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Intervenção federal pretende trazer criminalidade no Rio a 'patamares suportáveis', diz porta-voz do Exército:bet 36 5
Temer nomeou o general Walter Braga Netto como interventor, mas o coronel Itamar tem feito a interlocução com a imprensa diante da raridade das entrevistas concedidas por seu chefe.
Prestes a completar três meses, a intervenção ainda não conteve a escaladabet 36 5criminalidade no Rio. Coronel Itamar diz que o gabinete está sob pressão para mostrar resultados, mas que as "ações estruturantes" que vêm sendo tomadas "demoram mais tempo para produzir efeitos" - listando medidas para equipar e aprimorar treinamento e condiçõesbet 36 5trabalho das forçasbet 36 5segurança.
Ele afirma que as Unidadesbet 36 5Polícia Pacificadora nas favelas do Rio não vão acabar e que seu fortalecimento tem "todo o apoio" da intervenção federal.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
bet 36 5 BBC Brasil - Quando a intervenção foi decretada, muitos especialistas consideraram que, mesmo que não trouxesse mudançasbet 36 5longo prazo, poderia ter efeito paliativo e aumentar a sensaçãobet 36 5segurança temporariamente. Mas não temos visto uma melhora, pelo contrário, a situação continua piorando. Por quê?
bet 36 5 Coronel Itamar - O aumento nos índicesbet 36 5criminalidade no Rio já vembet 36 5muito tempo e motivou vários projetos, como o decreto assinado pelo presidente da Repúblicabet 36 5julho do ano passado, autorizando o uso das Forças Armadasbet 36 5operaçõesbet 36 5Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
O decretobet 36 5intervenção federalbet 36 5fevereiro veio reforçar essas medidas. Os altos índicesbet 36 5criminalidade são a própria razão da intervenção. É importante frisar que a intervenção federal não é uma intervenção militar. É administrativa, é gerencial. Porque ela pretende permanecer, e não é com açõesbet 36 5curta duração que vai se resolver o problema da criminalidade.
Ela tem duas vertentes para minimizar esses índices. Uma é pelas ações emergenciais - que são as açõesbet 36 5força,bet 36 5contenção da criminalidade. Outra é atravésbet 36 5uma reestruturação dos órgãosbet 36 5segurança pública,bet 36 5uma melhoria nabet 36 5capacidade operativa, administrativa, financeira, recuperando essas instituições e dando a elas a autoridadebet 36 5instituiçõesbet 36 5Estado.
As ações emergenciais às vezes têm uma percepção mais rápida, a curto prazo, porque você coloca pessoas e tanques nas ruas, faz cerco a uma comunidade, apreende fuzis ou drogas, e isso é rapidamente percebido. Já as ações estruturantes demoram mais para produzir efeitos. Demandam tempo medidas como mudanças na chefia policial, a alteraçãobet 36 5normas internas, ou o treinamentobet 36 5policiais que estavam forabet 36 5atividade para aumentar o policiamento nas ruas.
bet 36 5 BBC Brasil - E essas medidas estruturantes estãobet 36 5andamento?
bet 36 5 Coronel Itamar - Sim. Estamos com cercabet 36 5três mesesbet 36 5intervenção. É um tempo curto para que esses resultados sejam percebidos. Como também é curto o tempo da intervenção, com prazo para terminar no dia 31bet 36 5dezembro, e uma pressão muito grande por resultados. A sociedade quer ver resultados. Isso é plenamente compreensível. O cidadão quer ter abet 36 5sensaçãobet 36 5segurança aumentada.
bet 36 5 BBC Brasil - E dá para obter mudanças nesse curto prazo?
bet 36 5 Coronel Itamar - Esse é o desafio. Fazer com que haja um equilíbrio entre as ações emergenciais - que têm um efeitobet 36 5curta duração, porque quando os policiais se retiram do local a criminalidade volta - e as ações estruturantes, que são permanentes. Se você reestrutura as forçasbet 36 5segurança e elas cumprem o seu papel constitucional, fazem o policiamentobet 36 5modo eficiente, isso permanece.
O que se pretende deixar como legado é pôr fim ao grave comprometimento da ordem pública e trazer os índicesbet 36 5criminalidade a patamares suportáveis, ou os mínimos possíveis, para que a população passe a ter essa sensaçãobet 36 5segurança garantida permanentemente. E não apenas durante a intervenção federal ou o policiamento ostensivo com tropas ou tanques nas ruas. Senão, quando eles saem, isso acaba.
Esse é o grande desafio da intervenção federal. Minimizar esses índices nesse curto espaçobet 36 5tempo. Temos muita confiançabet 36 5que vai acontecer e que muito brevemente teremos uma clara melhoria nos índicesbet 36 5criminalidade do Rio. Já estamos observando essa tendênciabet 36 5nossos órgãosbet 36 5inteligência e esperamos quebet 36 5breve as estatísticas confirmem uma queda.
bet 36 5 BBC Brasil - Quando a intervenção foi decretada, críticos alertavam para o riscobet 36 5aumentar o númerobet 36 5mortesbet 36 5confrontos no Rio ebet 36 5violaçõesbet 36 5direitos humanos. Nas ações emergenciaisbet 36 5que o senhor fala, vimos ações polêmicas nos últimos meses, como a operação que matou oito pessoas na Rocinha e a prisãobet 36 5159 pessoasbet 36 5uma festabet 36 5Santa Cruz promovida por milicianos, prendendo um número enormebet 36 5pessoas que não estavam sendo investigadas. Por que esses padrões continuam se repetindo?
bet 36 5 Coronel Itamar - Esse temor com relação à intervenção federal não se justifica, pelo argumentobet 36 5que a intervenção é gerencial, administrativa. O braçobet 36 5contenção dos índices criminalidade são as forças da segurança e a Garantia da Lei e da Ordem e esses são episódiosbet 36 5curta duração...
bet 36 5 BBC Brasil - Mas se o General Braga Netto está na posiçãobet 36 5governador na áreabet 36 5segurança pública, não dá para separar tudo, alguém tem que assumir a responsabilidade.
bet 36 5 Coronel Itamar - Sem dúvidas. Mas o que quero dizer é que o temor inicialbet 36 5que haveria violações pelo uso das Forças Armadas não se justifica. Porque não aconteceram incidentes quando as GLOs começaram, e a tendência é que violações continuem não acontecendo. Há uma preocupação muito grande das Forças Armadas com relação a isso (direitos humanos).
Com relação à festa dos milicianos, todas as pessoas que estavam tinham conhecimentobet 36 5estarem na festa e foram mantidas presas por ordem da Justiça, e respondem a um processo com direito a ampla defesa, tudo dentro da normalidade jurídica do Brasil. As pessoas que foram presas estão respondendo a um processo e, se forem inocentes, vão provarbet 36 5inocência, não tem qualquer problema. Aquelas que estão envolvidas nesse processo e não conseguirem provarbet 36 5inocência...
bet 36 5 BBC Brasil - Mas a prisão tem que ser fundamentada numa suspeita concreta. Senão você está interrompendo a vidabet 36 5pessoas inocentes.
bet 36 5 Coronel Itamar - Mas você já está presumindo a inocência... Nós todos devemos presumir a inocência. Mas tinha muito mais gente naquela festa do que foram detidas, e as que foram detidas foram com alguma razão. Uma quantidade grande foi detida, e por isso teve tanta repercussão. Mas todas as pessoas estão respondendo ao processo dentro da normalidade.
Com relação a ser uma reação à milícia, várias operações já tinham sido realizadas objetivando não só milícias como traficantes.
Para a intervenção, não existe distinção entre milícias e traficantes. O que existe são pessoas que estão agindo fora da lei. São criminosos. Várias açõesbet 36 5inteligência estão sendo tomadas contra milicianos e criminosos. Essa ganhou um especial destaque pela envergadura e quantidadebet 36 5presos.
bet 36 5 BBC Brasil - Um dos grandes problemas da segurança no Rio é a corrupção policial. No prazo curto da intervenção, é possívelbet 36 5fato atacar esse problema?
bet 36 5 Coronel Itamar - Desde o início existe essa preocupação e essa cobrança. Isso exige o fortalecimento das corregedorias. E há uma preocupação muito grandebet 36 5que esse processobet 36 5fortalecimento seja conduzido pelas próprias instituições, para que tenha permanência.
A intervenção tem um tempo curtobet 36 5vida e essas medidas precisam ser continuadas, senão não resolve. Senão sai a intervenção e volta o problema da corrupção, do serviço mal prestado.... Se esses problemas continuarem depois, a intervenção não serviu para nada. Não deixou o seu legado. Por isso foram nomeados chefes e comandantes que pudessem conduzir esse processo.
O interventor tem dito que os PMs são responsáveis pelo próprio fortalecimento da Polícia Militar. Não só pela autoconfiança que eles têm que adquirir através melhor treinamento, capacitação pessoal e equipamentos, como também pela moral e ética do seu trabalho. O cidadão fluminense tem que ver o policial com respeito, como uma autoridade. Isso tem que ser reconquistado pela corporação. Essa confiança foi perdida e tem que ser reconstruída.
As corregedorias são um braço importante da reestruturação e da recuperação da confiança. As instituições têm que provarbet 36 5dentro delas próprias que elas eliminam os maus profissionais.
bet 36 5 BBC Brasil - Isso envolve um foco maiorbet 36 5coibir a violência policial? Houve um aumento grave do númerobet 36 5autosbet 36 5resistência no último ano.
bet 36 5 Coronel Itamar - Sim, claro. As corregedorias acompanham os procedimentos corretos dos agentes da lei, atuandobet 36 5nome da lei. Eles têmbet 36 5seguir protocolos, e aqueles que não seguirem serão sancionados por isso.
bet 36 5 BBC Brasil - A vereadora Marielle Franco foi assassinada um mês após o decreto da intervenção. Nesta semana vimos novos desdobramentos nas investigações, com uma testemunha apontando para o suposto envolvimentobet 36 5um vereador e um policial preso. Como o senhor vê esse desdobramento? Quanto ainda falta para elucidar o caso?
bet 36 5 Coronel Itamar - O caso do assassinato da Marielle e do seu motorista aconteceu durante o período da intervenção, mas não tem ligação direta com a intervenção. O processo investigatório tem todo o apoio da intervenção federal para que seja elucidado com celeridade, eficiência e responsabilidade.
A investigação vem sendo conduzida com todo o cuidado e sigilo para que não seja prejudicada. Alguns fatos paralelos, não oficiais, têm sido veiculados pela imprensa e só comprometem a celeridade da investigação.
bet 36 5 BBC Brasil - Essas informações não deveriam ter vindo a público?
bet 36 5 Coronel Itamar - Fatos que são divulgados não ajudam as investigações, muito pelo contrário. Prejudicam, dificultam a coletabet 36 5provas. Mas a investigação está seguindo o seu curso com toda a responsabilidade, eficiência e prioridade.
O caso da Marielle aconteceu durante o período da intervenção, mas só confirma, só reforça, a necessidadebet 36 5alcançarmos os objetivos da intervenção. Não foi um questionamento, uma reação à intervenção. Assim como todas as outras mortes que acontecem, só reforça o objetivo da intervenção federal.
bet 36 5 BBC Brasil - E os objetivos quanto às Unidadesbet 36 5Polícia Pacificadora? A notíciabet 36 5mudanças e fechamentosbet 36 5UPPs causou ansiedade nas comunidades e na cidade e não deixou claro o que está sendo planejado.
bet 36 5 Coronel Itamar - O projeto das UPPS está sendo conduzido pela própria Polícia Militar, que está aprimorando-o. As UPPs não vão terminar. É um projetobet 36 5reestruturação,bet 36 5aperfeiçoamento,bet 36 5apuraçãobet 36 5resultados. Isso vai continuar sendo conduzido durante a intervenção e talvez até depois. Enquanto estivermos com a intervenção, o fortalecimento das UPPs tem todo o nosso apoio.
Mas não se pode revelar as mudançasbet 36 5cada UPPbet 36 5antemão porque isso causaria uma desestabilização muito grande.
O que foi noticiado até agora foi baseadobet 36 5um estudobet 36 52017. Aquelas informações já não correspondem à realidade hoje. As mudanças vão ser à luzbet 36 5estudos atuais. E serão reveladas à medida que forem efetivamente realizadas para que não causem desestabilização nem maiores problemas à segurança no Estado.
bet 36 5 BBC Brasil - No início do mês, um relatório do Observatório da Intervenção, da Universidade Cândido Mendes, afirmou que a intervenção está "sem programa, sem resultado, sem rumo". A faltabet 36 5planejamento foi uma crítica à intervenção desde o início. Ela está sem rumo?
bet 36 5 Coronel Itamar - Militar não faz nada sem planejamento. O planejamento estratégico foi feito, estábet 36 5vigor, está sendo cumprido. As metas estabelecidas estão sendo cumpridas. A impressãobet 36 5que não há planejamento é completamente errônea. As ações são reveladas à medida que são executadas e que forbet 36 5interesse para a intervenção. Estamos falandobet 36 5segurança pública. Qualquer informação sobre planos e objetivos pode prejudicar seu rendimento.
bet 36 5 BBC Brasil - O governo federal liberou R$ 1,2 bilhão para a intervenção, quando o general Braga Netto falou que seriam necessários ao menos R$ 3 bilhões. Isso vai prejudicar os planos?
bet 36 5 Coronel Itamar - O interventor federal falou a um grupobet 36 5deputados que as necessidades do gabinetebet 36 5intervenção erambet 36 5R$ 3,1 bilhões. Desses, ele explicou que R$ 1,5 bilhão eram dívidas do governo do Estado. Mas a responsabilidade sobre essas dívidas continua sendo do governo do Estado, e muitas já foram resolvidas. Os R$ 1,5 bilhão restantes eram, sim, aportes necessários segundo os nossos cálculos para poder conduzir as ações até o fim do ano. Mas uma parcela desse total também compete ao governo estadual. A outra parcela seria aportada pelo governo federal. Que são esses R$ 1,2 bilhão.
bet 36 5 BBC Brasil - Então o gabinete está satisfeito com os recursos aportados pelo governo federal?
bet 36 5 Coronel Itamar - Sim, uma vez que ele atende os objetivos estabelecidos até o momento. E considerando-se que é uma intervenção cooperativa com o governo do Estado, que se comprometeu não apenas a pagar os atrasados como também a continuar honrando os compromissos que tem daqui para a frente.
Os recursos estão disponíveis, mas como é dinheiro público, há exigências legais para que seja usado, procedimentos previstos pela leibet 36 5licitações e contratos. Foi criada uma secretaria no gabinetebet 36 5intervenção para gerenciar esses recursos. A equipe está preparando os processos administrativos necessários para que eles sejam empenhados dentro do prazo previsto. Mas existe um tempo legal pra que isso seja realizado. São processos extensos.
bet 36 5 BBC Brasil - O clima no Rio hoje lembra o dos anos 1990, com moradores assustados com a escaladabet 36 5violência, tiroteios frequentes, vias fechadas, gente querendo ir embora, turistas com medobet 36 5vir...
bet 36 5 Coronel Itamar - A segurança tem afugentado as pessoas, os turistas, a realizaçãobet 36 5eventos no Rio. Existem áreas complicadas que demandam ação. Existe criminalidade, existe sim. Mas isso está sendo objetobet 36 5uma preocupação muito grande dos órgãosbet 36 5segurança pública. As polícias estão se esforçando muito para conter isso, e têm esperançabet 36 5que num curto prazo isso possa regredir.
Queremos passar essa imagem positiva para o restante do mundo. Precisamos fazer correções, sim, mas o Brasil não é um país que está totalmente perdido no que diz respeito à segurança pública. Estamos passando por um momento difícil, masbet 36 5breve vai melhorar, e os resultados vão aparecer. É preciso que a população confie no trabalho que está sendo realizado e colabore na medida do possível, com compreensão e paciência.
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