocientista Claudio Queiroz, do Instituto do Cérebro da UFRN, um dos mais conceituados centroscorinthians e atlético mineiropesquisacorinthians e atlético mineironeurociência do Brasil, os canabinoides como THC e CBD atuam para ajustar a interação entre os neurônios.
Na crise epiléptica, por exemplo, essa comunicação funciona com um excessocorinthians e atlético mineirosincronia neural, ou seja, muitos neurônios passam disparam ao mesmo tempo. "É como se um dos neurônios falasse muito alto e o outro não conseguisse ouvir. Os canabinoides então diminuem essa excitabilidade dos neurônios, reduzindo o efeito que causa a crise", explica.
Para o professor Sidarta Ribeiro, também pesquisador do Instituto do Cérebro e referência brasileiracorinthians e atlético mineironeurociência, os canabinoides não "mudam a taxacorinthians e atlético mineirodisparo dos neurônios, mas ajustam a sincronia fina entre eles, ou seja, eles passam a funcionarcorinthians e atlético mineiromaneira mais harmônica e diminuem a convulsão".
Outros remédios disponíveis usados para esses casos, como Diazepam, têm efeito oposto da Cannabis, segundo Ribeiro.
"Em geral, esses medicamentos resolvem o problema não diminuindo a sincronia dos neurônios, mas simcorinthians e atlético mineiroatividade. Eles efetivamente sedam a pessoa, que pode não ter mais convulsões, mas também não conseguem fazer mais nada", explica o cientista. "Outro problema é que esses medicamentos provocam tolerância, então, as doses precisam ser aumentadas ao longo do tempo, causando uma sériecorinthians e atlético mineiroproblemas colaterais."
Ocorre algo parecido com autistas, segundo Queiroz. "Imagine que você está sentado numa cadeira, falando ao telefone, mas várias pessoas ao seu redor estão conversando bem alto. Tudo isso é processado pelo seu cérebro, mas,corinthians e atlético mineiromaneira voluntária e consciente, você decide prestar atenção naquilo que precisa, ou seja, no telefone. Você exclui esses outros ruídos e sensações para focar um objeto definido."
"O autista não consegue fazer isso, ele não utiliza o filtro sensorial normalmente. Para ele, o som do telefone, das pessoas ao redor e o barulho do ar condicionado têm a mesma relevância. Isso fica embaralhado. Então os canabinoides atuamcorinthians e atlético mineirouma maneira química, suavizando essa excitabilidade dos neurônios e relaxando o sistema nervoso", explica o neurocientista.
Já Ribeiro afirma que, recentemente, criou-se uma teoria "equivocada"corinthians e atlético mineiroque apenas o CBD funcionacorinthians e atlético mineiroforma medicinal e que o THC, que tem efeitos psicoativos (o que provoca o 'barato'), não deveria ser utilizado como medicamento.
"É um discurso anticientífico dizer que na maconha existe uma substância que é do bem, que é o CBD, e outra do mal, o THC. A maconha tem 150 substâncias, a maior parte delas tem propriedades terapêuticas", explica. "Quando elas estão combinadas, o efeito é potencializadocorinthians e atlético mineiromaneira comitiva, pois, se você utilizar apenas o CBD, o organismo pode se adaptar e ele paracorinthians e atlético mineirofazer efeito."
Queiroz salienta que a Cannabis não cura as doenças, mas diminui consideravelmente os sintomas, melhorando a qualidadecorinthians e atlético mineirovida dos pacientes. "Nenhum medicamento está livrecorinthians e atlético mineiroefeitos adversos. E a gente não está advogando para que todo mundo utilize a Cannabis, mas é inegável que para algumas pessoas ela melhora os sintomas."
'Em uma semana muita coisa mudou'
Segundo os paiscorinthians e atlético mineiroIsaac Pinheiro,corinthians e atlético mineiro9 anos, os sintomas do autismo do filho começaram a diminuir após uma semanacorinthians e atlético mineirouso do óleo da maconha - ele tomava duas gotas ao dia.
Bastante agitado, o garoto tinha dificuldades para escrever, por exemplo. "Ele demorava 40 minutos para escrever três palavras no caderno", conta o tatuador Ruy Pinheiro, 38, pai do garoto. "Com uma semanacorinthians e atlético mineiroóleo, ele começou a escrever mais rápido. Em seguida, até conseguia fazer o próprio nome e as palavras que a professora ditava, coisas que ele nunca tinha feito."
A alimentação também mudou. Isaac come apenas quatro alimentos, todos industrializados ecorinthians e atlético mineiromarcas específicas, como achocolatados, coxinhas e biscoitos. Se não houver esses produtos, ele simplesmente não se alimenta com nada. Após o tratamento com Cannabis, que tem a fome como um dos efeitos colaterais (outro é a sonolência), o garoto se permitiu experimentar outros sabores, como queijo e tapioca.
A mãe do menino, a produtora cultural Haylene Dantas, 34, lembracorinthians e atlético mineirooutra melhora durante os seis meses que o filho usou o medicamento. "Ele articulava poucas palavras. Por exemplo, se quer ir ao banheiro, ele dizia: 'mãe, banheiro'. Mas, depoiscorinthians e atlético mineiroalgumas semanascorinthians e atlético mineirotratamento, ele disse: 'Mãe, me dá o celular, porque eu quero ir no banheiro'. Ele nunca tinha falado desse jeito, nunca tinha ido ao banheiro sozinho. Eu fiquei emocionada, porque toda mãecorinthians e atlético mineiroautista sabe o quanto isso é significativo", diz.
Após a proibição judicial do cultivo da ONG Reconstruir, os paiscorinthians e atlético mineiroIsaac decidiram parar o tratamento do filho, pois não confiavamcorinthians e atlético mineirocomprar o óleocorinthians e atlético mineirooutros fornecedores. "Foi muito triste ver os sintomas retornarem, mas preferimos fazer assim", diz Haylene.
No entanto, há pais que, desesperados, decidiram recorrer a outros meios para conseguir manter a medicação.
Em um bairro na zona sulcorinthians e atlético mineiroNatal, a BBC News Brasil se encontrou com Cristiane (nome fictício), que decidiu plantar maconha por conta própria para produzir o óleo para o filho autista.
Quando viu a reportagem, o filho dela,corinthians e atlético mineiro14 anos, entrou correndo no quarto para se esconder, pois não suporta ser visto por outras pessoas dentrocorinthians e atlético mineirocasa. "Ele tem transtornocorinthians e atlético mineiroansiedade social e mutismo seletivo. Ele só fala com quatro pessoas, não tem nenhum amigo na escola onde estuda desde criança", explica Cristiane.
Uma conhecida lhe apresentou um amigo, que forneceu algumas plantas e mudas para o cultivo. Esse tipocorinthians e atlético mineironegociação é considerado tráficocorinthians e atlético mineirodrogas pela legislação brasileira. "Sempre tive medocorinthians e atlético mineiroser presa, mas canseicorinthians e atlético mineiroesperar (a liberação pela Justiça). Meu filho está cada vez mais distantecorinthians e atlético mineiromim, mais fechado nele mesmo. Sinto que estou perdendo meu filho", diz.
Membro da ONG, a enfermeira Adriana Lamartine, 37, diz que é constantemente procurada por pais e mães que querem descobrir como produzir o óleo. "Infelizmente, muitos estão recorrendo ao tráfico para conseguir a Cannabis. É uma situação desesperadora", diz.
Sem orientação, essa produção individual vira uma espéciecorinthians e atlético mineirotentativa e erro, pois é praticamente impossível saber a concentração exatacorinthians e atlético mineirocada canabinoide sem uma análisecorinthians e atlético mineirolaboratório. Assim, seria necessário testar vários tipos plantas para descobrir qual é a mais adequada ao paciente.
Por outro lado, para evitar serem processados, alguns parentes ouvidos pela reportagem cogitam entrar na Justiça para conseguir autorizações individuais para o plantio. É o casocorinthians e atlético mineiroNiná Holanda, 58, cujo filho também é autista e utilizou por alguns meses o óleo fornecido pela ONG Reconstruir. Agora, ela pretende judicializar o caso para tentar obter a licença.
"Para mim, a maconha era uma coisacorinthians e atlético mineirooutro mundo. Eu nunca imaginava que ela poderia ser usada dessa forma. Decidi usar porque meu filho estava ficando cada vez mais agressivo, chegou a apontar uma faca para mim", conta.
"Quando usou o óleo, ele mudou completamente. Está muito mais tranquilo e melhoroucorinthians e atlético mineirovários aspectos. Tenho uma pessoa que me fornece, porque sem essa planta eu não ficocorinthians e atlético mineirojeito nenhum. Como mãe, eu sei que a Cannabis faz bem para ele. É vida dele que estácorinthians e atlético mineirojogo, e faço qualquer coisa por isso", afirma.
A maquiadora Débora Gabriellacorinthians e atlético mineiroLima diz algo parecido sobre seu filho Cauã. "Eu tinha certo preconceito com a maconha. Mas por causacorinthians e atlético mineiroum filho a gente engole essas coisas. Até levei o Cauã na Marcha da Maconha. Sempre digo: 'maconha é uma planta, não é bichocorinthians e atlético mineirosete cabeças, não. Vocês acham que gente ruim é que usa maconha? Meu filho é gente ruim? Olha aqui para ele. Tenho orgulhocorinthians e atlético mineirodizer: ele é o meu maconheirozinho.'"
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