Por que nem sempre adianta apresentar fatos contra notícias falsas:0-0 bet365
Mas isso não quer dizer que a maioria das pessoas seja "imune" a fatos concretos – muito pelo contrário, segundo constataram o próprio Reifler e seus colegas.
Sua pesquisa mais recente estudou o consumo0-0 bet365fake news na campanha eleitoral americana0-0 bet3652016 e concluiu que o impacto das notícias falsas parece não ser tão grande quanto o imaginado até agora.
Em entrevista à BBC News Brasil, ele – atualmente professor0-0 bet365Ciências Políticas na Universidade0-0 bet365Exeter, no Reino Unido – explica seis conclusões principais0-0 bet365seus estudos.
1. Fake news provavelmente tiveram impacto limitado nos votos nos EUA
Ao monitorar a atividade online e os cliques0-0 bet3652,5 mil americanos no período eleitoral dos EUA0-0 bet3652016, eles descobriram que uma0-0 bet365cada quatro pessoas leu ao menos uma notícia falsa, mas até mesmo os maiores consumidores0-0 bet365fake news – em0-0 bet365maioria, altamente conservadores e simpatizantes do então candidato Donald Trump – consumiam muito mais notícias0-0 bet365fontes verdadeiras.
"Fake news é um problema, mas que precisa ser colocado0-0 bet365perspectiva", diz Reifler à BBC News Brasil.
"A maioria das pessoas (na pesquisa) não consumiu fake news e, quando a consumiu, foi como uma parte pequena0-0 bet365sua 'dieta noticiosa', por volta0-0 bet36510% do total. E como a maioria (desses leitores0-0 bet365notícias falsas) já era pró-Trump e já consumia informações conservadoras, provavelmente não teve seu voto alterado."
O que não quer dizer que as fake news não devam causar preocupação, uma vez que deterioram a qualidade do debate e podem cristalizar visões prévias, além eventualmente impactar a visão0-0 bet365uma parte do eleitorado.
2. O maior perigo é o político se apropriar das fake news
Para ele, o maior problema é quando o político, e não os meios0-0 bet365comunicação, dá informações falsas diretamente ao público0-0 bet365discursos, tuítes ou anúncios televisionados0-0 bet365campanha.
"Essas falsas alegações0-0 bet365políticos costumam ter um impacto muito mais amplo e são muito mais problemáticas do que uma fake news", explica. Isso porque tendem a ser replicadas mais amplamente e a influenciar a percepção do público sobre determinados temas, caso não sejam rebatidas.
Nesse caso, o público – e sobretudo a imprensa – têm um papel importante0-0 bet365controle, impedindo que essas declarações falsas se espalhem.
Para tal, ele sugere que reportagens não deem manchete para declarações falsas, mas sim "digam primeiro qual é o fato correto para só depois citar a declaração do político".
3. Checagem0-0 bet365dados ajuda a manter políticos na linha, mas ainda é ineficiente
Diante desse cenário, o trabalho0-0 bet365checagem0-0 bet365dados ("fact checking") das declarações0-0 bet365políticos tem um papel importante "por criar um custo ao político que não falar a verdade", além0-0 bet365produzir um efeito positivo na qualidade do debate político.
Um dos estudos0-0 bet365Reifler e seus colegas teve como base um discurso0-0 bet365Trump0-0 bet365julho0-0 bet3652016, quando o então candidato afirmou que a criminalidade violenta havia aumentado substancialmente nos EUA nos anos anteriores. Na mesma campanha, Trump acusou veículos da imprensa tradicional0-0 bet365beneficiar a candidata democrata Hillary Clinton, que perdeu a eleição.
Apesar0-0 bet365a informação sobre a alta na criminalidade ser equivocada, pesquisas0-0 bet365opinião mostraram que essa percepção0-0 bet365alta do crime reverberou fortemente entre o público. Porém, diante0-0 bet365estatísticas oficiais mostrando quedas na criminalidade nos EUA, muitos americanos reviram suas posições.
O problema é que tem havido uma desconexão entre o público que recebe fake news e o público que tem acesso aos dados checados.
"Vimos zero coincidência entre as pessoas expostas a uma determinada notícia falsa e as pessoas expostas à correção dessa notícia", explica Reifler.
"Existe um problema0-0 bet365alcance (do 'fact checking'). Ou talvez algumas pessoas não saibam que exista checagem0-0 bet365dados ou nem queiram acessá-la."
Ainda assim, ele se diz um "defensor da checagem0-0 bet365dados". "É algo que você pode mostrar ao seu tio louco no encontro da família e, embora provavelmente não vá convencê-lo com os dados, dará mais argumentos verdadeiros aos demais membros da família."
4. Nas eleições brasileiras, o impacto das fake news via WhatsApp talvez seja menor do que o temido
E no cenário atual eleitoral brasileiro,0-0 bet365que se prevê a ampla divulgação0-0 bet365informações falsas não só0-0 bet365Facebook e Twitter, mas também no WhatsApp?
Além disso, como medir o impacto das notícias que nem sequer serão clicadas pelos usuários que não quiserem gastar seu plano0-0 bet365dados – mas que ainda assim estarão expostos a manchetes falsas na0-0 bet365timeline ou no grupo da família?
Reifler admite que pode haver um impacto na percepção do eleitor, a depender da atenção que cada um deles dedicará à leitura – e à crença – dessas notícias falsas0-0 bet365circulação. A análise minuciosa disso dependeria do acesso aos dados do Facebook e do WhatsApp, o que não costuma ser fácil0-0 bet365obter, diz ele.
"Mas a minha suspeita é0-0 bet365que o impacto não será grande (na decisão do voto)", prevê.
"Digo isso porque 16%0-0 bet365nosso feed do Facebook é composto0-0 bet365anúncios publicitários. E você por acaso se lembra0-0 bet365quais anúncios publicitários viu na0-0 bet365timeline nesta manhã, por acaso?", questiona ele.
"Ok, talvez você se lembre mais das coisas postadas por seus amigos ou por políticos do que esses anúncios, mas eu acho que o efeito ainda assim é pequeno. Uma vez que há poucas evidências0-0 bet365que o consumo ativo0-0 bet365fake news interfira no voto, é difícil acreditar que o consumo passivo (sem clique0-0 bet365links) tenha grande interferência."
5. Quando o assunto é vacina, dados nem sempre convencem
Em estudo publicado0-0 bet3652014 sobre o comportamento0-0 bet3651,7 mil pais americanos perante campanhas0-0 bet365vacinação, Reifler descobriu que dar informações concretas sobre benefícios das vacinas costuma ter pouco impacto0-0 bet365pessoas com visões fortemente negativas sobre a imunização.
"As campanhas davam informações explicando que não há nenhuma prova0-0 bet365a vacina MMR (tríplice viral) causar autismo (mito inicialmente divulgado nos anos 1990) e0-0 bet365que você não pega gripe ao tomar vacina0-0 bet365gripe", explica o pesquisador.
Só que algo curioso acontecia: os pais entendiam as explicações e os fatos, mas mesmo assim não havia nenhum aumento na cobertura0-0 bet365imunização. Ou seja, os pais que não queriam vacinar seus filhos0-0 bet365geral continuavam sem vaciná-los, a despeito dos dados ofertados.
"Em cerca0-0 bet365um terço da amostra com percepção mais negativa perante vacinação, fornecer-lhes dados diminuía a desinformação, mas também diminuía0-0 bet365intenção0-0 bet365vacinar as crianças", explica Reifler.
"O que achamos que acontece é o seguinte: você dá a informação correta, a pessoa se mostra disposta a levar essa informação0-0 bet365consideração, mas nesse processo (reflexivo) ela provavelmente está pensando0-0 bet365outros fatores pelos quais é contra a vacina e, assim, acaba reforçando0-0 bet365visão original."
6. Melhorar as campanhas0-0 bet365vacinação ainda é um trabalho0-0 bet365andamento
Como, então, melhorar a cobertura vacinal? Esse é um importante desafio ao Brasil, que tem visto o decréscimo na imunização0-0 bet365diferentes doenças – a campanha antigripe, por exemplo, terminou sem que o Ministério da Saúde conseguisse convencer 6,8 milhões (de uma meta total0-0 bet36554 milhões)0-0 bet365brasileiros a se vacinar.
Reifler diz ainda não ter conclusões solidificadas a respeito, apenas algumas percepções que ainda precisam ser mais profundamente investigadas.
"Em alguns grupos, a visualização (de benefícios da vacina)0-0 bet365gráficos melhorou a imunização;0-0 bet365outros, porém, piorou. Uma abordagem promissora é com campanhas0-0 bet365saúde que levem0-0 bet365conta os valores das comunidades mais céticas perante as vacinas", opina.
"Uma campanha0-0 bet365vacinação na Austrália, por exemplo, focou especialmente um grupo0-0 bet365céticos, enfatizando os valores0-0 bet365vida natural que eles defendiam ao mesmo tempo0-0 bet365que destacava a importância da vacina", explica.
"O que não adianta para esse público é apenas dar informações corretas ou tentar convencê-lo pelo medo – 'se você não der essa vacina, seu filho vai morrer'. Essas narrativas baseadas0-0 bet365medo não funcionam."