Eleições 2018: Qual deve ser a primeira medida do novo presidente para melhorar a economia?:quiz sportingbet

Crédito, Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Legenda da foto, Governo deve tentar aprovar medidas econômicas assim que assumir, dizem economistas

Eles dizem que não adianta prometer obras, programas e a recuperação do mercadoquiz sportingbettrabalho se o governo não tem dinheiro. O passo inicial deveria ser, portanto, reequilibrar as contas públicas. Os economistas divergem, contudo, sobre os caminhos para se atingir esse objetivo. Alguns avaliam que a primeira medida deveria ser retomar a discussão sobre a reforma da Previdência. Outros apontam a reforma tributária como prioridade.

Nos últimos anos, o governo tem gastado mais do que arrecada. No primeiro semestre, as despesas federais (pagamentosquiz sportingbetservidores, programas sociais, benefícios da previdência, etc.) ultrapassaram a arrecadaçãoquiz sportingbetR$ 32,8 bilhões, segundo o Ministério da Fazenda. Apesarquiz sportingbeta receita ter subido pela primeira vezquiz sportingbetquatro anos, mostrando alguma melhora da economia, os gastos continuam aumentando.

Para acabar com esse problema,quiz sportingbet2016 foi instituído o teto dos gastos, medida que tenta conter o avanço das despesas. Pela regra, o crescimento dos gastos deve seguir a inflação acumulada até junho do ano anterior:quiz sportingbet2018, por exemplo, a alta está restrita a 3%. Na prática, há uma margemquiz sportingbetexpansãoquiz sportingbet7,1%, já que o limitequiz sportingbet2017 não foi usado completamente. Até maio as despesas cresceram muito perto dessa linha: 6,9%.

Há grande risco da conta não fecharquiz sportingbet2019, segundo especialistas. As despesas obrigatórias, como pagamentoquiz sportingbetpessoal equiz sportingbetbenefícios previdenciários, seguem expandindo, tirando espaço das não obrigatórias, como investimentos.

Como o número total não pode mudar, o Planalto tenta diminuir o que pode, afetando um importante motor do crescimento: o dinheiro que ele mesmo pode injetar na economia.

Além disso, cada vez mais endividado, o governo não conquista a confiança dos empresários - e dos consumidores.

Os economistas ouvidos concordam que é preciso mudar algo nesse cálculo. Leia abaixo suas sugestões:

Crédito, Antonio Cruz/Agência Brasil

Legenda da foto, Reforma da Previdência economizaria R$ 650 bilhões, segundo estimativas do governo

Reforma da Previdência - o retorno

Para parte deles, é preciso tentar aprovar a reforma da Previdência, anunciada pelo presidente Michel Temerquiz sportingbet2016, mas paralisada antesquiz sportingbetchegar ao plenário da Câmara. O texto aumenta a idade mínimaquiz sportingbetaposentadoria e, segundo o Ministério da Fazenda, pouparia R$ 650 bilhõesquiz sportingbetdez anos. Em seus discursos, o ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deixou claro que o tetoquiz sportingbetgastos foi concebido para funcionar atrelado a esta reforma.

O pagamentoquiz sportingbetaposentadorias e outros benefícios do tipo é um dos fatores que mais pesa no caixa do governo: o Projetoquiz sportingbetLei Orçamentária Anualquiz sportingbet2019 prevê que 44% dos gastos obrigatórios serão com Previdência.

Sem diminuir essas despesas, não haveria como aliviar a situação do país.

"Esta deve ser a reforma zero. Se nada for feito, pode inviabilizar o governo nos próximos anos. Vai ficar muito apertado", diz o professor da Escolaquiz sportingbetEconomia da FGV, Rogerio Mori.

O efeito imediato dessa medida, explica Mori, seria sinalizar aos empresários que os próximos quatro anos serãoquiz sportingbetresponsabilidade com as contas públicas. Além disso, a reforma enfrentaria um problema que, se não tratado, tende a piorar. Como não sobra dinheiro para pagar a dívida pública - os títulos que o governo vende para se financiar -, ela segue aumentando e deve chegar a 80% do PIBquiz sportingbet2020,quiz sportingbetacordo com estimativa oficial.

"Se não fizer agora, logo vamos ter que pensar nissoquiz sportingbetnovo. Não adianta achar que o Brasil tem muito mais tempo."

Mori considera que a mensagem seria forte o suficiente para fazer o empresariado voltar a investir. No ano passado, os investimentos ficaram na menor taxa desde 1996.

"Com essa medida, o novo presidente iria sinalizar que, do pontoquiz sportingbetvista econômico, não vai fazer nenhuma loucura. Isso deve gerar otimismo tanto dos investidores, quanto do mercado financeiro."

Mas como esse movimento chega até o consumidor?

A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, diz a questão orçamentária é o primeiro nóquiz sportingbetuma corrente que termina no bolso do brasileiro.

Segundo ela, diferentementequiz sportingbetpropostasquiz sportingbetimpacto mais rápido, como o aumento do crédito, essa reforma seria uma via indiretaquiz sportingbetmelhorar a renda das famílias, porque animaria os empresários a contratar.

"Os empresários não deixamquiz sportingbetcontratar porque a situação está ruim hoje, mas porque imaginam que amanhã também estará. Se acreditam que o país vai crescer, voltam a abrir vagas. Eles se preparam para o aumento da demanda no futuro."

O desemprego, estabilizado mas ainda alto, é um dos principais motivos da queda na confiança do consumidor, cujos índices recentes indicam pessimismo. Sem uma fontequiz sportingbetrenda, o brasileiro evita gastar e não contribui para o aquecimento da economia.

Crédito, José Cruz/Agência Brasil

Legenda da foto, Reduzir impostos é uma das ações propostas para estimular o setor produtivo

Reforma tributária

Nadaquiz sportingbetPrevidência. O que o novo presidente deve priorizar, para a professoraquiz sportingbetEconomia da PUC-SP Cristina Helenaquiz sportingbetMello, é uma revisão dos impostos. Ela considera que uma reforma tributária poderia melhorar a economiaquiz sportingbetmenos tempo, dado que a reforma previdenciária levaria alguns anos para aliviar as contas públicas.

"O problema é priorizar a Previdência como se ela fosse salvar o orçamento do governo agora quando, na verdade, o impacto no curto prazo é marginal."

Será necessário tocar no assunto eventualmente, pondera a professora, mas nos próximos meses é preciso fazer algo que ajude a recuperar a atividade produtiva imediatamente, como reduzir ou simplificar os tributos.

"Quando a gente conversa com empresários, eles reclamam muito do custo das matérias-primas por causa da tributação. Isso diminui a competitividade e eles gastam muito tempo e dinheiro para lidar com sistemas tão complexos."

Para Mello,quiz sportingbetvezquiz sportingbetdiminuir a arrecadação, tal medida poderia aumentá-la, já que daria novo ânimo ao setor produtivo. A maior produção compensaria a retirada ou mudanças nos tributos, melhorando o caixa do governo.

Depoisquiz sportingbetum históricoquiz sportingbetqueda nos últimos anos, a arrecadação federal vê uma lenta retomada desde 2017. Neste ano, até agosto, houve uma altaquiz sportingbet6,9% ante o mesmo período do ano passado, segundo a Receita Federal.

No entanto, é importante lembrar que a carga tributária do Brasil é a maior da América Latina: hoje, ela representa 33% do PIB e não é suficiente para pagar todas as obrigações do Estado.

Mello acredita que só uma açãoquiz sportingbetcorte, sentida rapidamente pelo mercado, poderia melhorar a confiança, estimular investimentos e gerar empregos. Depois das idas e vindas das propostas do governo Temer, só sinalizaçõesquiz sportingbetque algo vai mudar não surtiriam efeito.

"Eles precisam confiar que essas reformas vão ser implementadas, que não é mais um desgaste com o Congresso sem qualquer impacto na realidade."

O mesmo serviria para os consumidores, que perceberiam a redução dos preços dos produtos finais e teriam um incentivo a mais para comprar.

O professor do Institutoquiz sportingbetEconomia da Unicamp Pedro Rossi concorda que apenas otimismo não faz a roda da economia girar. Para ele, também apoiador da reforma tributária como medida emergencial, a ideiaquiz sportingbetque expectativas positivas antecipam o crescimento é ilusória.

"Não faz sentido o empresário investir porque o governo cortou gasto com a Previdência. Ele investe porque está vendo lucros, demanda."

Ainda mais importante do que a mudança dos tributos, diz Rossi, é flexibilizar o tetoquiz sportingbetgastos. Ele argumenta que esse deve ser o carro-chefe da nova agenda econômica.

Crédito, Tânia Rêgo/Agência Brasil

Legenda da foto, Em seus discursos como ministro da Fazenda, Henrique Meirelles falava que tetoquiz sportingbetgastos funcionaria atrelado à reforma da Previdência

Mudar ou manter o tetoquiz sportingbetgastos

Os economistas se dividem sobre o que fazer com o teto. Para alguns deles, como Rossi, o limite é uma "armadilha" que deixa o governo refémquiz sportingbetgastos que só crescem e apertam os investimentos.

"É inviável governar com esse limite, a não ser que o presidente queira fazer uma reconstrução radical do Estado. No ano que vem, quando você não conseguir mais cortar, vai ter que demitir funcionários, terceirizar, asfixiar as instituições públicas."

O professor vê os investimentos como a principal chave para destravar a economia. Nesse cenário, aumentar o teto e retomar obras paradas, incentivar setores e gastar mais com programas sociais deveriam ser as primeiras medidas do eleito.

"O governo tem, sim, responsabilidade sobre a atividade econômica e deve atuarquiz sportingbetmomentosquiz sportingbetcrise. Ele deve estimular o emprego diretamente pelo investimento."

O discurso ajudar, diz, mas a "fadinha da confiança" não existe. Para voltar a investir e consumir, os empresários precisamquiz sportingbetestímulo e as famílias,quiz sportingbetemprego e renda.

A reforma tributária seria um complemento à mudança no teto, explica Rossi.

Nem sempre a alteração do tetoquiz sportingbetgastos é a principal ação recomendada pelos economistas. Rogerio Mori, da FGV, diz que ela deve ser feita junto à reforma da Previdência, como uma estratégia para abrandar o aperto do governo afirmando, ao mesmo tempo, que existe preocupaçãoquiz sportingbetmanter as despesas sob controle.

"Se você só flexibilizar o teto, parece que não está comprometido com nada. É importante a nova equipe mostrar que controla a inflação, ajusta as contas e que não vai só aumentar a carga tributária, o que ninguém aguenta mais."

Já para Cristinaquiz sportingbetMello, da PUC-SP, e Marcela Kawauti, do SPC, é melhor não mexer nisso agora.

Mello acha a regra ruim, mas acredita quequiz sportingbetrevogação provocaria uma sériequiz sportingbetdiscussões sobre reajustes salariais com funcionários públicos que tiveram suas remunerações afetadas no último ano - o que só atrapalharia o governo neste início.

Kawauti elogia o teto e não gostariaquiz sportingbetver a nova equipe econômica "voltando atrás". Suavizar a regra, afirma, seria aprofundar o problema fiscal. Ela diz que a ideia é boa e só não está sendo aplicada da melhor forma, já que gastos com a Previdência e com outras despesas estão crescendo progressivamente.

"Se alterarem esse limite, não significa que vão investir maisquiz sportingbetsaúde e educação, mas vão continuar gastando com outras coisas."

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Reformas podem ajudar a recuperar o mercadoquiz sportingbettrabalho, dizem economistas

Entraves

Todas as reformas propostas trabalham com um cenário "ideal", dizem os economistas. Colocá-las na agenda do Congresso e aprová-las pode ser muito mais difícil.

Apesarquiz sportingbetcontar com a legitimidade fornecida pelas eleições, o próximo presidente pode enfrentar uma forte oposição por causa do cenárioquiz sportingbetpolarização do país.

Com tanta tensão à vista, diz Rogerio Mori, da FGV, é aconselhável que o governo apresente suas medidas econômicas "no dia 2quiz sportingbetjaneiro".

"Não tem muito tempo. FHC fez grandes reformas constitucionais e Lula sugeriu a reforma da Previdência do setor público logo no começo, quando ainda tinham o impulso das urnas."

Outra preocupação é o alto endividamento das famílias, que pode retardar a recuperação da economia. Mesmo que o investimento volte, novas vagasquiz sportingbettrabalho apareçam e a renda melhore, o brasileiros ainda precisa pagar o que deve.

Há 63 milhõesquiz sportingbetpessoas inadimplentes hoje no Brasil, o pior patamar da série histórica do SPC.

Além da quantidadequiz sportingbetendividados, o que mais inquieta a economista-chefe do serviço, Marcela Kawauti, é o tipoquiz sportingbetdívida: cartãoquiz sportingbetcrédito e cheque especial.

"Na parte do cartão e do cheque estão os consumidores que não foram filtrados, que não tiveram a capacidade financeira verificada. O cara vai lá, compra as coisas e não tem uma garantia. Cheque e cartão deveriam ser a última opção, mas não é isso que você vê nas pesquisas."

Kawauti diz que 7,9% das dívidas dizem respeito a contasquiz sportingbetágua é luz. A porcentagem é pequena, mas traz um alerta.

"Mostra como o orçamento está apertado, como a situação está crítica. Não me preocupa o númeroquiz sportingbetsi, mas o que ele revela."

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