Como o pré-sal poderia ajudar o Brasil a usar menos diesel:ofertas casas de apostas

No Brasil, o gás natural é usado para consumo doméstico,ofertas casas de apostassetores industriais e nas usinas termelétricas. Ele também poderia ser aproveitado, entretanto, como combustível alternativo para os ônibus nas grandes metrópoles do país e para dar flexibilidade à geração eólica e solar - ou seja, como "backup" para fornecer energia quando essas fontes, que são intermitentes, não estivessem produzindo -, ressaltam especialistas ouvidos pela BBC Brasil.

Até 2026, justamente por causa da exploração do pré-sal, a ofertaofertas casas de apostasgás natural na malha integradaofertas casas de apostasgasodutos do país deve crescer quase 40%,ofertas casas de apostas43 milhõesofertas casas de apostasmetros cúbicos por dia para 59 milhões, conforme as estimativas feitas pela Empresaofertas casas de apostasPesquisa Energética (EPE) com base nas reservas já conhecidas.

Apesar do aumento, a diversificação do uso do gás natural enfrenta obstáculos que vão desde a baixa demanda interna, que dificulta a criaçãoofertas casas de apostasum mercado com preços que atraiam empresas para a exploração do combustível, à faltaofertas casas de apostasinfraestruturaofertas casas de apostasgasodutos para a distribuição.

Caminhões, gás liquefeito e os 'corredores azuis'

"O desenvolvimento do pré-sal nos conduz a rápidos e materiais excedentesofertas casas de apostasgás natural", diz Edmilson Moutinho dos Santos, professor do Institutoofertas casas de apostasEnergia e Ambiente da Universidadeofertas casas de apostasSão Paulo (IEE-USP).

"Trata-seofertas casas de apostasum gás difícilofertas casas de apostasmonetizar, por questões logísticas, mas que representa uma oportunidade realofertas casas de apostasvalorização no mercado doméstico, tornando nossa matriz energética muito mais sustentável eofertas casas de apostaslinha com as demandas globais do século 21", completa.

O especialista estuda o conceitoofertas casas de apostas"corredores azuis", rotas para veículos pesados,ofertas casas de apostasexpansão na Europa, que garantem autonomia para abastecimentoofertas casas de apostasveículos movidos a GNC, gás natural veicular comprimido, ou GNL, gás liquefeito.

O uso do gás natural como combustível alternativo ganhou fôlego nos últimos dez anos, afirma Adriano Pires, sócio-diretor da Câmara Brasileiraofertas casas de apostasInfraestrutura (CBIE), graças,ofertas casas de apostasparte, à redução nos preços - reflexo, porofertas casas de apostasvez, da exploraçãoofertas casas de apostasgásofertas casas de apostasxisto (um tipoofertas casas de apostasgás "não convencional", que não está atrelado às reservasofertas casas de apostaspetróleo) nos EUA e da ampliação do uso da versão líquida do gás natural, o GNL, que não dependeofertas casas de apostasgasoduto para ser transportado.

O GNL, aliás, vem sendo cada vez mais utilizadoofertas casas de apostasnavios, diante da pressão internacional para a fixaçãoofertas casas de apostasmetas mais agressivas pelo transporte marítimo para reduçãoofertas casas de apostasemissãoofertas casas de apostasgases poluentes.

"O gás natural é visto hoje como um caminhoofertas casas de apostastransição para matrizes energéticas mais limpas, enquanto não se desenvolvem, por exemplo, as baterias que vão armazenar a produção por energia eólica", ele acrescenta.

Ele não possui enxofre na composição e não gera fuligem quando queima, explica o professorofertas casas de apostasplanejamento energético da Coppe-UFRJ Alexandre Szklo. "Não existe 'queima limpa'ofertas casas de apostascombustível fóssil, mas a emissãoofertas casas de apostaspoluentes é menor."

Coletaofertas casas de apostaslixo e ônibus urbano

Em umaofertas casas de apostassuas pesquisas, Moutinho, do Institutoofertas casas de apostasEnergia e Ambiente da USP, simulou a trocaofertas casas de apostas30 caminhõesofertas casas de apostascoletaofertas casas de apostaslixo a óleo diesel por GNV na cidadeofertas casas de apostasSorocaba,ofertas casas de apostasSão Paulo. Levandoofertas casas de apostasconta as soluções tecnológicas já disponíveis no país, os resultados sinalizaram uma redução das emissões anuaisofertas casas de apostasCO2 pela frotaofertas casas de apostas469 toneladas e a diminuição da emissãoofertas casas de apostaspoluentes como monóxidoofertas casas de apostascarbonoofertas casas de apostasmaisofertas casas de apostas95%.

Szklo, da Coppe-UFRJ, também vê potencial para substituição do diesel na frotaofertas casas de apostasônibus urbano,ofertas casas de apostasáreasofertas casas de apostasque já exista malhaofertas casas de apostasdistribuiçãoofertas casas de apostasgás, como a região Sudeste. Ele afirma que a alternativa já foi estudada na cidade do Rioofertas casas de apostasJaneiro, mas não foi para frente porque a mudança para o combustível a gás dificultaria a venda dos veículos no fim do seu cicloofertas casas de apostasvida.

Depoisofertas casas de apostas"aposentados", os ônibus usados para transporte urbano na capital carioca são vendidos para cidades do interior - que, nesse caso, não teriam acesso à redeofertas casas de apostasdistribuiçãoofertas casas de apostasgás para abastecer.

"A questão do diesel é maior que uma balaofertas casas de apostasprata", diz o especialista, que acha difícil que o combustível mais usado no Brasil seja largamente substituído no curto ou médio prazo.

O transporteofertas casas de apostascarga, por exemplo, movimentaofertas casas de apostasgeral cargas pesadas, grandes volumesofertas casas de apostasproduto com baixo valor agregado, como commodities. A margemofertas casas de apostaslucro, portanto, é pequena, e menor ainda para os caminhoneiros autônomos, responsáveis por 30% do total do frete. O espaço para investirofertas casas de apostascaminhões menos poluentes, portanto, é muito mais limitado.

Os navios que saem dos portos do país, porofertas casas de apostasvez, também transportam produtosofertas casas de apostasbaixo valor agregado - ou seja, é preciso ter volume para que o frete seja financeiramente rentável. Assim, à medida que os tanques para gás, maiores do que aqueles usados para o diesel, ocupariam espaço que poderia ser da soja ou minérioofertas casas de apostasferro, esse tipoofertas casas de apostasalternativa acaba se tornando menos atraente.

"O diesel é a nossa principal matriz energética. O Brasil consome mais diesel do que eletricidade", destaca Szklo, para ilustrar o tamanho do desafioofertas casas de apostasreduzirofertas casas de apostasforma significativa a dependência do combustível que desencadeou a greveofertas casas de apostascaminhoneiros no último mêsofertas casas de apostasmaio.

O gás do pré-sal

De forma geral, parte do gás explorado no subsolo oceânico é reinjetada nos reservatórios, porque facilita a extraçãoofertas casas de apostasóleo, uma parcela é consumida na plataforma, outra é perdida ou queimada e parte é disponibilizada para consumo.

No pré-sal, uma parcela maior do gás tem sido reinjetada porque faltam rotasofertas casas de apostasescoamento das plataformas "offshore", no oceano, para a malha "onshore", no continente, diz Szklo, da Coppe-UFRJ.

Parte do problemaofertas casas de apostasinfraestrutura, dizem Giovani Machado e Marcos Frederico, superintendentes da diretoriaofertas casas de apostasestudos do petróleo, gás e biocombustíveis da Empresaofertas casas de apostasPesquisa Energética (EPE), se deve ao custo elevado para construir a redeofertas casas de apostasgasodutos com centenasofertas casas de apostasquilômetros que ligaria o mar ao continente.

Nos Estados Unidos e na Europa, como o gás é usado desde a décadaofertas casas de apostas50 e 60 para calefação nas regiões mais frias, a malhaofertas casas de apostasdistribuição que passou a ser usada, por exemplo, para abastecer os caminhões, já estava disponível e "amortizada" - ou seja, os investimentos já haviam sido recuperados -, afirmam os especialistas.

Diante da capacidade limitada do setor públicoofertas casas de apostasgastar e da incerteza das empresas que exploram os reservatóriosofertas casas de apostasrelação à demanda - ou seja, se elas terão para quem vender o gás que eventualmente decidam explorar -, as vencedoras dos leilões do pré-sal têm pouco incentivo para ampliar a redeofertas casas de apostasdistribuição.

"A infraestrutura não anda porque não tem demanda disposta a pagar por esse serviço", destacam.

Os reservatórios do pré-sal têm uma proporção maiorofertas casas de apostasgásofertas casas de apostasrelação ao óleo do que os demais campos no país - o combustível, contudo, tem teor mais altoofertas casas de apostascontaminantes, como o CO2, que precisam ser isolados para que o gás seja comercializado.

Para concorrer com o GNL importado e com o gás barato que vem da Bolívia pelo gasodutoofertas casas de apostas3,1 mil km inauguradoofertas casas de apostas2010, o gás do pré-sal precisa ter um preço bem mais competitivo do que tem hoje, diz Larissa Resende, do Centroofertas casas de apostasEstudosofertas casas de apostasEnergia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Energia).

Uma das soluções nesse sentido, ela exemplifica, seria a "ancoragem"ofertas casas de apostasprojetosofertas casas de apostastermelétricas a gás - grandes consumidoras, que garantiriam parte da demanda - e a estocagem subterrânea do combustível, para que ele ficasse mais próximo dos centros consumidores e reduzisse o impacto negativo das oscilaçõesofertas casas de apostasdemanda sobre os preços.

Em paralelo, ela acrescenta, o país precisaofertas casas de apostasmudanças regulatórias eofertas casas de apostasformulaçõesofertas casas de apostaspolítica energética voltadas para fomentar o mercadoofertas casas de apostasgás. O chamado "PL do gás", o projetoofertas casas de apostaslei 6407,ofertas casas de apostas2013, está parado no Congresso.

"Essa abundânciaofertas casas de apostasgás que a gente tem no pré-sal só vai ser aproveitada, inclusive como energiaofertas casas de apostastransição para construir uma matriz energética mais limpa, se houver mercado. O Brasil corre o riscoofertas casas de apostasperder uma oportunidade."

O leilão desta quinta-feira

As últimas rodadasofertas casas de apostasleilões do pré-sal foram realizadasofertas casas de apostasoutubro do ano passado, quatro anos depois da primeira.

Desde 2016, a Petrobras não precisa mais ser operadora única dos campos do pré-sal - uma leiofertas casas de apostas2010 previa que a empresa deveria ter participação mínimaofertas casas de apostas30% na exploraçãoofertas casas de apostastodos os blocosofertas casas de apostasoperação.

Com a mudança, a estatal passou a ter direitoofertas casas de apostaspreferência sobre as áreas ofertadas. Ou seja, ela tem a prerrogativaofertas casas de apostasdecidir antes do leilão se deseja ou não ser operadora eofertas casas de apostasconfirmar esse interesse no dia do certame, caso a oferta vencedora feita pelas empresas que farão parte do consórcio esteja acimaofertas casas de apostassua capacidade financeira.

Na 4ª rodada, a Petrobras exerceu direitoofertas casas de apostaspreferênciaofertas casas de apostastrês dos quatro camposofertas casas de apostasoferta - Dois Irmãos, Três Marias e Uirapuru -, com 30%ofertas casas de apostaspercentual mínimoofertas casas de apostasexploração requerido.

As vencedoras do leilão serão aquelas que oferecerem o maior excedenteofertas casas de apostasóleo para a União. O regime, ditoofertas casas de apostaspartilha e instituídoofertas casas de apostas2010, é diferente do aplicado para as demais áreas produtorasofertas casas de apostaspetróleo do país, oofertas casas de apostasconcessão - que seleciona as empresas a partir dos valoresofertas casas de apostasbônus que elas oferecem ao governo.

A 5ª rodadaofertas casas de apostasleilões está prevista para o próximo mêsofertas casas de apostassetembro e a 6ª, para o primeiro semestreofertas casas de apostas2019.