Pessoas buscam 'salvação' na 'masculinidade extraordinária'palmeiras globoesportehomens como Trump e Bolsonaro, diz historiadora dos EUA:palmeiras globoesporte

Bolsonaro e Trumppalmeiras globoesporteWashington

Crédito, REUTERS/Carlos Barria

Legenda da foto, Para Joan Scott, 'habilidadepalmeiras globoesporteexercer um poder extraordinário é ainda entendida como um traçopalmeiras globoesportemasculinidade, particularmente uma masculinidade excepcional - mais forte e poderosa'
Joan Scott

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Professora do Institutopalmeiras globoesporteEstudos Avançadospalmeiras globoesportePrinceton, Scott é uma das pioneiras da história do gênero

De acordo com a historiadora, que também é professora no Institutopalmeiras globoesporteEstudos Avançadospalmeiras globoesportePrinceton e autorapalmeiras globoesportelivros sobre desigualdadepalmeiras globoesportegênero e política, as mulheres são submetidas a um crivo muito mais minucioso - e duro - no jogo eleitoral. Para participar dele, explica, precisam alcançar um equilíbrio difícil entre força e feminilidade: não devem parecer muito agressivas e, portanto, masculinas, nem muito sensíveis e, logo, frágeis.

"Você não consegue imaginar uma figura como Hillary Clinton dizendo o mesmo tipopalmeiras globoesportecoisas loucas que Trump diz, insultando pessoas. Ela seria desconsiderada como uma mulher histérica."

Mas é justamente a "brutalidade e vulgaridade"palmeiras globoesportefiguras como Trump e Bolsonaro, continua Scott, que atraem os eleitorespalmeiras globoesportetempospalmeiras globoesportecrise. Segundo ela, busca-se na "masculinidade excepcional" exibida por esses líderes a soluçãopalmeiras globoesportetodos os problemas, como um pai que salvará o país do caos.

"E eles precisam colocar as mulherespalmeiras globoesporteseu lugar para poder fazer isso, o que torna difícil para elas encontrar uma posição que exerça a mesma atração."

Soma-se a isso o entendimentopalmeiras globoesporteque liderança é uma característica masculina: homens seriam poderosos, governantes natos, já às mulheres restaria o papelpalmeiras globoesportedestinatáriospalmeiras globoesporteseu amor e proteção.

"O problema aí é que, se uma mulher tenta exercer esse poder, ela é vista como anormal."

Leia abaixo os principais trechos da entrevista.

palmeiras globoesporte BBC News Brasil - Em um texto recente, a senhora falou sobre o "magnetismo animal"palmeiras globoesporteDonald Trump e discutiu as razões pelas quais Hillary Clinton não foi eleita, entre elas o fatopalmeiras globoesporteela ser mulher. Isso limitaria "as possibilidadespalmeiras globoesporteque parecesse atrativa [para o eleitorado]". Por que uma candidata não teria tanto "magnetismo" quanto Trump ou Jair Bolsonaro, no Brasil?

palmeiras globoesporte Joan Scott - Há um estereótipopalmeiras globoesportegênero, no qual os homens são os líderes, os governantes, e as figuras poderosas, e as mulheres são os destinatários passivospalmeiras globoesportesua proteção, amor oupalmeiras globoesportequalquer coisa que seja. É uma resposta psicológica profundamente enraizada para as questõespalmeiras globoesporteliderança, que sempre foi definida como [uma característica] masculina.

E apesarpalmeiras globoesportetermos tido mulheres líderes, como Angela Merkel, Margaret Thatcher e Indira Gandhi [primeira-ministra da Índiapalmeiras globoesporte1966 a 1977], a habilidadepalmeiras globoesporteexercer um poder extraordinário é ainda entendida como um traçopalmeiras globoesportemasculinidade, particularmente uma masculinidade excepcional - mais forte e poderosa.

(...) Em tempospalmeiras globoesportecrise e revolta na sociedade, as pessoas se voltam parafiguraspalmeiras globoesportepoder e masculinidade extraordináriospalmeiras globoesportebuscapalmeiras globoesportesalvação.

Bolsonaropalmeiras globoesporteevento no Rio

Crédito, EPA/Antonio Lacerda

Legenda da foto, Para poder exercer seu poder, líderes como Trump e Bolsonaro precisam colocar "mulherespalmeiras globoesporteseu lugar", diz professora

O problema aí é que, se uma mulher tenta exercer esse poder, ela é vista como anormal, não-feminina, masculina,palmeiras globoesportemaneiras que são entendidas como perigosas. Porque a outra coisa que esses caras fazem é apelar para noções tradicionaispalmeiras globoesportemasculinidade e feminilidade.

Então, Bolsonaro fala para vocês que mulheres devem cuidar da casa; na Turquia, [o presidente Recep Tayyip] Erdogan diz que o papel principal da mulher é ter filhos, para salvar nosso futuro; Trump pensa nas mulheres com objetospalmeiras globoesportesatisfação sexual. O que quer que nós sejamos, nos apresentar como poderosas é considerado anormal.

palmeiras globoesporte BBC News Brasil - Como fugir disso?

palmeiras globoesporte Joan Scott - A coisa interessante agora nos Estados Unidos é a forma como Nancy Pelosi [congressista democrata e presidente da Câmara dos Representantes dos EUA] está se recusando a deixar Trump colocá-la nessa posição. Muitas pessoas vão te dizer que a odeiam, porque querem retratá-la como anormal. Como o que fizeram na semana passada, quando divulgaram um vídeo delapalmeiras globoesportecâmera lenta para que parecesse bêbada.

Isso é uma tentativapalmeiras globoesportemostrar que há algo errado, que ela não pode ser tão poderosa como parece ou capazpalmeiras globoesporteresistir às açõespalmeiras globoesporteTrump. E Nancy diz o que pensa: "ele [o presidente] precisa ser interditado". Todas essas coisas são verdade, mas o fatopalmeiras globoesporteela falar isso e ser considerada uma figura política poderosa está chateando Trump, está enlouquecendo-o.

O interessante é que ela usa vestidos, sempre se apresenta como uma mulher. Ela é uma mãe, uma avó e vai te dizer isso um milhãopalmeiras globoesportevezes. Então ela está insistindo empalmeiras globoesporte"feminilidade normal", mesmo que exerça um poder extraordinário.

Nancy Pelosi

Crédito, EPA/ERIK S. LESSER

Legenda da foto, Scott diz que democrata Nancy Pelosi encontrou uma boa formapalmeiras globoesporteresistir aos ataquespalmeiras globoesporteTrump

O que eles procuram, esses caras, épalmeiras globoesportemasculinidade excepcional como solução para todos os nossos problemas. E eles precisam colocar as mulherespalmeiras globoesporteseu lugar para fazer isso, o que torna difícil para elas encontrar uma posição,palmeiras globoesportecontraponto a essas ideias, que exerça a mesma atração.

As pessoas que respondem a Trump estão procurando exatamente por aquele tipopalmeiras globoesportefigura paterna que tome contapalmeiras globoesportetudo. E a pergunta é: há uma mulher que possa fazer isso? Não sei o que seria necessário ou como funcionaria.

palmeiras globoesporte BBC News Brasil - Pensando no que a senhora escreveu sobre Hillary Clinton, uma possível líder precisaria assumir uma posição menos feminina, para que as pessoas a vissem como mais forte?

palmeiras globoesporte Joan Scott - Sim, e esse é o problema. Como fazer isso funcionar,palmeiras globoesporteuma maneira que não desconsiderem você como anormal. Você não consegue imaginar uma figura como Hillary Clinton dizendo o mesmo tipopalmeiras globoesportecoisas loucas que Trump diz, insultando pessoas. Ela seria desconsiderada como uma mulher histérica.

Então deve haver uma postura diferente e é isso que Nancy Pelosi está descobrindo. Agora, ela não está concorrendo à Presidência contra Trump, está numa posição diferente, ela é a presidente da Câmara dos Representantes. Trump está tentando fazer com que ela pareça louca, mas não consegue, porque ela está mantendopalmeiras globoesporteposição e não é ambivalente. Hillary Clinton sempre foi ambivalente sobre como se apresentar.

palmeiras globoesporte BBC News Brasil - Muito se fala sobre a ascensãopalmeiras globoesportefiguras como Trump, Bolsonaro e Modi, primeiro-ministro da Índia,palmeiras globoesportemomentospalmeiras globoesportecrise. Como você explica o fortalecimentopalmeiras globoesportehomens com perfil tão parecido?

palmeiras globoesporte Joan Scott - Para ser, talvez, muito simplista sobre o assunto: é a crise do capitalismo neoliberal. Os ricos estão ficando mais ricos, os pobres estão ficando mais pobres, as separações e divisões no mundo estão aumentando dramaticamente. Há hordaspalmeiras globoesporteimigrantes chegando aos países europeus das áreaspalmeiras globoesporteguerra do Oriente Médio e da África, e, nos Estados Unidos,palmeiras globoesportepaíses pobres da América Latina. Você tem uma decepção geral com as expectativas que as pessoas tinham sobre a vida.

(...) Faz sentido o que está acontecendo. A época para a qual olhar são os anos 1930 na Europa epalmeiras globoesportetodo mundo, quando havia uma crise econômica gigante e as pessoas que apareceram para solucionar o problema prometeram poderes extraordinários, quase mágicos, para conseguirem fazer isso. E esses poderes mágicos estavam amarrados apalmeiras globoesportemasculinidade.

Trumppalmeiras globoesportecampanha para eleiçãopalmeiras globoesporte2020

Crédito, Drew Angerer/Getty Images

Legenda da foto, Pessoas que respondem a Trump querem figura paterna para "tomar contapalmeiras globoesportetudo", diz historiadora

(...) Há algo na vulgaridade e brutalidade dessas figuras que é atraente. As pessoas pensam "ah, eles sabem como mandarpalmeiras globoesportetodo mundo; eles vão terminar com o crime, com a corrupção". Mesmo no casopalmeiras globoesporteDuterte, [presidente] nas Filipinas, que está matando todo mundo.

Há também o apelo do discurso nacionalista,palmeiras globoesporteque são outros os responsáveis por nossos problemas, sejam eles imigrantes ou minorias étnicas. Trump é a promessa do retorno da supremacia branca desafiado por uma população crescentepalmeiras globoesportenão-brancos nos Estados Unidos.

Matteo Salvini, na Itália, e Nigel Farage, o cara do Brexit,palmeiras globoesporteLondres, são a mesma coisa. Todos eles veem os imigrantes ou as minorias como o problema que precisa ser contido e trocam o enfoque das grandes forças capitalistas, dos empresários como eles, para esses "outros", que precisam ser mantidos fora do país. [Eles dizem]: "se conseguirmos purificar a nação, ficaremos melhor".

palmeiras globoesporte BBC News Brasil - No artigo citado acima, a senhora questiona como a democracia pode lidar com o grande apelopalmeiras globoesportefiguras autoritárias - homens, napalmeiras globoesportemaioria. Faço a mesma pergunta: como a democracia pode manejar essa tendência?

palmeiras globoesporte Joan Scott - Uma coisa é procurar por outras alternativas que funcionaram. Na Europa, depois da Segunda Guerra Mundial, você teve algum apelo à democracia social, ao bem comum, a uma noção coletivapalmeiras globoesportenecessidade e interesses. Tivemos [o presidente] Franklin D. Roosevelt nos Estados Unidos e o New Deal [sériepalmeiras globoesporteprogramas implementados entre 1933 e 1937 nos EUA para recuperar e reformar a economia norte-americana], que eram a alternativa ao fascismo aqui. Você teve Martin Luther King como um objetopalmeiras globoesporteenorme veneração, amor e respeito.

Existiram figuras que se tornaram a personificação da comunidade. Elas também eram poderosíssimas e,palmeiras globoesportemuitos desses exemplos, paternais, mas é um tipo diferentepalmeiras globoesportefigura. Não é umapalmeiras globoesportehipermasculinidade, mas de....– eu quase quero dizer maternal –,palmeiras globoesporteum senso suavizadopalmeiras globoesportepaternidade. Ainda podemos olhar para a figura masculina como capazpalmeiras globoesportetomar contapalmeiras globoesportenós, maspalmeiras globoesporteum jeito diferente, não pela força ou violência, mas pelo cuidado.

Martin Luther King
Legenda da foto, Para substituir líderes mais autoritários, diz professora, precisaríamos pensarpalmeiras globoesportefiguras paternas "suavizadas", como Martin Luther King

Pensepalmeiras globoesporteCárdenas, no México [Lázaro Cárdenas del Río, um dos presidentes mais populares do país (1934-1940) e responsável pela nacionalização do petróleo local] oupalmeiras globoesporteBolívar [Simón Bolívar, líder político venezuelano e um dos pioneiros na luta contra a colonização da região no século 19], na América Latina. Há momentospalmeiras globoesporteque líderes fortes e admirados se apresentam, mas os amamos não porque eles são mais poderosos do que nós, mas porque representam algo comum a todos. E historicamente há exemplos disso.

palmeiras globoesporte BBC News Brasil - Então precisamospalmeiras globoesporteum tipo diferentepalmeiras globoesportepai?

palmeiras globoesporte Joan Scott - (Risos) Sim. Acho que isso é...Gandhi. Olhe para esses caras que conseguiram personificar um espírito comunal e nacional, maspalmeiras globoesporteuma maneira muito diferente da dos atuais populistaspalmeiras globoesportedireita.

(...) Ou...Uma [figura] que eu gostariapalmeiras globoesportesaber mais sobre é Angela Merkel, na Alemanha, porque por muito tempo ela foi bem sucedida.

Tenho certeza que havia pessoas que tiravam sarro dela ou a atacavam como uma mulher anormal, mas ela conseguiu ser forte e cuidadosapalmeiras globoesporteuma forma diferente dapalmeiras globoesporteMargaret Thatcher, que era tão masculina quanto os homenspalmeiras globoesporteseu tempo. Ela e Ronald Reagan [presidente americanopalmeiras globoesporte1981 a 1989 e contemporâneopalmeiras globoesporteThatcher] eram do mesmo tipo.

Se conseguíssemos pensarpalmeiras globoesportecomo um líder pode personificar uma aspecto cuidadoso e comunal, então seria possível pensarpalmeiras globoesportemulheres nesse papel.

palmeiras globoesporte BBC News Brasil - Essa seria minha próxima pergunta. Em um cenáriopalmeiras globoesportecrise econômica e política, mas tambémpalmeiras globoesportetransformação nas funçõespalmeiras globoesportehomens e mulheres, uma mulher poderia assumir essa liderança alternativa?

palmeiras globoesporte Joan Scott - Bom, acho que nesses momentos, a tendência é voltar-se para estereótipos, para o que sempre pareceu confortável – a heterossexualidade, "casamento é entre um homem e uma mulher", "família é o fundamento da ordem na sociedade" e todo o resto. É isso que esses caras também representam. Viktor Orbán [primeiro ministro], na Hungria, eliminou os estudospalmeiras globoesportegênero, como acho que Bolsonaro quer fazer no Brasil. Porque dizem que é um desafio ao jeitopalmeiras globoesporteDeus, ou ao jeito natural, segundo o qual a vida deveria ser organizada.

Nesses momentospalmeiras globoesportecrise, as pessoas olham para os velhos jeitospalmeiras globoesportefazer as coisas, para o que sempre acreditaram, para o que foram criados a ver como mais seguro do que os desafios oferecidos pelo casamento gay e formas alternativaspalmeiras globoesportesexualidade. O mundo agora está dividido entre as pessoas que pensam dessas novas maneiras e pessoas que querem se segurar aos velhos jeitos. E esses autoritários apelam para os velhos jeitos e tentam forçá-los sobre o restopalmeiras globoesportenós.

Angela Merkel

Crédito, ODD ANDERSEN/AFP/Getty Images

Legenda da foto, Para Scott, a chanceler alemã Angela Merkel é um exemplo interessantepalmeiras globoesportelíder feminina

Uma outra pergunta para a qual não tenho resposta é: o que pode emergir do lado das novas formaspalmeiras globoesportepensar sobre gênero, como uma solução para essas crises?

Porque estamos falando da política que migrou à direita, mas há uma população substancial, metade do mundo, provavelmente, e mais do que metade dos Estados Unidos, que não acredita nessas ideias. Uma parte da população que não elegeu Trump e faria qualquer coisa para encontrar uma alternativa. E a pergunta é: por que não estamos recebendo uma outra política vindo desse lado? O que aconteceu com a esquerda? Como ela perdeupalmeiras globoesporteconexão com a maneira como o mundo estava mudando?

palmeiras globoesporte BBC News Brasil - Por que momentospalmeiras globoesportecrise despertam essa necessidadepalmeiras globoesportefiguras paternas? Ou sempre precisamos disso?

palmeiras globoesporte Joan Scott - Não, acho que é especialmentepalmeiras globoesportemomentospalmeiras globoesportecrise. Quando as coisas estão incertas, ninguém sabe o que vai acontecer e todas as formas como achamos que a vida deveria ser organizada parecem estar caindo aos pedaços. A crise traz a necessidade dessa figura.

palmeiras globoesporte BBC News Brasil - A esquerda precisa entender essa necessidadepalmeiras globoesporteum pai para pensar estratégias futuras?

palmeiras globoesporte Joan Scott - Acho que sim. É difícil prever quem pode se apresentar, ele ou talvez ela, para preencher essa necessidade. Mas acho que são momentospalmeiras globoesportecrise que causam esse desejo por figuras poderosas que vão tomar contapalmeiras globoesportenós, nos guiar para fora do deserto.

Alguém escreveu um artigo interesse não há muito tempo, acho que foi Michelle Goldberg, no [jornal] The New York Times, uma colunista. Ela disse que uma das fontespalmeiras globoesporteapoiopalmeiras globoesporteTrump tem a ver com as pessoas imaginando que, se fossem ricas, seriam como ele. De novo, é uma identificação psicológica, não explicitamente consciente ou racional, que diz "se eu estivesse no comando, é isso que eu faria". De um lado, quero que ele tome contapalmeiras globoesportemim, do outro, me identifico com ele. Ele está mandando nas pessoas, gritando, cuidando da gente do jeito como eu cuidaria. É uma fantasiapalmeiras globoesporteidentificação com seu poder.

palmeiras globoesporte BBC News Brasil - Uma mulher seria capazpalmeiras globoesportecausar essa identificação? Se ela encontrasse uma formapalmeiras globoesporteser forte e feminina, como Nancy Pelosi, o eleitorado poderia aceitá-la ou ela seria automaticamente repelida?

palmeiras globoesporte Joan Scott - Há duas partes nisso: uma é a mulher descobrir como se apresentar como ela mesma; a outra é saber como resistir aos ataques. E essas duas coisas precisam andar juntas.

Quando a candidata socialista Ségolène Royal concorreu à Presidência da França, ela não conseguiu descobrir como uni-las. Sempre usava roupas chiques e toda vez que a atacavam, tentava desmenti-los - "não, eu sou realmente uma mulher normal!" - ,palmeiras globoesportevezpalmeiras globoesporteignorá-los. Então essas são duas partes são: primeiro, [é necessário] uma mulher que tenha as características e o carisma para gerar uma resposta amorosa do eleitorado, e, segundo, [que saiba] combater os ataques inevitáveis, que tentarão retratá-la como "anormal". Ou ela será retratada como muito feminina, porque mulheres não conseguem liderar, ou como muito masculina e, logo, perigosamente desconectada com o que significa ser americano ou brasileiro.

São esses dois elementos que uma mulher precisaria negociar. É uma pergunta aberta. Pode ser que haja alguém aí. Como historiadora, odeio dizer que depende inteiramentepalmeiras globoesporteum indivíduo, mas pode ser o caso. Se surgir alguém que tenha a combinação certa dessas coisas, pode funcionar.

Hillary Clinton fala no evento Women In the World,palmeiras globoesporteNova Iorque

Crédito, REUTERS/Brendan McDermid

Legenda da foto, Clinton não conseguiu encontrar o equilíbrio exigido entre força e feminilidade, diz historiadora

palmeiras globoesporte BBC News Brasil - Mas o cenáriopalmeiras globoesportesi é injusto, não? Porque uma resposta erradapalmeiras globoesporteuma mulher pode acabar compalmeiras globoesportecandidatura, enquanto falas polêmicaspalmeiras globoesportehomens não os tiraram da disputa.

palmeiras globoesporte Joan Scott - Você consegue imaginar? Até se um negro fizesse isso [seria complicado]. Se Obama fosse flagrado pagando uma atriz pornô para não falar nada sobre dormir com ele, estaria fora da campanhapalmeiras globoesporteum minuto [Trump foi acusado disso]. É apenas esse cara [Trump] que consegue passar incólume.

Lembre-se da campanhapalmeiras globoesporteHillary Clinton, quando ela tentou parecer confiante e começou a beber uísque. E todos diziam: "olhem como ela é durona". Mas aí algo aconteceu e eles falaram que ela estava sendo muito masculina. Então houve outra coisa, ela chorou e aquilo a derrubou. Não importava o que ela fizesse, ela era sempre muito durona ou muito fraca.

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