Fotógrafa registra últimos momentospoker grátis on lineavó que perdeu a memória aos 95 anos:poker grátis on line

"Desde a infância, sempre fui próxima da minha avó e passava as férias na casa dela. Eu cresci tendo ela como um exemplopoker grátis on linemulher forte", relata.

Quando a demência avançou, Armelinda foi se esquecendo dos familiares. Já não reconhecia grande parte deles. A faltapoker grátis on linememória da matriarca trouxe dificuldades para que Emanuelle conseguisse realizar o projeto.

"No primeiro dia, apenas observei a rotina dela. No segundo, ela se escondeupoker grátis on linemim. Mas depois, as coisas melhoraram. Eu me apresentava todos os dias, contava a minha história e conseguia acompanhá-la. No dia seguinte, tinha que fazer tudopoker grátis on linenovo, porque ela já havia me esquecido", diz.

Nos diaspoker grátis on lineque esteve com a avó, Emanuelle conseguiu registrar maispoker grátis on line600 fotos da idosa e cercapoker grátis on lineuma horapoker grátis on linegravaçãopoker grátis on linevídeo. Com os registros, ela acreditava ter atingido umpoker grátis on lineseus principais objetivos: acabar com a crençapoker grátis on lineque a última fase da vidapoker grátis on lineArmelinda erapoker grátis on lineextrema tristeza.

"Eu acabei vendo esse momento da vida dela com outros olhos. Percebi que pelo fatopoker grátis on linea minha avó sempre ter pessoas ao seu redor, o ambiente ficava mais alegre. As coisas não eram tão ruins como eu pensava."

Mãe, esposa e tataravó

Armelinda nasceu no municípiopoker grátis on lineAnta Gorda (RS),poker grátis on line14poker grátis on lineoutubropoker grátis on line1922. Aos cinco anos, perdeu a mãe. O pai, um imigrante italiano, criou os filhos e os alfabetizou empoker grátis on linelíngua nativa. Aos 16 anos, ela se casou.

Quatro anos mais tarde, já com três filhas, mudou-se com a família para um sítio, no distritopoker grátis on lineSanta Lúcia,poker grátis on linePalmitos. "Quando eles chegaram, não tinha muita coisa no lugar. Eles foram construindo uma casa e plantando para sobreviver e comercializar", relata Emanuelle.

Desde que chegou à propriedade rural, Armelinda não se mudou mais. Ali, viveu toda a vida. Junto com o marido, cuidava das plantações e dos animais. "Ela era muito nova e tinha que fazer muitas coisas. A vida dela foi muito sofrida", detalha a neta. No sítio, a matriarca viu os filhos crescerem e irem embora - apenas uma ainda vivia no local antespoker grátis on linea idosa falecer.

Duas décadas antespoker grátis on linemorrer, a idosa se tornou viúva. O marido morreupoker grátis on linecirrose hepática. Desde então, ela passou a viver com umapoker grátis on linesuas filhas - apoker grátis on linenúmero cinco - e o genro, responsáveis por cuidar dela.

Apesarpoker grátis on lineviverpoker grátis on lineuma região rural, considerada distante dos demais parentes, a matriarca costumava receber frequentes visitaspoker grátis on linegrande parte da família e tambémpoker grátis on lineamigos.

A idosa tinha 19 netos, 25 bisnetos e quatro tataranetos. Em datas comemorativas, a família costumava se encontrar no sítio. "Nós somos descendentespoker grátis on lineitalianos, então, sempre tivemos o costumepoker grátis on linenos reunir, mesmo após a morte do meu avô. Desde que sou criança, a gente se reúne embaixopoker grátis on lineuma imensa árvorepoker grátis on linenozes, que foi plantada pela minha avó", conta Emanuelle.

Nas reuniões familiares, Armelinda não se recordava maispoker grátis on lineninguém. Para auxiliá-la, os parentes mostravam fotografias antigas. Muitas vezes, ela reconhecia a pessoa na imagem, como era antigamente, mas não acreditava que fosse a mesma que estava ao seu lado, conta a neta.

Doenças

A demênciapoker grátis on lineArmelinda foi diagnosticada quatro anos antespoker grátis on lineela morrer. No início, ela se esqueciapoker grátis on linesituações recentes, depois também passou a não se lembrarpoker grátis on linefatos antigos, como os laços familiares. "Um ano antespoker grátis on linemorrer, ela havia perdido praticamente toda a memória", conta Emanuelle.

Desde o avanço da doença, a idosa passou a ter dificuldadespoker grátis on linediálogo. "Antes, ela falava dois idiomas, o italiano e o português". Já no fim da vida, conta a fotógrafa, ela já não entendia o português e precisavapoker grátis on linealguém para traduzir.

De acordo com levantamento do Ministério da Saúde, 7,1% dos idosos com maispoker grátis on line65 anos possuem demência no Brasil. Destes, 55% dos casos ocorrempoker grátis on linerazão do malpoker grátis on lineAlzheimer.

O psiquiatra Sérgio Nicastri, doutorpoker grátis on lineMedicina pela Universidadepoker grátis on lineSão Paulo, explica que a demência causa perda da capacidade mental. A doença, muitas vezes, se inicia com problemaspoker grátis on lineatenção epoker grátis on linememória. "A pessoa vai tendo lapsospoker grátis on linememória, vai deixandopoker grátis on linereconhecer os outros e começa a ter dificuldadespoker grátis on linelocalização no tempo e no espaço", detalha.

O profissional relata que a doença costuma ser ocasionada por diversas mazelas. "A demência é a manifestaçãopoker grátis on linealgo que atinge o cérebro. A doençapoker grátis on lineAlzheimer é uma das principais causas. Mas também há outras causas, entre elas doenças cardiovasculares, infecções ou traumatismo craniano grave", diz.

Ainda há dificuldade para diagnosticar pacientes que são acometidos pelo mal. A constatação só pode ser feita com biópsia cerebral - raramente realizada. Na prática, o diagnóstico ocorre por meio da manifestaçãopoker grátis on linesintomas. "Esse é um diagnóstico presuntivo, ou seja, há uma probabilidadepoker grátis on lineser doençapoker grátis on lineAlzheimer", pontua o médico.

Ele conta que os medicamentos não impedem que o paciente passe por progressiva perdapoker grátis on linememória. "Os remédios ajudam a melhorar o funcionamento dos circuitos cerebrais mais afetados pela doença, mas não põem o dedo na ferida do processo da doença, porque não conseguem deterpoker grátis on lineevolução."

Além da demência e da suspeitapoker grátis on lineAlzheimer, Armelinda também tinha câncerpoker grátis on linepele, descoberto havia 20 anos.

O projeto

Nas imagens feitas nos diaspoker grátis on lineque esteve com a avó, a fotógrafa registrou momentos como os almoços, as visitaspoker grátis on lineamigos e familiarespoker grátis on lineArmelinda, os banhos e outros detalhes do cotidiano. "Antes, eu tinha apenas registros da minha avó bem-arrumada nas festas", conta.

A ideia para registrar o último período da vida da avó surgiu após a Emanuelle fazer um curso à distância com a fotógrafa americana Annie Leibovitz,poker grátis on linejaneiro. "Ela falou muito sobre a fotografia documental e o desafiopoker grátis on linefotografar alguém da nossa família, porque é muito mais difícil que fotografar um desconhecido. Como eu já tinha essa vontadepoker grátis on lineregistrar imagens da minha avó, iniciei o projeto", detalha Emanuelle, que há 12 anos trabalha com fotografia.

Após registrar as imagens da avó, a fotógrafa passou a entender melhor a vidapoker grátis on lineArmelinda. "Eu admiro muito o fatopoker grátis on lineela nunca ter perdido a alegria. Eu acho que lá no fundo,poker grátis on linecerta forma, ela sentia carinho, amor e confiança por todos que estão próximos. Fico mais tranquilapoker grátis on linesaber que, apesarpoker grátis on linetudo, ela tinha aprendido a ser feliz", conta.