Museu Nacional: cientista arromba portaroleta pprédioroleta pchamas para recuperar peças 'insubstituíveis':roleta p

Incendio en el Museo Nacionalroleta pBrasil.

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Grande acervo histórico e acadêmico se perdeuroleta pincêndio do Museu Nacional

Buckup calcula terem conseguido salvar "alguns milhares"roleta pespécimesroleta pmoluscos - uma quantidade "ínfima" diante da escala desta coleção. "Foram perdidas não sei quantas dezenasroleta pmilharesroleta pinsetos, como, por exemplo, todo o materialroleta paranha eroleta pcrustáceos", afirma.

E ainda mais ínfimo considerando-se as múmias andinas, a sala com mobiliário do Império, as muitas basesroleta pdados, os registrosroleta pidiomasroleta ppovos que não mais existem - "tudo destruído", afirma - ou pelo menos essa era a impressão com que ficou ao ver o prédio por dentro.

Paulo Buckup

Crédito, BBC News Brasil

Legenda da foto, Paulo Buckup se juntou aos colegas para arrombar portas e salvar o que fosse possível das chamas

'Coisas que não existem mais'

O Museu Nacional foi fundado por Dom João 6ºroleta p1818. Em 1892 passou para o endereço atual, o Palácioroleta pSão Cristóvão, que serviuroleta presidência à família real portuguesa ao longo do século 19. Em 1946, passou a ser vinculado à Universidade Federal do Rioroleta pJaneiro (UFRJ) - hoje abrigava seis cursosroleta ppós-graduação, entre eles osroleta pAntropologia Social, Arqueologia e Zoologia.

Especializadoroleta pictiologia, o estudo da evoluçãoroleta ppeixes, e pesquisador do Departamentoroleta pVertebrados do Museu Nacional, da UFRJ, Buckup se disse "desolado" ao falar com a BBC News Brasil do ladoroleta pfora do prédio, na madrugada depois do incêndio. Bombeiros ainda lutavam para apagar o fogo, que aparentava estar finalmente sob controle depoisroleta pcercaroleta p6 horas ardendo.

"A perda maiorroleta ptodas são as grandes relíquias antigas. Coisas que não existem mais", diz, citando um peixe-serraroleta pcercaroleta p5 metros que estava sendo preparado para ser exposto ao público. Encontrar um no mundo hoje é raríssimo. A espécie está ameaçadaroleta pextinção.

Buckup conta que chegou ao local cercaroleta puma hora depois do início do incêndio, às 19h30, para tentar salvar o que pudesse, buscando salvaguardar alguns dos muitos itens "insubstituíveis" do Museu. E deparou-se com as chamas consumindo a parte frontal do prédio, mas ainda distantes da parte posterior.

"É lamentável. As partes do prédio onde esse material (os espécimes da fauna) estava ficaram intactos por muito tempo. Mas os bombeiros não tinham condiçãoroleta pfazer nada,roleta pcombater nada", afirma.

"Eles não tinham água, não tinham escadas, equipamento", diz o pesquisador. Então tomamos a iniciativaroleta pentrar nos lugares e tentar salvar o que podíamosroleta pmaterial. Quem teve que arrombar as portas foi a gente. Os soldados nos ajudaram a carregar as coisas."

Incêndio no Museu Nacional

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Museu Nacional foi fundado por Dom João 6ºroleta p1818

Resgate

Buckup acredita que muito poderia ter sido salvo se a operação tivesse sido mais ágil. E também se houvese uma políticaroleta pmodernizar as edificações do Museu Nacional que começou nos anos 1990 tivesse ido adiante.

Em 1996, o Departamentoroleta pVertebrados, onde o ictiologista trabalha, foi separado do prédio principal e ganhou uma nova sede ali perto, também na Quinta da Boa Vista. O mesmo aconteceu com o Departamentoroleta pBotânica. Ambos ficaram a salvo.

"Naquela época, os governos tiveram lucidezroleta pinvestir na preservação do nosso acervo. Depois a fonte secou e a iniciativa foi interrompida", afirma.

"Eu tenho um sentimento muito grande pelos meus colegas. Alguns têm 30, 40 anosroleta ptrabalho aqui, e agora todo esse trabalho está perdido naroleta prepresentação objetiva. Sua vida perde o sentido. Tanto pelo que vão fazer no futuro usando o acervo, tanto por tudo que já fizeram até hoje."

Incêndio no Museu Nacional

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Legenda da foto, Operaçãoroleta pcombate às chamas não foi ágil, diz professor

Os desafios que vê agora pela frente são inúmeros: acomodar os pesquisadores para que possam continuar desempenhando suas atividades, acomodar todos os alunos dos programasroleta ppós-graduação da UFRJ no Museu Nacional, recuperar a infraestruturaroleta ppesquisa e restaurar o prédio.

"Esta é a parte mais difícilroleta ptodas", considera. "Talvez o que sobre sejam alguns minerais e fósseis, que vão ficar sob os escombros e vão exigir um trabalho complexoroleta presgate", diz.

O dia seguinte ao incêndio será o momentoroleta pavaliar a real dimensão dos danos e começar a trabalhar pela reconstrução do Museu Nacional, diz o diretor da instituição, o paleontólogo Alexander Kellner.

"O Museu está há anos lutando para conseguir mais recursos para prevenir isso que aconteceu aqui hoje. É um dia triste para o Brasil, mas precisamos seguirroleta pfrente. Amanhã (segunda) nossas equipes vão entrar para ver o que sobrou. E aí vamos discutir com o governo federal, que podem nos ajudar a reconstruir essa instituição fantástica. Acabamosroleta pcompletar 200 anosroleta pexistência. Mesmo com o que aconteceu, temos que continuar. É importante para o país."