Movimento antivacina é ignorante e ameaça conquista da humanidade, diz ministro da Saúde:gold bets

Ministro da Saúde no desafio Zé Gotinha na Campus Partygold betsBrasília 2019.

Crédito, Erasmo Salomão/MS

Legenda da foto, 'É um patrimônio que a gente tem que zelar', diz o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, sobre sistemagold betsvacinação brasileiro

Sul-matogrossense da capital Campo Grande, Mandetta é médico formado pela Universidade Gama Filho, no Riogold betsJaneiro (RJ). Ele fez residência no serviçogold betsOrtopedia da Universidade Federalgold betsMato Grosso do Sul (UFMS) - o serviço era chefiado pelo pai dele, o também ortopedista Hélio Mandetta, que foi vice-prefeitogold betsCampo Grande, nos anos 1960.

Mandetta entrou para a políticagold bets2005, assumindo a Secretariagold betsSaúde da cidadegold betsCampo Grande, no governogold betsNelson Trad Filho (MDB), conhecido como Nelsinho Trad. E,gold bets2010, elegeu-se deputado federal, cargo para o qual foi reeleito nas duas eleições seguintes.

Assumiu o Ministério da Saúdegold betsjaneirogold bets2019, com o aval do então ministro extraordinário da transição e atual ministro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), mas o Democratas trata as indicações como escolhas pessoais do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

À BBC News Brasil, Mandetta falou também sobre o novo Mais Médicos, explicando que profissionais deixarão a condiçãogold betsbolsistas para terem contratos regidos pela CLT, e terãogold betsse especializar, durante os primeiros dois anos,gold betssaúde da família. A remuneração, hojegold betsR$ 11,8 mil, vai aumentar e variargold betsacordo com a região.

"Não vai ser aquela coisa do programa antigo,gold betscolocar médicogold betsBrasília,gold betsFlorianópolis. Vai ter critériosgold betsvulnerabilidade muito claros para que a gente possa transformar o patamar da saúde nessas regiões", disse. Para Mandetta, o atual modelo dos Mais Médicos "parece bico".

O ministro esteve na segunda-feira, 24/06,gold betsLondres, participandogold betsum programagold betscooperaçãogold betssaúde lançado pelo Reino Unido que tem o Brasil entre os beneficiários. Leia os principais trechos da entrevista concedida por telefone.

gold bets BBC News Brasil - O sr. pode falar sobre a nova parceria com o Reino Unido? O valor não é tão alto, considerando o orçamento da Saúde. São R$ 70 milhõesgold betsquatro anos e o orçamento égold betsquase R$ 130 bilhões por ano. O que dá para fazer com esse dinheiro e o que estão planejando?

lançamento do programa saúde na hora Brasília, 16/05/2019

Crédito, Erasmo Salomão

Legenda da foto, Novo mais médicos vai capacitar profissionaisgold betssaúde da família

gold bets Luiz Henrique Mandetta - Na verdade, o dinheiro é importante. No nosso país, todo dinheiro é bem vindo. É para custear exatamente essa trocagold betsexpertsgold betsatenção primária,gold betsepidemiologia egold betsgenética. Estamos nos organizando para abrir um instituto brasileirogold betsgenética porque a terapia genética vai ser a grande arma contra doençasgold betsdifícil solução no passado e que estão chegando com um custo extremamente elevado.

O Brasil não pode ficar muito longe dessa técnica e (eles) estão avançados no programa na Inglaterra. E mais: eles têm expertisegold betshemoderivados. (A Inglaterra) é o paísgold betsprimeiro mundo que tem mais similaridade com nosso sistema. É uma aproximação não tanto pelo valor do fundo, mas pelo valor do saber acumulado do NHS (sistemagold betssaúde do Reino Unido).

gold bets BBC News Brasil - O sr. já disse ter uma ideiagold betscriar para os cubanos que ficaram no Brasil um cursogold betssaúde da família. O que falta para sair do papel?

gold bets Mandetta - Por uma questãogold betssolidariedade, a gente tem que estender a mão para ver se consegue habilitá-los para o nosso sistemagold betssaúde, dentro dos nossos princípios. Dos direitosgold betsir e vir,gold betsliberdade,gold betsreceber o salário na integralidade, coisas normais para nós, mas que eles estavamgold betsregime exceção. O que a gente quer é que o programa... (cumpra) o desafiogold betslevar o médicogold betssaúde da família para as regiõesgold betsmaior vulnerabilidade.

Funcionários do Ministério da Saúde doaram sangue no hemocentrogold betsBrasília. 18/06/2019

Crédito, Erasmo Salomão/MS

Legenda da foto, O Brasil quer usar os conhecimentos da Inglaterra na áreagold betshemoderivados, diz ministro

gold bets BBC News Brasil - E como está a remodelação dos Mais Médicos? Como vai ser o novo programa?

gold bets Mandetta - Do pontogold betsvista interno, da (pasta da) Saúde, ele já está ok. Agora, a gente está numa fasegold betsconversar com o MEC (Ministério da Educação), porque tem uma parte que envolve a pós-graduação, a residência.

A gente precisa dialogar com eles para ver se vai ter alguma alteração. E (falta) fechar com (o Ministério da) Economia. A gente já tem o valor e o orçamento do programa, e (vai) apresentar para o presidente para ele ver se aquilo ali está dentrogold betsuma medida que possa prosperar.

gold bets BBC News Brasil - A ideia é que os profissionais deixem a condiçãogold betsbolsistas para serem regidos pela CLT e há a previsãogold betsaumentar um pouco a remuneração.

gold bets Mandetta - Exato. Mas não é nada do que a gente tinha mais ou menos no nosso orçamento. É uma mudançagold betscomo fazer essa inserção com qualidade. O vínculo é o que determina a qualidade e é determinante para a pessoa continuar (no Mais Médicos). Esse modelo atual, que égold betsseleção simplificada,gold betsbolsa, é visto como um vínculo muito incipiente. É quase como se fosse um bico esse modelo atual. A gente não quer isso.

gold bets BBC News Brasil - É por isso que muitos médicos brasileiros acabam desistindo?

gold bets Mandetta - É, porque você não tem previsibilidade. Você começa, é uma atividade temporária, bolsista. Pode ser renovada ou não. As pessoas querem construir suas vidas com o mínimogold betsprevisibilidade. Estamos formando, ano após ano, um número maiorgold betsmédicos.

Formamos 28 mil médicos por ano e vamos chegar a brevemente a 35 mil médicos por ano se não abrirem novas faculdades. É um número expressivo, levandogold betsconta que um médico trabalha por três, quatro décadas. A gente precisa indicar a essas pessoas qual é o caminho que eles vão ter no poder público.

gold bets BBC News Brasil - O senhor disse que está discutindo o novo Mais Médicos com o MEC porque haverá uma pós-graduação. Participar do Mais Médicos também vai significar ganhar uma qualificação profissional?

gold bets Mandetta - Todo concurso público tem um estágio probatório, que são os primeiros dois anos. Nesses dois anos, nós não só vamos selecionar mas vamos capacitar.

Queremos todos eles especialistasgold betssaúde da família. Se você vai tomar uma decisãogold betsfazer uma atenção primária com qualidade, não vai botar um médico sem qualificação. É como colocar um ortopedista sem especializaçãogold betsortopedia.

Atenção primária é a mais difícilgold betstodas as especialidades médicas. Para isso a gente tem que selecionar bem, capacitar bem a educação continuada e dar suporte, com telemedicina, para amparar melhor o diagnóstico, para os médicos conhecerem melhor o territóriogold betsque estão inseridos, fazerem planosgold betssaúde e intervenção na população.

A gente deve procurar alguns indicadoresgold betssaúde muito objetivos, como mortalidade infantil, câncergold betsmama,gold betscólon, para (os médicos) saberem quais são os compromissos deles com aquela população. Não dá para fazer uma receitagold betsbolo para o Brasil, o Brasil é muito grande.

Dilmagold betscerimônia do Mais Médicos

Crédito, Rondon Vellozo/MS

Legenda da foto, Para ministro, modelo atual dos Mais Médicos criado no governogold betsDilma Rousseff 'parece mais um bico'

gold bets BBC News Brasil - A remuneração vai variargold betsacordo com a região?

gold bets Mandetta - Também. Uma comunidade indígena, por exemplo, pode ficar 15 dias, 20 dias. Volta e vai outro.

gold bets BBC News Brasil - Quer dar mais flexibilidade nesses casos...

gold bets Mandetta - Exatamente. E fazer com que as pessoas sejam mais valorizadas para o chamado Brasil profundo, das dificuldades. Não vai ser aquela coisa do programa antigo,gold betscolocar médicogold betsBrasília,gold betsFlorianópolis. Vai ter critériosgold betsvulnerabilidade muito claros para que a gente possa transformar o patamar da saúde nessas regiões.

gold bets BBC News Brasil - Quantas vagas estão abertas hoje? Qual a porcentagem que não foi preenchida?

gold bets Mandetta - Quando entrei no Ministério da Saúde, foi exatamente quando Cuba tinha decidido tirar maisgold bets8,5 mil médicos cubanos. Depois disso, fizemos mais um processo seletivo porque o governo anterior não tinha feito.

Tinha 2,5 mil lugares que haviam tido médico no passado e abrimos para esses. Para esses, conseguimos alocar 85%; 15% saíram. Estamosgold betsprocesso seletivo agora. Enquanto a gente não construir esse sistema perene, sustentável, a gente vai manter o processo seletivo para não haver interrupção na provisão desse profissional.

Idoso
Legenda da foto, Ministério da Saúde está interessado na experiênca inglesa para o uso da genética como solução para o combategold betsdoenças

gold bets BBC News Brasil - O médico Dráuzio Varella já defendeu que profissionais formadosgold betsuniversidades públicas deveriam ser exigidos a trabalhar como voluntários por algum período para retribuir a qualificação e a alta qualidade do ensino que tiveram. O senhor acha ser possível incorporar ao currículo das universidades federais o trabalho voluntário após a formação?

gold bets Mandetta - Aí não é trabalho voluntário, mas trabalho civil obrigatório. Se a gente for partir para o trabalho civil obrigatório no Brasil, deveria ser para todas as profissões. Não é só o médico. Lá onde falta o médico, falta o advogado, falta professorgold betsportuguês,gold betsmatemática, falta teatro, falta jornal, falta tudo.

O médico chama atenção porque a saúde é dever do Estado, está na Constituição. Se for partir por esse raciocínio, acho que tem que ir todo mundo. Todos os advogados, filósofos, engenheiros, para o trabalho civil comunitário. Se for todo mundo, poderia ser uma boa ideia.

gold bets BBC News Brasil - Gostariagold betssaber sobre a decisão da Anvisa,gold betscolocar sob consulta o cultivo da maconha para fins medicinais. O sr. acha que é só uma questãogold betstempo? O Brasil está caminhando para isso?

gold bets Mandetta - O que a gente tem que saber é qual é a utilidade científica. Não posso dizer, por que é uma planta que tem efeito alucinógeno, não posso dizer que não vou pesquisar. Senão, não utilizaria morfina, não utilizaria fentanil. São drogas que os médicos têm no seu arsenal para enfrentar as doenças. Elas estão no arsenal dos médicos porque existem evidências científicas que eles podem usar.

No caso do canabidiol, parece haver evidência científica para usogold betscrise convulsiva. Se for isso, para pesquisa, para esse ponto... Se derivarmos para fazer creme para rosto, óleo, se vamos beber, passar xampu... se não tem evidência científica acho que não tem motivo.

Lançamentogold betslinhagold betscrédito do BNDES. Brasília, 13/06/2019

Crédito, Erasmo Salomão/MS

Legenda da foto, Mandetta diz que o uso medicinal da maconha, com comprovação científica, está bem resolvido no governo

gold bets BBC News Brasil - O senhor acha que o que não tem evidência científica...

gold bets Mandetta - A gente deve se ater ao uso medicinal. O que a gente entende que há indícios, estudos científicos para uso medicinal do canabidiol, principalmente para usar para crises convulsivas reentrantes. A gente deve fazer pesquisa e ir à direção do que é científico para a gente dar o arsenal aos profissionais, que deem aos seus pacientes medicamentos devidamente prescritos e controlados.

Agora, esse uso banalizadogold betsoutros países,gold betsabrir lojinhagold betsqualquer lugar, óleo, produtosgold betslimpeza... a parte do THC que não tem evidencia científica, zero, isso a gente não concorda, não deve haver progresso nisso daí. Deve ter na parte necessária medicinal, como a morfina. A morfina é um medicamento que causa uma adição (dependência) absoluta, é oriunda da papoula e a gente utiliza porque há uma necessidade na parte medicinal.

gold bets BBC News Brasil - Esse assunto está bem resolvido no governo ou ainda é começo da discussão?

gold bets Mandetta - A posição é muito clara para o governo. O que a gente entende é: para uso com evidência científica, para aquelas situações do pontogold betsvista científico.

gold bets BBC News Brasil - gold bets Falandogold betsevidência científica,gold betsvários países do mundo o movimento antivacina tem crescido e o Brasil começa, aindagold betsforma incipiente. Já existem blogueiros e youtubers contra vacinas. O sr. é médico. Por que movimentos como esse ganham força e qual é o perigo?

gold bets Mandetta - Eu acho que sobra ignorância. E quando sobra ignorância, aqueles que querem destruir conquistas da humanidade têm um campo fértil. Usam das suas próprias ignorâncias e proliferam. Se tem uma imprensa, um jornalista responsável, eles têm que dizer quais são as fontes. Ali naquela babel (da internet) pessoas se sentem à vontade com suas meias verdades e as suas convicções.

Acho que (os antivacina) são uma minoria. As vacinas são uma conquista da humanidade, talvez o maior passo do século 20gold betssaúde pública do mundo. A gente erradicou a varíolagold bets1969, 70. A gente terminou uma doença.

Só quem não sabe o que é uma cegueira, uma pneumonia, uma encefalite por sarampo... Enfim, a gente vê que é uma questãogold betsgeração. Se você perguntar às avós... Minha mãe procurou garantir as vacinas aos filhos porque via criança tendo pólio.

Hoje, parece que as pessoas acham que pólio é coisagold betsextraterrestre. A gente que viu sabe muito bem do que está falando. Uma pessoa mais jovem pode achar que não existe, que é coisa do século passado, não tem noção da gravidade.

gold bets BBC News Brasil - gold bets O sr. acha que há motivo para o Ministério da Saúde para fortalecer a comunicação, passar essa mensagem...

gold bets Mandetta - A gente tem feito um esforço. Tivemos a diáspora da Venezuela, quase três milhõesgold betsvenezuelanos saíramgold betsqualquer jeito. A gente começou com um surtogold betssarampogold betsRoraima, pegou os yanomami, desceu para Manaus e a gente conseguiu cercar com vacina. Seguramos, chegougold betsBelém frágil.

Depois a gente teve, no Carnaval, oito navios com turistas europeus, franceses que têm índicegold betsvacinação baixa, pessoas com sarampo a bordo querendo descer na costa por conta do Carnaval. A gente teve que entrar no navio, vacinar oito mil pessoas e mesmo assim a gente não sabe se os que desceram estavam no períodogold betsincubação. Nova York decretou emergência.

Lógico que a gente vai fazer o devergold betscasa. Nosso programagold betsimunização é uma das partes mais fortes do SUS e temos um sistemagold betsvacinação respeitado. É um patrimônio que a gente tem que zelar.

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