Eleições 2018 Segundo Turno: Estratégia 'kamikaze' do PT terá no 2º turno seu teste definitivo:
Um dos apelos que alguns dos aliados fazem ao candidato é para que Haddad seja mais "ele mesmo", deixandolado - ou ao menos minimizando - a imagem do PT. Há, ainda, quem defenda a necessidadeuma autocrítica sobre os errosLula e do partido, acenos ao centro - o que parece inevitável -, alémum afastamento da imagemLula (condição que é reforçada nas críticas dos adversários).
Os ataques a Bolsonaro, a partiragora, devem vir com intensidade. Na avaliação do ensaísta Bruno Carvalho, professor da Universidade Harvard, a decisãopoupar o capitão pode até fazer algum sentido como cálculo eleitoral, mas, segundo ele, o "PT irresponsavelmente ajudou a chocar o ovo da serpente".
Lula e outros petistas já declararam que Bolsonaro era o adversário dos sonhos num segundo turno. Mas a alta polarização e a adesão - já vistas no primeiro turno -políticos e partidos do centro, alémempresários, à candidaturaBolsonaro mostram que a tarefa do PT não será fácil.
"Mesmo que Haddad ganhe no segundo turno, ele não governará sem uma ampla frente democrática que o sustente. E para isso não será suficiente a habilidade - notável - do Lulafazer arranjos e conchavos. Nem será mais possível governar com Renans, Jucás e Eunícios", afirma o historiador Daniel Aarão Reis, professor da Universidade Federal do RioJaneiro.
"Teria sido melhor deslanchar essa frente já primeiro turno - com Ciro e Hadad", opina o professor, que considerou um erro a insistência do partido na candidatura própria.
A estratégia
Um dos maiores derrotados nas eleições municipais2016, desgastado pelos casoscorrupção revelados pela Lava Jato e ainda sob o impacto do impeachmentDilma Rousseff, o PT traçou uma estratégia para muitos considerada "kamikaze".
Com o ex-presidente Lula preso desde abril, condenado por corrupção passiva e lavagemdinheiro, o partido - encorajado pelas pesquisasopinião, que o mostravam à frente - insistiulançá-lo novamente à Presidência, mesmo que as chances da candidatura ser aprovada pela Justiça fossem mínimas.
Ao se preparar para uma guerraliminares, a sigla lançou na rede e entre seus militantes a campanha "eleição sem Lula é fraude". Não adiantou: o Tribunal Superior Eleitoral barrou a candidatura no iníciosetembro, enquadrando o ex-presidente na Lei da Ficha Limpa, que veta políticos condenadosduas instâncias do Judiciário, como é o seu caso.
Foi quando entroucena o ex-prefeitoSão Paulo. Haddad, na verdade, acabou se tornando uma alternativa ao nome do ex-governador baiano Jaques Wagner, o preferidoLula. Mas Wagner, defensoruma aliança da centro-esquerda, propondo inclusive o nomeCiro Gomes na cabeçachapa, rejeitou o desafio.
Uma possível dobradinha Ciro-Haddad começou a ser aventada ainda no ano passado, mas foi descartada pela própria cúpula petista - sob a bençãoLula. Desde a primeira eleição presidencialque participou,1989, o PT nunca aceitou uma aliançaque estivesseposição subordinada.
Ciro, ex-ministroLula, vem há meses fazendo críticas ao PT e não mostrou disposição para se tornar um defensor do "Lula livre", papel que Haddad endossou a pontodizer na campanha que lutaria, dentro do que fosse "juridicamente possível", para tirar o padrinho político da cadeia.
Professor universitário e ex-ministro da Educação no governo Lula (2003-2010), Haddad mostrou habilidade ao se consolidar - diante das resistências internas - como candidato. Fortemente criticado no PT desde aderrota no primeiro turno para João Doria (PSDB) na disputa pela PrefeituraSão Paulo,2016, ele precisou reconstruir a relação com lideranças partidárias.
Advogado, ele se tornou um dos nomes da defesa do ex-presidente, com acesso direto à carceragem da Polícia FederalCuritiba. Primeiro, foi apresentado como o viceuma eventual candidatura Lula. Depois, ao ter seu nome confirmado, formou a chapa com Manuela D'Ávila, do PCdoB.
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Com ou sem autocrítica?
"A esquerda só se une na cadeia", diz Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, próximo ao PT (embora frise que nunca foi filiado) e amigodécadas do ex-presidente Lula.
"O partido fez bemlançar candidato próprio. Ciro é distante do que o PT propõeseus documentos. E Haddad só foi para o segundo turno, e com possibilidadevencer, graças a Lula."
Betto afirma que, contra os seus prognósticos, a estratégiamanter a candidaturaLula até o prazo final estipulado pela legislação eleitoral se mostrou correta. "Assim, o eleitorado ficou centradoLula, e Haddad apanhou menos ao despontar como candidato".
Apesarcandidato, Haddad ainda hoje é visto com desconfiança dentro do PT. Na campanha, protagonizou polêmicas como ao pregar a necessidadeuma nova Constituinte, depois descartada. E também contrariou o partidotemas econômicos, como ao falar sobre a reforma da Previdência. Ele tem se esforçado para evitar menções a Dilma Rousseff, a quem frequentemente é comparado como mais um "poste"Lula - segundo o Datafolha, 49% dos eleitores não votamcandidato indicado pelo ex-presidente.
Muitos afirmam que, para ter chances reaisbater Bolsonaro num segundo turno, Haddad e o PT deveriam fazer uma autocrítica, ponto no qual Lula - e boa parte do partido - ainda é extremamente resistente.
Para Frei Betto, embora o PT esteja devendo a autocrítica, "o momento não é agora".
O historiador Daniel Aarão Reis acredita que, se houver esse reconhecimento agora, ele poderá ajudar na formaçãouma frente democrática decisiva para a eleiçãoHaddad.
"Os petistas tornaram-se completamente acríticosrelação ao Lula, salvo as exceções que confirmam a regra. A boa notícia é que está se formando uma apreciável massa crítica aos desacertos do PT e do Lula", disse.
Um dos erros vistos, segundo o professor, foi superestimar a capacidade - "fantástica e provada" -transferênciavotosLula e subestimar a ira antipetista, o que, não há dúvidas, continuará a ser a tônica do segundo turno.
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