O impacto da série '13 Reasons Why' na visãoroberto carlos slotjovens brasileiros sobre suicídio e bullying, segundo estudo:roberto carlos slot
Os efeitos da série no Brasil
"O impacto social das obrasroberto carlos slotficção ou do suicídioroberto carlos slotcelebridades sempre foi um debate na área, mas há poucos estudos recentes que tenham avaliado objetivamente a questão", explica o psiquiatra e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Christian Kieling, líder do estudo.
O fenômenoroberto carlos slotreprodução suicida é conhecido pelos médicos como "efeito Werther", e tem suas origens no século 18: o nome faz referência à obra Os sofrimentos do jovem Werther, do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe, que teria provocado um aumento nos suicídios apósroberto carlos slotpublicação.
Segundo relatos da época, os jovens eram encontrados sem vida vestindo roupas semelhantes às do personagem ou, ainda, com um exemplar do livroroberto carlos slotmãos.
No caso da preocupação levantada por 13 Reasons Why, comenta Kieling, somam-se ainda questões atuais. Nas últimas décadas, o suicídio tem se firmado como uma das principais causasroberto carlos slotmorte entre adolescentes no Brasil, atrás apenas do trânsito e da violência interpessoal, categoria ampla que inclui assassinatos, agressão, brigas, bullying, violência entre parceiros sexuais e abuso emocional.
No estudo feito por pesquisadores do Hospitalroberto carlos slotClínicasroberto carlos slotPorto Alegre, foram analisadas as respostasroberto carlos slot21.062 adolescentes para entender até que ponto a série pode ter influenciado o pensamento e o comportamento dos consultados.
Após a polêmica que se seguiu à primeira temporada, a própria Netflix havia financiado um estudo sobre 13 Reasons Why nos Estados Unidos, mas a pesquisa não abordou se a série aumentava ou não os pensamentos suicidas.
No levantamento feito pelos pesquisadores da UFRGS, adolescentes do Brasil e dos Estados Unidos, na faixa etária entre 12 e 19 anos, foram questionados sobre ideação suicida antes e depoisroberto carlos slotassistir aos episódios - e também sobre a forma como passaram a encarar o bullying após acompanhar a históriaroberto carlos slotHannah Baker.
Entre os adolescentes sem sintomasroberto carlos slotdepressão ou pensamentos suicidas antesroberto carlos slotver a série, 4,7% responderam ter passado a pensar maisroberto carlos slottirar a própria vida, um número considerado "preocupante" pelos autores do estudo.
Naqueles mais vulneráveis – sofrendo com depressão e tendo cogitado o suicídio anteriormente – o aumento foi ainda mais expressivo: 21,6% tiveram mais ideação suicida após 13 Reasons Why. Por outro lado, nesse mesmo grupo, 49,5% disseram ter passado a conviver com menos pensamentos suicidas após ver a série.
Outro resultado que chamou atenção dos pesquisadores foi o impacto sobre o bullying. Dos maisroberto carlos slot21 mil adolescentes, 41,3% disseram já haver praticado bullying. Mas depoisroberto carlos slotver 13 Reasons Why, 90,1% deles afirmaram ter passado a fazer menos bullying.
"O estudo indicou que os efeitos da série são múltiplos, o que demonstra a complexidade do fenômeno", admite Kieling. "O efeito foi predominantemente positivo, especialmente na questão do bullying. Mas os 4,7% das pessoas que não tinham históricoroberto carlos slotdepressão e que passaram a pensarroberto carlos slotsuicídio nos preocupou, pois é um número significativo dentro da maioriaroberto carlos slotcrianças e adolescentes que não têm o transtorno".
Cuidados ao representar o suicídio
Para Alexandre Paim Diaz, membro da Associação Brasileiraroberto carlos slotPsiquiatria (ABP) e um dos coordenadores da campanha Setembro Amareloroberto carlos slotprevenção ao suicídio, o estudo feito pelos pesquisadores da UFRGS reforça a necessidaderoberto carlos slotcuidados ao abordar a temática na mídia.
"Há estudos europeus e coreanos, que mostram um aumento do suicídio após se noticiar a morteroberto carlos slotatrizes e pessoas mais célebres", destaca Diaz.
"É claro que não se pode afirmar com certeza a existênciaroberto carlos slotuma causa-efeito, mas os resultados sugerem uma associação, e levantam a questão para o cuidado com a maneira como se noticia o suicídio".
O psiquiatra, ligado à Universidade Federalroberto carlos slotSanta Catarina (UFSC), destaca que o suicídio também é uma das principais causasroberto carlos slotmorte da população jovemroberto carlos slotnível mundial: a segunda na faixa etária entre 15 a 34 anos.
"É importante que as pessoas que produzem um conteúdo artístico tenham consciênciaroberto carlos slotque a maneira como elas representam um tema tem impacto na sociedade", argumenta.
"Nada impede que se produza aquele conteúdo, mas com orientação, estimulando discussão com profissionais, pais e professores sobre fatoresroberto carlos slotrisco, prevenção, sinaisroberto carlos slotalerta".
No casoroberto carlos slot13 Reasons Why, entende Diaz, os dados levantados pela pesquisa brasileira são significativos. "Quando pensamos que é 4,7%roberto carlos slotmilharesroberto carlos slotjovens que não tinham um sintomaroberto carlos slotdepressão ou ideação suicida e aumentaram esse nível, é um número muito considerável. E o aumento é ainda mais importante quando se trataroberto carlos slotum grupo já vulnerável", diz.
"Quem produz esses conteúdos tem que ter clarezaroberto carlos slotque eles podem ser nocivos a uma parcela da população."
De acordo com Christian Kieling, é importante que os pais monitorem o que os filhos assistem. "Censurar não parece ser o caminho mais eficaz, mas é preciso que eles abordem o assunto com os filhos", indica o especialista.
E também aponta onde 13 Reasons Why poderia ter feito melhor: "A série não mostra claramente que existem formasroberto carlos slotbuscar ajuda e, além disso, detalha como a menina se matou, o que não é recomendado", avalia.
"Devemos falar sobre suicídio. Escondê-lo não vai fazer o problema desaparecer. Mas temosroberto carlos slotter cuidado ao retratá-lo, sem mostrar os meios", conclui.
Procurada para comentar os resultados do estudo brasileiro, a Netflix não havia se manifestado até a conclusão desta reportagem.
Em junho, quando o serviçoroberto carlos slotstreaming confirmou a terceira temporadaroberto carlos slot13 Reasons Why em meio a controvérsias, o CEO Reed Hastings disse que ninguém era obrigado a assistir.
"É controverso, mas ninguém é obrigado a assistir. Somos um serviço sob demanda e estamos felizes sobre a possibilidade da terceira temporada e ansiosos para dar apoio ao time da série", afirmou, na ocasião.
Recentemente, a Netflix lançou um PIN que permite aos pais controlar o acesso a determinados conteúdos.
Além disso, incluiu um vídeo antesroberto carlos slotcada episódio da segunda temporadaroberto carlos slot13 Reasons, no qual os próprios atores fazem alertasroberto carlos slotcomo procurar ajuda para os telespectadores que se sentiram abalados pelo dramaroberto carlos slotHannah eroberto carlos slotoutros personagens.
A página da série também é voltada para dar apoio a telespectadores. Traz telefones úteisroberto carlos slotcentrosroberto carlos slotapoio emocional e prevençãoroberto carlos slotsuicídio ao redor do mundo e vídeos extras que discutem as várias formasroberto carlos slotbullying e violência sexual nas escolas.
Na descrição, ao pé da página, emite mais um alerta: "Esta série é recomendada para maioresroberto carlos slot16 anos e aborda problemas como depressão, violência sexual e suicídio. Se você estiver passando por um momento difícil, ela pode não ser apropriada para você ou talvez seja melhor assistir na companhiaroberto carlos slotum adulto."
roberto carlos slot *O Centroroberto carlos slotValorização da Vida (CVV) dá apoio emocional e preventivo ao suicídio. Se você estároberto carlos slotbuscaroberto carlos slotajuda, ligue para 188 (número gratuito) ou acesse www.cvv.org.br.