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Os brasileiros que 'adotaram' venezuelanos doando passagem, comida, emprego e até aluguel:botafogo x fluminense sub 23 palpite
"Nós queríamos ajudar, mas não sabíamos como. Tivemos uma oportunidade e falamos: 'vamos? Vamos", conta Joyce, sentadabotafogo x fluminense sub 23 palpitemeio a centenasbotafogo x fluminense sub 23 palpitecabidesbotafogo x fluminense sub 23 palpiteroupas do brechó que administra na cidade. Em parte, o dinheiro que banca os quatro venezuelanosbotafogo x fluminense sub 23 palpiteIndaiatuba sai do que é vendido nesta loja. Outra parcela vembotafogo x fluminense sub 23 palpitedoaçõesbotafogo x fluminense sub 23 palpiteamigos e membros do grupobotafogo x fluminense sub 23 palpiteWhatsApp. "Conversamos com as pessoas da cidade, que nos ajudarambotafogo x fluminense sub 23 palpitevárias formas. Um doou uma coisa, outra achou uma casa, outra arrumou um emprego. E assim vai", conta.
Quem a aproximou dos venezuelanos foi a ONG Fraternidade Sem Fronteiras, que administra um centrobotafogo x fluminense sub 23 palpiteacolhimento para 300 refugiados e imigrantesbotafogo x fluminense sub 23 palpiteBoa Vista, cidade brasileira mais afetada pela onda migratória causada pela crise na Venezuela. Em média, o Brasil recebe 500 venezuelanos por dia - no domingo, foram 800.
O caminho brasileiro começabotafogo x fluminense sub 23 palpitePacaraima, na fronteira com a Venezuela. Depois, chega a Boa Vista. Milharesbotafogo x fluminense sub 23 palpitevenezuelanos estão vivendobotafogo x fluminense sub 23 palpiteabrigos ou acampamentosbotafogo x fluminense sub 23 palpiteruas, praças e rodoviárias.
Em Boa Vista, com o númerobotafogo x fluminense sub 23 palpiteimigrantes chegando a 10% da população, os serviços públicos estão sobrecarregados. Os postosbotafogo x fluminense sub 23 palpitesaúde acumulam filas enormes e as escolas estão lotadas. Há quase 2 mil venezuelanos morando na rua. A situação vem gerando estresse e conflitos violentos.
Em entrevista à BBC News Brasil, a prefeitabotafogo x fluminense sub 23 palpiteBoa Vista, Teresa Surita (MDB), afirmou que, se o governo federal não ajudar, a prefeitura "vai perder o controle da cidade."
Na segunda-feira, o governobotafogo x fluminense sub 23 palpiteRoraima pediu ao Supremo Tribunal Federal o fechamento da fronteira com a Venezuela, o que acabou não acontecendo.
Venezuelanos fugindo da crise
Na mesma casabotafogo x fluminense sub 23 palpiteIndaiatuba, vive Luis Nelson Baena,botafogo x fluminense sub 23 palpite42 anos. Naturalbotafogo x fluminense sub 23 palpiteEl Tigre, também no Estadobotafogo x fluminense sub 23 palpiteAnzoátegui, ele viajou ao Brasilbotafogo x fluminense sub 23 palpitesetembro do ano passado. Deixoubotafogo x fluminense sub 23 palpitecasa a mulher e quatro filhos. "O salário que eu ganhava não dava mais para comprar um sacobotafogo x fluminense sub 23 palpitearroz. Começamos a passar fome", diz.
Vizinhobotafogo x fluminense sub 23 palpitequartobotafogo x fluminense sub 23 palpiteBaena, Antuare conta história parecida. De repente, seu salário no setor petrolífero, que bancava saúde e educaçãobotafogo x fluminense sub 23 palpiteseus três filhos, passou a não comprar nem a comida da semana. "A situação econômica ficou desesperadora. A gente não sabia o que fazer. O jeitobotafogo x fluminense sub 23 palpitefortalecer a família foi sair", diz.
Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a inflação na Venezuela pode chegar a 1.000.000% (um milhão por cento)botafogo x fluminense sub 23 palpite2018. A alta constante e acelerada dos preços asfixia diariamente a população e dificulta a retomada do crescimento do país, que está submersobotafogo x fluminense sub 23 palpiteuma profunda crise.
No Brasil, Baena viveu nas ruasbotafogo x fluminense sub 23 palpiteRoraima por um mês. "Em Boa Vista, eu esperava dar 23h para pegar os restosbotafogo x fluminense sub 23 palpitecomida que uma padaria jogava fora. Vivi assim, amigo", conta, sentado na cozinhabotafogo x fluminense sub 23 palpitesua casabotafogo x fluminense sub 23 palpiteIndaiatuba. Depois, conseguiu um bicobotafogo x fluminense sub 23 palpitecarregadorbotafogo x fluminense sub 23 palpitecaminhões e, no abrigo da Fraternidade Sem Fronteiras, arrumou uma passagem para São Paulo. Viveu alguns diasbotafogo x fluminense sub 23 palpiteum alberguebotafogo x fluminense sub 23 palpiteSão Mateus, na zona leste paulistana.
Foi quando conheceu Joyce, que o levou para o interior, pagou seu aluguel e lhe arrumou um emprego noturnobotafogo x fluminense sub 23 palpiteum estacionamento. Hoje, Baena ganha R$ 1.500 por mês, a maior parte enviada à família na Venezuela. Ele não vê a mulher e seus quatro filhos há quase um ano.
A família se corresponde por meiobotafogo x fluminense sub 23 palpitemensagens enviadas por Baena a uma vizinha da esposa. "Até comprei um celular para minha mulher. Ela usou por 20 dias, mas foi roubada. Nos falamos muito pouco", diz. "Meu sonho é trazê-los para o Brasil."
O mesmo sonho tem Teoscar Ramon Mata,botafogo x fluminense sub 23 palpite29 anos, que deixou a mulher e três filhos pequenosbotafogo x fluminense sub 23 palpiteEl Tigre. No dia da partida, ele pediu à esposa para não acompanhá-lo até a rodoviária. "Eu não queria viver aquela despedida. É um momento muito triste quando você deixa suas raízes para trás. Minha família estava passando fome e eu,botafogo x fluminense sub 23 palpitemãos atadas. Tivebotafogo x fluminense sub 23 palpitefazer alguma coisa", diz.
Mata hoje morabotafogo x fluminense sub 23 palpiteIndaiatuba. Atua como auxiliarbotafogo x fluminense sub 23 palpitecozinhabotafogo x fluminense sub 23 palpiteum restaurante, trabalho arrumado por Joyce, a quem ele chamabotafogo x fluminense sub 23 palpitemãe.
'Ajudar é uma questãobotafogo x fluminense sub 23 palpitecidadania'
O engenheiro agrônomo Pedro Onofre,botafogo x fluminense sub 23 palpite46 anos, é outro brasileiro que resolveu ajudar imigrantes venezuelanos. Em maio, ele conheceu German, médico e ex-capitão do Exército do país. O ex-militar contou ter sofrido perseguição por participar da oposição ao governobotafogo x fluminense sub 23 palpiteNicolás Maduro.
Viveu por quase um anobotafogo x fluminense sub 23 palpiteabrigosbotafogo x fluminense sub 23 palpiteBoa Vista e foi indicado ao engenheiro por um amigo.
Onofre emprestou uma casa para German viver por alguns meses,botafogo x fluminense sub 23 palpiteBrasília. Depois, arrumou um empregobotafogo x fluminense sub 23 palpiteauxiliarbotafogo x fluminense sub 23 palpitelogística para o imigrante embotafogo x fluminense sub 23 palpiteprópria empresa. "Os imigrantes e refugiados chegam muito abalados por esse processo que é quasebotafogo x fluminense sub 23 palpiteexpulsão do próprio país. Com o tempo, eles vão recuperando a autoestima", diz Simões.
O engenheiro ajudou o venezuelano a levar sete pessoasbotafogo x fluminense sub 23 palpitesua família para Brasília -botafogo x fluminense sub 23 palpitesogra também trabalha na empresa. "Ele tem ainda um filho pequeno que ficou na Venezuela, mas estamos tentando trazê-lo para o Brasil também", conta o engenheiro. "Eu o ajudo porque é uma questãobotafogo x fluminense sub 23 palpitecidadania, um compromissobotafogo x fluminense sub 23 palpitehumanidade."
'Você não pode generalizar'
Os três venezuelanos que conversaram com a BBC News Brasilbotafogo x fluminense sub 23 palpiteIndaiatuba disseram que sempre tiveram boas relações com brasileiros. Os conflitos foram poucos.
Mata conta que há alguns meses,botafogo x fluminense sub 23 palpiteBoa Vista, foi acusadobotafogo x fluminense sub 23 palpiteroubo quando comprava comidabotafogo x fluminense sub 23 palpiteuma mercearia. "A funcionária disse que eu estava roubando. Chamei o gerente e pedi para eles verem as câmerasbotafogo x fluminense sub 23 palpitesegurança. Depois eles viram que eu não tinha feito nada", diz.
O ataquebotafogo x fluminense sub 23 palpitebrasileiros a venezuelanosbotafogo x fluminense sub 23 palpitePacaraima, no último sábado, ocorreu depois que um comerciante local foi assaltado e ferido por imigrantes. "Se um venezuelano faz algo errado, você não pode generalizar e achar que todos os venezuelanos são ruins. É a mesma coisa com brasileiros: se um te trata mal ou te agride, eu não posso acreditar que todos são más pessoas", diz Mata.
Baena faz reflexão parecida. "É claro que há venezuelanos que chegaram no Brasil e fizeram coisas ruins. Mas não é por isso que todos vão ser agredidos. As pessoas vieram para o Brasil porque estavam desesperadas, passando necessidades", diz.
Sua "madrinha", Joyce critica a ação dos brasileirosbotafogo x fluminense sub 23 palpitePacaraima. "Olha, quando conheci os quatro que vieram para cá, eles estavam desesperados para conseguir um emprego. Eles precisam ajudar as famílias que ficaram lá. Se cada brasileiro, ao invésbotafogo x fluminense sub 23 palpitesó criticar, fizesse alguma coisa para ajudá-los, talvez a situação melhorasse bastante", diz.
O engenheiro Pedro Simões, que ajuda imigrantesbotafogo x fluminense sub 23 palpiteBrasília, critica o que chamabotafogo x fluminense sub 23 palpite"sentimentobotafogo x fluminense sub 23 palpiteintolerância"botafogo x fluminense sub 23 palpiteparte dos brasileiros. "Estivebotafogo x fluminense sub 23 palpiteBoa Vista na semana passada e percebi que a intolerância vem crescendo muito. Presenciei situaçõesbotafogo x fluminense sub 23 palpiteagressão e xingamentosbotafogo x fluminense sub 23 palpitelugares com situação precária. Tudo o que acontecebotafogo x fluminense sub 23 palpiteerrado na região, as pessoas culpam os venezuelanos", diz.
'Caminhar com as próprias pernas'
A farmacêutica Ana Lúcia Guimarães,botafogo x fluminense sub 23 palpite49 anos, também bancou financeiramente uma famíliabotafogo x fluminense sub 23 palpitevenezuelanos fugidos da crise.
Ela conta que se sensibilizou pela situação ao ver reportagens sobre refugiados na Europa. "Eu fui tocada, sabe? Senti uma dor muito grande e me coloquei no lugar deles. Terbotafogo x fluminense sub 23 palpiteabandonarbotafogo x fluminense sub 23 palpitecasa,botafogo x fluminense sub 23 palpitefamília, é algo muito difícil. Resolvi ajudar", diz.
Voluntária na Fraternidade Sem Fronteiras, Guimarães tinha um galpão vaziobotafogo x fluminense sub 23 palpiteGoiânia, cidade onde mora. Com ajudabotafogo x fluminense sub 23 palpiteamigos, mobiliou o espaço para receber uma famíliabotafogo x fluminense sub 23 palpitevenezuelanos.
Ela conheceu Yovantza,botafogo x fluminense sub 23 palpite26 anos, e Luis, 27,botafogo x fluminense sub 23 palpiteuma visita aos abrigosbotafogo x fluminense sub 23 palpiteBoa Vista. O casal tem três filhos, mas apenas uma garota viajou com eles ao Brasil. A farmacêutica pagou a passagem aérea da famíliabotafogo x fluminense sub 23 palpiteRoraima para Goiás.
Depois, matriculou a meninabotafogo x fluminense sub 23 palpiteuma escola e conseguiu empregos para o casal. Yovantza trabalhabotafogo x fluminense sub 23 palpitedoméstica, e Luiz,botafogo x fluminense sub 23 palpiteauxiliarbotafogo x fluminense sub 23 palpitepadeiro. "Eles estavam há dois anos desempregados, passando necessidades mesmo", conta Guimarães. O sonho do venezuelanos é trazer os dois filhos que ficaram com a avó materna.
A farmacêutica brasileira diz que vai ajudar outras famíliasbotafogo x fluminense sub 23 palpiteimigrantes. "Só estou esperando Yovantza e Luis se estabilizarembotafogo x fluminense sub 23 palpiteGoiânia e caminharem com as próprias pernas. Eles vão conseguir", diz.
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