O Mercosul, criticado por Paulo Guedes, ainda é importante para o Brasil?:casa de apostas fonte nova

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Legenda da foto, Cotado para Ministério da Economia, a ser criado, economista Paulo Guedes disse que Argentina e Mercosul 'não são prioridade'

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Legenda da foto, 'A pergunta é se vamos comercializar somente com a Argentina? Não. (...) O Mercosul não é prioridade', disse Guedes

Questionado por uma jornalista argentina sobre se o Mercosul seria, então, "desmontado", Guedes respondeu: "Sua pergunta está mal feita. A pergunta é se vamos comercializar somente com a Argentina? Não. Somente com Venezuela, Bolívia e Argentina? Não. Vamos negociar com o mundo".

"O Mercosul não é prioridade. Não, não é prioridade. Tá certo? É isso que você quer ouvir? Queria ouvir isso? Você tá vendo que tem um estilo que combina com o do presidente, né? Porque a gente fala a verdade, a gente não tá preocupadocasa de apostas fonte novate agradar", acrescentou.

A BBC News Brasil levantou números para traçar um raio-X do bloco econômico formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

Ouviu, também, especialistas para entender se o Mercosul beneficia o Brasil ou trava nosso crescimento.

A conclusão é que, embora o bloco tenha perdido importância ao longo dos anos e precise ser modernizado, desmontá-lo poderia gerar um impacto prejudicial à economia brasileira, especialmente à indústria automobilística.

Entenda os motivos.

Legenda da foto, Mercosul é formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai | Crédito: Parlamento do Mercosul

'Quinta maior economia do mundo'

Criadocasa de apostas fonte nova1991 pelo Tratadocasa de apostas fonte novaAssunção, o Mercosul é hoje o terceiro maior bloco do mundo, depois do Nafta (México e Estados Unidos) e da União Europeia. Seu PIB total écasa de apostas fonte novaUS$ 2,8 trilhões (R$ 10,4 trilhões).

Se fosse um país, o Mercosul seria a quinta maior economia do mundo, atrás apenascasa de apostas fonte novaEstados Unidos, China, Japão e Alemanha.

Participam do bloco como Estados-membros Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai - a adesão da Bolívia ainda aguarda aprovação do Congresso brasileiro. Já a Venezuela, absorvida pelo grupocasa de apostas fonte nova2012, foi suspensacasa de apostas fonte nova2016.

Além disso, o Mercosul também conta com seguintes Estados associados: Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Suriname.

Crédito, MDIC

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Trata-secasa de apostas fonte novauma união aduaneira, ou seja, uma zonacasa de apostas fonte novalivre-comércio (com eliminação ou diminuição gradual das tarifas alfandegárias dos produtos comercializados), mas que também adotou uma Tarifa Externa Comum (TEC).

Basicamente, essa tarifa, que variacasa de apostas fonte novaacordo com o tipocasa de apostas fonte novamercadoria, visa a taxar tudo o que vemcasa de apostas fonte novafora do bloco.

Ou seja, torna esses produtos mais caros. Acaba sendo, portanto, um incentivo para que os países-membros comprem e vendam entre si.

Legenda da foto, Automóveiscasa de apostas fonte novapassageiros responderam por 22%casa de apostas fonte novatudo o que Brasil vendeu dentro do Mercosulcasa de apostas fonte nova2017 | Crédito: Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços

É o caso dos automóveis, principal item exportado pelo Brasil ao restante do Mercosul.

Funciona assim: se a Argentina quiser comprar carros do Brasil, por exemplo, não precisa pagar nenhum impostocasa de apostas fonte novaimportação (ou vice-versa). Mas se quiser comprarcasa de apostas fonte novafora do bloco, a alíquota serácasa de apostas fonte nova35%.

No ano passado, os automóveiscasa de apostas fonte novapassageiros responderam por 22%casa de apostas fonte novatudo o que vendemos dentro do bloco - US$ 22,6 bilhões (R$ 84 bilhões).

O resultado desse 'protecionismo' é óbvio: incapazcasa de apostas fonte novafazer frente a outros países do mundo, a indústria nacional brasileira, menos competitiva, sai favorecida, dizem especialistas.

No ano passado, novecasa de apostas fonte novacada dez produtos exportados pelo Brasil ao Mercosul foram manufaturados (89%). O bloco ainda é destinocasa de apostas fonte nova25%casa de apostas fonte novatodas as exportações brasileiras.

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Legenda da foto, Brasil é superavitáriocasa de apostas fonte novabalança comercial com outros países do Mercosul

Além disso, no mesmo período, exportamos para nossos vizinhos muito mais do que importamos deles. Conclusão: nosso saldo foicasa de apostas fonte novaUS$ 10,7 bilhões (R$ 39,7 bilhões)casa de apostas fonte nova2017, o que contribuiu para fecharmos nossa balança comercial no azul.

O Mercosul é também o maior mercado para cercacasa de apostas fonte nova7.000 micro, pequenas e médias empresas exportadoras brasileiras: 20% das exportações têm como destino países-membros do bloco.

"Como uma áreacasa de apostas fonte novalivre-comércio que conseguiu eliminar barreiras alfandegárias e aumentar o fluxo comercial entre os países-membros, o Mercosul é muito positivo", diz à BBC News Brasil Pedro Motta Veiga, senior fellow do CEBRI (Centro Brasileirocasa de apostas fonte novaRelações Internacionais) e diretor do Cindes (Centrocasa de apostas fonte novaEstudoscasa de apostas fonte novaIntegração e Desenvolvimento).

Segundo dados oficiais, desdecasa de apostas fonte novacriação, o comércio dentro do Mercosul se multiplicou maiscasa de apostas fonte nova8 vezescasa de apostas fonte novaquase 30 anos.

Mas, segundo Motta Veiga, "o bloco vem perdendo peso na agenda dos países".

"Claro que o fatocasa de apostas fonte novacada país ter acesso preferencial ao mercado do vizinho é positivo para todos eles. Todos têm uma agricultura muito competitiva que não depende do Mercosul. Mas o mesmo não se aplica à indústria. Portanto, o Mercosul acaba favorecendo esse setor", diz.

"O problema é que acabamos nos acomodando. Ou seja, conseguimos exportar para dentro do bloco, mas não para fora. Não há incentivo para que a indústria ganhe competitividade", acrescenta.

O economista argentino Fausto Spotorno, diretorcasa de apostas fonte novaOJF Consultores,casa de apostas fonte novaBuenos Aires, concorda.

"O Mercosul não avança há muito tempo. O bloco está muito limitado ao setor, principalmente,casa de apostas fonte novaautomóveis e ao fatocasa de apostas fonte novaser uma união aduaneira", diz elecasa de apostas fonte novaentrevista à BBC News Brasil.

"Ou seja, virou um agrupamentocasa de apostas fonte novapaíses preocupados com que o mundo não nos invada. As reformas precisam ser feitas, mas é preciso saber como".

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Legenda da foto, Argentina foi principal destino das exportações brasileiras no Mercosul | Crédito: Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços

'Clube protecionista'

Para José Botafogo Gonçalves, que foi embaixador especial para Assuntos do Mercosul e ministro da Indústria, do Comércio e do Turismo durante o governocasa de apostas fonte novaFernando Henrique Cardoso, o Mercosul precisa deixarcasa de apostas fonte novaser "um clube protecionista e voltar a negociar com o resto do mundo".

"Os países-membros precisam se reunir e discutir novas formascasa de apostas fonte novainteragir com o resto do mundo", diz ele, que também foi embaixadorcasa de apostas fonte novaBuenos Aires e é atualmente conselheiro do CEBRI.

Botafogo Gonçalves lembra que, desde que foi criado, o Mercosul só firmou três acordos multilaterais: com Palestina, Egito e Israel - pelas regras do bloco, os países-membros não podem firmar acordos bilaterais.

O acordo com a União Europeia, por exemplo, que vem sendo discutido há anos, ainda não foi selado.

"Só que desses acordos vigentes, apenas ocasa de apostas fonte novaIsrael está realmente funcionando", diz.

Solução?

Ele alerta, contudo, que a solução não seria "acabar com o Mercosul". Tampouco deixarcasa de apostas fonte novapriorizar a Argentina, nosso terceiro maior parceiro comercial e principal destinocasa de apostas fonte novanossas exportaçõescasa de apostas fonte novamanufaturas.

"As declaraçõescasa de apostas fonte novaPaulo Guedes revelam faltacasa de apostas fonte novaconhecimento no assunto. Precisamos abrir mais a economia brasileira, mas não podemos fazer isso à revelia das regras do Mercosul. Isso causaria um impacto muito forte na nossa indústria, especialmente a automobilísticacasa de apostas fonte novaSão Paulo", diz.

O economista Marcelo Elizondo, professorcasa de apostas fonte novaeconomia internacional do Instituto Tecnológicocasa de apostas fonte novaBuenos Aires, compartilha a preocupação.

"Se o Brasil abrircasa de apostas fonte novaeconomia, firmando acordoscasa de apostas fonte novalivre-comércio diretamente com outros países, também deverá esperar a reação dos setores no seu próprio mercado interno", diz.

"Não acho que Paulo Guedes tenha dito que quer desmontar o Mercosul. Mas sim, está claro que o Brasil, (futuramente) governado por Bolsonaro, quer buscar a realizaçãocasa de apostas fonte novacomércio com países grandes como Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul", acrescenta.

Para o ex-ministro das Relações Exteriores do Uruguai Sergio Abreu, o mundo "era outro" quando o Mercosul foi fundado.

"Se hoje a China é a principal parceira do Brasil, é porque alguma coisa mudou. Quando o Mercosul foi fundado, o mundo era outro".

Segundo ele, o bloco sofreu "ideologização" durante o governo Lula, o que "prejudicou o Brasil e a todos do bloco".

"Eu concordo quando Bolsonaro fala sobre o fim da ideologia do Mercosul e acho que não existe mais alternativa, temos que abrir o Mercosul", diz.

"Queremos mais abertura, mas que as regras sejam respeitadas. A abertura do Mercosul será boa para todos. Porque ou damos vida ao Mercosul, ou o enterramos", completa.

Para além da economia

Motta Veiga, do Cindes, lembra ainda que nem tudo giracasa de apostas fonte novatorno da economia.

Em 2009, foram implementadas medidas para facilitar a livre circulaçãocasa de apostas fonte novapessoas.

Além da dispensa do passaporte para viagens entre os países-membros (basta apresentar um documentocasa de apostas fonte novaidentidade válido), cidadãos podem, desde então, viver e trabalhar legalmentecasa de apostas fonte novaoutros países do bloco sem muita burocracia.

Isso sem falar nos convênios educacionais - que permite a alunos brasileiros estudarem na Argentina usando a nota do Enem - e acordos previdenciários, que contabilizam o tempocasa de apostas fonte novatrabalho fora do paíscasa de apostas fonte novaorigem do cidadão para finscasa de apostas fonte novaaposentadoria.

"Sem dúvida, precisamos renegociar os termos do Mercosul, tal como fez o Trump com o Nafta, mas uma ruptura unilateral é uma estupidez", conclui.

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