Como o apoio evangélico ajudou a aproximar Israel e governo Bolsonaro:barcelona futebol clube

O grupo tem peso no eleitorado que conduziu Bolsonaro ao Palácio do Planalto e representação crescente no Congresso - serão 84 deputados e sete senadores a partirbarcelona futebol clubefevereiro, segundo cálculo do Diap (Departamento Intersindicalbarcelona futebol clubeAssessoria Parlamentar).

"Grande parte dos evangélicos são favoráveis à mudança da capital. Então, nós estamos atendendo um anseiobarcelona futebol clubegrande parte da população, não é da minha cabeça, não é algo pessoal meu", disse o próprio Bolsonarobarcelona futebol clubeentrevista ao canal SBT na última quinta-feira.

"A decisão (de mudar a embaixada) está tomada, está faltando apenas definir quando que ela será implementada", disse ainda.

Diante das promessasbarcelona futebol clubeBolsonaro, o primeiro-ministrobarcelona futebol clubeIsrael, Benjamin Netanyahu, visitou o Brasil no fimbarcelona futebol clubedezembro e prestigiou a posse presidencial - foi a primeira vez que um chefebarcelona futebol clubeEstado israelense veio ao país.

'Israel e o retornobarcelona futebol clubeCristo'

Estudiosa da relação entre política e religião, a professora da Universidade do Norte do Texas Elizabeth Oldmixon explica que o apoiobarcelona futebol clubelideranças evangélicas a Israel decorrebarcelona futebol clubesua crençabarcelona futebol clubeque "a promessa bíblicabarcelona futebol clubeDeus da Terra Santa ao povo judeu é literal e eterna".

Para esses cristãos, adeptos do "dispensacionalismo", o retorno dos Judeus à Terra Santa - ou seja, o estabelecimentobarcelona futebol clubeIsrael - é necessário para a voltabarcelona futebol clubeCristo.

"Quando a segunda vinda (de Cristo) ocorrer, haverá uma atribulação marcada por guerra e desastre natural, durante a qual Cristo derrotará o mal, e o povo judeu aceitará a Cristo como o Messias", ressalta a professora ao explicar a crençabarcelona futebol clubeparte dos evangélicosbarcelona futebol clubeartigo sobre o tema.

A questão nos Estados Unidos é especialmente importante para evangélicos brancos, destaca Oldmixon. Segundo o centrobarcelona futebol clubepesquisa Pew Research Center, esse grupo perfaz um quinto do eleitorado americano e um terço dos que simpatizam com o Partido Republicano, do presidente Donald Trump. Na eleiçãobarcelona futebol clube2016, ele recebeu 81% dos votos desse segmento.

Não à toa, a cerimôniabarcelona futebol clubeabertura da embaixada dos Estados Unidosbarcelona futebol clubeJerusalém,barcelona futebol clube14barcelona futebol clubemaio, aniversáriobarcelona futebol clube70 anos da criaçãobarcelona futebol clubeIsrael, contou com sermõesbarcelona futebol clubedois importantes pastores evangélicos americanos. Robert Jeffress, da Primeira Igreja Batistabarcelona futebol clubeDallas, fez a oraçãobarcelona futebol clubeabertura, enquanto John Hagee, do ministério Cristãos Unidos por Israel, realizou abarcelona futebol clubeencerramento.

Lideranças querem mudança até abril

Lideranças evangélicas ouvidas pela BBC News Brasil defendem a transferência da embaixada brasileira até abril, mêsbarcelona futebol clubeque se iniciam as celebrações pela independênciabarcelona futebol clubeIsrael. O deputado federal Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), pastor na Assembleiabarcelona futebol clubeDeus Vitóriabarcelona futebol clubeCristo, disse que a mudança é agenda prioritária. Se não se concretizar até abril, ele promete pressão política e mobilização popular.

"A nossa motivação é (mais) um princípiobarcelona futebol clubefé, do quebarcelona futebol clubequestões políticas. Para nós, que acreditamosbarcelona futebol clubeverdade na Bíblia, quem abençoar Israel será abençoado nas mesmas bênçãos", explicou.

A pastora Jane Silva, presidente da Comunidade Brasil-Israel, está confiante que o governo Bolsonaro reconhecerábarcelona futebol clubebreve Jerusalém como capitalbarcelona futebol clubeIsrael. Ela contou, inclusive, já ter um possível endereço para a embaixada brasileira na colônia Germânica, área nobre da cidade, que pretende indicar para o governo.

"É uma propriedade alugada hoje por outra instituição internacional e que será desocupada. Um local vip,barcelona futebol clubefácil acesso, bombarcelona futebol clubeestacionamento", contou.

A pastora entende que a mudança da embaixada não será determinante para a vindabarcelona futebol clubeCristo, já que isso dependeria, nabarcelona futebol clubeleitura bíblica, do retornobarcelona futebol clubetodos os judeus à Israel, mas considera decisão fundamental para que o Brasil seja "abençoado".

"No máximobarcelona futebol clubeabril eu acredito que haverá a troca (da embaixada). É uma promessabarcelona futebol clubecampanha, ele não tem como voltar atrás", disse também.

Jane Silva mantém permanente articulação com congressistas brasileiros. No ano passado, produziu uma comandabarcelona futebol clubehomenagem ao país com a assinaturabarcelona futebol clube70 parlamentares - uma para cada ano da existênciabarcelona futebol clubeIsrael. Bolsonaro, então deputado federal, assinou por 1955, anobarcelona futebol clubeseu nascimento, enquanto presidente da Câmara, Rodrigo Maia, firmou pelo ano inauguralbarcelona futebol clubeIsrael, 1948.

Meses depois,barcelona futebol clubeagosto, a pastora estava ao ladobarcelona futebol clubeum dos filhos do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro, no momentobarcelona futebol clubeque ele entregou uma chave simbólica do Brasil ao congressista israelense Robert Ilatov,barcelona futebol clubemais uma celebração dos 70 anosbarcelona futebol clubeIsrael, dessa vezbarcelona futebol clubeBelo Horizonte.

A proximidade com Israel e a defesa da trocabarcelona futebol clubeembaixada, porém, não é consenso entre todos os grupos evangélicos do Brasil. Magno Paganelli, que acababarcelona futebol clubeconcluir uma tesebarcelona futebol clubedoutorado na USP sobre o turismo pentecostalbarcelona futebol clubeIsrael, ressalta que "essa atenção a tudo quanto envolva Israel é mais pronunciado entre as igrejas que chamamos neopentecostais, surgidas desde o final da décadabarcelona futebol clube1970".

Nesse grupo, ele destacabarcelona futebol clubeespecial a Universal do Reinobarcelona futebol clubeDeus, Plenitude do Tronobarcelona futebol clubeDeus, e Renascerbarcelona futebol clubeCristo. Já as mais antigas, como metodistas, presbiterianas e batistas, dão "atenção moderada" a essa questão.

Segundo Paganelli, o "evangélico médio" não entende quais as razões atuais que para que a embaixada não fiquebarcelona futebol clubeJerusalém.

"Há uma confusão generalizada sobre o moderno Estadobarcelona futebol clubeIsrael e os judeus dos tempos bíblicos, e esses evangélicosbarcelona futebol clubehoje não conseguem distinguir uma coisabarcelona futebol clubeoutra", afirma.

"O que grande número desses evangélicos sabe, e ainda parcial e enviezadamente, é que Israel foi escolhido por Deus no passado e que há promessas para se cumprirem na vida do Israel étnico, ou seja, os judeus que creem no Messias. Quantos judeus messiânicos hábarcelona futebol clubeIsrael hoje? Não se sabe porque o número é pequeníssimo. Aí está, a meu ver, parte da confusão feita por evangélicos brasileiros e norte-americanos que se encantam por tudo o que tem a marca judaica acriticamente", acrescenta.

Ceticismo

Apesar da proximidade do novo governo com Israel, ainda há ceticismo tanto aqui quanto lá sobre a perspectiva da mudança se concretizar.

Na avaliação do professor Arie Kacowicz, especialistabarcelona futebol clubeAmérica Latina do Departamentobarcelona futebol clubeRelações Internacionais da Universidade Hebraicabarcelona futebol clubeJerusalém, a transferência da embaixada não ocorrerá porque o Brasil tem interesses econômicos e relações com os países árabes e com o Irã.

Historicamente, governos brasileiros têm sucessivamente renovado seu apoio por negociações que estabeleçam dois Estados, um israelense e um palestino. Durante a administraçãobarcelona futebol clubeMichel Temer, o país apoiou resolução da ONU contra a transferência da embaixada americana.

"O Brasil se manteve equidistante entre Israel e seus vizinhos. Acho que isso (o reconhecimentobarcelona futebol clubeJerusalém como capital israelense) não vai acontecer. Será uma mudança radical na política externa brasileira (caso ocorra)", respondeu Kacowicz à reportagem, por email.

A viabilidade da medida é vista com ressalvas mesmo dentro do Palácio do Planalto. À BBC News Brasil, o ministro da Secretariabarcelona futebol clubeGoverno, general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, disse que possíveis consequências práticas dessa decisão podem impedir a transferência.

Analistas internacionais acreditam que a mudança poderia levar a retaliações comerciaisbarcelona futebol clubepaíses árabes contra o Brasil, que é líder na exportaçãobarcelona futebol clubecarne halal no mundo, comprada e consumida por países muçulmanos. Além disso, veem riscobarcelona futebol clubeataques extremistas às embaixadas brasileiras no exterior.

"São coisas que seriam levantadas, consideradas, na avaliação da concretização da ideia (de mudar a embaixada). Tudo sso pode até inviabilizar (a transferência). Então, eu acho que o pessoal tem que ter um pouco maisbarcelona futebol clubecalma. Entre a ideia e a realidade, você tem uma distância bastante longa", respondeu Santos Cruz, ao ser questionado sobre esses riscos.

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